― Afaste-se, Sam. Eu estou bem. ― Na verdade, Brendan desejava que a ferida nunca cicatrizasse, para que nunca esquecesse que costumava arruinar impiedosamente a vida de uma pessoa, sem motivo. Tremendo, ele fechou os olhos por um tempo, antes de reabri-los e dizer, com uma voz ainda mais cansada.― Vamos voltar para a mansão. ― Sam o levou de volta. No entanto, uma figura parada à porta atraiu a atenção de Brendan, assim que ele saiu do carro. Ele estava bastante tonto quando viu aquela figura borrada e pensou que era Deirdre, que tinha reaparecido para vê-lo. Ele apressadamente deu alguns passos à frente, com uma expressão abobalhada no rosto, mas feliz. Então, reconheceu seu engano ao perceber que era Charlene quem estava ali. ― Bren! ― Charlene desceu os degraus para encontrá-lo, enquanto apertava as mãos nervosamente. Depois de receber a notícia de que Brendan iria ver Steven, ficou tão preocupada que correu para a mansão, imediatamente sem pensar no que fazia.
Brendan enxugou as lágrimas de Charlene, com a ponta dos dedos, e seu coração se abrandou. Enquanto tentava disfarçar o olhar confuso em seus olhos, disse:― Não fique com minhocas na cabeça. Sou um homem muito feliz por você ter acordado do coma. — ― Sério? ― Charlene mordeu o lábio inferior e perguntou: ― Então, você ainda gosta de mim? ― Brendan ficou sem saber o que falar. Ele não sabia se era porque a morte de Deirdre havia enchido sua mente, mas ele sentia uma forte dor no coração, sempre que pensava nela. Por isso, franzindo a testa, não conseguiu responder à pergunta. Enquanto reprimia seu ódio por Deirdre, Charlene não forçou Brendan a responder, mas mudou de assunto.― Sobre a promessa que você fez, de se casar comigo, ainda é válida? Se Deirdre morreu e seu casamento... Enfim... Bren, é hora de você me dar uma resposta. — Ao olhar para a expressão de expectativa de Charlene, seu coração parecia apertado por alguma coisa, e ele não conseguia respirar. No entan
No final da adolescência e no início da vida adulta, Deirdre foi uma beldade bem conhecida no subúrbio e muitos rapazes prestavam atenção em seus movimentos, tentando, de todas as formas, conquistar seu coração, com as intenções mais diversas. No entanto, quem diria que… Lágrimas brotaram nos olhos de Madame Russel, enquanto pensava nisso. Pensando que, pelo menos poderia engordar a jovem um pouquinho, ligou a TV e disse:― Dee, ouça um pouco, para aliviar o tédio, enquanto eu lavo a louça. ― ― Obrigada, tia. ― Deirdre se atrapalhou, mas se acomodou no sofá. Assistir a séries de TV era uma boa maneira de passar o tempo. Enquanto ela ouvia um drama, penteava o cabelo. As notícias de entretenimento seguiram a série de TV e o apresentador de notícias, com uma voz melosa disse:― O senhor Brendan Brighthall, CEO do Grupo Brighthall, anunciou recentemente que ficará noivo da senhorita Charlize McKinley, por quem está apaixonado, há muitos anos. Por isso, reservou o maior resor
― Você tem razão! ― Madame Russel disse, balançando a cabeça tão forte que mais parecia a cabeça de bobble head em uma estrada esburacada. Então, com um sorriso no rosto, pegou uma porção de purê de batatas e colocou no prato de Deirdre. ― Você precisa comer mais, querida! Seu corpo precisa recuperar uns quilinhos. Sobre sua casa, me dê um tempo. Vou chamar um chaveiro para quebrar a fechadura, em alguns dias. — ― Obrigada. ― Enquanto isso, na parte nobre de Neve, todos nas proximidades de Brendan Brighthall sabiam que um novo demônio havia possuído o homem. Ele vinha se dedicando de cabeça enfiada no trabalho e passando várias noites em seu escritório. Até sua assistente não aguentou mais:― Senhor Brighthall? Você terminou de ler sua papelada, certo? Da última vez que verifiquei, não havia nada importante, urgente ou minimante corriqueiro, precisando de sua atenção, então talvez... Talvez você devesse ir para casa. Descanse durante o resto do dia. O que acha? — A mulher nã
