Meu coração estava prestes a saltar pela boca, o ar parecia ter sumido de meus pulmões. Como eu podia ter sido tão descuidada peguei no sono aqui?
Senti um arrepio tomar todo o meu corpo, o medo me tomou de uma maneira que nunca imaginei ser possível. O que eles fariam comigo? Eu estava desarmada e indefesa...
— É só uma menina, afaste isso dela. — O velho diz me olhando.
— Ela pode estar com os ladrões. — O homem de nariz torto se intromete...
— Quem é você? — O belo rapaz pergunta com a espada erguida para mim.
Ele parecia orgulhoso e imponente, com ar de superior, sentia raiva por está desarmada, eu o faria implorar por piedade e ele tiraria aquele jeito presunçoso de me olhar.
Mas mesmo sobre minha raiva não podia negar que era belo. Agora sobre a luz do dia e bem ali na minha frente eu podia ver os cabelos negros como os meus, seus olhos verdes que me encaravam, o que era um contraste para as sobrancelhas grossas e negras. Ele era forte, mas agora usando apenas uma camisa branca aberta me mostrava seu corpo, senti minhas bochechas ruborizadas, aquilo era ridículo, eu nem conseguia respondê-lo. — Diga logo! — O homem de nariz torto gritou com raiva tirando minha atenção do homem à minha frente..
— Me chamo...
— Pode falar menina, não tenha medo. — O velho garante me acalmando.
— Margarida! — Falo enquanto me levanto irritada, mais comigo do que com o homem. — E estão na minha casa, devem ir.
— O que faz aqui sozinha Margarida? — O belo rapaz pergunta e eu queria dar uma resposta malcriada, mas me ouvi dizendo:
— É a minha antiga casa.
— Onde mora agora? — Eu não queria que eles soubessem que era uma das escolhidas. Olhei para janela que eu tinha deixado escancarada e possivelmente tinha sido por ali que eles me viram.
— Não é da sua conta! — Digo já pulando a janela, não era alta e pulei com facilidade.
— A segure! — ouvi um homem gritar, mas não me preocupo em olhar para trás.
Corro o máximo que posso, entrando na floresta, por um momento sinto que estavam me seguindo me viro, para ver a distância que estavam, quando sinto sendo jogada no chão, seu corpo estava sob o meu.
Me debati tentando me soltar, mas não consigo afastá-lo, ele me puxa virando-me para encara-lo, ele pega meus braços e me olha como se me desafiasse a tentar fugir novamente, eu retribuo o olhar altivo e por um segundo, seu rosto se aproxima do meu de forma lenta, quase hipnótica. Então escuto um barulho ao longe me trazendo de volta e o empurro, mas ele ainda me segura aproximando seu corpo do meu.
— Que abuso! — Digo irritada.
— Me desculpe, eu não ia...
— Me beijar?! — Falei tentando me soltar, ele parece pensar se deve ou não me soltar, mas então afrouxa as mãos.
— Não! Claro que não. — Ele balança a cabeça negativamente.
— Sim! Se eu não tivesse...
— O que está acontecendo aqui? — O velho pergunta, parecia estar cansado da corrida.
— Ele ia me beijar. — Eu digo o empurrando, ele se afasta e começa a se limpar, ainda no chão.
Ele levantada a sobrancelha e parecer está pensando em como poderia me enforcar facilmente, mas então ergue a mão para me ajudar a levantar, mas não solta o meu braço.
— Daniel ia beijá-la? — O velho questiona, parecendo se divertir com a nossa situação.
— Eu não! — Ele disse afastando um pouco mais seu corpo do meu, porém não largando o meu braço. — Ela que se aproximou.
— Daniel eu estou inclinado a acreditar nela. — O homem de nariz torto chega falando. — Sei que não pode ver uma moça bonita.
— Ela nem é tão bonita assim! — Ele diz mal-humorado, me olhando com certo desdém.
— O Que? — Como ele ousa.
Dou um empurrão nele que pela surpresa com minha força me solto, então me aproveitando do momento de distração dos três, e pego a espada que estava no chão e ergo na direção dele.
— Não vou brigar com você! — Ele me olha surpreso por minha ousadia, mas se afasta mais um pouco.
— Está com medo?! — Eu zombo, ele parece reparar em como seguro a espada.
