Nos seus 27 anos, Caleb era um homem bonito. Modelo profissional com um porte físico invejável, olhos castanhos, cabelo cacheado e queixo cortado, tinha agora uma tatuagem na parte interna do braço em homenagem a avó, e uma pintinha preta perto do olho. Alguns o consideravam irritante com aquele sorriso aberto, mas ela não.
Na verdade ela sempre se alegrava ao falar com ele, mas daquela vez estava sendo diferente, a morena se entristeceu.Não porque seu amigo havia encontrado alguém e se apaixonado, não porque ele estava viajando a trabalho, ou porque havia tomado a decisão repentina de se casar, mas porque ela estava lá, no mesmo lugar de sempre. Fazendo as mesmas coisas de sempre.Amava seu trabalho e sua rotina, mas isso já não era o suficiente para ela. Não quando após um dia longo, tivesse que ficar em casa, sozinha com o som da televisão, e saudades de seu falecido cão.Não quando sentisse saudades de amar e ser amada. Estava faltando alguma coisa, ou melhor, alguém.Antes diria que faltava Axel, aquele jovem simpático cujo sorriso costumava inundar seu coração de amor, mas naquele momento percebeu que não era só ele. Ela estava em falta com ela mesma, por não ter seguido em frente, por não ter feito outros planos.... Por ter paralisado. Sim, ela reconheceu que errou quando paralisou a própria vida para esperar por ele. Mas não conseguia deixar para lá a tristeza e nem deixar de se sentir só.Afinal era assim que estava.Havia comprado a casa na cidade de Ventana tão logo decidiu se mudar de Adni, e seu bairro era maravilhoso, sem qualquer dúvida tinha tudo que alguém poderia procurar em um bairro.Tal como lhe disse o agente imobiliário, lá encontrou espaços encantadores para passear com um parceiro, um parque para ver os filhos brincar ou levar o cão para passear, até mesmo discotecas interessantes para com os amigos celebrar. Tinha tudo no seu bairro.Mas ela não tinha ninguém. Nem um parceiro, filhos, um cachorro ou amigos por perto. Athina só tinha no momento seu trabalho e casa.E claro, o coração em fragalhos.E isso a deixava triste.Principalmente agora que se sentava na praça, observando, mesmo que involuntariamente aqueles que na maioria eram seus vizinhos e com as vidas aparentemente realizadas.Mães gritando com seus filhos por correrem de um lado para outro, casais andando de mãos dadas, jovens passeando seus animais, e amigos andando de skate por aí... Era tudo o que não tinha.Lágrimas inundaram seus olhos, seu nariz ficou vermelho e então ela desistiu. Desistiu de ficar sozinha no banco olhando a vida viva das outras pessoas, sentindo mais uma vez o contraste amargo, e então voltou para a solidão que era sua casa.E tão logo fechou a porta atrás de si, desabou no choro.Porquê estava se sentido assim justo naquele dia, quando só pretendia assistir filmes e comer pipoca o dia todo?Porquê, se já faziam pelo menos cinco anos que essa era sua realidade, era por estar chegando perto dos trinta?Ou porquê todos ao seu redor pareciam ter uma vida mais viva que a sua?Ela não entendia. Deveria ter ficado muito feliz com a notícia do amigo, mas pelo contrário, estava triste, como se tivesse ido ao seu próprio funeral.E isso a fazia se sentir ainda mais horrível, e mais ainda a falta da companhia agradável de Axel, seus sorrisos iluminados e o comportamento delicado.Deveria ter aguentado a distância, não deveria ter desistido bem antes de tentar.Sua mente lhe obrigava a pensar enquanto chorando e tremendo, abraçava o próprio corpo. Aqueles momentos de solidão, eram os que sentia mais a falta de Axel, a família dele era complicada, mas ele era um amor. Dizia a si mesma que deveria ter aguentado.Ou talvez fosse apenas a carência associada a saudade daquele que para além de um ex namorado, era seu amigo, lhe dizendo tudo aquilo.Mas não importava, ela percebia bem melhor, não podia continuar esperando por alguém que nem sabia que estavam lhe esperando. Nem alimentar falsos sonhos em seu coração, ela já não era criança.