Antes
Há muito tempo atrás semideuses desceram a terra, eles se divertiam distribuído magia e causando o caos na terra.
Mas não é sobre eles que iremos falar e sim sobre o que eles deixaram para trás, pois os deuses só davam bênçãos para os humanos através de sacrifícios e mesmo depois que eles se foram os humanos continuaram com a tradição.
Em Tárcia a cada sete anos sete meninas são dadas como tributos para o deus da guerra para saciar sua sede de sangue e a paz reinar. Porém nem tudo é o que parece. Início
O cheiro do frango que minha mãe assava me fazia perder a concentração, era a quinta flecha que passava longe do centro do círculo que meu pai tinha feito na árvore, ele estava do outro lado cortando lenha e uma hora ou outra me olhava, não me pressionava, mas sabia que era importante para ele que eu acertasse.
— Esse eu acerto. — Afirmei, ajeitei meus ombros e então foquei no meio do circulo, respirei fundo e me preparei para atirar, mas um barulho estranho tirou a minha concentração e a flecha entrou para a floresta.
Me virei para olhar meu pai que apenas faz um movimento para que eu me aproxime dele. O som das patas dos cavalos sobre o chão da floresta estava cada vez mais alto, eles deviam estar próximos e eu sabia que eram mais de um.
— Dominique! — Minha mãe saiu da casa e olhou para o meu pai, ambos pareciam estar com medo, não entendi o porquê, meu pai era um guerreiro e não deixaria nada acontecer.
— Vá até a sua mãe! — A ordem do meu pai era clara, ele parecia estar se preparando para uma batalha.
Eram os soldados da rainha, meu pai se aproximou dos cavaleiros que tinham armaduras douradas.
Não consegui ouvir o que eles diziam, meu pai pegou a carta na mão e então agradeceu. O homem sorriu e cumprimentou minha mãe que logo me jogou para trás do seu corpo, como se para me proteger.
E antes do meu pai falar qualquer coisa, minha mãe declara.
— Ela foi escolhida, não foi?
— A rainha de Tárcia a escolheu. — Meu pai baixou seu olhar, como se sentisse vergonha.
— Para que papai? — Perguntei curiosa, e então ele me olha de uma forma estranha, nunca vi meu pai com o olhar tão triste.
— Não se preocupe, ficará tudo bem. — Ele me pega no colo e me abraça forte. — Eu farei com que fique tudo bem.
Ao seu lado estava minha mãe que apenas chorava. E naquele momento, mesmo sem entender exatamente o que acontecia, eu sabia que algo terrível estava para me acontecer.
Estava me vendo em um belo vestido branco, meus cabelos negros eram a única coisa que tinha cor ali, meus olhos castanhos faziam semanas que não brilhavam, minha pele clara se perdia na cor branca do vestido. Três mulheres enfiam alfinetes no vestido e minha mãe chorava sem parar.— Elisabeth, por que está chorando tanto? — Uma das mulheres pergunta, enquanto enfia um alfinete no vestido.— De felicidade! Não é mamãe? — Digo antes que minha mãe possa dizer algo que nos comprometa.— Sim, não podia estar mais feliz. — Minha mãe diz com seus lindos olhos verdes tristes.E eu a compreendia, afinal quantas vezes uma mãe pode ver sua filha vestida com sua mortalha, antes de estar morta?— Pode tirar o vestido, estará pronto para o grande dia. — A mulher carrancuda diz.— Obrigada! — Digo gentilmente e comecei a tirar os laços que estavam me sufocando.— Filha, gostaria de ajuda?— Não precisa. —Tirei o vestido que tanto eu odeio do meu corpo e coloquei meu outro vestido de cor lilás. — Pre
Caminho até a enorme casa ao lado e bato na porta.— Sim, o que deseja? — A criada baixinha de cabelos ruivos pergunta, não gosta muito de mim, na verdade. Poucas são as pessoas que gostam, sou um exemplo do que uma escolhida não deve ser.— Elaine está?— Sim, pode entrar. — Ela diz se virando para ir chama Elaine, fiz uma careta, mesmo sabendo que era algo infantil, mas não havia muito que se fazer além disso.A enorme casa da Elaine era bela e cheia de flores, ao contrário da minha que estava sem vida.Elaine entra na sala com seu lindo vestido verde, ao contrário de mim, ela é o exemplo do que uma escolhida deve ser. Muito calma e conformada, fingi muito bem estar feliz por morrer pelo nosso reino, mas não estava, minha melhor amiga não está conformada, apenas aceita porque sua família acha que é uma honra morrer para o bem do reino.— Foi fazer a prova do vestido hoje? — Ela perguntou de forma gentil, sempre gentil demais para o meu gosto, mas eu a adorava e por isso suportava ta
Em um segundo, já não estávamos no lago e sim em um lugar lindo. Havia um homem com roupas pomposas, ele era velho, tinha barba branca e olhos azuis muito escuros, diferente dos de Caio e Elaine que eram claros como o céu, mas além da diferença havia tristeza em seus olhos o tipo de tristeza que eu via nos olhos do meu pai. Ele estava sentado em um trono de ouro e havia outras três pessoas (contar como são as três pessoas). Então um homem de cabelos negros se aproxima dele.— Onde estamos? — Perguntei aflita para a criatura que me acompanhava.— Estamos no passado, estamos no passado de sua rainha. — Eu olhei novamente para tudo, parecia que estávamos ali invisíveis para eles, fiquei tentada a dançar apenas para ter certeza que não nos viam.— Ele é o pai dela?— Preste atenção! — Ele diz simplesmente, não respondendo meu questionamento e apontando para o trono.O homem ser posiciona ao lado da porta e anuncia:— Vossa majestade a rainha! — uma bela senhora de cabelos negros e olhos c
