Abla Dinis
Hoje, faz três semanas que comecei a trabalhar com o senhor Riddick. Suas grosserias não pararam, mas em compensação deram uma amenizada. Bem, eu não consigo entender por que tanta implicância comigo. Ainda me pergunto se é só com a minha pessoa ou ele faz a mesma coisa com outras também. Agora eu não posso conversar com nenhum homem, que a grosseria triplica de intensidade. Uma vez, ele me pegou conversando com o rapaz da contabilidade, encheu o cara de desaforos, e claro que eu não fiquei atrás. O ponto alto dessas três semanas foi percebê-lo me seguindo naquele dia. Admito que fiquei intrigada e curiosa. Confesso que fiz de tudo para não ir lá tirar satisfação, mas a droga da curiosidade falou mais alto. Fora que as minhas filhas estavam em casa, e eu não queria expô-las de forma alguma. Bem, ele não quis me dizer o porquê de ter feito aquilo, entretanto, nem eu quis saber. Graças a Deus, ele não fez, mas isso, quer dizer, eu acho que não fez. Mas, engraçado foi a cara que perpetrou quando lhe ameacei. Claro que não explicitamente, não sou doida. Porém, eu não estava brincando. Se continuar fazendo isso, sou capaz de fazer uma arte com ele. O senhor Riddick não me conhece. Não sabe o que sou capaz de fazer para proteger minhas filhas.
— Bom dia gata! — Saudou sorrindo. Tomei um susto com a saudação da Mabel com seu sorriso arreganhado para mim. Só que eu não estou com nenhuma vontade de sorrir, essa é a verdade.
— Bom dia! — Eu falei um pouco seca. Acho que até demais. Eu preciso aprender a separar as coisas. Não posso descontar em pessoas que não tem nada a ver.
— Que carinha é essa minha linda? É o nosso chefe? — Ela pergunta preocupada. Eu gosto muito dela, e acho que ela gosta de mim também.
— Não é o nosso chefe! — Eu não estava mentindo. Realmente não é ele, por incrível que pareça. Estou puta com outra pessoa.
— Quem é? — Me questionou ainda preocupada.
— É um cara que eu conheci há uns três dias aqui na empresa. Ele não me deixa em paz, e hoje ele passou dos limites. — Grunhi. — Teve a audácia em me tocar sem a minha permissão.
— Que filho da puta, Abla! Denúncia o infeliz para os recursos humanos. — Ela não deu espaço para brincadeiras. O que Bel não sabe, é que já pensei nessa hipótese, mas descartei na hora. Sou nova na empresa. Qual é a corda que vai partir mais rápido? Claro que é a minha.
— Eu não farei isso, Bel, vai demorar muito, fora que pode me queimar na empresa. — Declarei nada animada.
— Você precisa fazer algo, Abla, ou ele continuará com os assédios. — Mabel informou demonstrando sua raiva.
— E vou fazer! — Eu disse com minha cara de maligna. Eu só faço essa cara quando desejo fazer algo de ruim.
— O que vai fazer? — Ela proferiu curiosa.
— Na próxima vez que ele me tocar sem a minha permissão, eu vou quebrar o braço dele e... — Falava furiosa, mas fui interrompida pela voz que está me tirando o sono esses dias.
— Quem é ele? — Riddick inquiriu, não parecendo nada contente. Mabel tomou um susto, pensou em falar algo, mas, eu a impedi. Claro que eu não queria que ele fizesse suas grosserias com ela de manhã cedo, né.
— Bom dia, senhor Riddick! — Saudei formalmente
— Na minha sala! — Mandou antes de sair com uma cara nada boa.
— É melhor você falar a verdade! — Mabel aconselhou se sentando em seu lugar.
— Eu não gosto de mentiras Mabel. — Falei, me sentindo ofendida.
— Boa sorte! — Sorriu amigável.
— Eu não preciso disso com o senhor Riddick, o que preciso mesmo, é de paciência. — Eu falei rindo da cara que ela fez.
Bati na porta e entrei. Meu chefe estava virado para a grande janela de vidro, que dá para ver todo o Central Park. Uma bela visão, sem dúvidas.
— Quem é ele, Abla? — Sua voz está sombria como nunca. Eu não sei se já comentei com vocês sobre a voz dele. Bem, ele fala tão calmo, tão devagar que às vezes irrita. Mas quando ele está bastante sério e sombrio, como nesse exato momento, e falando dessa forma, fica muito sexy.
Meu Deus, qual é o meu problema? Até parece que estou há séculos sem um homem. Espera aí, eu estou realmente há séculos sem saber o que é um homem, ou simplesmente beijar na boca. Aff droga! Preciso resolver isso urgentemente.
— Não quero que se meta senhor Riddick! — Eu exclamei firme e isso fez com que ele virasse a cabeça, lentamente em minha direção, igualzinho os filmes de exorcismo. Eu tive que me esforçar muito para não rir, por causa do meu pensamento idiota.
— Isso não é uma negociação! Essa é a minha empresa. Se ele está fazendo isso com você, já fez com outras. — Ele disse furioso.