A chegada de Sawyer ajudou Brendan a sair da espiral de sofrimento e recuperar seu equilíbrio mental. Como se nada tivesse acontecido, o empresário desceu as escadas e ao notar a presença do patrão, Sawyer entregou um livreto:― Senhor Brighthall! Isto aqui é o catálogo de todos os designs para o vestido de noivado da senhorita McKinney. A loja gostaria que você finalizasse suas seleções o mais rápido possível. — Brendan pegou o catálogo, sem dar muita atenção e perguntou, casualmente:― Onde está Sam? ― Sawyer coçou a nuca.― Ele, uh, ainda está procurando pelo corpo dela. Ele disse que queria encontrá-la, para que pudesse ter um lugar de descanso. — Brendan não deixou isso explícito, mas até ele tinha desistido da possibilidade de ver o corpo de Deirdre novamente. Por isso, a persistência de Sam causou uma certa admiração e surpresa, que o empresário disfarçou. Então, recuperou a compostura e comentou:― Estes são dias muito frios, Sawyer. Diga a ele para não ficar tanto
Brendan não esperou que Charlene apresentasse uma desculpa e se levantou, em pura raiva.― E você varreu isso para debaixo do tapete, sem me dizer uma única palavra! Através do seu silêncio, você concordou em mandar Deirdre para a prisão em seu lugar! Por quê? Porque quem estaria protegido com esse ato era você, não é? Puta que pariu! Como você consegue dormir à noite!? ― As veias saltavam de seu pescoço, mas o pior de tudo é que não havia nenhum traço de carinho em sua voz, como se ela fosse uma estranha. Charlene entrou em pânico, estendeu a mão para ele e implorou:― Espere, eu posso explicar! ― Brendan afastou a mão que o tocava e sentiu um frio na espinha, pois percebeu que não a conhecia mais. Para quem ele estava olhando? Como ela podia ser tão calculista e cruel? Como ela poderia pensar que os meios justificam o fim? Ela não era mais aquela jovem gentil e inocente que jogaria sua vida fora para salvar os outros. Os olhos de Charlene estavam vermelhos. Ela esta
Brendan acordou com dor de garganta e o corpo pesado como chumbo. Choques de frio e calor percorreram suas veias, alertando-o sobre a possibilidade de estar com febre. A última vez que ele tinha ficado doente assim foi cerca de um ano atrás, e Brendan tinha uma vaga ideia de onde estava o kit de remédios. Deirdre o colocou no armário perto da cabeceira. Ele tossiu e abriu a porta do armário e cada frasco de remédio tinha um post-it com rabiscos sobre a dosagem e a data de validade. Era exatamente quem Deirdre era, sempre foi muito meticulosa com tudo o que empreendia. Revoltado com a lembrança, Brendan rasgou o bilhete e sentiu como se seu coração tivesse sido rasgado junto. Alguns dias se passaram, sem nenhum sinal de que sua doença melhorava e ainda assim, Brendan foi trabalhar, lutando contra seus acessos de tosse e enjoo, enquanto folheava a papelada. Mais dias se passaram e ele começava a pensar que suas memórias desapareciam em um ruído branco. Parecia que seu mund
― Toda certeza do mundo, senhor. Ir para lá com este tempo não foi moleza e não retornaríamos sem nenhum resultado, a menos que não houvesse resultado para mostrar. ― Respondeu o mergulhador. ― E se quer saber... Honestamente, esta é a primeira vez que vejo algo assim. Nem um único corpo dentro de um carro que derrapou e caiu no mar. Isso é simplesmente assustador! ― ― Talvez o corpo tenha sido movido para outro lugar, pela corrente? ― alguém perguntou. O homem sacudiu a cabeça.― De jeito nenhum. As janelas estavam fechadas e ninguém poderia ter aberto o carro contra a pressão da água depois que o veículo inteiro afundou no mar. A única explicação plausível é que... não havia ninguém dentro do carro quando ele caiu. ― 'Ninguém dentro do carro.' Parecia uma explosão no peito de Brendan. Ele não conseguia nem dizer se a maior parte era alegria ou tristeza, tudo o que sabia era que aquilo disparava direto para seu crânio e fazia o mundo girar diante de seus olhos. Ele se sentiu p