Forst via-se em um estado de torpor, estava quase recuperado e caminhava pelos longos corredores tentando se situar, aquele novo momento que estava vivendo parecia estranho e irrealista, era como se vivesse um sonho, porém, sua parte mais racional o lembrava do quanto tal ato seria impossível uma vez que jamais sua mente poderia criar algo que nunca havia visto, carinho.
Não era uma surpresa perceber o carinho com que as gêmeas eram tratadas por seus pais adotivos, já esperava por algo parecido quando se encontrou com elas pela primeira vez, vendo-as evidentemente saldáveis. Porém, o que o impressionava, era sentir aquele afeto sendo direcionado a ele e o irmão, mesmo sendo praticamente estranhos.
Quando chegou à sala, seus olhos esverdeados focaram-se sobre Raniya que lia algo sentada no topo da escada, observa
Há quilômetros daquele “final feliz”, um jovem de nome Iuri caminhava a passos lentos devido às correntes que limitavam seus movimentos, seus lábios rosados comprimiam-se de nervosismo e quase não conseguia evitar os tremores que o faziam chacoalhar as algemas pesadas. Ergueu seus grandes olhos azuis, fixando-os no corredor de paredes cinzentas que parecia interminável e antes que pudesse evitar, sua mente começou a divagar em pensamentos conturbados. “Será que as coisas seriam deferentes se você estivesse vivo, John?” Questionou-se tristemente enquanto ouvia apenas o tilintar das correntes e pesadas passadas no chão às suas costas, fazendo-o sentir como se estivesse caminhando para o corredor da morte. E talvez o fosse. John sempre havia sido sua inspiração, desejando tornar-se médico para que pudesse trabalhar ao lado dele no exército quando se graduação, porém, seus sonhos se despedaçaram quando receberam um e-mail informando sobre a morte de seu irmão mai
Reunidos em silencio no grande pavilhão a céu aberto, cada preso recebeu suas designações e funções atribuídas. Em sua grande maioria, trabalhos pesados como a construção de parte do muro secundário, ou cortar lenha em meio a neve gélida. Os homens que possuíam menor porte físico, ficavam responsáveis pela limpeza, mas ao ler a ficha de Yuri, notaram que as habilidades medicas do jovem poderiam ser aproveitadas na enfermaria do presidio. Enquanto limpava e organizava os armários daquele cômodo um tanto “abandonado”, o jovem acabou por encontrar um velho caderno deixado pelo último enfermeiro, era muito antigo e as folhas estavam amareladas, exalando um cheiro que fazia seu nariz coçar, mas percebeu que poderia usá-lo a seu favor. Era um objeto que basicamente havia se transformado em lixo, porém, viu-se na necessidade de pedir permissão a um dos guardas para ficar com ele, e quando recebeu uma resposta positiva, agradeceu e o guardou, planejando anotar – mesmo que ap
Iuri ainda sentia a respiração dificultada por causa do soco que havia levado no estômago, ergueu a camiseta branca e fitou o hematoma enorme que havia se formado no meio de sua caixa torácica, surpreso enquanto se questionava se, caso tivesse acertado um pouco mais para o lado, o soco poderia ter quebrado suas costelas.Estava deitado em sua cama estreita, sobre um colchão duro e mofado, tentava dormir, tremendo de frio, a neve caia em uma nevasca do lado de fora e o cobertor não conseguia aquecer seu corpo o suficiente, ocasionando-lhe fortes tremores.Encolheu-se, abraçando seu próprio corpo e apertou o maxilar tentando parar de bater os dentes, gesto que sabia estar incomodando o mais velho que dormia na cama de cima, suspirou querendo conversar com ele, mas continha-se sabendo que certamente levaria uma bronca, e no final, lhe restava apenas a solidão.Quase congelando, sua mente começou a
