DianneTrês dias se passaram. Nessas setenta e duas horas, eu comi, cozinhei, trabalhei no jardim com Karen e a ensinei a meditar. Fazíamos isso pela manhã, antes da academia que ficava no subsolo da casa. Eu estava pegando leve. Fazia corridas moderadas por quarenta minutos, ouvindo música em alto e bom som.Meu celular estava desligado e guardado em alguma gaveta no quarto. Enquanto isso, durante essas horas, Adan e eu nos mantivemos afastados. Apenas mandei uma mensagem no dia que cheguei dizendo que logo ligaria, mas que agora precisava focar em mim. Mesmo assim, ele me mandava e-mails todos os dias.Neles ele dizia estar com muita saudade e fazia textos com declarações de amor. Em momento algum, ele falou sobre a gravidez. Talvez não quisesse tocar no assunto por receio que, de alguma forma, pudesse influenciar em minha decisão.Após encerrar a corrida, peguei uma toalhinha e sequei o suor da face, pescoço e nuca. Entrei na casa e encontrei meu padrinho na sala. Ele sorriu e eu
AdanJá era tarde, muito tarde. Sentado na sala de estar na Casa da Família, bebia uma dose dupla de um bom malte. Ali, sozinho, às duas da manhã, eu pensava somente em Dianne. A minha mente era preenchida com a memória da sua face cheia de medo e tristeza. Nos meus ouvidos ecoava o choro ao falar sobre a gestação. Isso me assombrava.Eu tinha medo de que ela interrompesse a gravidez. Tinha medo de perdê-la. Perguntava-me a todo instante se havia a possibilidade de Dianne partir a qualquer momento se dando conta de que essa vida não era para ela.Tomei o último gole do uísque e coloquei o copo sobre a mesinha ao lado. Apanhando o celular, abri a galeria de fotos e no rolo da câmera estava uma foto que tirei de Dianne enquanto ela se arrumava para o trabalho. A imagem seguinte, ela espichava a ponta da língua para fora, na minha direção. Na outra, ela sorria.O meu coração apertou. Eu amava muito Dianne. Queria tudo com ela e já não mais queria estar sozinho. O calor no meu peito, ardi
AdanQuando nos serviu, o chef sugeriu um vinho rústico das suas terras. Eu bebi apenas uma taça, enquanto Alex bebeu duas. Joaquim permaneceu na cozinha fazendo as nossas sobremesas. Alex ria alegre de tudo que ele dizia.Ao terminarmos o jantar, nos despedimos do chef e os seus cozinheiros, seguindo para a saída sul.— Vou pedir que um carro a leve para casa. Duas taças de vinho português tiram de qualquer pessoa a capacidade de dirigir meia hora no trânsito de Washington. — Sorri.— Ah, não! — Ela parou no corredor. — Está dizendo que eu não consigo dirigir depois de duas taças de vinho? Adan! Sou perfeitamente capaz. — Riu.— E eu não duvido, srta. Bokker. Mas hoje vai de carona para casa.— Por que você não me leva para casa? — Apontou para mim e deu dois passos na minha direção, chegando perto demais. — Assim garante que chegarei bem.— Eu confio nos meus homens. Eles a levarão em segurança para casa, acredite.O seu sorriso se desfez e os seus olhos me encararam de forma difere
DianneAcordei com carícias no rosto. Ao abrir os olhos, a primeira coisa que vi foi Adan. A claridade branda do sol que entrava pelas cortinas abertas, iluminava os seus olhos castanhos, os deixando em um tom amendoado. Era lindo. Ele sorriu e não me contive, o correspondendo.— Bom dia, querido presidente — desejei com a voz rouca de sono.— Bom dia, meu amor.Virei-me de barriga para cima e juntei os cabelos, jogando-os para o lado. Olhei novamente para Adan, e ele continuava encarando-me com um sorriso bobo.— Não me lembro de virmos para a cama — disse.— Você dormiu com a cabeça deitada no meu colo, enquanto estávamos no sofá.— Me carregou até aqui?— Sim. E depois tirei as suas sandálias e o vestido. Estava dormindo tão profundamente, que não quis te acordar.Ele se aproximou para me beijar e estendeu a mão espalmada sobre a minha barriga. Foi um gesto instintivo, mas aquilo me fez arrepiar. Os seus lábios selaram os meus cuidadosamente.Olhei para a minha barriga e encarei a
