Capítulo 2

Ajeito o minúsculo short ao meu corpo, enquanto ando ao lado de Kaylanne. Certeza que na outra vida essa menina foi uma vereadora, conhece todo mundo, como pode uma coisa dessa?

Está calor, sinto meu cabelo grudar em meu pescoço, isso porque nem sequer chegamos ao baile, imagina quando tiver no meio de todo mundo.

Eu cruzo meus dedos, temendo encontrar com algum conhecido do meu namorado. Eu não estou indo trair ele, é somente um baile com minha amiga, mas ele nunca entenderia isso, então eu nem fiz questão de avisar.

O baile está lotado, como de costume, vários perfumes misturados que fazem meu estômago se revirar, juntamente com o cheiro de bebida alcoólica. Eu não bebo, Kaylane costuma dizer que sou careta, não bebe, não fuma e não fode, são palavras dela, não minha.

— Vamos ali no Keone, tenho que pegar um negócio com ele. — franzindo o cenho, lanço um olhar mortal para ela — o que foi? É dinheiro menina, Euheim.

— Se você pensa em sair e me deixar aqui sozinha, tá muito enganada. — aviso — e nem vou servir de vela pra ouvir você transar também.

— Então só tu arrumar um bofinho e afogar o ganso também. Vai viver com essa piriquita lacrada até quando?

— Até quando Deus permitir.

— Então até nunca. — ela j**a as tranças para trás e me observa — seu namorado é um sonso, nem passa a mão na sua bunda.

— Tenho pena do Victor quando tô contigo, tua missão na terra é falar mal dele. — ela revira os olhos e continua andando.

Adentro daquela multidão de pessoas, o som tão alto que é impossível ouvir o que Kaylane tenta me falar, e quase impossível ler seus lábios, já que o jogo de luzes ofusca minha vista já me deixando tonta, sem nem ter colocado uma gota de álcool na boca.

Eu passo os olhos ao redor observando alguns caras armados, não é uma novidade para mim, eu frequento esse morro desde que me entendo por gente, mas me assusta a forma que eles amam exibir seus objetos metálicos, sem falar que eu morro de medo daquilo disparar do nada e por Ventura, me acerta. Mesmo sendo filha de uma delegada, que irônico.

Eu congelo com a imagem do meu irmão mais velho me encarando, assim como ele congela ao me ver também. Ambos errados, estávamos aqui sem a autorização da minha mãe que agora, esta viajando em convenção civil.

Ele não é aquele irmão superprotetor, na real ele é bem foda-se para tudo, porém só bastar um momento de raiva e ele fala tudo o que não deveria falar, não tem papas na língua. Mas nesse momento, estou em vantagem, ele também está onde não deveria.

Ele se aproxima sorrindo e nitidamente nervoso, passa a mão nos fios loiros em sua cabeça e ajeita a gola de sua camisa, Kaylane cochicha algo em meu ouvido que não entendo, e meu olhar continua fixo em meu irmão.

— O que está fazendo aqui? — ele me pergunta.

— O mesmo que você, eu diria. — ele sorri irônico e nervoso — você não me viu aqui e nem eu te vi. Se contar algo a minha mãe, você também não escapa.

— Fala sério, Lis. Está mesmo preocupada com a nossa mãe, invés do seu namorado? Ele ao menos sabe que tu tá aqui?

— Não, e nem precisa saber! — Kaylane se põem a minha frente tentando tomar peito da situação — aí bofe, vai andar. Mulher fofoqueira já é feio, pra um macho grande feito tu, é mais feio ainda.

— Fecha a cara Kaylane, tô falando contigo não. — ele cruza os braços e da um sorriso sarcástico para Kaylane, que sei que ficou todo derretida — vai dormir aqui, ou em casa? — ele pergunta a mim.

— Aqui, vou pra casa antes da minha mãe chegar!

— Tranquilo então, tô de olho em tu. — ele avisa.

— Grandes coisas Alan, tenho juízo pra dar e vender. — sinto Kaylane puxando meu braço afobada, doida pra entrar mais no meio da multidão — tchau e até amanhã. — jogo um beijo no arma para ele, que sorri, nega com a cabeça e sai andando.

Quando eu digo que minha amiga conhece Deus e o mundo, não é brincadeira, porque o tanto de homem que já beijou e abraçou, além disso me fez fazer o mesmo, perdi a conta nos dedos. Eu tomo um gole da minha água gelada, enquanto ela toma vodka com limão, no outro dia só a mãe dela pra dar conta de vômito pela casa toda, ainda bem que nessa hora eu já estarei em casa dormindo novamente.

Ouço o burburinho se formar atrás de mim, mas nem me dou o luxo de me virar, pois sei que se fizer isso, outra pessoa fica no meu lugar e eu serei amassada feito sardinha na lata.

— Coe Letícia, sai da reta, po. Enchendo meu saco ja! — ouço uma voz masculina bem atrás de mim, logo em seguida um toque em minha cintura, uma mão grande eu presumo, e fria. Eu viro o pescoço para trás, topando um par de olhos queimando em cima de mim — e aí loirinha, da licença aqui!

Sua voz rouca me causa leves arrepios, junto com seu toque frio e sorriso mais lindo que eu já vi na vida. O físico forte, os braços todo tatuado é um boné tampando quase todo seus olhos, ele cheira a perfume caro, wisky de qualidade e roupa nova. Os cordões de ouros maciço pendurado no pescoço, e a bandoleira atravessada no peito exibindo o fuzil em suas costas, de armas eu entendo bem. Ele é alto, tipo, alto demais, certeza que meu rosto b**e muito mal em seu peito.

Eu me afasto, e ele passa por mim ainda olhando para trás e sorrindo, sinto minha bochecha queimar, porque os olhares que ele atrai, automaticamente caem mim quando ele some das vistas do pessoal ao redor.

Kaylane me cutuca e sorri, como se o Filipe ret tivesse brotado aqui do nada e beijado minha boca, eu me viro e pergunto

— Quem é ele?

— Ah? Ele... — ela faz um suspense sorrindo e abraça meu pescoço — conhecemos como playboy, dono disso tudo aqui.

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