'Ela tem que viver.' Mesmo depois de ter sido convencido pelo homem grande e afável, de que fosse tomar banho, Brendan ainda se apegava nesse pensamento. Ele se arrependeria muito se Deirdre morresse. Ele experimentaria um colapso emocional e ficaria com o coração partido. No entanto, imaginava que ele e Deirdre teriam morrido juntos naquela noite chuvosa se o Land Rover não tivesse vindo em seu socorro em tempo hábil. 'Por que fui tão imprudente?' Depois de desligar a água quente, Brendan enxugou o rosto, saiu do chuveiro e vestiu roupas secas, também oferecidas pelo mesmo homem. Então, voltou para o quarto da unidade de tratamento intensivo e encontrou Deirdre sozinha e com a respiração regular. No entanto, ainda chamava pela mãe, mesmo em seus sonhos. Brendan planejava ir embora, quando ouviu Deirdre dizer, com voz fraca:― Viva, Brendan. Você tem que viver... ― Sua mente começou a queimar com uma imagem nítida de seu passado distante. Nessa lembrança, Brendan lutava pa
Brendan perdeu a noção do tempo, mas percebeu que todo o corredor estava escuro quando saiu do escritório, após terminar seu trabalho. A única fonte de luz era o vão entre a porta e o quarto de Deirdre. Ele abriu a porta e encontrou Deirdre sentada na cama, sem mexer um músculo. Ele franziu as sobrancelhas ao ver Deirdre completamente vestida e perguntou:― É meia-noite. Por que você ainda está acordada e sentada na cama? ― Deirdre foi sacudida de volta à realidade. Apertou as roupas e disse ansiosamente:― Eu estava tentando lembrar que tipo de roupa minha mãe gosta de me ver usando. Planejava vestir algo que ela goste quando a encontrar pela manhã, mas realmente não consigo lembrar das preferências dela. ― Ela se sentiu rejeitada enquanto falava e forçou um sorriso, abaixando a cabeça.― Não sou uma boa filha. ― Brendan sentiu um nó na boca do estômago, como se a cena diante de seus olhos tivesse desencadeado algo nele. Ele ficou surpreso de perceber que Deirdre estava
― É uma pena que você vá encontrá-la amanhã, porque temo que você não tenha tempo suficiente para fazer isso hoje. ― Brendan sentiu que parava de respirar por um momento ao olhar para o rosto preocupado dela. Uma ideia lhe ocorreu e ele agarrou o pulso de Deirdre abruptamente.― Por que não... ― Deirdre ergueu o olhar confusa, enquanto Brendan concluiu a frase, com os dentes cerrados:― Por que você não atrasa um pouco o reencontro? ― O empresário desejava que Deirdre aceitasse a proposta, esperando ganhar mais tempo para continuar a reconquistar a jovem, afinal, ele notava que havia pequenos avanços. Se sua mentira fosse exposta, ele esperava que isso acontecesse mais tarde, mesmo que fosse apenas um dia depois. ― Adiar o reencontro? ― O olhar de Deirdre estava distraído. Ela reagiu à situação mordendo o lábio inferior e rejeitando a sugestão de Brendan. ― Não. ― Então, respirou fundo e completou:― Eu estive esperando por esse dia por muito tempo. Meu coração vai sa
Parecia que Brendan usava aquela energia frenética que vinha do fundo de seu coração para dizer algo a Deirdre e, de certo modo, estava funcionando. Os joelhos da jovem se dobraram e ela apoiou a cabeça no peito do homem. Ela não podia vê-lo, mas podia sentir seu batimento cardíaco acelerado. ― Deirdre. ― Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, a voz do homem ficou rouca e seus lábios finos já se aproximavam de seu ouvido, pouco a pouco. Então perguntou, implorando:― Posso? ― A resposta para o que Brendan perguntava era óbvia. Deirdre não esperava que Brendan realmente se encarregasse de buscar o consentimento dela. Era como se ele fosse afrouxar seu aperto, sem a menor hesitação, não importa o quão excitado ele estivesse assim que ela balançasse a cabeça negativamente. Mesmo assim, Deirdre fechou os olhos com força e não falou nada. Os lábios finos de Brendan se curvaram em um sorriso.― Quem cala consente. Se você não responder, vou considerar que aceita. ― Deirdre não