Estávamos outra vez no lago, olhei para todos os lados, para ter certeza que estamos no mesmo lugar que saímos e estávamos, a água clara e gelada estava cobrindo os meus pés não tinham indo a lugar nenhum, estávamos lá na floresta, no mesmo lugar, me abaixei e peguei uma pedra do chão, queria sentir, queria ter certa de tudo.— O que foi isso? — Olhei para a coisa, que me observava, queria ter certeza do que ele tinha feito, de como ele tinha feito, eu teria saído do lugar? Ou será que ele colocou aquilo na minha cabeça?— O passado? — Ele disse pensativo, eu me afastei dele.— Como o senhor fez isso? Como me fez estar lá e estar aqui ao mesmo tempo?— Saberá tudo no tempo certo. — Ele parecia estar me analisando, como se esperasse outra atitude minha. — Mas...— Temos apenas uma solução para que você viva. — ele continua a me ignorar, mas suas palavras chamam minha atenção. — Eu sei que você está maravilhada com tudo.— Porque você está tentando me ajudar? O que quer, porque eu nã
Chego à minha antiga casa e olho para onde eu vivi os melhores dias da minha vida, eu não fazia ideia do quanto as coisas poderiam mudar, o quanto tudo poderia ser destruído.A pequena cabana agora cheirava a mofo, as janelas estavam quebradas, provavelmente os bichos tenha entrado depois que fomos embora, ou algum viajante a usou para algo, ela estava caindo ao pedaços, mas ainda me sentia mais segura aqui do que na enorme casa que me deram para morar. Lembro- me do dia em que nos mudamos, a carruagem de ouro parou de frente a nossa casa. O homem de cabelo branco e com uma barriga enorme nos mandou entrar, pois eu era uma das escolhidas da rainha e isso era uma grande honra. Eu não sabia, na verdade não tinha idade para entender, apenas sabia que meus pais estavam com medo e aquilo deveria ser um sinal.Comecei a levantar as cadeiras que estavam no chão, o pó tomava o lugar, eu sei que é bobagem limpar esse lugar, sabendo que nunca mais voltarei aqui, mas parecia certo deixá-la limp
Meu coração estava prestes a saltar pela boca, o ar parecia ter sumido de meus pulmões. Como eu podia ter sido tão descuidada peguei no sono aqui? Senti um arrepio tomar todo o meu corpo, o medo me tomou de uma maneira que nunca imaginei ser possível. O que eles fariam comigo? Eu estava desarmada e indefesa...— É só uma menina, afaste isso dela. — O velho diz me olhando.— Ela pode estar com os ladrões. — O homem de nariz torto se intromete...— Quem é você? — O belo rapaz pergunta com a espada erguida para mim.Ele parecia orgulhoso e imponente, com ar de superior, sentia raiva por está desarmada, eu o faria implorar por piedade e ele tiraria aquele jeito presunçoso de me olhar. Mas mesmo sobre minha raiva não podia negar que era belo. Agora sobre a luz do dia e bem ali na minha frente eu podia ver os cabelos negros como os meus, seus olhos verdes que me encaravam, o que era um contraste para as sobrancelhas grossas e negras. Ele era forte, mas agora usando apenas uma camisa branc
Entrei no lindo quarto, as cortinas brancas, almofadas coloridas e uma cama digna de uma princesa, é uma prisão confortável, nada ali era meu além de uma boneca feia e remendada, a única coisa que consegui carregar comigo, a única coisa que podia chamar de minha. Lembrei-me do dia em que eles chegaram para nos trazer para a nossa nova casa.— Eu não quero ir! — Eu gritava me segurando na frágil porta de madeira.— Temos que ir! — Meu pai dizia soltando os meus dedos um por um.— Por quê? — Eu gritava com raiva.— Você foi escolhida. — Minha mãe falava com um falso sorriso olhando para o homem que nos esperava.— Não quero ser escolhida! — Falei tentado fugir dos braços do meu pai.— Você será invejada, terá uma casa mais confortável, terá uma boneca bem melhor que essa. — O homem barrigudo disse olhando para a boneca rasgada no chão.— Não quero nada que venha da sua rainha! — Eu gritei e minha mãe tapou minha boca.— Desculpe meu senhor, ela não queria dizer isso. — mamãe murmurou me
Eu estava em um campo havia rosas vermelhas espalhadas por todo lado, olhei para meu corpo e eu usava um lindo vestido branco, parecia muito com a minha mortalha, porém esse tem um brilho diferente. Caio estava lá montado em uma alazão com um lindo sorriso, ele usava roupas pomposas, ergueu a mão para que eu pudesse subir então quando já estava montada junto a ele começa a cavalgar em direção a floresta. De repente eu fiquei com medo, ele corria cada vez mais rápido.— Caio vamos cair! — Eu tento avisá-lo, mas não adianta ele correria cada vez mais rápido, até que paramos de frente a um castelo, então ele desce e me ajuda a fazer o mesmo. — A onde vamos? — Perguntei, mas ele apenas me puxa para dentro do castelo. Subimos uma escada e só paramos quando chegamos de frente a uma porta de madeira, nela havia um desenho de uma árvore, parecia com uma macieira, olhei para Caio — O que tem aí? — Pergunto aflita, mas ele apenas abre a porta e me puxa para dentro.O quarto estava escuro e a ú