Capítulo 4

LIS

Sinto meus olhos pesado com o sono que já chega. Está quase amanhecendo o dia, eu acho. Ou sou eu mesma que já não estou acostumada mais com rolê até altas horas.

— passaram um ali embaixo! — Letícia chega ao meu lado, eufórica.

— O que?

— Passaram, Lis. Meteram um tiro na testa e foi com Deus. — ela olha ao redor e por cima do meu ombro — Cadê Kaylanne?

— Não sei, saiu dizendo que ia ao banheiro e não voltou até agora. — bebo um gole do refrigerante que já está até quente e fecho a cara — já estou com sono.

— Ela foi dar, tenho certeza! — Letícia afirma.

— Coe Letícia! — ouço alguém chamar por ela e meus olhos batem no mesmo homem que esbarrou em mim quando cheguei aqui — chega aqui.

Ela afirma com a cabeça e vai em sua direção. Eu passo a língua no piercing em minha boca e volta a olhar lá pra baixo, a movimentação de gente dançando e bebendo, e o mesmo tumulto desde que cheguei. Parece que ninguém arredou o pé para ir embora, os famosos inimigos do fim.

Olho para o meu pé que já está podre, de tanto que pisaram, e sinto meu dedinho dolorida, e gemo. Meus olhos caem lá na pista, onde vejo a cabeça de Kaylanne passar e logo atrás dela, meu irmão.

— Que cachorra! — eu murmuro.

— quem? — Letícia chega ao meu lado na velocidade da luz — quem é cachorra?

— Kaylanne deu um perdido na gente com o meu irmão. — ela abre a boca e murmura um cachorra — É, ela é uma bela cachorra. Quantas horas?

— 3 horas agora. Vamos lá pra casa, bom que tu me ajuda em uma coisa.

— Em que? — pergunto com a sobrancelha franzida.

— Eu quero dar, pelo amor de Deus. — ela fala e revira os olhos — por favor!

— Eu não quero ouvir tu gemendo, Letícia. Tanto você quanto Kaylanne, ama dar esses prazeres ao meu ouvido, né?

— Tu dorme no quarto do meu irmão, ele não vai pra casa, nunca vai mesmo. É afastado. — nego com a cabeça a encarando — por favor, princesa. Juro que nunca mais te peço isso.

— Porque eu tenho que ir? — pergunto.

— Tu vai pra onde? Kaylanne te deu um perdido, vai descer o morro essa hora? Não vou deixar tu fazer isso, então vamos lá pra casa, amanhã desço contigo.

— Eu tenho balé amanhã.

— então, vou no ensaio contigo. — ela junta as duas mãos em forma de súplica e faz um biquinho — por favor!

— Tá, vamos logo! — ela b**e palminhas comemorando e sai andando na minha frente — eu vou te jogar um balde de água se tu não acordar pra ir comigo.

— Eu vou, relaxa.

A gente passa pela multidão, tentando desviar das pessoas que já estão bebadas, e eu bebada também, mas de sono.

Letícia conhece Deus e o mundo, assim como Kaylanne, até topar com um cara já longe da quadra e pedir pra ele nos levar pra casa de carro. Eu super iria andando, não fica tão longe, mas além de eu está morrendo de sono, meus pés estão pedindo socorro.

Meu estômago ronca de fome dentro do carro, mas não quero parar em lugar nenhum. Só preciso de um banho e umas horinhas de sono, nada mais que isso.

— Ae loirinha! — o homem que dirigia me chama quando eu saio do carro, e eu olho em sua direção — qual seu nome?

— Lis!

— Humm, pode crê. — ele afirma balançando a cabeça — até amanhã, Letícia.

— Até nunca mais, Rai.

— Ingrata pra caralho, nunca mais te dou carona. — Letícia revira os olhos e o homem sai disparado com o carro.

— Tu pode dormir no quarto do meu irmão, como sempre fez. Precisa de alguma roupa? — Letícia me pergunta.

— Eu preciso de um banho, comer alguma coisa e dormir. Meu balé começa às 9.

— Ok. — ela destranca o portão e eu olho dois homens na esquina vigiando, coisa que eu nunca havia notado — O que foi? — ela pergunta ao perceber minha imagem congelada.