― Isso, coma alguns ovos. Você também precisa de proteína. ― Deirdre parou de mover a colher e Brendan percebeu a mudança, instantaneamente.― O que foi? ― ― Nada. ― Ela baixou os olhos para a comida, parecendo um pouco hesitante, antes de aproximar o ovo dos lábios. Mas, antes que a jovem colocasse a colher na boca, Sam arrancou o talher da mão dela, avisando:― Não! Você esqueceu do que o médico disse? Nada de ovos por, pelo menos, duas horas depois de tomar os remédios! ― ― O quê? ― As sobrancelhas de Brendan estavam perigosamente franzidas. A incredulidade rodou por trás de seus olhos enquanto ele examinava seu rosto. ― Por que você não disse nada, Deirdre?! ― Deirdre deu de ombros.― Não achei que fosse importante. ― ― Não achou importante?! Você quer dizer que sentir náusea é tranquilo? Que é bom sentir dor de estômago? Ou que não tem nada demais ficar suando frio?! ― Até Sam estava ficando exasperado. ― Ou você esqueceu o que aconteceu da última vez que comeu
Brendan sabia que Deirdre tinha se submetido apenas pelo bem de Ophelia, mas o resultado, por si só, era satisfatório. Então, pediu uma pílula para digestão e entregou para Deirdre, que aceitou sem questionar. Ele verificou o relógio e percebeu que estava quase na hora de sair.― Eu preciso ir. ― Ele envolveu Deirdre em um casaco e a levou para fora. Sam estava prestes a segui-lo, mas Brendan o deteve, dizendo:― Você vai ficar em casa hoje. Deirdre e eu temos negócios particulares para resolver. ― O doutor Ginger esperou que os dois saíssem, antes de se aproximar de Sam e se apoiar no ombro do segurança, com um sorriso atrevido no rosto:― Você não consegue ler as entrelinhas, rapaz? Você não percebeu que estão indo a um encontro? ― ― Um encontro? ― Sam franziu a testa. ― Sem chance. ― ― Por que não? ― Ao contrário dele, o médico sabia muito pouco sobre a história confusa do casal. Ainda assim, enquanto sacudia uma toalha para limpar as mãos, apontou: ― O relacionament
Deirdre queria voltar para o santuário familiar de seu carro, mas Brendan jogou os braços em volta da cintura dela por trás, parando-a e, de repente, ela se sentiu profundamente derrotada. As mãos dele aproximaram-se lentamente das dela até que, finalmente, ele as segurou.― Então, deixe-me preencher essa lacuna para você. Deixe-me ser seus olhos! Você não pode ver nada, enquanto estiver em uma roda-gigante, então vou descrever tudo para você. Você não será capaz de ver o mundo embaçado ao andar em uma montanha-russa, mas ainda poderá sentir tudo, a subida, o mergulho, a rolagem, a curva, a emoção. Só porque você perdeu os olhos, não significa que perdeu a esperança de viver, Deirdre. Por favor, confie em mim. ― 'Confie em mim' era um pedido suave, mas de alguma forma, ensurdeceu o mar de aplausos e alegria ao redor da jovem e seus pensamentos se desfizeram ao som dessas palavras. Brendan a conduziu lentamente para dentro do parque de diversões, um passo de cada vez. O parque de
― Você não tem nada com que se preocupar então. ― Deirdre disse, com os olhos baixos. ―Eu não sou a namorada dele. Ele tem outra pessoa. ― ― Ah! Eu sabia! Caramba! ― A mulher gritou. Seus olhos brilharam de alegria enquanto ela ainda examinava Deirdre. Quanto mais ela a observava, mais triste Deirdre parecia, a seus olhos. ― Jesus, como diabos você conseguiu alguém tão gostoso quanto ele para ser seu parceiro no parque de diversões? Oh espere. Acho que sei, ele tem pena de você, certo? Deve ser duro crescer com esse tipo de rosto e ser cega, ao mesmo tempo. Então ele trouxe você aqui para realizar seu desejo por caridade! ― ‘Caridade?’ Deirdre congelou. A mulher percebeu a reação e pensou que devia ser um momento de se gabar, por isso, sorriu.― Acertei em cheio, não foi? Você também pensa que é isso, não é? Por que outro motivo um homem tão perfeito iria querer ficar por aqui, andando com você? ― Enquanto ela estava ocupada colocando Deirdre no chão, Brendan reapareceu, olho