O casamento

o apartamento, eu achei que ao sair dali você viria correndo para que parássemos com tudo, que tínhamos ido longe demais! E você não veio.

- Pai, porque só agora está me contando isso? - começo a chorar.

- Porque só agora, depois de tudo ter sido consumado, o sr. vem me dizer estas coisas? Se o sr. viu toda a minha dor, minha tristeza, por que não falou comigo? Porque não me impediu de cometer este erro!?

- Agora já não estava mais chorando, eu estava possessa de raiva e ódio.

- O sr.  disse que me observou esse tempo todo e mesmo assim, me deixou continuar! Que droga de amor é esse! Gritei.

 Eu queria gritar! Eu queria matar alguém naquele exato momento! Eu queria sangue! A raiva e o ódio me consumia de tal maneira que eu não estava enxergando mais nada. Eu queria gritar, eu queria bater, correr dali e ir o mais longe possível.

- Filha, acalme-se! As pessoas estão começando a olhar para cá! Se não quer um escândalo e acabar com tudo agora, sugiro que comece a se acalmar.

Meu pai tentava me trazer á realidade, mas eu não estava mais em mim. Eu queria extravasar naquele momento todo o sentimento guardado até então. Toda a culpa, toda a raiva e toda a minha miserável condição. Neste momento, eu já não estava nem ai para quem estivesse olhando.

- Pai, eu me sacrifiquei para não magoar você e a mamãe! Eu não queria decepcioná-los! Achei que vocês queriam tanto este casamento, que eu não me importei em me colocar em segundo plano. Eu achei que vocês estavam felizes em realizar um sonho, de ver a menininha de vocês se casando. Eu não me importei de ser infeliz, para vê-los felizes! E agora você me diz que quer a minha felicidade? Desculpe, pai! Mas acho que nisso você e a mamãe falharam. Porque eu serei infeliz para sempre! E isso, graças a vocês! Obrigada pelo presente de casamento. Não poderia ter sido melhor! Dizendo isso, respirei fundo e sai em direção á casa. Não sei porque me sentia tão aliviada, talvez porque agora eu não precisava mais representar nada, não precisava mentir e nem fingir, não havia mais ninguém a quem eu queria proteger. Agora eu podia ser eu mesma.

Entrando na casa, corri para o quarto de hospedes que eu estava hoje pela manhã e me tranquei. Eu precisava de um pouco de ar. De paz. Ficar comigo mesma naquele momento. Precisava pensar nas opções que eu tinha dali para frente. Sentada na beira da cama, tudo o que eu queria era tirar aquele vestido e me sentir livre. Juntei meus pensamentos á ação e comecei a tirar o vestido. Coloquei-o em cima da cama e fiquei observando. Era como se eu tivesse acabado de arrancar um peso de cima de mim, um fardo que carreguei e que só agora eu pude me livrar. Pobre vestido. Tão lindo. Pena que foi destinado a um casamento prestes a falir. Agora estou casada. Posso pedir a anulação do casamento. Com advogados isso não nos custaria nada, pelo menos, não financeiramente falando mas, e moralmente? Tem muita coisa em jogo nesse momento. Preciso ser mais racional. Enfrentar uma anulação seria uma tarefa muito árdua, eu teria que expor meus motivos para tal ação e isso seria constrangedor. Não. Anulação não seria uma boa opção. Talvez o divórcio. Acho que  seria a melhor opção. Certamente  o Tiago tbem verá que não foi uma boa idéia se casar e então pediremos o divórcio em comum acordo. É isso! Resolvido. Agora, vou para Paris curtir minhas férias barra lua de mel e quando voltar, terei um divórcio para providenciar. 

Ainda pensando nisso, sai do quarto pronta para viajar. Escolhi um vestido curto bege de renda rodado e sapatos caramelo da  louboutin! Já que eu tinha que viver esse inferno. Então que fosse com muita classe!

Desci as escadas, todos já estavam me esperando para as despedidas. Estampei um leve sorriso no rosto, para mostrar um pouco de satisfação e alegria. Afinal, ir para Paris com tudo pago por vinte dias não seria nada ruim. Deliciei-me com a idéia e segui em frente. Fui ao encontro do meu agora marido e tiramos mais fotos. Fizeram fila para as despedidas. Recebemos todos os elogios e felicitações. Abraços, beijos e algumas piadinhas sobre a lua de mel. 

Quando o carro que nos levaria até o aeroporto parou na entrada da casa, saímos correndo debaixo de uma chuva de pétalas de flores vermelhas e chuva de arroz. Até que foi divertido. Já dentro do carro, me dei conta de que não vi meus pais e não me despedi deles. Melhor assim. Eu os amo incondicionalmente, mas agora tudo o que eu quero é me distanciar e dar tempo ao tempo. Quando voltarmos de Paris, vou procurá-los e então conversaremos com mais calma. Por hora, tudo o que eu quero é relaxar e aproveitar a viajem.

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