DianneApós o desjejum, Adan seguiu para os seus compromissos diários, e eu voltei para a casa do tio Thommy. Ao passar pela porta da frente, Karen apareceu.— E então, como está o nosso presidente? — Sorriu assanhada.— Melhor do que poderia estar.Ela gargalhou.— Você recebeu flores.— Flores? — perguntei com estranheza.— Uma caixa grande da Venus et Fleur. — Piscou para mim.Sorri esperançosa. Flores da Venus et Fleur era algo que o Theo mandaria. Deus sabe o quanto estava sentindo a sua falta na minha vida.— Onde estão?— Coloquei sobre a sua cama. Não tem nenhum remetente aparente, mas acho que você já imagina de quem são — disse com entusiasmo. Ela imaginava que seriam dele também.— Quando recebeu?— Há uma hora.Sorrindo, ela seguiu para a cozinha. Eu subi a escada e adentrei o quarto. Sobre a cama, uma caixa redonda de cor branca com detalhes dourados. Na tampa, um laçarote de cor rosa-claro. Aproximei e sentei-me no colchão. Puxei a caixa na minha direção e abri. Sobre as
DianneDepois, no cair da tarde, ajudei-a a preparar o jantar. Adan ainda não havia me ligado, e eu resolvi esperar por seu contato. Afinal, ele era um homem ocupado com uma nação.Às sete, Thelma chegou para se juntar a nós. Todos à mesa, nos servíamos da comida posta. Tio Thommy estava calado, sério. Karen tentava fazer com que o clima não abalasse o seu humor. Eu sabia bem o motivo por ele estar daquele jeito. Paco o irritava profundamente. Sentia-me um pouco culpada.— E aí, família? — disse Theo ao entrar na sala de jantar.Quando me viu, ele desfez o sorriso.— E aí, irmão? — cumprimentou Thelma.— Sente-se, Theo. Estamos nos servindo. Dianne e eu fizemos o jantar.Ele ainda me encarava.— Não, valeu. Vim só dizer um oi, já estou de saída.Virou-se para ir embora quando, de repente, Karen se levantou e gritou com ele batendo as mãos sobre a mesa.— Não! Não vai, não. Senta-se aí, Theo! — Foi firme e rude, apontando para a cadeira vazia ao meu lado.Theo a olhou por cima do ombro
AdanAquilo era um bar, mas estava vazio. Aparentemente de portas fechadas. Sobre uma mesa velha de bilhar, dois homens transavam com Dianne. Um tinha aparência latina. Aquele devia ser o Paco. O meu maxilar se contraiu. Os meus dentes rangeram. Agora eu sabia como era o seu maldito rosto.Dianne estava desesperada, apresentava um comportamento completamente estranho. Os seus olhos não se abriram em momento algum. Ela arranhava a própria pele deixando vergões. Os seus gemidos não eram de prazer, parecia que ela estava sentindo dor, agonizando. Ela se remexia entre os homens em plena angústia.— Meu Deus... — sussurrei, sentindo os meus olhos ficarem marejados e o meu coração bater mais rápido, estremecendo tudo por dentro de mim.Dianne claramente estava sob o efeito de alguma mistura alcoólica e substâncias que provocavam nela um aumento atormentador da sua libido, enquanto estava embriagada.A câmera que antes parecia estagnada sobre um balcão ou mesa, foi apanhada por alguém. A film
Adan— Uma operação por baixo dos panos — falei. — Não posso mobilizar muita gente para caçar o ex-namorado da namorada do presidente. Você entende, não é?— É claro. Por isso liguei para você.— Preciso conversar com Dianne. Quero saber tudo o que ela sabe sobre esse cara.— Certo.— Toda e qualquer informação é fundamental. Enquanto isso, sugiro que continuem jogando o jogo dele. Ele não pode desconfiar que ela vai pedir ajuda. E tomem cuidado, não sabemos se é capaz de uma tentativa de sequestro.— Esse homem precisa ser pego logo.Assentiu.A porta foi aberta e Dianne entrou. Ela estava linda usando um vestido branco que deixava os seus ombros expostos. Amava os seus ombros. Ela tinha ótima postura. Admirei-a de cima a baixo e me deparei com o maldito sapato vermelho de bico fino e salto alto. Ela não havia vindo bem-intencionada para esse almoço. Naquele momento lamentei muito por ter que cortar o seu barato.Bernard sorriu e disse olá.— Oi — retribuiu e, em seguida, olhou-me con