— Eu sei que a empresa é do senhor, porém, a vida é minha. — Eu disse também furiosa. Ele não tem o direito de falar dessa forma comigo. — E só para constar, senhor Riddick, o Idiota desconhece algo sobre mim.
Eu falei para amenizar, minha raiva, e consequentemente a dele.
— O que seria? Será que eu posso saber? — Ele disse debochado, mas a postura sombria estava lá, não saia de jeito nenhum.
— Eu não sou as outras mulheres que ele fez isso, comigo o buraco é mais embaixo. — Frisei bem a última palavra.
— É mesmo? — Disse com sarcasmo na voz.
Maldito!
— Com toda certeza! Estou lhe avisando, senhor. Se ele me tocar sem a minha permissão novamente, quebrarei o braço dele com toda força. — Falei perversamente, fitando-o sem parar.
Sou uma pessoa muito visual, uma pena não ter descrito a forma que faria se ele tentasse. Depois que terminei de falar, ele não prendeu o seu riso, ele ria sem parar. É a primeira vez que vejo algo tão inédito e raro. Confesso que é algo muito lindo de se vê.
Lindo demais.
— E por acaso teria coragem de fazer algo tão violento? — Objetou, desafiando-me. Coitado, não viu nada.
— Teria coragem para isso e muito mais. — Ele se levantou e se aproximou de mim feito uma cobra, eu parei de respirar. Graças a Deus ele não tentou nada, apenas falou.
Abla Dinis — Hum... A senhorita é realmente perversa! — Ele disse como se tivesse constatado agora. Não havia desgosto nos olhos dele, apenas surpresa.— Só com quem precisa, senhor! — Ele riu de ladino, antes de dar essa conversa por encerrada.— Se isso passar dos limites, eu quero o nome dele!— Feito! — Eu disse me afastando e respirando normalmente de novo.— O que temos para hoje? — O senhor dará uma palestra no espaço de formação de agentes Excellence. Já separei o conteúdo que será dado.— A senhorita leu o conteúdo?— Não senhor. Os arquivos diziam confidenciais, achei prudente não mexer. — Eu falei com um pouco de animação. Acho que até demais, pois ele reparou. — Algum problema? — Perguntei tentando disfarçar minha euforia, mas isso foi quase impossível.— Não entendi essa sua animação? — Arqueou a sobrancelha claramente intrigado. Tossi nervosamente, para camuflar meu entusiasmo.— Eu gosto dessas coisas, senhor! — Confessei olhando para ele. Meu Deus, tomara que ele
Abla Dinis — Se é tão esperta, por que não explica a cena de crime seguinte. — Ela disse destilando seu veneno, mas comigo não, meu amor, eu já sou imune a esse tipo de peçonha.— Com maior prazer! — Me aproximei e virei para a imagem projetada. — Posso, senhor Riddick? — Perguntei, me referindo à cena de crime no telão. Ele respondeu-me com um menear de cabeça. Voltei-me para os futuros agentes e perguntei. — Para vocês, o que é crime? — Todos estavam calados, ninguém fez menção de responder, então eu mesma escolhi. É, sou muito vingativa. — Você, agente 4, responda à pergunta. — Ela me olhou feio e ficou calada. — Vamos! Por acaso está surda? — Meu chefe falou, já impaciente. Não sei se comigo, ou se com ela. É, paciência não é seu nome.— Desculpa senhor! — A vadia disso toda doce.— Então agente 4? — Questionei irritada.— É um fato material… — Nem a deixei terminar. Já começou falando merda.— Está errado! — O senhor Riddick fala antes que eu diga algo.Olhei para o agente 10,
Abla Dinis— Obrigada! — Ouvi um pigarrear atrás de mim e olhei já sabendo quem é.— Senhorita Dinis, pode ir pegar as coisas para irmos embora. — Sua voz estava dura feito pedra.— Sim senhor! Por favor, me deem licença. — Pedi me afastando.— Toda! — Eu saí praticamente correndo. Ainda pude ouvir meu chefe falando alguma coisa com o rapaz. Eu só queria entender por que ele é assim. Deus do céu, para que tanta raiva? Tanta grosseria? Quando estava passando, eu vi aquela vadia da agente 4 jogando seu charme em cima dele. Eu saí o mais rápido que pude. Não quero presenciar nada desagradável. Fiquei no carro o esperando. Ele abriu a porta e entrou sem falar nada. Ele não falou e nem eu fiz questão de falar. Chegamos à empresa, e cada um foi para seu canto.— Como foi? — Mabel perguntou receosa.— Muito bom! Por quê?— Todos os assistentes do senhor Riddick, não vingaram. — Deu de ombros. — Digo isso, porque não gostavam quando iam para o campo com ele.— Eu gosto dessas coisas, eu nã
