― Isso, coma alguns ovos. Você também precisa de proteína. ― Deirdre parou de mover a colher e Brendan percebeu a mudança, instantaneamente.― O que foi? ― ― Nada. ― Ela baixou os olhos para a comida, parecendo um pouco hesitante, antes de aproximar o ovo dos lábios. Mas, antes que a jovem colocasse a colher na boca, Sam arrancou o talher da mão dela, avisando:― Não! Você esqueceu do que o médico disse? Nada de ovos por, pelo menos, duas horas depois de tomar os remédios! ― ― O quê? ― As sobrancelhas de Brendan estavam perigosamente franzidas. A incredulidade rodou por trás de seus olhos enquanto ele examinava seu rosto. ― Por que você não disse nada, Deirdre?! ― Deirdre deu de ombros.― Não achei que fosse importante. ― ― Não achou importante?! Você quer dizer que sentir náusea é tranquilo? Que é bom sentir dor de estômago? Ou que não tem nada demais ficar suando frio?! ― Até Sam estava ficando exasperado. ― Ou você esqueceu o que aconteceu da última vez que comeu
Brendan sabia que Deirdre tinha se submetido apenas pelo bem de Ophelia, mas o resultado, por si só, era satisfatório. Então, pediu uma pílula para digestão e entregou para Deirdre, que aceitou sem questionar. Ele verificou o relógio e percebeu que estava quase na hora de sair.― Eu preciso ir. ― Ele envolveu Deirdre em um casaco e a levou para fora. Sam estava prestes a segui-lo, mas Brendan o deteve, dizendo:― Você vai ficar em casa hoje. Deirdre e eu temos negócios particulares para resolver. ― O doutor Ginger esperou que os dois saíssem, antes de se aproximar de Sam e se apoiar no ombro do segurança, com um sorriso atrevido no rosto:― Você não consegue ler as entrelinhas, rapaz? Você não percebeu que estão indo a um encontro? ― ― Um encontro? ― Sam franziu a testa. ― Sem chance. ― ― Por que não? ― Ao contrário dele, o médico sabia muito pouco sobre a história confusa do casal. Ainda assim, enquanto sacudia uma toalha para limpar as mãos, apontou: ― O relacionament
Deirdre queria voltar para o santuário familiar de seu carro, mas Brendan jogou os braços em volta da cintura dela por trás, parando-a e, de repente, ela se sentiu profundamente derrotada. As mãos dele aproximaram-se lentamente das dela até que, finalmente, ele as segurou.― Então, deixe-me preencher essa lacuna para você. Deixe-me ser seus olhos! Você não pode ver nada, enquanto estiver em uma roda-gigante, então vou descrever tudo para você. Você não será capaz de ver o mundo embaçado ao andar em uma montanha-russa, mas ainda poderá sentir tudo, a subida, o mergulho, a rolagem, a curva, a emoção. Só porque você perdeu os olhos, não significa que perdeu a esperança de viver, Deirdre. Por favor, confie em mim. ― 'Confie em mim' era um pedido suave, mas de alguma forma, ensurdeceu o mar de aplausos e alegria ao redor da jovem e seus pensamentos se desfizeram ao som dessas palavras. Brendan a conduziu lentamente para dentro do parque de diversões, um passo de cada vez. O parque de
― Você não tem nada com que se preocupar então. ― Deirdre disse, com os olhos baixos. ―Eu não sou a namorada dele. Ele tem outra pessoa. ― ― Ah! Eu sabia! Caramba! ― A mulher gritou. Seus olhos brilharam de alegria enquanto ela ainda examinava Deirdre. Quanto mais ela a observava, mais triste Deirdre parecia, a seus olhos. ― Jesus, como diabos você conseguiu alguém tão gostoso quanto ele para ser seu parceiro no parque de diversões? Oh espere. Acho que sei, ele tem pena de você, certo? Deve ser duro crescer com esse tipo de rosto e ser cega, ao mesmo tempo. Então ele trouxe você aqui para realizar seu desejo por caridade! ― ‘Caridade?’ Deirdre congelou. A mulher percebeu a reação e pensou que devia ser um momento de se gabar, por isso, sorriu.― Acertei em cheio, não foi? Você também pensa que é isso, não é? Por que outro motivo um homem tão perfeito iria querer ficar por aqui, andando com você? ― Enquanto ela estava ocupada colocando Deirdre no chão, Brendan reapareceu, olho
