DianneAo sair, o Dr. Foster estava sentado à sua mesa. Ele me olhou e recostou em sua cadeira. Sentei-me à sua frente.— Como velho amigo e seu médico há anos, posso pedir que vá para casa e pense melhor?Respirei fundo, desviando meu olhar dele.— Não pense que estou pedindo isso porque a outra parte envolvida se trata de Adan Bremner. Estou pedindo, porque não é um procedimento simples. É algo doloroso, difícil e que pode trazer complicações, ou até mesmo problemas para uma tentativa de gravidez futura. Eu zelo por sua saúde, Dianne. Vá para casa. Pense alguns dias. Se decidir por isso, é como você mesma disse, é o seu corpo. Então, faremos o aborto.Ele estendeu-me uma pasta branca.— São as imagens da ecografia.Assenti.— Preciso que mantenha a gravidez em segredo. Isso não pode ir parar na mídia.— É claro, sim. Não precisa sequer pedir. — Sorriu com carinho.Caminhei rumo a porta.— Dianne.Parei e olhei para ele.— Muito provavelmente, o desconforto no estômago seja sintoma d
DianneJá observaram o sol nascer? Ele sempre é frio e emana variações sombrias entre as nuvens, enquanto a noite deixa gradativamente o céu. Então, só quando vence a escuridão e conquista seu lugar ao alto sobre os prédios ou montes, é que brilha expandindo seu calor sendo a atração.Ultimamente eu amanhecia como o sol, tentando emanar cor em meio ao crepúsculo, mas não conseguia sair por cima das montanhas ou dos arranha-céus. Era como se nuvens carregadas por uma forte chuva ficassem o tempo todo me cobrindo, impedindo de distribuir calor. Estava sufocando atrás de uma tempestade que ameaçava ser terrível a qualquer momento, castigando-me mais uma vez sem razão. Eu não conseguia mais brilhar.— Acordou cedo — disse Adan ao se aproximar.Sentada no braço de uma poltrona, encarava com certa inveja o sol sair por cima da copa das árvores lá fora. Olhei para ele por cima do ombro. Ele tinha o cabelo desgrenhado, usava uma cueca de seda larga nas coxas e coçava os olhos que deviam estar
DianneDurante a tarde, organizei minhas coisas e liguei para o tio Tommy. Pedi para ficar alguns dias com ele e Karen. Ele prontamente aceitou e me lembrou de que ali era a minha casa também.Eu me despedi do Adan com imenso sofrimento e o deixei devastado para trás. Dentro do carro, a caminho da casa do meu padrinho, senti-me uma completa covarde que nunca fui. Eu estava fugindo.“Será que eu devia voltar? A distância que estou criando é o certo?”Quando o carro parou em frente à porta, ela foi aberta. Karen saiu e veio em minha direção. Ela abriu a porta e quase me tirou dali, abraçando-me apertado.— Você está bem?— Eu não sei. — Sorri triste.— Eu fiz bolo de chocolate. Chocolate sempre ajuda a nos sentirmos melhor. — Sorriu com carinho.Com sua ajuda e do Nicholas, levei meus gatos e minhas malas para dentro da casa. Nicholas se despediu e disse que estaria sempre por perto. Também informou que logo alguém traria meu carro e implorou para que eu jamais saísse sem chamá-lo.— Nã
DianneTrês dias se passaram. Nessas setenta e duas horas, eu comi, cozinhei, trabalhei no jardim com Karen e a ensinei a meditar. Fazíamos isso pela manhã, antes da academia que ficava no subsolo da casa. Eu estava pegando leve. Fazia corridas moderadas por quarenta minutos, ouvindo música em alto e bom som.Meu celular estava desligado e guardado em alguma gaveta no quarto. Enquanto isso, durante essas horas, Adan e eu nos mantivemos afastados. Apenas mandei uma mensagem no dia que cheguei dizendo que logo ligaria, mas que agora precisava focar em mim. Mesmo assim, ele me mandava e-mails todos os dias.Neles ele dizia estar com muita saudade e fazia textos com declarações de amor. Em momento algum, ele falou sobre a gravidez. Talvez não quisesse tocar no assunto por receio que, de alguma forma, pudesse influenciar em minha decisão.Após encerrar a corrida, peguei uma toalhinha e sequei o suor da face, pescoço e nuca. Entrei na casa e encontrei meu padrinho na sala. Ele sorriu e eu