[...]Já era tarde. Ou melhor dizendo, cedo. Passavam das 12 da noite, mas Athina ainda estava acordada. Sentada sobre o sofá na cor de camarão, ela usava roupas largas e folgadas que havia comprado para momentos assim, em que se sentisse triste e desanimada o bastante para não querer se arrumar... Ou apenas para os dias que estivesse tão animada que não se importasse em andar pelas ruas assim.Enfim, tudo dependia fortemente do seu estado de humor. Que não era dos melhores naquela madrugada.Além da tristeza em seu coração, ela também tinha o computador no colo e uma taça de vinho parcialmente vazia na mão. Quantas já havia tomado?Ela não sabia, e naquele momento não queria saber. Não era uma pessoa de se embriagar, porque considerava estúpido e errado, mas naquela madrugada fria e solitária, ela esqueceu que depois se criticaria por aquilo.Então bebeu.Sem remorso, medo ou calma. Ela bebia hora da taça, hora da própria garrafa.Querendo deixar naquele objecto de vidro toda amargura que circundava sua alma. Mas não funcionava, apenas lhe deixava mole e relaxada.E mesmo estando ainda triste, e principalmente entediada, olhava as câmera da rua de seu bairro, uma por uma, sem procurar ou querer ver algo, apenas porque não queria ver TV, e sua cabeça já estava um pouco alcoolizada.Era um crime, e seu pai provavelmente teria um infarto se soubesse o que a filha fazia de madrugada quando não tinha sono, mas ainda assim, as vezes ela gostava de entrar e sair de servidores sem ser notada.Normalmente só o facto de movimentar os dedos de forma rápida e ágil pelo teclado do computador lhe proporcionava satisfação, mas não hoje. Hoje nada parecia lhe dar alegria.Então fez o que nunca pensou fazer.Criou um falso e-mail, e através da comunidade do W******p criada pelo chefe da comissão dos moradores de seu quarteirão, ela obteu os números dos seus vizinhos. Hackeou os e-mails para qualquer dispositivo electrónico que estivesse conectado no raio de um kilométro de onde estava e no ato impensado e desesperado por desabafo, enviou um carta electrónica.Não estava pensando bem, estava cometendo um crime, não um pior que invadir as câmeras da cidade, mas ainda assim era um crime. Mas não foi nisso que sua cabeça pensou quando para estranhos desabafou.Em sua cabeça, naquele momento não havia qualquer problema em desabafar para estranhos que nunca conseguiriam lhe localizar. Então sem medo ela escreveu, com os dedos ágeis teclando com maestria e olhos fixos na tela brilhante, ela levou menos de dez minutos para colocar tudo aquilo em um texto.De forma preguiçosa se levantou, foi para seu quarto com o cabelo curto embrulhado dentro de uma toca, os pés descalços abraçados por meias de lã em tom laranja, se jogou em sua cama e dormiu sem medo das consequências." Querido desconhecido. Parece estranho receber uma carta de uma estranha a essa hora da noite, mas foi esse o melhor momento para mim.E sim, e-mails também são cartas. Talvez pense, ela não tem nada melhor para fazer agora, não sabe que é crime?Sim eu sei que é crime, não me denuncie por favor, não tenho planos em roubar seu dinheiro, ou vasculhar sua intimidade. Estou apenas desabafando, com alguém que não irá me encontrar, portanto, não irá me julgar.Estou desabafando para alguém que talvez precise ouvir essa história para que não cometa os mesmos erros... Então, desculpe desde já invadir seu espaço.E quanto a pergunta se não tenho nada melhor para fazer, acertou se concluiu que não tenho.Não é como se não tivesse um trabalho, uma família ou amigos. Não é bem assim.Eu tenho um trabalho incrível (não, eu não trabalho com computação), uma família maravilhosa e amigos que são meu tudo. Mas eu cheguei a um momento em que isso não está sendo o suficiente para mim.E não pense por favor que sou ingrata, não é isso.