Deitado na cama ao lado do “irmão”, Forst tentava descansar, seus músculos exaustos quase o impossibilitando de dormir, e enquanto o sono aproximava-se, lentamente sua mente começou a divagar em memórias antigas, levando-o a um estado de semiconsciência, impossibilitado de discernir o que era sonho e o que era realidade.
Uma lembrança do passado aos poucos, formava-se nitidamente em sua mente semiadormecida, como se estivesse sob hipnose, lembrou-se de que estava em sua primeira moradia, uma base militar nos arredores do Alasca, repleta de corredores longos e obscuros, um lugar assustador do qual não tinha boas lembranças, principalmente com relação aos laborat&oa
– Mas que raios de sonho foi esse? Forst questionou a si mesmo enquanto sentava-se na cama, ignorando a sensação de cansaço que ainda sentia, seu corpo estava muito dolorido e sequer parecia que havia dormido, não podendo aproveitar raras quatro horas de sono que conseguira. Esfregou as têmporas, sentindo-as latejar e suspirou, recostando a cabeça na parede gelada, olhou ao redor notando que era madrugada e percebeu que seu “irmão” ainda dormia, ficando preocupado com seu semblante empalidecido, seus lábios pareciam ressecados, e sua testa suava, indicando que provavelmente estava com febre. Ergueu-se da cama, arrumando-a perfeitamente em seguida, e voltou-se ao rapaz hesitando se deveria o acor
A mente de Forst fervilhava enquanto arrumava-se para o novo serviço, questionava-se a todo o momento quais seriam os híbridos que ainda estavam vivos, havia muitas possibilidades, mas pelas descrições dos documentos, certamente tratava-se de dois dos espécimes mais sanguinários com quem havia convivido. Tentou distrair-se, sabendo que precisava esfriar a cabeça para pensar com mais clareza, então voltou seus olhos ao “irmão”, observando-o adicionar um fino colete sob sua blusa preta de mangas cumpridas, não seria inviolável o suficiente para ricochetear os tiros ou evitar a dor, mas ao menos impediria que adentrasse sua carne. – Quem você acha
Andre foi tirado do seu estado de choque quando ouviu a respiração do irmão falhando, arregalou os olhos ao perceber que os destroços estavam comprimindo seu tronco, e empertigou-se, arrastando-se em direção ao outro, tentando retirar os grandes blocos de concretos que amontoavam-se sobre o corpo de Forst. – Onde acha que está o outro? Questionou visualizando o melhor jeito para fazer aquele serviço sem machucar ainda mais o irmão que já sangrava muito, estando quase inconsciente. – Eu vasculhei o prédio inteiro e não encontrei mais ninguém... –
Sentado em sua mesa, John analisava os documentos de um antigo caso que fora reaberto e que estava sob sua responsabilidade a partir daquele momento. A nova delegacia não era diferente do local em que trabalhara no interior, apenas um tanto mais agitada e vez ou outra, casos eram reabertos dando uma esperança de solução aos familiares ainda vivos.– Você viu o e-mail que enviei? Maxwell perguntou parecendo realmente interessado no assunto e fitando-o em expectativa. – O caso foi reaberto porque tudo indica que o cara voltou à ativa... Acabara de dispensar suas duas jovens pupilas, para as aulas de autodefesa e assim, pode retornar aos seus trabalhos ainda em andamento. Sorriu para John explicando-lhe sobre o que aconteceu com as filhas, mas logo retornou ao assunto do trabalho. Sentou-se sobre a mesa do outro e explicou vagamente sobre o caso em espec
Raniya precisava esfriar a cabeça, então irrompeu pela porta da frente, afastando-se o mais rápido possível da família. Ouviu passos atrás de si e virou-se para mandar qualquer assaltante ir pro inferno, sentia que estava enlouquecendo com todas aquelas informações.Porém, para a sua surpresa, deparou-se com Joan que corria tentado alcançá-la parecendo ofegante, seus olhos se encontraram e após um longo suspiro, lhe pediu que andasse mais rápido. Não queria colocá-la em problemas, mas estava realmente irritada e não conseguia voltar para casa naquele momento. Sua mente fervilhava em pensamentos tumultuosos e angustiantes. No final, acabara por aceitar a companhia da outra enquanto caminhava pela calçada.Caminhava lentamente pelas ruas mal iluminadas, sentindo uma estranha sensação de familiaridade naquele momento e logo lembrou do ataque
Far estava realmente irritado naquele dia, acabara de descobrir a confusa condição de Joan e sentia uma vontade incontrolável de descontar toda sua raiva em alguém.– Você sabia que o espécime HE03 também era imperfeito... – Far gritou socando o rosto de Andre com violência, precisava descontar sua raiva por descobrir que seu experimento saiu do controle e aquela lhe parecia uma ótima oportunidade.Sem pensar muito, pegou a coisa que estava mais próxima, um bisturi cirúrgico, e o usou para esfaquear o peito do jovem. Seus olhos se encontraram e por um segundo pode ver uma expressão de decepção em seu rosto que empalidecia, antes de vê-lo cair aos seus pés.Deu as costas, ignorando o rapaz que sangrava caído no chão frio e saiu, retornando ao laboratório onde ainda havia muito trabalho a
Pela terceira vez, Forst oscilava entre a consciência e a semiconsciência, não conseguia mensurar quanto tempo se passara e a cada minutos parecia que não conseguiria mais manter-se acordado, estava realmente entorpecido pela dor insuportável em cada fibra de seu corpo. Mas logo estava desperto novamente com os gritos de dor ao sentir sua última unha da mão esquerda sendo arrancada com um alicate. – Eu poderia somente te matar... – Far comentou retirando a pele queimada de seu peito, sorrindo como o lunático que era. – Mas no final, achei uma utilidade para você, sempre quis saber quanto tempo você dura sob tortura. Os olhos de Forst arregalaram-se ao ouvir os planos daquele lunático, mas logo sorriu cuspindo o sangue que retornava a sua boca no rosto do cientista. O olhou com nojo e pela primeira vez sentiu vontade de o contrariar. – Então, espero morrer rápido só para te atrapalhar. – O gêmeo respondeu com um sorriso de canto em deboche. – Espero que queime no inferno!
Forst via-se em um estado de torpor, estava quase recuperado e caminhava pelos longos corredores tentando se situar, aquele novo momento que estava vivendo parecia estranho e irrealista, era como se vivesse um sonho, porém, sua parte mais racional o lembrava do quanto tal ato seria impossível uma vez que jamais sua mente poderia criar algo que nunca havia visto, carinho.Não era uma surpresa perceber o carinho com que as gêmeas eram tratadas por seus pais adotivos, já esperava por algo parecido quando se encontrou com elas pela primeira vez, vendo-as evidentemente saldáveis. Porém, o que o impressionava, era sentir aquele afeto sendo direcionado a ele e o irmão, mesmo sendo praticamente estranhos. Quando chegou à sala, seus olhos esverdeados focaram-se sobre Raniya que lia algo sentada no topo da escada, observa