DianneApós o desjejum, Adan seguiu para os seus compromissos diários, e eu voltei para a casa do tio Thommy. Ao passar pela porta da frente, Karen apareceu.— E então, como está o nosso presidente? — Sorriu assanhada.— Melhor do que poderia estar.Ela gargalhou.— Você recebeu flores.— Flores? — perguntei com estranheza.— Uma caixa grande da Venus et Fleur. — Piscou para mim.Sorri esperançosa. Flores da Venus et Fleur era algo que o Theo mandaria. Deus sabe o quanto estava sentindo a sua falta na minha vida.— Onde estão?— Coloquei sobre a sua cama. Não tem nenhum remetente aparente, mas acho que você já imagina de quem são — disse com entusiasmo. Ela imaginava que seriam dele também.— Quando recebeu?— Há uma hora.Sorrindo, ela seguiu para a cozinha. Eu subi a escada e adentrei o quarto. Sobre a cama, uma caixa redonda de cor branca com detalhes dourados. Na tampa, um laçarote de cor rosa-claro. Aproximei e sentei-me no colchão. Puxei a caixa na minha direção e abri. Sobre as
DianneDepois, no cair da tarde, ajudei-a a preparar o jantar. Adan ainda não havia me ligado, e eu resolvi esperar por seu contato. Afinal, ele era um homem ocupado com uma nação.Às sete, Thelma chegou para se juntar a nós. Todos à mesa, nos servíamos da comida posta. Tio Thommy estava calado, sério. Karen tentava fazer com que o clima não abalasse o seu humor. Eu sabia bem o motivo por ele estar daquele jeito. Paco o irritava profundamente. Sentia-me um pouco culpada.— E aí, família? — disse Theo ao entrar na sala de jantar.Quando me viu, ele desfez o sorriso.— E aí, irmão? — cumprimentou Thelma.— Sente-se, Theo. Estamos nos servindo. Dianne e eu fizemos o jantar.Ele ainda me encarava.— Não, valeu. Vim só dizer um oi, já estou de saída.Virou-se para ir embora quando, de repente, Karen se levantou e gritou com ele batendo as mãos sobre a mesa.— Não! Não vai, não. Senta-se aí, Theo! — Foi firme e rude, apontando para a cadeira vazia ao meu lado.Theo a olhou por cima do ombro
AdanAquilo era um bar, mas estava vazio. Aparentemente de portas fechadas. Sobre uma mesa velha de bilhar, dois homens transavam com Dianne. Um tinha aparência latina. Aquele devia ser o Paco. O meu maxilar se contraiu. Os meus dentes rangeram. Agora eu sabia como era o seu maldito rosto.Dianne estava desesperada, apresentava um comportamento completamente estranho. Os seus olhos não se abriram em momento algum. Ela arranhava a própria pele deixando vergões. Os seus gemidos não eram de prazer, parecia que ela estava sentindo dor, agonizando. Ela se remexia entre os homens em plena angústia.— Meu Deus... — sussurrei, sentindo os meus olhos ficarem marejados e o meu coração bater mais rápido, estremecendo tudo por dentro de mim.Dianne claramente estava sob o efeito de alguma mistura alcoólica e substâncias que provocavam nela um aumento atormentador da sua libido, enquanto estava embriagada.A câmera que antes parecia estagnada sobre um balcão ou mesa, foi apanhada por alguém. A film
Adan— Uma operação por baixo dos panos — falei. — Não posso mobilizar muita gente para caçar o ex-namorado da namorada do presidente. Você entende, não é?— É claro. Por isso liguei para você.— Preciso conversar com Dianne. Quero saber tudo o que ela sabe sobre esse cara.— Certo.— Toda e qualquer informação é fundamental. Enquanto isso, sugiro que continuem jogando o jogo dele. Ele não pode desconfiar que ela vai pedir ajuda. E tomem cuidado, não sabemos se é capaz de uma tentativa de sequestro.— Esse homem precisa ser pego logo.Assentiu.A porta foi aberta e Dianne entrou. Ela estava linda usando um vestido branco que deixava os seus ombros expostos. Amava os seus ombros. Ela tinha ótima postura. Admirei-a de cima a baixo e me deparei com o maldito sapato vermelho de bico fino e salto alto. Ela não havia vindo bem-intencionada para esse almoço. Naquele momento lamentei muito por ter que cortar o seu barato.Bernard sorriu e disse olá.— Oi — retribuiu e, em seguida, olhou-me con