— Você é uma mulher, não vou brigar com você. — Ele olha para os outros como se pedisse para que eles interviessem a seu favor.
— Dominique! — A voz do meu pai em meio a toda aquela loucura me surpreende.
— Pai! — Ele me olha com a espada na mão, depois para os homens que ali estavam.
— O que está acontecendo aqui? — ele questiona se aproximando de onde estávamos.
— O que faz aqui Elias? — O velho pergunta para meu pai.
— Emanuel! — Meu pai se diz meio apreensivo, ele me olha novamente, parecia esperar um sinal, mas eu estava embaçada demais para poder dizer qualquer coisa.
— É sua filha? — O velho volta a me olhar novamente, como se estivesse tentando lembrar-se de alguém.
— Dominique venha cá! — Meu pai me pede olhando para a espada em minhas mãos, eu ando até ele, e penso em falar algo, mas então ele me coloca para trás e pega a espada.
— O que querem com minha filha? — Meu pai diz respondendo o outro velho, mas seu olhar não era gentil como o do homem.
— Ela estava nos vigiando. — Daniel diz com seu olhar de superioridade. — Somos da guarda da rainha, apenas queríamos ter certeza que não era uma espiã.
— Eu não estava te vigiando! — Falei irritada, como ele podia ser tão...
— Eu sei quem vocês são. — Meu pai olhou para o velho que apenas sorria. — Vamos embora Dominique!
— Gostei de revê-lo Elias. — Emanuel diz, mas meu pai o ignora se pondo a andar e me arrastar pela floresta.
— Sua mãe está desesperada! — Ele falou, parecia está cansando, me sentir culpada.
— Eu não queria...
— O que você falou para eles? — questionou, mas antes que conseguisse responder continuou. — Não fale sobre eles com sua mãe.
— Por quê?
— Só não diga, ora! — Meu pai estava agindo como um cavalo, e eu devia dar um basta nisso, devia dizer a ele que a culpada não era minha, que eu jamais lhe causaria dor se fosse por escolha, mas eu me calei engoli todas as palavras e o seguir.
Minha mãe me abraçou, como se eu tivesse passado anos fora de casa assim que colocamos o pé na porta.
— Chega mamãe! — Tentei me esquivar de seus beijos.
— Não podia ter me feito isso! — Ela diz secando as lágrimas que teimam em cair de seus olhos. — Se fizer isso de novo, ficará uma semana de castigo!
— Eu só tenho mesmo uma semana! — Logo que disse me arrependi, minha mãe parecia em chamas, vi uma agonia em seus olhos.
— Vá para o seu quarto! — Ela grita e eu a abraço em resposta.
— Vai ficar tudo bem! — Eu lhe dou um beijo no rosto. — Não chore mais.
— Não, você vai morrer como pode ficar bem? — ela desaba perdendo a postura de raiva.
— Eu só não sei o que dizer! — Eu estava cansada, queria chorar, mas não chorei, só queria que eles sofressem o menos possível, não era pedir muito, era?
— Fuja! — Meu pai disse do nada chamando minha atenção.
— O que está dizendo?
— Isso fuja! — Minha mãe concordou com ele me assustando. Eles estavam desesperados demais, para pensar nas consequências.
— Eles vão torturar vocês! — Respirei cansada constatando o óbvio, não queria ter aquela conversa. — Não posso fazer isso.
— Nada que eles façam vai ser pior do que tirá-la de nós! — Meu pai diz e seu olhar cai sobre a minha mãe.
Já tínhamos passado por isso, eles sabiam que era impossível, que a única coisa que conseguiríamos era diminuir o número da família de três para zero.
— Nada pode ser pior. — Minha mãe concordou.
— Eu não posso, não sabendo disso...
— Você é jovem! Irá conseguir. — Meu pai me interrompe e começa andar de um lado para o outro. — Fiz bem em te ensinar a lutar, você é esperta, vai se virar bem...
— Eu não vou! — Gritei e ele me olhou irritado. Meu pai estava diferente, podia ver.
— Vai sim! — Ele diz, fechando a mão e batendo contra a mesa. — Só precisamos ter um plano.
— Eu não vou! — Gritei novamente, ele me olhou furioso. — Vocês não querem me ver morta, e eu muito menos quero vê-los.
— Vá, por favor! — Minha mãe se aproxima implorando, mas me afasto.
