DianneDepois que se foram, segui para a Casa Branca. No caminho Adan ligou. Estava preocupado, como sempre.— Vai ficar tudo bem, meu amor. Farei sua estadia ser cinco estrelas — prometeu, carinhoso. Sua dedicação me fez sorrir.Ao chegar lá, pedi que levassem minhas coisas e os gatos para a Casa da Família, e que cuidassem dos meus bichos até mais tarde. Prontamente, Nicholas assentiu. Segui para o Salão Oval e entrei depois de duas batidas. Adan estava repassando o discurso que faria logo mais. Freddy ainda ajustava o texto para deixá-lo mais breve e de fácil compreensão. Ele interrompeu e pediu para que Freddy saísse.— Eu sinto muito que as coisas estejam cada dia mais tomando proporções maiores.Segurou meu quadril.— Só quero que limpem a minha casa e consertem a janela.— Já mandei que façam isso.— Obrigada. — Selei seus lábios.— Recebi uma ligação da minha mãe.— E então... Ela me xingou de muitos palavrões?— Na verdade, não. Ela apenas se convidou para jantar conosco na q
DianneQuando abriu a porta, deu-me passagem. Alex e Karl vieram logo, mas ele estendeu a mão impedindo-os de entrar.— Dê-nos um tempo a sós — pediu e fechou a porta antes que eles pudessem dizer algo.Adan virou-se para mim e respirou fundo apoiando as mãos nos quadris.— Estou com medo.Franzi o cenho.— Medo?— Medo de que você tenha um limite com o que está acontecendo.— Todos nós temos limites. — Aproximei.— O que acontece quando você chegar lá?— Eu não sei.— Tenho medo de perder você.— Nós prometemos ser fortes, lembra? Acredito que estamos lidando bem com tudo isso.— Eles descobriram onde mora. Depredaram a sua casa! Sua integridade física está correndo risco. — Ele começava a ficar ansioso.— Mas você me protege! — Segurei seu rosto entre minhas mãos.— Já perdi um amor na vida, não posso perder você.— Não vai! Confie em mim. — Sorri amorosa. — E eu preciso te dizer que, talvez, não tenham sido haters da internet. Temos que cogitar a possibilidade de ser o Paco.Sua ma
DianneCaminhei para o banheiro e me troquei vestindo uma camisola com a abertura na frente. Deitei-me na maca e posicionei-me próxima à beirada, apoiando meus pés nos pedais frios de metal, mantendo minhas pernas abertas.Após revestir o instrumento com um preservativo e aplicar lubrificante, ele arrastou-se em sua cadeira para os meus pés e iniciou a ecografia.— E, então, querida... Como vai a vida sexual?— Bem. — Respirei fundo, um tanto constrangida com a pergunta.— Tem sentido algum desconforto durante a relação ou alguma anomalia com sua libido?— Não. É sempre... confortável. — Não importava quantas vezes eu passasse por isso, sempre sentiria vergonha. — E quanto a minha libido, ela está normal. — Engoli em seco.O Dr. Foster arrastou sua cadeira um pouco para o lado e para a frente, ainda mantendo a sonda dentro de mim. Ele encarou o monitor e franziu o cenho. Esticou o braço e puxou a mesa, trazendo a tela para mais perto dele.Meu coração se embolou em uma batida e uma se
DianneAo sair, o Dr. Foster estava sentado à sua mesa. Ele me olhou e recostou em sua cadeira. Sentei-me à sua frente.— Como velho amigo e seu médico há anos, posso pedir que vá para casa e pense melhor?Respirei fundo, desviando meu olhar dele.— Não pense que estou pedindo isso porque a outra parte envolvida se trata de Adan Bremner. Estou pedindo, porque não é um procedimento simples. É algo doloroso, difícil e que pode trazer complicações, ou até mesmo problemas para uma tentativa de gravidez futura. Eu zelo por sua saúde, Dianne. Vá para casa. Pense alguns dias. Se decidir por isso, é como você mesma disse, é o seu corpo. Então, faremos o aborto.Ele estendeu-me uma pasta branca.— São as imagens da ecografia.Assenti.— Preciso que mantenha a gravidez em segredo. Isso não pode ir parar na mídia.— É claro, sim. Não precisa sequer pedir. — Sorriu com carinho.Caminhei rumo a porta.— Dianne.Parei e olhei para ele.— Muito provavelmente, o desconforto no estômago seja sintoma d
