Sam pegou a carta do chão, e a visão do nome do autor assinado no final o fez parar de respirar. A carta parecia ser antiga e não era falsa. Realmente era uma carta deixada por Ophelia. O segurança olhou para Deirdre, que estava parada na frente dele. A mulher parou de se mover, assim que o policial saiu e agora estava pendurada no portão como antes, mas, sem mexer um músculo. A jaqueta havia caído no chão durante o ataque de histeria e as costas da jovem exibiam o contorno de toda a espinha dorsal. A visão dela fez com que a pena enchesse seu coração. ― Deirdre? ― Sam sentiu-se profundamente desconfortável e falou de uma maneira exploratória, deixando de lado qualquer formalidade. Deirdre deslizou pelo portão abruptamente, seus olhos desfocados injetados. Ela balançou a cabeça desesperadamente e gritou, como se acordasse de um desmaio:― É falso ... deve ser falso! Minha mãe ainda está viva e bem. Eu ouvi o áudio dela dizendo que sentia minha falta. Como alguém como ela poder
As sobrancelhas de Brendan estavam fortemente franzidas. Ele estava prestes a falar quando Deirdre disse:― Mas, eu sei que ele era apenas um policial falso. Além do fato de que ele de repente encontrou a localização da mansão, sem motivo aparente, ele falou quase as mesmas coisas que aquela pessoa do outro dia. ― O quê? ― Brendan parecia alarmado. ― O que ele disse? ― ― Ele alegou que minha mãe Ophelia morreu, há um ano, depois de pular de um prédio. ― O corpo inteiro de Brendan ficou tenso, assim que ele ouviu o comentário. ― Essas pessoas estão falando besteiras! ― ― Sim, eu sei ― disse Deirdre. ― Eu acredito que você não mentiria para mim. ― Brendan ficou em silêncio, mais uma vez. Depois de um longo tempo, ele perguntou:― E o que é essa carta na mesa? ― Ele tinha subido com tanta pressa que Sam não conseguiu informá-lo sobre todos os detalhes. Deirdre ficou atordoada por um momento antes de responder:― É apenas uma carta. Não é nada importante. ― A ca
A carta estava cheia de desejos e esperanças para Deirdre, e apenas algumas linhas descreviam a situação da própria mãe. Ela claramente acreditava que aquela era apenas mais uma das muitas cartas que escreveria para a filha no futuro. Ela pensou que poderia escrever novamente. Ophelia não sabia que escrevia a última carta de sua vida. O peito de Brendan se apertou. Ele havia acabado de destruir uma das coisas mais valiosas do mundo... com suas próprias mãos e, se Deirdre soubesse, ficaria louca, com razão. Por isso, imediatamente, chamou alguém para restaurar a carta. Deirdre voltou para seu quarto logo depois que ele saiu. Ela instintivamente ficou de quatro, suas mãos passando pelo chão para sentir os pedaços. Para sua decepção, ela não conseguiu encontrar nem um único papel, embora tivesse certeza de que Brendan a havia espalhado como confete. ― Senhora Deirdre, o que você está procurando? ― Sam perguntou. ― Você pode me ajudar a olhar, por favor? ― Deirdre respond
― Estou acatando a sugestão do doutor Ginger — Deirdre respondeu categoricamente, mas deixou o casaco cair sobre os ombros. ― Ele disse que um estilo de vida fechado também não ajudaria na minha recuperação, então me orientou a sair e mergulhar um pouco nos elementos. ― ― Eu não acho que sua desculpa justifique não estar vestida adequadamente para enfrentar o frio, não é? Como você vai ver Ophelia se pegar um resfriado? ― Houve um plop quando a tesoura de jardinagem caiu no chão. Deirdre olhou para Brendan incrédula, sua ferramenta esquecida e seus olhos sem vida tremendo nas órbitas.― O que você disse? ― A voz estava tremendo. ― Eu disse... ― Brendan repetiu com enunciação enfática. ― Que Ophelia está pronta para voltar. Ela estará conosco em dez dias. ― Isso significava mais do que o mundo para ela. Seus olhos ficaram vermelhos instantaneamente e a jovem se agarrou ao colarinho de Brendan, apesar de ter reprimido a maior parte de sua excitação violenta, e balbuciou:― N