— Chega, vou para o meu quarto. — Sair sem olhá-los.
Entrei no lindo quarto, as cortinas brancas, almofadas coloridas e uma cama digna de uma princesa, é uma prisão confortável, nada ali era meu além de uma boneca feia e remendada, a única coisa que consegui carregar comigo, a única coisa que podia chamar de minha. Lembrei-me do dia em que eles chegaram para nos trazer para a nossa nova casa.— Eu não quero ir! — Eu gritava me segurando na frágil porta de madeira.— Temos que ir! — Meu pai dizia soltando os meus dedos um por um.— Por quê? — Eu gritava com raiva.— Você foi escolhida. — Minha mãe falava com um falso sorriso olhando para o homem que nos esperava.— Não quero ser escolhida! — Falei tentado fugir dos braços do meu pai.— Você será invejada, terá uma casa mais confortável, terá uma boneca bem melhor que essa. — O homem barrigudo disse olhando para a boneca rasgada no chão.— Não quero nada que venha da sua rainha! — Eu gritei e minha mãe tapou minha boca.— Desculpe meu senhor, ela não queria dizer isso. — mamãe murmurou me
Eu estava em um campo havia rosas vermelhas espalhadas por todo lado, olhei para meu corpo e eu usava um lindo vestido branco, parecia muito com a minha mortalha, porém esse tem um brilho diferente. Caio estava lá montado em uma alazão com um lindo sorriso, ele usava roupas pomposas, ergueu a mão para que eu pudesse subir então quando já estava montada junto a ele começa a cavalgar em direção a floresta. De repente eu fiquei com medo, ele corria cada vez mais rápido.— Caio vamos cair! — Eu tento avisá-lo, mas não adianta ele correria cada vez mais rápido, até que paramos de frente a um castelo, então ele desce e me ajuda a fazer o mesmo. — A onde vamos? — Perguntei, mas ele apenas me puxa para dentro do castelo. Subimos uma escada e só paramos quando chegamos de frente a uma porta de madeira, nela havia um desenho de uma árvore, parecia com uma macieira, olhei para Caio — O que tem aí? — Pergunto aflita, mas ele apenas abre a porta e me puxa para dentro.O quarto estava escuro e a ú
Diante de meu desespero, caio estalar um beijo em meus lábios e se afasta, pulando a janela e voltando por onde tinha vindo. Respiro fundo antes de abrir a porta tentando afastar qualquer resquício de afobação. Quando Abro a porta, meu pai me olha como se suspeitasse de algo.— Como está? — Ele diz entrando no quarto e encarando tudo a volta, como se pudesse sentir que algo estava fora do lugar.— Bem. — Digo enquanto ele se senta na minha cama.— Sente-se. — ele pede e eu me aproximo incerta. O que teria acontecido agora? — Lembra quando tinha sete anos e você caiu do cavalo? — questiona e eu concordo me lembrando. — Recorda-se que passou dias na cama?— Lembro do papai. — Digo sem entender aonde ele queria chegar.— Quando melhorou você se levantou, olhou para mim muito séria e disse "quero ver ele me derrubar de novo". Sua mãe proibiu, mas durante a noite você saiu e subiu no cavalo.— Eu era teimosa! — sorrio com mais uma cena de minha teimosia que nem me lembrava.— Quero que con
À voz soa suave e bem de perto como se alguém sussurrar em meus ouvidos, percebi de quem se tratava, aquele ser me procurava outra vez, nunca entendi sobre magia, não era algo que nos era ensinado, mas nunca imaginei alguém capaz de está em um lugar sem está. “Não tema minha criança, peço que confie em mim”. A voz outra vez sussurrou, respirei fundo e decidi que não havia muitas opções, já que ele estava em minha cabeça. Durante todo o caminho pensei em tudo, pensei no que ele tinha me prometido, se houvesse uma chance de acabar com tudo e de ser feliz, talvez valesse a pena, talvez o preço a se pagar não fosse nada comparado a isso. Assim que cheguei à coisa com olhos de cobra me esperava no lago, com certa impaciência. — Tive um imprevisto, é melhor irmos logo! — Ele disse sem esperar que eu abrisse minha boca. — Sim, é melhor. — Falei, e ele ergue a mão, eu coloco minha mão sobre a dele. Estávamos no palácio, mas não era tão belo quanto antes. — Por favor! Por favor! — Algué