DianneJá observaram o sol nascer? Ele sempre é frio e emana variações sombrias entre as nuvens, enquanto a noite deixa gradativamente o céu. Então, só quando vence a escuridão e conquista seu lugar ao alto sobre os prédios ou montes, é que brilha expandindo seu calor sendo a atração.Ultimamente eu amanhecia como o sol, tentando emanar cor em meio ao crepúsculo, mas não conseguia sair por cima das montanhas ou dos arranha-céus. Era como se nuvens carregadas por uma forte chuva ficassem o tempo todo me cobrindo, impedindo de distribuir calor. Estava sufocando atrás de uma tempestade que ameaçava ser terrível a qualquer momento, castigando-me mais uma vez sem razão. Eu não conseguia mais brilhar.— Acordou cedo — disse Adan ao se aproximar.Sentada no braço de uma poltrona, encarava com certa inveja o sol sair por cima da copa das árvores lá fora. Olhei para ele por cima do ombro. Ele tinha o cabelo desgrenhado, usava uma cueca de seda larga nas coxas e coçava os olhos que deviam estar
DianneDurante a tarde, organizei minhas coisas e liguei para o tio Tommy. Pedi para ficar alguns dias com ele e Karen. Ele prontamente aceitou e me lembrou de que ali era a minha casa também.Eu me despedi do Adan com imenso sofrimento e o deixei devastado para trás. Dentro do carro, a caminho da casa do meu padrinho, senti-me uma completa covarde que nunca fui. Eu estava fugindo.“Será que eu devia voltar? A distância que estou criando é o certo?”Quando o carro parou em frente à porta, ela foi aberta. Karen saiu e veio em minha direção. Ela abriu a porta e quase me tirou dali, abraçando-me apertado.— Você está bem?— Eu não sei. — Sorri triste.— Eu fiz bolo de chocolate. Chocolate sempre ajuda a nos sentirmos melhor. — Sorriu com carinho.Com sua ajuda e do Nicholas, levei meus gatos e minhas malas para dentro da casa. Nicholas se despediu e disse que estaria sempre por perto. Também informou que logo alguém traria meu carro e implorou para que eu jamais saísse sem chamá-lo.— Nã
DianneTrês dias se passaram. Nessas setenta e duas horas, eu comi, cozinhei, trabalhei no jardim com Karen e a ensinei a meditar. Fazíamos isso pela manhã, antes da academia que ficava no subsolo da casa. Eu estava pegando leve. Fazia corridas moderadas por quarenta minutos, ouvindo música em alto e bom som.Meu celular estava desligado e guardado em alguma gaveta no quarto. Enquanto isso, durante essas horas, Adan e eu nos mantivemos afastados. Apenas mandei uma mensagem no dia que cheguei dizendo que logo ligaria, mas que agora precisava focar em mim. Mesmo assim, ele me mandava e-mails todos os dias.Neles ele dizia estar com muita saudade e fazia textos com declarações de amor. Em momento algum, ele falou sobre a gravidez. Talvez não quisesse tocar no assunto por receio que, de alguma forma, pudesse influenciar em minha decisão.Após encerrar a corrida, peguei uma toalhinha e sequei o suor da face, pescoço e nuca. Entrei na casa e encontrei meu padrinho na sala. Ele sorriu e eu
AdanJá era tarde, muito tarde. Sentado na sala de estar na Casa da Família, bebia uma dose dupla de um bom malte. Ali, sozinho, às duas da manhã, eu pensava somente em Dianne. A minha mente era preenchida com a memória da sua face cheia de medo e tristeza. Nos meus ouvidos ecoava o choro ao falar sobre a gestação. Isso me assombrava.Eu tinha medo de que ela interrompesse a gravidez. Tinha medo de perdê-la. Perguntava-me a todo instante se havia a possibilidade de Dianne partir a qualquer momento se dando conta de que essa vida não era para ela.Tomei o último gole do uísque e coloquei o copo sobre a mesinha ao lado. Apanhando o celular, abri a galeria de fotos e no rolo da câmera estava uma foto que tirei de Dianne enquanto ela se arrumava para o trabalho. A imagem seguinte, ela espichava a ponta da língua para fora, na minha direção. Na outra, ela sorria.O meu coração apertou. Eu amava muito Dianne. Queria tudo com ela e já não mais queria estar sozinho. O calor no meu peito, ardi