Deirdre não podia ver Charlene, mas podia ouvir a arrogância e o orgulho no timbre de sua voz. ‘Parece que Charlene esperava por esse momento, há muito tempo.’ Deirdre respirou fundo. Seu amor-próprio recusou-se a deixar seu inimigo derrotá-la. No entanto, ao pensar em Sam ela sorriu em derrota. ‘Quem sou eu para merecer amor-próprio.’ ― Senhorita McKinney, estou aqui para pedir seu perdão. ― Deirdre levantou a cabeça, fixando na direção da impostora, seu olhar vazio. ― Uma pessoa de grande estatura moral não deveria se lembrar das ofensas cometidas por alguém de baixa estatura moral. Por favor, não se ofenda com uma pessoa tão baixa como eu. ― Charlene sorriu.― Você é muito cortês. Por que eu tornaria as coisas difíceis para você, quando nós duas somos mulheres, não é? É que ainda estou de mau humor por causa daquele incidente. ― Reprimindo o riso, Cherlene insinuou: ― Que tal isso. Você me ajuda com uma coisa e não vou mais importunar você, se ficar satisfeita com o
― Não precisa. Eu estou bem. ― Deirdre imediatamente rejeitou a oferta de Charlene. ― Você só precisa me dizer o que mais posso fazer para buscar seu perdão, Senhorita McKinney. ― Charlene olhou para o criado, que segurava uma tigela de ensopado misturado com raiz-forte, mostarda e pimenta e sorriu de satisfação. ― Você não precisa fazer mais nada. Eu te perdoo se você conseguir terminar a tigela de ensopado nas mãos de Greenlee. ― Um olhar de espanto passou pelos olhos de Deirdre:― Isso é tudo? ― ― Sim, isso é tudo. ― Deirdre podia sentir o cheiro pungente de raiz-forte à distância. No entanto, ela se animou ao pensar que tudo chegaria ao fim se pudesse terminar a tigela de ensopado.― Tudo bem, por favor, entregue-o para mim. ― Ela esticou os braços para receber a tigela, mas o criado desviou de suas mãos e colocou a tigela no chão. Charlene disse, com orgulho:― No entanto, não há assento extra e talheres para você na mesa. Você vai ter que se deitar no chã
― Charlene! Você merece morrer! ― Charlene riu. A maldição era tão gentil que ela não tinha se incomodado. ― Deirdre, você é muito ingênua. Como vou te perdoar tão facilmente quando te odeio tanto? Você é a pessoa que roubou minha vida! ― ‘Eu roubei a vida dela?’ Deirdre cerrou os dentes. Tinha sido ela quem salvou Brendan e Charlene usou seu nome e ocupou seu lugar, fazendo uma cirurgia plástica para se parecer com ela. Agora, Charlene a acusava abertamente de ter roubado sua vida? ― Diga-me, quem roubou a vida de quem? ― Deirdre falou, com um ódio crescente, em sua voz. Os lindos olhos de Charlene escureceram abruptamente e ela deu um passo à frente, olhando ferozmente para Deirdre:― Cale-se! Se eu disser que você roubou minha vida, essa é verdade! Se você tiver coragem de declarar o contrário na presença de Brendan, garanto que não vai acabar bem! ― Charlene cansou do sentimento feroz e se encheu de complacência. Ela bocejou graciosamente e disse: ― No entanto,
Brendan sentiu seu coração apertar de dor ao ver a triste figura que a jovem representava e sentiu uma raiva inefável surgir em sua cabeça, não podendo deixar de segurar o pulso de Deirdre com força:― Por que você está aqui fora? ― Ele perguntou com raiva. Deirdre abriu ligeiramente as pálpebras e saltou da inconsciência para a realidade devido à dor no pulso. Ela ouviu a pergunta de Brendan e achou seu comentário provocador. Seus lábios se moveram quando ela disse:― Onde mais posso estar senão aqui? Você não me fez vir aqui? ― O pulso da mulher estava gelado, e o frio penetrou na palma da mão de Brendan como uma mão invisível. Seu rosto ficou roxo de raiva. ‘Sim, fui eu quem te trouxe para cá. No entanto, presumi que Charlene não tornaria as coisas difíceis para você porque ela é uma mulher gentil. Ainda assim, ela realmente puniu Deirdre, fazendo ela ficar no pátio frio, quando a temperatura está caindo devido ao inverno iminente?’ Brendan sentiu o peito doer e lançou