É que todos eles estão ocupadas vivendo suas vidas. Enquanto eu estagnei aqui. Do mesmo jeito de quando tinha 22.Bom, nem tanto. Eu comprei uma boa casa e um lindo carro. Mas isso não me basta, não mais... Eu queria ter alguma coisa mais, viva. Talvez.Não me julgue sim, eu não tenho inveja deles.Eu não poderia ter inveja, os amo demais para isso. Eu só não tenho o que eles têm e isso é muito chato, muito mesmo.Eu não tenho um animal fofo para acariciar quando chegar do trabalho, uma turma cheia de alunos para alegrar meus dias, um noivo carinhoso para me enviar flores, filhos para baguncar minha casa ou até mesmo um pretendente chato de que quero me livrar...Minha vida é tão solitária e vazia.Quando chego depois de um dia cheio de trabalho, as paredes me recebem e o vazio me abraça.Poderia ter sido diferente, mas não fiz boas escolhas. Fui precipitada, e depois que notei meu erro, fui orgulhosa demais para admitir, e por fim me fechei em uma fantasia.Então como costuma dizer minha irmã mais nova, escolha bem para não sofrer depois... Isso serve para tudo.Você deve estar cansado de ler sobre mim, eu também estou cansada dessas incertezas, mágoas e arrependimentos. Sei que não tem nada haver com isso mas não costumava ser um problema antes...Eu era mais jovem e gostava da sensação e também estava esperando, por algo que já foi meu e se perdeu.Sim, eu estava esperando por alguém que sem noção alguma tirei de perto de mim e depois não tive coragem para reaver.Me chame de covarde, eu mereço.Agora, estou chegando aos 30 anos, sozinha, sem filhos, sem planos para o futuro, e tudo bem... Algumas pessoas dizem isso e acreditam nisso, mas eu não sou essa pessoa que não quer compartilhar a vida com alguém, se casar ou ser chamada de mãe, eu quero tudo isso. Não o silêncio absoluto em minha casa, ou o vazio na alma. Eu não quero mais isso.Quero alguém para compartilhar a vida, alguém que faça parte dela, e que com pequenos gestos alegre meus dias.Estou cansada. Vejo as pessoas ao meu redor formando suas famílias, vivendo suas vidas da forma mais linda que conseguirem... Mas eu ainda estou aqui, no meio da noite bebendo vinho sozinha, insatisfeita com minha vida, reclamando para estranhos que não conheço, pensando que é hora de sair do passado, de me mover dessa profunda chatice, de me alegrar mais, de fazer novos e dessa vez, bons planos... Sem birras, confusões ou decisões apressadas.Mas ainda sou covarde então me sento para lamentar.Estava tão bem quando acordei, pensei em comer pipoca o dia todo e ver filmes, três potinhos de gelado e pensar em adotar um gato, mas agora me sinto tão mais só e isso é tão chato.Espero que passe pela manhã, eu realmente não gosto de me sentir assim. Então só mais uma vez, deixe dizer que sinto muito.Querido desconhecido... Desculpe invadir seu espaço.Após ter dirigido por cinco horas, Mickey havia finalmente chegado a casa. Cansado, estacionou o carro em frente a sua residência e se arrastou pela pequeno caminho ladrilhado até sua porta. Em um movimento preciso e decidido, passou a chave na porta sendo invadido pelo característico cheiro a nada. Sua casa sempre cheirava assim quando ele não estava, porque não havia mais ninguém lá para fazer cheirar a queimado, frango assado ou perfume doce cativante. Apenas ele e as paredes.Só havia saído da cidade em que vivia para visitar sua filha no outro extremo do país, e como não haviam vôos para lá aquele final de semana, ele foi no próprio carro. Havia prometido para Alice e não falharia com a palavra.Mas ainda assim, estava moído de tanto cansaço.Queria apenas se deitar em sua cama, esquecer que existia alguma outra coisa para além do sono, e talvez, só talvez mesmo faltar ao trabalho pela manhã.E qual não foi sua surpresa ao ver a ruiva em sua sala, pés cruzados e olhos atentos no c
