Sinto novamente todos os olhos sobre mim. Olho ao redor e vejo os rostos que me contestavam esperando uma resposta. Meu pai e minha mãe abraçados e extremamente emocionados, olho para os pais do Tiago que também estão assistindo a tudo com grande emoção. O restante dos convidados com sorriso no rosto aguardando minha resposta. Certamente estão sem a menor idéia da confusão metal que estou neste momento. Olho para minha amiga e irmã Claudinha. Percebo seu olhar aflito e com certeza sabe exatamente o que estou sentindo. Ela me olha e faz um sinal de positivo com a cabeça. O que será que ela está tentando me dizer? Pensei. Ela quer que eu diga sim, que me case, ou, esta tentando me dizer para que eu faça a coisa certa? E qual seria a coisa certa...
Não sei quanto tempo se passou até que eu saísse do transe. Milhões de coisas se passaram pela minha cabeça. Mas a decisão foi tomada e as consequências virão assim como tudo em nossa vida. A vida é tomada de decisões, seja ela boa ou ruim, isso você só saberá com o tempo. Terá que aprender também a lidar e a conviver com as consequências de suas escolhas. Respirei fundo e olhei nos olhos do Tiago e pensei que não haveria outro momento como este. Isto não fazia parte dos meus planos. Nunca fez! Vê-lo ali ajoelhado, com os olhos implorando minha resposta e que esta fosse positiva. Ter meus pais e minha família ali , todos apoiando este momento com tanta alegria e carinho. Passei a língua pelos lábios, senti minha garganta seca e me preparei.
- SIM! Aceito!
Pelos meus pais e por todos aqueles que estavam ali. Eu não iria decepcioná-los. Não hoje. Não neste momento.
Os convidados começaram a ir embora. Intimamente dava graças a Deus por esta noite ter terminado. Não tenho a menor ideia de como ainda estou resistindo a tudo. Estampei um sorriso no rosto e segui em frente durante a festa inteira. Acho que meu rosto atrofiou de tanto que eu forcei o sorriso. Eu queria morrer! Nada daquilo fazia o menor sentido. Eu não quero e nunca quis me casar, não assim sem saber o que realmente sinto em relação a nós. Eu já estava tão acostumada a estarmos juntos que não fazia diferença se eu o amava como homem ou como um amigo. Eu nem sei se há diferença de sentimentos entre nós nesse sentido. Estávamos juntos desde sempre e pronto! Nunca havia parado para pensar em casamento, talvez porque, não houvesse sentimento forte o suficiente para isso. O que eu faço agora?Minha cabeça estava estourando, preciso descansar e dormir anos a fio até que eu consiga me recuperar disto. E como se o Tiago tivesse lido meus pensamentos.– Querida! Ele me cha
Eu estava a poucos instantes de entrar na passarela montada até o altar, minhas mãos estavam geladas, minhas pernas trêmulas. Sim, eu estava muito nervosa, mas, louca para que tudo aquilo acabasse logo.Os primeiros acordes começaram a tocar. O cerimonialista faz sinal para que eu aguarde o momento certo. Respiro fundo e fecho os olhos por alguns instantes, tentando me manter o mais calma possível e concentrada. - Vamos lá Raphaella! Você consegue! Disse a mim mesma. Agora faltava pouco. Só precisava me concentrar em fazer a coisa certa e tudo acabaria bem.O cerimonialista olha para mim e faz sinal para que eu comece a caminhar até o altar. Dar os primeiros passos foram os mais difíceis de minha vida e a coisa mais difícil de fazer até aqui. Minha vontade era de dar meia volta e sair correndo. Concentre-se Raphaella! Você consegue! Mais uma vez repeti meu mantra. Com passos meio insertos segui pela passarela feita de pétalas de rosas brancas. Em certa altura
o apartamento, eu achei que ao sair dali você viria correndo para que parássemos com tudo, que tínhamos ido longe demais! E você não veio.- Pai, porque só agora está me contando isso? - começo a chorar.- Porque só agora, depois de tudo ter sido consumado, o sr. vem me dizer estas coisas? Se o sr. viu toda a minha dor, minha tristeza, por que não falou comigo? Porque não me impediu de cometer este erro!?- Agora já não estava mais chorando, eu estava possessa de raiva e ódio.- O sr. disse que me observou esse tempo todo e mesmo assim, me deixou continuar! Que droga de amor é esse! Gritei.Eu queria gritar! Eu queria matar alguém naquele exato momento! Eu queria sangue! A raiva e o ódio me consumia de tal maneira que eu não estava enxergando mais nada. Eu queria gritar, eu queria bater, correr dali e ir o mais longe possível.- Filha, acalme-se! As pessoas estão começando a olhar para cá! Se não quer um escândalo e acabar com tudo ago