— Porque estão vigiando a gente?

— Amigos do meu irmão. Se preocupada não. — ela me dá passagem para entrar e entra logo atrás de mim.

Eu não sei como Letícia tão nova mora em uma casa enorme como essa, praticamente sozinha. Pelo tempo que conheço ela e frequento sua casa, eu nunca vi esse tal irmão dela, tô comentando a achar que ele é imaginário. Eu entro no quarto que ela diz ser de seu irmão, e pela primeira vez sinto o cheiro de perfume masculino, ele esteve aqui mais cedo.

A cama enorme, com uma varanda de frente pra rua, dando a visão de tudo. Entro no banheiro, fitando uma camisa enorme ali, será ela mesmo que vou usar para dormir. Porque o tanto que pisaram no meu naquele baile, foi a quantidade de vezes que entornaram bebida em minha roupa, minha sorte que trouxe, mas o azar é que está na casa da Kaylanne e ela me deu perdido.

Tomo um banho rápido, somente para tirar o cheiro de suor e wisky que estava grudado em mim. Estou com fome, mas meu sono é maior, então só deito até pegar no sono.

********

Mal pego no sono quando sinto meu celular vibrar debaixo do travesseiro. Atendo sem nem olhar o nome.

Helô: Lis?

Lis: Mãe?

Helô: estava dormindo? — tiro o celular no ouvindo e fecho os olhos sentindo a claridade machucar minhas vistas, 4 da manhã, fala sério.

Me levanto e vou até a varanda do quarto, e dou de cara com um homem sentado na cadeira, sem camisa e fumando. Sinto meu coração disparar na hora e gemo com o celular ainda não ouvido.

Helô: Lis?

Lis: Oi, mãe. Sim, eu estava dormindo. Porque me ligou essa hora?

Helô: Pra dizer que ainda vou ficar aqui mais dois dias. Tudo bem pra você? Só queria me certificar que você não perderia o balé.

Lis: Mãe, o balé é só as 9 da manhã. São 4 horas da manhã agora, eu não iria perder, coloquei o despertador.

Helô: Tudo bem. Está dormindo em casa?

Lis: estou… — o homem me encara, e sorri de lado me olhando, o mesmo homem que esbarrou em mim no começo do baile — na casa da Kaylanne. Vou descer na hora do balé e depois ir pra casa.

Helô: tudo bem. Se cuida, juízo viu? Eu te amo.

Lis: Também te amo, mãe.

Eu desligo o celular o segurando com tanta força.

— Fugindo de casa, Cinderela? — ele me pergunta.

— Quem é você? Tá fazendo o que aqui?

— É a minha casa. — minha boca abre e fecha duas vezes e mesmo assim nada sai — minha camisa… — ele se levanta, e eu percebo quanto ele é alto e forte, então, seus braços já estão em minha volta, me encurralando entre o vidro do muro — Meu quarto e minha cama.

— Me desculpa, eu não sabia que você era irmão da Letícia.

— Não tem problema, Cinderela. Devo admitir que eu amo o seu perfume. — ele cheira meu pescoço com uma certa necessidade, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar, então fechos os olhos — você cheira a inocência, como nunca te notei?

— Talvez porque você nunca para em casa. — eu afirmo.

— O que é um erro. — ele encara meus olhos, ainda com o braço ao meu redor — quantos anos você tem?

— 18 — respondo rápida, e cheia de vergonha, porque ele não para de me encarar e eu não consigo desviar de seus braços.

— novinha… — ele diz — 15 anos de diferença, algum problema pra você?

— Eu tenho namorado!

— Outro erro… — ele fala sorrindo sarcástico — mas agora um erro bem mais interessante, eu diria. — ele toca a barra da minha camisa, e sinto seu dedo roçar em minha coxa.

— O que você quer comigo? — pergunta, ele assopra o cabelo que cai em meu rosto.

— Nada que tu não queria. Pode ter certeza!

— Então? — pergunto, sinto seu hálito quente tocar meu pescoço e ele sussurra.

— Te chupar inteirinha, te fazer gozar na minha boca. E te mostrar que se eu fosse teu namorado, jamais te deixaria assim sozinha.

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