Mickey estava chegando no trabalho, impecável em seu terno cinza, relógio no pulso e cabelo arrumado. Seus passos destoavam segurança, e o olhar esperteza. Era um profissional de mão cheia, com um bom histórico de casos vencidos, e mesmo os que havia perdido, era conhecido por dar tudo de si até o último minuto. Por isso era respeitado, não só pelos seus associados, como também por seus adversários.Era advogado não apenas pelo dinheiro que trazia, ou porque a sua família era quase toda de advogados, mas porque ele mesmo amava aquela profissão e queria poder trazer justiça para todos e mais alguém enquanto pudesse exercer.Não era um advogado do povo, mas sempre que podia ou a empresa mandava, se envolvia com casos de larga escala. Neste tipo de caso não haviam ganhos monetários, só a gratificação de ter ajudado. E quando chegava no local de trabalho, tentava sempre ao máximo deixar de lado os assuntos pessoais para melhor se concentrar, mesmo que estes trabalhassem lá consigo e se to
Depois que recebeu a notícia de Heloise, a morena não aguentou mais ficar no trabalho agindo como se não estivesse a beira do caos, então simplesmente inventou uma dor, deixou de ir até a fazenda com Dário e voltou para o conforto de sua casa bem mais cedo do que o normal.No trajeto para casa pensava no quanto ficaria mais isolada assim que amiga se mudasse com o marido e sobre como detestava toda aquela situação, e isso até lhe causava estranheza, dizer que a loira tinha um marido agora.Não é que não gostasse de Sérgio, ele era um bom homem, que fazia sua amiga muito feliz... Mas naquele momento desgostava fortemente que ele estivesse lhe roubando a amiga, então mentalmente o xingava sem qualquer motivo. E depois se sentia culpada e chorava. Foi uma saga louca de emoções seu trajeto para casa. Ela diria, se alguém perguntasse. Mais desanimada do que antes, chegou em casa. Abriu as janelas de seu quarto, deitou sobre a cama e ficou olhando o dia morrer sem qualquer perspectiva de me
Faziam já três dias desde a última vez que Athina viu a loira Nara. Ainda estava se sentindo mal pela conversa estranha que tiveram e pelo jeito nada honrado que a tratou, e claro também saudades da companhia agradável e sorriso contagiante, mas não ligou nem mandou mensagem.Começava a refletir sobre o porque de estar naquela situação agora. E a única explicação que encontrou foi que estava concentrada demais em ser uma boa profissional e que os amigos e familiares vinham primeiro.Ou só pensava assim porque queria arranjar um motivo para estar sozinha. Era confuso, sua mente inteira estava confusa. Ela saia para se divertir de vens em quando, era simpática, linda e independente, e também conhecia sempre gente nova, não entendia porque decidiu esperar só e não se apaixonar.Era tanta confusão em seus sentimentos, que nem seus pensamentos estavam livres daquela montanha que girava na tomada de consciência de suas decisões erradas, na vontade de arranjar um culpado para isso, no desespe