Pela manhã, decidi visitar, Rafi e Reno, a caminhada era longa, eles se escondiam muito bem, peguei uma cesta de frutas e pães, eles sempre estavam famintos, pois cozinha não era bem o forte deles, nem o meu, mas por sorte o da minha mãe é, seria bom vê-lo, sem drama sem dor, eles eram dois ladrões que não tinham tempo para chorar pela minha vida, porque tinham que se preocupar com a própria. Comecei andar com mais cuidado, quando cheguei perto do local onde eles ficavam, pois eles colocavam armadilhas por todo lugar, possivelmente já sabiam da minha chegada e estavam em alguma árvore esperando eu cair em suas armadilhas. O que não adiantou em nada, pois segundos depois eu estava de cabeça para baixo, pendurada em uma árvore. — Eu mato vocês! — Gritei e pude ouvir as risadas dos dois — Eu disse que ela cairia. — Reconheci a voz do Reno. — Me solte Reno! — Logo os dois apareceram, ele tinha atitudes de criança, mas eram no mínimo uns quatro anos mais velho do que eu. — Não Domi! —
Um barulho estrondoso que me fez estremecer era uma árvore sendo derrubada perto dali corri na direção do barulho. Ao chegar ao barulho vejo uma árvore caída no chão era a minha macieira talvez a única existente em todo reino, fora a que existia no castelo, ela se encontrava no coração da floresta, achei que nunca encontrariam, mas eles estavam lá, havia pelo menos uns seis homens, eles usavam roupas simples, logo percebi que eram apenas serviçais da rainha, mas a sua frente em cima de uma cavalo estava o soldado do outro dia, ele usava uma blusa de algodão branco, sua botas ao contrários dos demais estavam brilhantes, imagino que jamais precisou pegar no pesado, então essa é vantagem em ser amante da rainha? Ele então encontra o meu olhar, parece surpreso e então desce do cavalo e anda até a minha direção, ele por um momento apenas me observa como se me desafiasse a ser a primeira a falar, mas apenas voltei meu olhar para árvore, o sonho parecia tomar forma ali, ele e uma macieira, ma
Sinto uma enorme vontade de ver Caio, revê aquele homem, me fez lembrar o sonho, vou até uma árvore perto da enorme casa de Caio e assobio, logo ele aparece na janela com um lindo sorriso que tira o meu fôlego, tenho que admitir, ele é incrível. Caio pula a janela e vem ao meu encontro. — Está melhor? — Ele pergunta, olhando para as minhas roupas. — Estive com Rafi e Reno. — Justificou, ele balançou a cabeça, como se tudo fizesse sentido com essa informação. — Quase me machuquei pulando a janela do seu quarto. — Ele fala sorrindo e passando a mão em seu ombro esquerdo. — Devia ter se machucado, como ousa entrar no quarto de uma moça? — Digo rindo, e então encostou-me à árvore. — Estou tentando salvar a vida dela. — Ele diz piscando e se senta ao meu lado. — E qual é o plano? — Está disposta? — Eu não estava, mas precisava saber qual era o plano para poder desfazê-lo. — Meu pai me odiaria por não tentar. — No dia do baile, nós quatro fugimos! — Quase ri, era ridículo e perigo
Um raio de sol atingiu-o no meu quarto, lembrei-me da noite passada, talvez fosse só um sonho, mas foi tão intenso, tão maravilhoso, que... — Caio! — Digo apavorada ao se dar conta que não foi um sonho. — O que foi! — Ele acorda assustado, por um momento esqueci o que eu queria falar, ele era lindo pela manhã, e então ele sorriu e me puxou para seus braços. — Tem que ir! A rainha o matará. — Eu sussurrei enquanto ele me beijava. — Eu corro o risco. — Ele sussurrou de volta enquanto me fazia esquecer, novamente da minha razão. — Dominique! — Meu pai me chama, me fazendo pular da cama e me afastar de Caio, que estava realmente pálido. — O que foi pai! — Grito enquanto Caio veste as roupas e pula a janela. — Abra a porta! — Arrumo meu cabelo, vejo um sapato de caio no chão e o jogo pela janela. —Está destrancada? —Falou, me olhando de relance no espelho, e vendo que eu estava em estado deplorável. — Pensei... Meu pai parece pensar, mas então dá de ombros. — O que papai? — E