AdanJá era tarde, muito tarde. Sentado na sala de estar na Casa da Família, bebia uma dose dupla de um bom malte. Ali, sozinho, às duas da manhã, eu pensava somente em Dianne. A minha mente era preenchida com a memória da sua face cheia de medo e tristeza. Nos meus ouvidos ecoava o choro ao falar sobre a gestação. Isso me assombrava.Eu tinha medo de que ela interrompesse a gravidez. Tinha medo de perdê-la. Perguntava-me a todo instante se havia a possibilidade de Dianne partir a qualquer momento se dando conta de que essa vida não era para ela.Tomei o último gole do uísque e coloquei o copo sobre a mesinha ao lado. Apanhando o celular, abri a galeria de fotos e no rolo da câmera estava uma foto que tirei de Dianne enquanto ela se arrumava para o trabalho. A imagem seguinte, ela espichava a ponta da língua para fora, na minha direção. Na outra, ela sorria.O meu coração apertou. Eu amava muito Dianne. Queria tudo com ela e já não mais queria estar sozinho. O calor no meu peito, ardi
AdanQuando nos serviu, o chef sugeriu um vinho rústico das suas terras. Eu bebi apenas uma taça, enquanto Alex bebeu duas. Joaquim permaneceu na cozinha fazendo as nossas sobremesas. Alex ria alegre de tudo que ele dizia.Ao terminarmos o jantar, nos despedimos do chef e os seus cozinheiros, seguindo para a saída sul.— Vou pedir que um carro a leve para casa. Duas taças de vinho português tiram de qualquer pessoa a capacidade de dirigir meia hora no trânsito de Washington. — Sorri.— Ah, não! — Ela parou no corredor. — Está dizendo que eu não consigo dirigir depois de duas taças de vinho? Adan! Sou perfeitamente capaz. — Riu.— E eu não duvido, srta. Bokker. Mas hoje vai de carona para casa.— Por que você não me leva para casa? — Apontou para mim e deu dois passos na minha direção, chegando perto demais. — Assim garante que chegarei bem.— Eu confio nos meus homens. Eles a levarão em segurança para casa, acredite.O seu sorriso se desfez e os seus olhos me encararam de forma difere
DianneAcordei com carícias no rosto. Ao abrir os olhos, a primeira coisa que vi foi Adan. A claridade branda do sol que entrava pelas cortinas abertas, iluminava os seus olhos castanhos, os deixando em um tom amendoado. Era lindo. Ele sorriu e não me contive, o correspondendo.— Bom dia, querido presidente — desejei com a voz rouca de sono.— Bom dia, meu amor.Virei-me de barriga para cima e juntei os cabelos, jogando-os para o lado. Olhei novamente para Adan, e ele continuava encarando-me com um sorriso bobo.— Não me lembro de virmos para a cama — disse.— Você dormiu com a cabeça deitada no meu colo, enquanto estávamos no sofá.— Me carregou até aqui?— Sim. E depois tirei as suas sandálias e o vestido. Estava dormindo tão profundamente, que não quis te acordar.Ele se aproximou para me beijar e estendeu a mão espalmada sobre a minha barriga. Foi um gesto instintivo, mas aquilo me fez arrepiar. Os seus lábios selaram os meus cuidadosamente.Olhei para a minha barriga e encarei a
DianneApós o desjejum, Adan seguiu para os seus compromissos diários, e eu voltei para a casa do tio Thommy. Ao passar pela porta da frente, Karen apareceu.— E então, como está o nosso presidente? — Sorriu assanhada.— Melhor do que poderia estar.Ela gargalhou.— Você recebeu flores.— Flores? — perguntei com estranheza.— Uma caixa grande da Venus et Fleur. — Piscou para mim.Sorri esperançosa. Flores da Venus et Fleur era algo que o Theo mandaria. Deus sabe o quanto estava sentindo a sua falta na minha vida.— Onde estão?— Coloquei sobre a sua cama. Não tem nenhum remetente aparente, mas acho que você já imagina de quem são — disse com entusiasmo. Ela imaginava que seriam dele também.— Quando recebeu?— Há uma hora.Sorrindo, ela seguiu para a cozinha. Eu subi a escada e adentrei o quarto. Sobre a cama, uma caixa redonda de cor branca com detalhes dourados. Na tampa, um laçarote de cor rosa-claro. Aproximei e sentei-me no colchão. Puxei a caixa na minha direção e abri. Sobre as