Charlene gargalhou.― Deirdre, você acha que a mulher com quem você está falando e rindo é realmente Ophelia? Por que você é tão ingênua a ponto de acreditar nessa pecinha de teatro quando, obviamente, Brendan contratou alguém para imitá-la... ―A mulher gargalhou mais um pouco e, como Deirdre não reagia, voltou a falar:― Será que a verdadeira Ophelia seria tão mais alta que você, tão jovem, e compraria roupas como se fosse uma pessoa comum? Além disso, você não pode ver o rosto dela porque é cega. Mas, não seja tola. A mulher cuida muito bem de sua pele e nem mesmo um traço de rugas pode ser encontrado em seu rosto. Você não poderia ter notado isso quando a tocou com as mãos? Seria totalmente impossível para uma mulher com a aparência dela ser a mãe que viveu na favela e suportou dificuldades com você! ― ― Cale-se! ― Deirdre arregalou os olhos, em choque, e sentiu um peso pesado se abater sobre o peito. Parecia sufocante. 'O quê? Do que Charlene está falando? A mulher que es
Os lábios de Deirdre tremiam e ela estendeu a mão, com grande esforço, sem a vontade real de fazer aquela confirmação:― Mãe, posso... tocar suas mãos? ― Ela conhecia as mãos de Ophelia. Eram um par de mãos cobertas de calos que pareciam muito velhas, mesmo quando a mulher era mais jovem. Alguns pontos eram especialmente calejados. Deirdre já tinha segurado na mão da mãe, muitas vezes, depois do reencontro, mas depois do Charlene tinha dito, resolveu prestar mais atenção.O coração de Maeve estava acelerado:― O que está acontecendo? O que está acontecendo com você? ― ― Eu estou bem... ― Deirdre respirou fundo e abriu um sorriso falso, com grande dificuldade. ― Eu costumava segurar sua mão com frequência e senti falta de fazer isso. Eu ansiava pela sensação de você segurando minha mão, quando me levava para casa, depois da escola... ― ― Entendo. ― Maeve sorriu, mas seu coração ainda estava em guarda. Ela imaginou que Deirdre devia ter notado alguma coisa. Ao mesmo tempo em q
― Ah, sim. ― Doutor Ginger ajustou a gravata e disse, despreocupado: ― Ganhei da Senhora McQuenny. Ela não foi às compras hoje? Pois, voltou para casa com presentes e me deu esta gravata. Sam também ganhou um presente. O presente dele foi um acessório de telefone. ― Sam, que tinha acabado de descer do carro, foi pego de surpresa. As sobrancelhas afiadas de Brendan estavam fortemente franzidas. Ele havia dado permissão a Deirdre para sair, mas ela parecia estar pensando em outros homens também. ― Onde está o acessório de telefone? ― O homem careca apontou para a mesa de centro e disse:― Tenho mais uma consulta hoje, senhor Brighthall. Devo... ― ― Vá. ― Brendan acenou com a mão, para dispensar o médico, com impaciência, e dirigiu-se rapidamente para a mesa de centro. Havia uma capa de telefone com uma estampa de cachorrinho na caixa de presente sobre a mesa de centro, e a capa parecia extraordinariamente adorável. Quando o olhar de Sam pousou no estojo, o segurança não
Quando Deirdre mencionou que devolveria o dinheiro das compras à Brendan, o homem achou a questão tão absurda que nem entendeu do que a jovem falava:― Dinheiro? Que dinheiro? ― ― O dinheiro que gastei para comprar os presentes… não tenho fonte de renda, então passei tudo naquele seu cartão de débito. Mas, vou descobrir uma maneira de pagá-lo de volta. ― Havia agitação nos olhos de Brendan. Ele nunca tinha se importado com pequenas quantias e pelo que tinha percebido em sua movimentação bancária, Deirdre não tinha gastado nem 1% do valor que deixara disponível para ela. ― Por que você está me dizendo uma coisa tão absurda? ― O homem disse, surpreso e completou, em tom mais delicado: ― O dinheiro que você gastou não faz a menor diferença para mim. Por que eu me importaria? ― Deirdre ficou em silêncio. 'Se isso não é um problema, por que ele trouxe esse assunto?' Percebendo que Deirdre não tinha entendido o verdadeiro ponto da questão, Brendan respirou fundo e foi direto,