DianneO almoço com Adan não havia sido como eu esperava. Boa parte do tempo sentados à mesa, ele e Bernard conversaram sobre política. Uma vez ou outra tentaram me incluir no assunto, mas eu não estava a fim daquela conversa. Em tudo o que eu pensava era em como Bernard pegaria Paco antes que os vídeos fossem parar na internet.Parada diante da janela que dava para o jardim nos fundos da Casa Branca, eu observava as folhas nas árvores se desprenderem dos galhos e cair sobre a grama que em mais algumas semanas estaria coberta por uma espessa camada de neve.— O que está observando? — perguntou Adan ao se aproximar.— Nada de mais. — Sorri ao olhá-lo.Erguendo a mão esquerda, ele colocou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha. Dando mais um passo na minha direção, beijou o meu rosto, demorando-se.— Tenho sentido muito a sua falta — sussurrou no meu ouvido.— Eu também. Vim com outras intenções para esse almoço. — Não consegui esconder o meu desapontamento.Ele deixou escapar uma
DianneAo abrir os olhos, não reconheci onde estava. Levou alguns segundos para entender que o ambiente escuro era o quarto de Adan.Sentei-me na cama e liguei o abajur na mesa de cabeceira. Apanhando o celular, vi que já passava das seis da tarde. Eu havia dormido muito. Levantei-me e segui até o interruptor na parede, acendendo todas as luzes do cômodo. Entrei no banheiro e encarei-me no espelho. Os meus olhos estavam levemente inchados, assim como a ponta do meu nariz avermelhado.— Desculpe não estar aqui quando acordou.Olhei para porta e lá estava Adan escorado ao batente. Ainda me sentia imensamente envergonhada por ele ver o vídeo.— Está bem tarde. Eu já vou indo.Desviei o meu olhar dele e aproximei para sair do banheiro, mas Adan não deixou.— Olhe para mim.Eu tentei, mas não consegui.— Não consigo, Adan.Ele segurou o meu rosto entre as suas mãos e acariciou as minhas bochechas com os seus polegares. Então, beijou a minha testa.— O que vi naquele vídeo não muda como a ve
DianneAo estacionar em frente da primeira casa, avistei o corretor que falava ao telefone. Ele estava parado na entrada da garagem. Desci e fui até ele. Quando olhei para trás, Nicholas vinha no meu encalço.— Não precisa entrar. Pode ficar aqui fora.— Sim, senhorita.O corretor se virou e sorriu encerrando a ligação. Homem de meia-idade, bronzeado artificial, camisa de seda tão apertada ao corpo quanto as suas calças que terminavam antes dos tornozelos. Sapato social e um sorriso branco demais.No momento, o que consegui pensar é em como ele daria um vilão perfeito em um dos meus livros. O cara improvável que matou alguém por ganância.— Olá, srta. Heller. Não imagina o prazer que é atendê-la. — Estendeu a sua mão para mim. — Sou Augustus Kepnes.— Prazer, sr. Kepnes. — Apertei a sua mão.— Bom, esta é nossa primeira visita. E não se preocupe caso não se apaixone de primeira. Tenho outros imóveis tão incríveis quanto este. — Sorriu e se virou seguindo a trilha de pedras até a porta
DianneDois dias se passaram sem eu ver o Adan. Ainda me sentia envergonhada por ele ter assistido aquele vídeo. Falávamos apenas por mensagem e ligações breves. Sabia que isso o magoava. Também doía em mim, mas minha vergonha era maior e eu precisava de espaço.Estava com saudade dele. Sentia falta da sua voz, seu cheiro, o abraço, de suar debaixo dele enquanto me contorcia de prazer...Não lhe havia contado sobre a primeira consulta. Não sabia se me sentiria confortável com a sua companhia. Egoísta, eu sei. Mas, talvez, eu ainda falasse.Depois de um demorado banho, vesti-me e desci para o jantar. Era quase seis da tarde e eu já estava com muita fome. Ao descer a escada, escutei a gargalhada do meu padrinho vir da varanda. Andei até lá.— Ah, aí está ela — disse ele, sentado na poltrona perto da porta.Franzi o cenho com estranheza. Ao chegar mais perto, olhei para o outro lado e tomei um susto ao ver Adan sentado no sofá. Ele segurava um copo com uísque em uma mão e com a outra acar