― A verdade por trás do nosso...? ― A ira de Brendan era palpável. ― O que você quer dizer com isso? ― Deirdre entrou em pânico. Brendan sabia exatamente o que ela queria dizer e fez essa pergunta de qualquer maneira. Como ela deveria responder? Brendan fechou os dedos em volta do pulso dela, enquanto seu belo rosto se aproximava.― Nós ainda somos marido e mulher, Deirdre. ― Ele afirmou, prolongando cada palavra e dando ênfase ao ‘ainda’. ― Você deveria se lembrar disso. Não sou um homem poliamoroso amando um harém de mulheres. Tudo o que você precisa fazer é ficar no seu canto e parar de tentar machucar Lena e eu juro que você sempre terá um abrigo em mim. Não é possível para nós… voltar a ser como costumava ser? ― Brendan enrijeceu. ‘Brendan realmente disse isso? Por que ele diria isso? Afinal, esse é o desejo mais profundo dele? Voltar àquele tempo?’ Deirdre ficou tão surpresa que nem conseguiu se livrar do próprio choque. Sua voz, seu pedido, reverberou dentro de seu cére
Brendan admitia que poderia tê-la interrompido antes, e que estava se sentindo bem com a visão do corpo despido, mas absolutamente não gostou de ver a reação inicial dela à chegada dele. Era como se ela o estivesse acusando de ser apenas um animal faminto por sexo. — Vim aqui para descansar, Deirdre. — — Descansar? — — Sim. Descansar — ele respondeu, lentamente. — Olhe, será muito fácil para Ophelia ver através de nossa fachada atual. Você sente repulsa por mim e isso é tão óbvio que até eu percebi. A boa notícia é que temos 10 dias para entrar lentamente em alguma aparência de intimidade. Vai parecer natural no final. — O rosto de Deirdre empalideceu e Brendan, sentindo uma revolta, mudou de tática:— Mas, se você se opõe a isso, tudo bem por mim. — 'Se eu me oponho?’ Deirdre perdeu o ar. Sua real intenção era óbvia, mas isso não era opcional para ela. Ela tinha que agradá-lo, não apenas por causa de Ophelia, mas porque conhecia Brendan muito bem. Ele era o homem que far
‘Vai me levar para onde?’ Deirdre pensou. Não que ela fosse receber uma resposta, mesmo que perguntasse. Ela se levantou e se trocou. Então, quando chegaram à porta da frente, Brendan tirou o cachecol e enrolou no pescoço dela. Deirdre ficou um pouco incomodada com o gesto. Eles, saíram e entraram no carro. Então, a jovem esperou mais um pouco, antes de tirar o lenço e segurá-lo na mão. Depois de um tempo dirigindo, o carro encostou e o empresário anunciou:― Chegamos. ―O homem tirou o cinto de segurança e Deirdre. Ela desceu do veículo e a seguiu. Eles estavam em algum lugar movimentado. Ela podia ouvir o tráfego e a multidão ao seu redor, então eles deviam estar no meio de uma rua movimentada. Brendan pegou a mão dela e disse:― Eu guio você. ― O homem demonstrava uma paciência sem precedentes. Com ela a reboque, ele teceu através do mar de pessoas, e a confusão da jovem crescia. Então, finalmente, ela ouviu alguém dizer:― Sejam bem-vindos! ― Eles haviam entrad
Deirdre finalmente conseguiu soltar a respiração dolorida que segurava desde a morte de Bliss. A jovem sentia o cachorrinho empurrando seu rosto perto do dela, choramingando com ela enquanto ela soluçava e esse conforto era indescritível, era como se o animal a estivesse consolando e Deirdre imaginou que Bliss teria feito a mesma coisa. Deirdre baixou os olhos para o chão. As nuvens de tempestade que pareciam permanentes em seu semblante desapareceram, e Brendan foi a única testemunha de sua transformação sutil. Embora conseguisse observar a mudança de Deirdre, estava cego para a sua própria. A marca registrada da severidade em seu semblante havia se suavizado em uma alegria mansa e melancólica. Eles caminharam por um tempo até que, de repente, Deirdre parou. Brendan quase seguiu, sem perceber, mas fez uma pausa e se virou, com uma expressão curiosa no rosto:― O que está errado? ― Com uma carranca, Deirdre tombava a cabeça de um lado para o outro, tentando focar sua audiçã