Charlene supunha que sua mentira bem coordenada seria perfeita. A expressão de Brendan ficou fria e seus olhos escuros estavam ondulando com maldade, enquanto ele olhava atentamente para o criado que falava. ― Então, você a deixou se punir ficando do lado de fora, só porque ela disse isso? Você não sente nenhuma simpatia. Se ela lhe dissesse que queria cometer suicídio, você daria uma faca a ela também? ― O rosto do homem pequeno ficou horrivelmente pálido, em um instante e ele se defendeu apressadamente, dizendo:― Não... eu não daria... Senhor Brighthall. Aconselhamos a Senhora McQuenny a não fazer isso, mas ela insistiu em... ― A cada palavra do criado, o rosto de Charlene ficava mais pálido. Ela não esperava que Brendan ficasse tão preocupado com Deirdre a ponto de dar um sermão em seu criado. ― Brendan, a culpa é minha. Eu estava muito cansada, então subi para descansar depois de conversar um pouco com Deirdre e é por isso que não percebi que ela se punia ficando do la
Charlene sorriu amargamente, enquanto o criado exclamava:― Senhorita McKinney, seu corpo está tão fraco e você não comeu nada durante toda a noite. Como você poderia estar ao lado da Senhora McQuenny o tempo todo? Senhor Brighthall, este assunto não tem nada a ver com a Senhorita McKinney. Se você deseja colocar a culpa em alguém por não ter impedido a Senhora McQuenny, culpe a mim! ― Charlene e Greenlee concordaram, em perfeita harmonia, fazendo um ato perfeito e, no final, Brendan cedeu e reprimiu sua raiva. No entanto, ele parecia extremamente rígido quando disse:― Está muito frio. Você deveria voltar para casa, Charlene. Passarei amanhã para ver você. ― ― Está bem. ― Brendan sentia que sua cabeça explodiria de enxaqueca quando entrou no carro. Sua mente estava uma bagunça, depois de ficar no vento frio por alguns minutos. Ele não suportava o frio, então não conseguia imaginar como uma mulher que acabara de se recuperar de uma doença grave como Deirdre poderia ficar no f
― Informações sobre o mendigo? Sim! ― Deirdre ficou animada. ― Eu descobri que ele morreu. ― Deirdre estava incrédula:― Ele está morto? Como ele morreu, do nada? ― Os olhos de Sam ficaram sombrios:― Não tenho muita certeza, mas ouvi dizer que ele morreu de intoxicação alimentar. No entanto, acredito que o assunto certamente não é tão simples quanto parece. Acredito que a senhorita McKinney tentou destruir todas as evidências na tentativa de esconder seus rastros após a execução de seu plano. ― Ao ouvir isso, Deirdre estremeceu. Apesar de não sentir frio, um arrepio percorreu a espinha. ‘Como Charlene pode ser tão sinistra? Ela tirou a vida de um homem! Por outro lado, Brendan é tão ridículo. Como ele se sentirá quando descobrir um dia que a mulher em quem confia e ama é, na verdade, um demônio?' Ela deu uma risada triste e disse a Sam:― Então, mas e aquele ditado? Os mortos não contam histórias? ― ― Eu também pensei assim inicialmente. ― Sam sorriu. ― Por isso,
Brendan sentiu sua raiva crescer porque ao ouvir sua voz, o sorriso nos lábios de Deirdre também desapareceu. A expressão de Sam era rígida. Ele cumprimentou seu empregador, antes de sair respeitosamente. Brendan fechou a porta e se aproximou de Deirdre, passo a passo, antes de agarrar seu pequeno queixo de maneira bruta. A mulher não conseguia esconder seu pânico. E era justamente essa expressão amedrontada que magoava Brendan. Então, o homem falou, em tom solene:― Sorria. ― ― O quê? ― Deirdre estava confusa. Brendan exerceu mais força em sua mão e disse:― Você não entende? Eu estou pedindo para você sorrir. ― ― Por quê? ― ― Você sorri alegremente na presença de Sam, mas faz cara feia quando estou por perto, como se estivesse de luto pela morte de um membro da família. ― Deirdre sentiu o coração disparar pela frieza que emanava do corpo do homem. Ela agarrou o cobertor e forçou um sorriso, mas foi pega desprevenida, quando Brendan a jogou longe. ― Que sorriso