Falhando em responder a sua própria pergunta, Deirdre riu tristemente para si mesma. ― Não me diga que tudo isso é uma questão de expiação, Brendan. Você nunca se abriu para mim ao longo de nossos dois anos juntos, mas até eu sei que você não é do tipo que sofre qualquer coisa em nome de expiação. ― O verdadeiro Brendan Brighthall sempre usaria dinheiro para sair das coisas, até mesmo suas próprias falhas morais e erros irreparáveis. O empresário nunca se importaria em usar qualquer outro método. Por que iria? Por que desperdiçar seu precioso tempo e esforço? Brendan ficou perplexo. Mesmo ele não sabia o motivo. Será por que ele não queria que Deirdre perdesse aquela última esperança a que se agarrava? Que soltasse o pequeno fio que a fazia se apegar à vida? Ou não suportava a ideia de ela o odiar? Ou não seria capaz de suportar ver Deirdre se contorcendo em uma angústia infernal, depois de descobrir a morte de sua mãe?Era tudo isso. Era por isso que ele tinha que fazer
― Não, eu quero algo mais longo. ― Brendan insistiu, franzindo a testa, obviamente não aceitando não como resposta. Mas, apresentando uma desculpa apressada para sua atitude vergonhosamente possessiva. ― Ela pode pegar um resfriado se for muito curto. ― Deirdre quase nunca saía de casa, mas ainda assim Brendan estava longe de ser o único homem do lugar. O empresário tinha ciúme de Sam e de Sawier, mas até mesmo do doutor Ginger. Eles estavam perto dela o tempo todo. Este vestido deixaria suas pernas expostas e ele realmente odiava como aquela imagem o fazia se sentir. Lara soltou uma risada estranha.― Oh, que pena. Mas, não podemos negligenciar esse fato tão importante. Que tal este vestido? ― ― O decote desse é muito baixo. ― ― E este? ― ― As costas dela ficariam muito expostas. ― No final, Deirdre tateou seu caminho para um casaco de pele branco e os olhos de Lara brilharam, pois ela acabara de ter uma boa ideia.― Eu tenho este vestido preto justo que é perfeito
Lara já havia avisado para o pessoal da butique que atendia Brendan. Assim, quando um membro da equipe viu Charlene entrar na loja, sorriu se desculpando. ― Peço desculpas, senhorita McKinney. Lara está cuidando de outro cliente importante agora. Por que você não espera um pouco? Quando terminar, virá atender você, imediatamente! ― ― O quê? ― Charlene ficou furiosa. Ela era uma cliente VIP de quase todas as butiques de Neve, mas justamente naquele dia, se sentia humilhada diante de Madame Brighthall. Enquanto reprimia a raiva, disse:― O que você quer dizer com um cliente importante? Esse cliente é mais importante do que eu? ― Enquanto colocava um sorriso profissional no rosto, a funcionária respondeu:― Na verdade, Lara está atendendo o senhor Brighthall. ― ― Bren? ― Madame Brighthall ficou bastante surpresa, enquanto o sorriso de Charlene continha indícios de complacência.― Oh! Mas, já que é Bren, Lara deveria vir aqui. Onde está Bren? Ele está no provador, ou escol
'Você acha que ela é apresentável?' Assim como uma faca afiada, cada palavra perfurou o coração de Deirdre e torceu. Deirdre tremia de tristeza enquanto Brendan estava diante dela, dizendo com uma expressão brava no rosto:― Mãe, suas palavras são muito duras! ― ― Muito duras? ― Ao olhar para seu rosto furioso, pela primeira vez, Madame Brighthall percebeu o distanciamento entre ela e seu filho e sentiu-se desapontada. ― Você espera que eu trate bem a sua amante? Quer que eu coloque o mesmo sorriso no rosto que uso para com minha nora?! ― ― Deirdre não é a amante! ― Brendan cerrou os dentes. ― Nós somos cas... ― ― Bren! ― Charlene, que pretendia ser uma espectadora, de repente entrou na conversa. Seus olhos revelaram como ela estava em pânico e incrédula. Brendan queria contar a verdade a Madame Brighthall? Ele queria dizer a Madame Brighthall que a mulher que passou um tempo com ela nos últimos anos era na verdade a amante, enquanto Deirdre e Brendan eram verdadeiros m