O corpo de Brendan ficou tenso sem que ele percebesse. Sempre o incomodou que Deirdre pudesse descobrir a verdade, então ele imediatamente perguntou: ― Onde ela está? Ela ainda está desconfiada? ― Maeve balançou a cabeça e ergueu as mãos calejadas.― Não, mas eu tenho sorte de ter me preparado com antecedência e dissipado as dúvidas dela, de uma vez. ― ― Ótimo então. ― A expressão de Brendan era sombria. ― É evidente que algo aconteceu, enquanto você estava no provador. É bem possível que algum falastrão tenha falado com ela. Vou investigar o assunto. Apenas continue fazendo seu bom trabalho. ― ― Tudo bem. ― Maeve teve a sensatez de se preparar para partir. ― Espere um pouco. ― Brendan chamou a mulher. Ele franziu as sobrancelhas e disse: ― Você estava ao lado de Deirdre o tempo todo, enquanto ela comprava os presentes? ― ― Sim. Como posso ajudar, senhor Brighthall? ― ― Ela comprou mais alguma coisa além de presentes para Sam e doutor Ginger? ― Maeve ponderou por
Deirdre hesitou, ponderando: ‘Eu teria ficado triste? Sim. Se isso tivesse acontecido antes de eu ter sido presa, eu teria ficado muito chateada. Não só teria ficado infeliz, mas meu coração teria sangrado e eu teria me sentido sufocada. Mas, como o todo-superior Brendan poderia compartilhar a mesma maneira de pensar do que a ‘eu do passado’?' ― Vou pensar sobre isso. ― Deirdre baixou o olhar, enquanto respondia. Logo, ela ouviu o som agradável de um piano tocando ao seu lado. Era evidente que o piano era de alta qualidade e a melodia tocada era envolvente. Ela não pôde deixar de se sentir tentada. Maeve percebeu isso e disse em tom exploratório:― Gostaria de tentar tocar, Dee? ― ― Eu? ― Deirdre ficou constrangida. ― Não posso. Eu tenho habilidades muito limitadas porque só tive aulas por um curto período. Além disso, não consigo mais enxergar, então, talvez já tenha até esquecido tudo. ― ― Como você pode ter certeza de que não vai conseguir, se não tentar? ― Maeve
'Ah, sim... tem o Brendan' Os olhos opacos de Deirdre se encheram de decepção, pois ela sabia que Brendan nunca concordaria que ela trabalhasse. O coração de Maeve se derreteu de pena, ao ver como a expressão animada tinha se desfeito do rosto da jovem e substituída pelo abatimento.― Ahh Dee, não é bom ficar na mansão? Por que você quer tanto conseguir um emprego? ― ― Acho que é porque preciso sentir que sou apreciada por fazer algo bem. Queria sentir que faço alguma coisa útil e deixar uma marca, mesmo que mínima, no mundo. ― Respondeu a jovem, com um sorriso um pouco sarcástico. ― Além disso, não posso continuar dependendo de outra pessoa para me sustentar. Se eu tiver um bom desempenho neste trabalho, significaria que eu poderia sobreviver em outro lugar e caso você precise de ajuda, eu poderia desembolsar dinheiro para você, sem depender de Brendan. ― Maeve ficou surpresa ao saber que Deirdre desejava ser independente. Ela achava difícil imaginar que uma mulher cega e com
― Eu posso te dar algum dinheiro se é isso que você quer. E a mansão nunca será um lugar hostil para você, se o que quer é ter onde morar. Mas, você ainda insiste em sair e afirma que não está tentando fugir? ― Brendan falou com voz severa. Ele se levantou da cadeira, aproximou-se de Deirdre e agarrou seus ombros.― Deirdre, eu a estraguei, deixando você sair nos últimos dias e você se tornou extremamente ambiciosa. Agora você acha que é forte o suficiente para ir embora? ― Deirdre estava presa contra a porta e se sentiu profundamente impotente, quando ouviu o comentário furioso de Brendan.― Apesar de ser cega, ainda sou um ser humano. Eu não tenho nem o direito de sair e conseguir um emprego? ― ― Você tem que ser capaz de cuidar de si mesma se quiser sair para trabalhar. Você poderia sobreviver ao inverno lá fora, sem mim? Receio que ninguém se importaria, mesmo que você morresse congelada! ― A intensão do empresário não era ser rude. Brendan só pretendia dizer que o mund