Sentado em sua cama novamente, Iuri olhava para o nada perdido em pensamentos, por mais culpado que se sentisse pela morte de Boris, o que mais o assustava era o fato de que havia algo estranho no que seu irmão havia contado. E se sentia errado por questionar-se a possibilidade de Ivan ter realmente prejudicado alguém, sendo por isso que estava sendo perseguido.“Aquela mulher morreu por um erro seu?” Questionou-se enquanto juntando as mãos em frente ao rosto, como se orasse e quis chorar, estava prestes a entrar em desespero.Enquanto isso, Logan andava de um lado para o outro sem saber como ajuda-lo e imaginando que o loiro tivesse entrado em um surto psicótico.— Iuri sai dessa! Você precisa acordar! O moreno sussurrou ficando paranoico com a quietude do loiro que mantinha seus grandes olhos abertos e fixos no nada como se estivesse desligado da r
Quando finalmente acompanharam o grupo, os quatro colocaram os sacos de nylon com a madeira no chão, e ergueram as mãos, demonstrando que não apresentavam perigo. Em seguida, rapidamente foram reagrupados aos outros prisioneiros, respondendo pelos números impressos em suas roupas.Reunidos como sempre em grupo, os carcereiros empunharam seu armamento mantendo-os na fila indiana, a qual já estavam acostumados e foram escoltados em silencio de volta para a prisão com suas mãos algemadas por grossas correntes.Os olhos escuros de Logan caíram sobre os revólveres apontados em sua direção, imaginando se haveria a possibilidade de conseguir ao menos um daqueles, o fato de não saber com o que estava lidando o incomodava muito, e para piorar, estava desarmado, porém, logo desistiu aqueles pensamentos, prevendo os tiros que levaria caso tentasse.“Mas, onde encontraría
Na manhã seguinte, Iuri acordou com uma novamente solicitação à sala de visitas, dessa vez quem encontrava-se do outro lado da mesa era Ivan que o olhava com tristeza por ver as olheiras profundas e escuras que se acumulavam no rosto pálido de seu pequeno irmão gêmeo, enchendo seu coração de dor.“Você sempre teve a saúde mais frágil” Pensou quando viu aquele ser que era a sua própria imagem sentar-se à sua frente e acomodar as mãos algemadas por grossas correntes na mesa metálica.— Eu encontrei um amigo seu! Iuri comentou tentando sorrir, mesmo que seus olhos mostrassem o contrário. – Logan, um canadense... ele nos confundiu.— Ele é um cara legal! Ivan comentava desviando seus olhos, consumido pelo remorso de ver seu irmão naquele estado por sua culpa, porém, logo lágrimas
O tempo estava correndo de forma extremamente rápida e aos poucos Iuri ficava sem tempo, logo Logan seria liberto e ficaria desprotegido, sem contar que estando preso na solitária há dois dias, fraco pela fome e cede, suas chances de sobreviver eram ainda menores.Um alto rugido estrondou pelos corredores chamando sua atenção, a grande portão de aço puro abriu-se e Iuri sentiu seus pelos da nuca eriçarem-se ao ver a silhueta da criatura que adentrava o local. Parecia ainda mais assustador do que da última vez que o havia visto. Iuri respirou fundo, tentando acalmar seus batimentos cardíacos, não importava quantas vezes visse aquela coisa, sempre se sentia próximo a uma morte eminente.Rapidamente colocou o velho colchão sobre seu corpo quando o Wendigo saltou sobre seu corpo, pronto para destroça-lo. A distração de poucos segundos foi o suficiente para que Iu
Um longo e sofrido mês se passou e os olhos azuis de Iuri fixaram-se nos grandes portões de metal que se abriam a sua frente, lágrimas quentes acumularam-se em sua linha d’água ao passo em que se afastava. Suspirou verificando novamente a carta de admissão que recebera de Toronto, aos poucos sua estava voltando aos eixos e permitiu-se sorrir. — Depois de todo esse inferno você ainda consegue chorar? Estou duvidando da sua masculinidade! A voz de Logan surgiu por suas costas, o moreno passou o braço em volta de seus ombros franzinos e o arrastou na direção da estação de trem. Ainda pegariam um voo naquele dia e precisavam se apressar, mas além disso, não conseguia mais ficar um único minuto naquele inferno gelado. — Querem uma carona? Andrei questionou abrindo o vidro de seu carro esportivo, quase não o reconheceram de tão diferente que estava. Seus cabelos ruivos balançavam com a leve brisa por não estarem mais presos no boné preto e estava sem o uniforme. —