As manhãs primaveris em Paris são de perder o fôlego. Decidi tomar o café da manhã na sacada do hotel, que dava vista para Champs Elysées. Nossa estadia em Paris estava magnífica. Tudo aqui é lindo, festivo e muito romântico. Adorei passar os dias conhecendo os pontos turísticos e históricos. Tudo aqui cheira a história! As pedras das ruas, as calçadas, a arquitetura, tudo contam uma história. Muita cultura e beleza. As pessoas aqui parecem que estão sempre indo á uma festa, seus semblantes são leves, não parecem viver de mau humor e correndo sem tempo para nada, diferente das grandes cidades. Paris é mesmo uma festa!Fico contemplando a linda vista e pensando como seria se a Claudinha estivesse aqui. Certamente o quarto estaria cheio de sacolas de roupas de grife e estaríamos dormindo sem hora para acordar, porque, certamente teríamos ficado em alguma balada até altas horas, ou, teríamos ido dormir com algum parisiense gostosão. E Pensando nisso, não posso negar q
Qual o propósito?O garoto chega até nós e segura no braço da senhora, que o olha e parece reconhecê-lo, mas não tira suas mãos das minhas.- Vovó, a senhora não pode sair assim. Ficamos todos preocupados. Está todo mundo procurando a senhora!O rapaz parecia bastante aflito. Tiago tenta acalmá-lo e conta o que aconteceu. Ela olha novamente para mim e diz mais alguma coisa que consigo entender “ange” anjo. A senhorinha era muito doce me chamando de anjo. Sorri para ela e beijei sua mão que ainda repousava na minha.- Vovó, precisamos ir. A senhora já incomodou bastante o casal. E o rapazinho a pegou pelo braço com toda delicadeza de um neto amoroso.Ela repete para ele o que me disse.- Tudo bem vovó, ela é uma moça muito bonita sim, mas não é um anjo. Não um anjo de verdade. Vem precisamos ir.E o rapaz se vira para nós e se desculpa mais uma vez. A senhora se volta mais uma vez e me olha. E fala em bom português–“E
Sentada na primeira classe do Air France Brasil, coloco os fones de ouvido para relaxar enquanto estamos há milhas de pés a caminho de casa. Ao meu lado, vejo meu marido bebendo um whisky e se distraindo com a revista Times. Fecho os olhos e repasso todos os acontecimentos vividos nestes vinte dias. Todos os nossos passeios, as paisagens e os lugares históricos. Tudo foi maravilhoso, creio que aprendi a ver as coisas de uma forma mais positiva. Não foi tão ruim quanto eu imaginava que seria. Em minha cabeça, tudo seria uma catástrofe. Imaginei esta viajem um passaporte para nosso divórcio. E felizmente ou não, foi bem positivo. O que me fez lembrar as palavras daquela senhorinha na ponte dos casais. Por mais que eu tentasse me dizer que tudo não passava de um devaneio daquela senhora devido aos anos vividos, alguma coisa me incomodava, mas não sei dizer o que é. Era óbvio que nada fazia sentido naquilo, mas algo me dizia lá no fundo que talvez na mais remota possibilidade ela
Enquanto eu estava em meus pensamentos, Tiago me puxa de encontro ao seu corpo e me beija intensamente. Seu desejo já estava bem á mostra junto com suas intenções. Estava claro que ele queria sexo ali e agora. Eu estava ainda envolta em meus pensamentos e em minhas questões. Mas assim que senti suas mãos em meu corpo tudo se foi. Nenhum pensamento a respeito do nosso futuro veio á minha mente. Eu só precisava intensamente do seu corpo tomando o meu com urgência.Acordo e olho para o relógio da cabeceira e vejo que são ainda 2hs da manhã. Minha nossa! Droga de fuso horário! Estou sem sono. Decido ir até a geladeira e ver se tem algo para comer ou beber. Levanto e sigo até a cozinha em meio a escuridão. Não querendo acordar o Tiago que parece não sentir diferença nenhuma no horário. Está dormindo feito um bebê.
Entramos no elevador que nos levaria para o estacionamento. Ficamos em silêncio e aproveitei para por meus pensamentos em ordem. Meus pais certamente estariam lá, o que eu direi a eles? Devo pedir desculpas ao meu pai pelas coisas que disse naquela noite? Devo contar a eles meus planos para este casamento? Respiro fundo ao pensar nisso. Será que realmente quero por um fim a este casamento? Olho para meu marido que esta completamente inocente de tudo o que está se passando e isso me deixa ainda mais nervosa. Tiago percebe minha inquietação e pega na minha mão como se tentasse me passar confiança e me dissesse que ficaria tudo bem.Saímos do elevador em direção ao carro do Tiago. Agora cairíamos na estrada em direção ao que nos espera alguns quilômetros daqui. Tento não pensar mais nisso e aproveitar a viajem. Afinal, eram meus pais e eu os amava acima de tudo. Não importava o rumo de tudo isso, o importante era que eu sempre os teria a meu lado. Ba