- Alice, por favor não vá tão rápido. Você vai cair filha. - Mickey alertou a filha que de forma animada corria para dentro de casa. Usava um macacão jeans azul, blusa de mangas compridas listradas e um laço rosa na cabeça cacheada. E quanto a energia que tinha, era enorme.- Porque ela está correndo desse jeito, o que vão fazer agora? - Ema perguntou desconfiada. Se sentava na pequena escada de sua casa, havia folhas secas no chão e uma fonte desativada no centro do pátio, ao longe se via o pequeno portão de ferro e a estrada de ladrilho até ali. Era uma residência antiga, havia sido de seus avós, e agora era sua e de sua filha.- Vamos fazer pizza. - Mickey respondeu sentando do lado dela. Estava ofegante por ter corrido atrás dela pelo vasto quintal, e só se sentiu mais descansado quando suas nádegas tocaram o concreto gelado de que eram feitas as escadas.- Acho que você não percebe, mas essa menina te escraviza sempre que aparece por aqui. - Ema comentou divertida, seu cabelo caía
Assim que o táxi o deixou em frente a sua casa, Mickey agradeceu profundamente por ter conseguido conseguido um vôo Ventana- Ur na ida e Ur-Ventana na volta, caso contrário chegaria lá muito mais cansado na sexta e não aproveitaria quase nada do domingo com a filha.Sabia que gastava muito dinheiro nessas viagens semanais, mas nada era mais gratificante do que passar tempo com sua preciosa, e claro, as horas de sono que poupava por não ir ao volante.Pagou ao senhor que dirigia para ver em seguida o motor roncar para longe de onde estava. Não restou fumaça ou algum cheiro bastante irritante no ar, apenas as marcas que deixaram os pneus naquela rua pouco movimentada.Enquanto destrancava a porta, só conseguia pensar no quanto queria seu corpo banhar. Colocar algum calção e apenas relaxar.No quadro eléctrico perto da porta, abaixou o interruptor que fez toda casa brilhar. De luzes acesas, o silêncio o recebeu.Foi até seu quarto tomar banho, trocou a calça jeans, a camisa e o tênis por
Seu dia no trabalho foi agitado e um pouquinho estressante. Primeiro teve problemas com a impressora, depois com a máquina de café e por fim com o chefe do canil que ela foi visitar a trabalho. Parecia que o senhor havia batido com a cabeça e esquecido completamente que ela estava apenas tentando fazer o próprio trabalho.Foi cansativo ter que explicar para aquele homem magro e careca que ela não estava tentando envenenar seus animais. Segundo ele, não tinha como ela saber o que estava fazendo, foi necessário ligar para a chefe para confirmar seu profissionalismo, e só assim aquele homem um tanto quanto amargo lhe deixo em paz.Suspirava pesado só de lembrar da tarde chata que viveu.E depois na hora do almoço foi fazer uma visita ao filho de Ima, que felizmente já estava voltando para casa com a mãe. Ela não entendeu direito o que ele tinha no dia anterior, mas ficou feliz que estivesse melhor. Elas conversaram rapidamente antes que ela voltasse para o trabalho.E quando o expediente
Manhã de terça-feira.O sol ainda sonolento, escondido no horizonte pensava em dar as caras e iluminar todo aquele espaço, o nevoeiro nas ruas se dissipava e a temperatura já começava a subir.Nas ruas, as pessoas começavam a se locomover. Algumas porque se dirigiam ao trabalho, outras porque estavam indo se exercitar, e outras apenas porque tinham como passatempo ficar em frente ao próprio portão prestando atenção na vida dos outros.O complexo habitacional Luzia, no fundo era como todos os outros bairros. Pessoas fofoqueira, pessoas trabalhadoras, pessoas preguiçosa e até mesmo mães rabugentas que acordavam cedo para gritar com os filhos que iriam a escola.Era bonito e belo aquele complexo, mas as vezes se tornavam barulhentas as ruas do qual fazia parte.E naquela mesma manhã, um pouco mais cedo que o normal Mickey se viu sendo acordado pelo toque insistente do seu smartphone.Ainda de olhos fechados e um sentimento nada hospitaleiro por estar sendo acordado, procurava o aparelho q