RiddickAbri oenvelope com toda calma que não tinha e comecei a ler.— Abla Dinis, 26 anos, solteira. — Franzo a testa, impressionado. Não parece, achei até que teria mais idade! Bem, saber que não há nenhum cara em sua vida, é uma informação muito bem-vinda. Continuei lendo, o conteúdo do envelope. — Não conheceu o pai, mãe falecida. Tinha uma irmã gêmea, porém, também falecida. — Parei um tanto impactado ao ler a data da morte de sua irmã. É o mesmo período que fui ao Brasil! Então deve ter sido isso que a deixou tão triste naquela época. Deixando as conjecturas de lado, continuo. — Serviu por sete anos ao Exército Brasileiro. Seu último cargo era de Tenente-coronel. Pediu dispensa quatro anos atrás. Motivos desconhecidos. — Estalei a língua. Puta merda! Isso explica muita coisa. Pelo que vi naquele dia da palestra, ela foi um tesão e tanto, e o que me deixa puto é que não foi apenas eu que vi. Clarkson, intrometido também estava bem atento a ela. Por que será que ela pediu dispen
Abla Dinis— Porra! — Exclamei furiosa comigo mesma. Detesto quando isso acontece. Hoje cheguei atrasada, tudo bem que foi a primeira vez. Só que eu nunca gostei de fazer essas coisas. Para mim o tempo é precioso. Nunca deixei ninguém me esperando, e nunca gostei que fizessem isso comigo. Por isso nunca fiz com ninguém. Olhei no relógio novamente, já passava das 08h00min., então significa que o meu querido chefe já chegou. Parece que tudo está dando errado. As meninas se atrasaram para se arrumar, eu não acordei na hora certa. A droga do despertador não funcionou. Eu sempre acordo antes, mas com os problemas que estão se apresentando, acabei não dormindo direito, e o resultado foi esse. Acordar no horário errado e isso embananou tudo.— Bom dia Bel! — Falei com ela, sorrindo triste.— Bom dia minha gata! Que carinha é essa? — Me interrogou, cismada com a minha tristeza.— Alguns problemas. Ele já chegou né? — Só perguntei para confirmar.— Já sim, e disse que quando chegasse era para
Abla DinisMeu Deus, por que esse homem me atrai tanto? Quando penso no meu chefe, só vêm pensamentos de luxúria. Por causa dele, estou com vontade de fazer uma coisa que há muito tempo não faço. Me tocar! Isso mesmo, estou pensando seriamente em me masturbar pensando nele. Aproveito que as meninas estão na escola e tiro toda a minha roupa do corpo. Fico nua do jeitinho que vim ao mundo. Lembro-me do seu sorriso, daquela boca linda, e daquela voz de um homem literalmente selvagem. Passo minhas mãos pelos meus seios, que já estão duros com a minha excitação. Aperto os bicos, sensíveis ao toque, e um gemido rouco escapa de meus lábios. Passo minhas mãos pela minha barriga e vou descendo até meu sexo, que já estava pulsando em antecipação. Quando minhas mãos alcançam meu ponto sensível, gemo mais uma vez. Toco-me devagar, fazendo círculos imaginários. Cada toque é como brasa de fogo. Oh! Que delícia!Fecho meus olhos para a minha imaginação aflorar. Mas tomo um susto quando sinto um
Abla Dinis Eu não sei o que fazer. Ainda não recebi meu primeiro salário. Não tenho dinheiro para alugar outra casa. Peguei o táxi, pensativa. Estou realmente cansada. Eu não lembro o dia que alguém cuidou de mim. Sei que sou uma mulher durona, mas, até às duronas precisam de carinho e afeto. Em minha face acabou caindo uma lágrima solitária. Enxuguei disfarçadamente para o motorista do táxi não ver. Assim que cheguei frente à empresa, paguei a corrida e entrei. Sorri calorosamente para os seguranças e entrei no elevador privativo da presidência. Quando cheguei ao andar onde trabalho, fiquei surpresa em ver o senhor Riddick e o senhor JJ conversando perto da minha mesa. Hoje meu humor não está dos melhores, mesmo assim, faço o possível para não deixar transparecer meus problemas.— Bom dia senhores!— Bom dia senhorita Dinis! — Meu chefe falou sem desviar seus olhos da minha face. Eu fiquei vermelha, pois me lembrei da porra do sonho.— Bom dia princesa! — J falou sorrindo. Aquele s
Riddick— Eu falei para você, não procurar gracinha com ela! Você está surdo, porra?— Calminho aí, John, eu não fiz nada demais. — O idiota ainda falar rindo da minha cara. Filho da puta! — Eu estou me segurando para não esmurrar essa sua cara. — Ele fez questão de ignorar o que acabei de falar.— Cara você viu como ela é ousada? — Minha feição ficou branda.— Percebi, ela é diferente! — Eu disse sem esconder a minha cara de idiota.— Como assim, você ainda nem provou da garota e já está apaixonado! — JJ falou sério. Quando eu ia responder, meu telefone tocou. Eu atendi, querendo mudar de assunto.— Riddick falando! — Depois que ouvir a outra pessoa, desliguei já me levantando.— Aonde vai, cara? — Meu amigo perguntou ainda sério.— Uma cena de crime, me pediram para dar uma olhada.— Beleza, eu irei com você!— Eu irei levar Abla, mas você pode vir junto. — Avisei sério.— Tá bom, mas, eu ainda não esqueci sobre a nossa conversa, afinal, você não respondeu a minha pergunta. —