ANDREW
A vida nunca foi fácil para mim. O destino nunca me entregou nada de bandeja, e eu sempre tive a impressão de que isso acontecia, porque nunca fui merecedor.
Qualquer um que pudesse ouvir aquele tipo de pensamento me chamaria de ingrato, porque o universo tinha me concedido um título, uma condição mais do que confortável, uma família que me aceitava e a possibilidade de usar a profissão que eu havia escolhido para ajudar pessoas ‒ que era o que realmente fazia tudo valer a pena.
E eu realmente considerava esses detalhes como um sinal de sorte. Porém, com todas essas facilidades vieram outros problemas. Sem contar as dificul
ANDREW Se era um sonho, eu preferia ficar dormindo para o resto da vida. Ter Jillian adormecida nos meus braços, exausta, depois de termos feito amor repetidas vezes, era um presente. Mais uma daquelas bênçãos que eu nem sabia se merecia. Passei boa parte da noite acordado olhando para ela, acariciando-a e velando seu sono, sentindo-a perto de mim, enquanto meu coração parecia prestes a explodir. Eu sabia que era algo que não iria acontecer novamente, mas uma porra de um resto de esperança ainda ardia em mim. Não queria me agarrar a isso, mas eu ainda tinha fé que o destino se encarregaria da reviravolta que iria permitir que ficássemos juntos. Ela despertou de vez pouco antes
ANDREW Novamente a sorte estava do meu lado. Se eu tivesse chegado uma meia hora depois à casa de Juliet, Jillian teria sido levada por aqueles caras. Não era possível que Frederik não tivesse desistido de incomodá-la. Isso me deixava furioso, além de muito preocupado. Ao meu lado, ela permanecia calada, embora eu não conseguisse me esquecer de suas palavras pouco antes de entrarmos no quarto. Seria possível que realmente acreditasse que eu seria mais feliz se a esquecesse e tentasse me apaixonar por outra pessoa? Mais do que isso, ela parecia muito empenhada em que isso acontecesse, porque mal me olhava, só mantinha o rosto voltado na direção da janela, observando a paisagem, sem nem puxar assunto. Qualquer um juraria que estava magoada, mas n&ati
ANDREW Acordei um pouco desorientado. A dor em meu maxilar entorpeceu meus pensamentos por alguns instantes, e eu demorei a me situar. Contudo, quando me dei conta do que havia acontecido, levantei-me de um sobressalto. A sala do meu chalé girou por alguns instantes, e eu precisei me apoiar na mesa para não despencar no chão outra vez. Eu não podia me entregar naquele momento. Jillian tinha sido sequestrada. Fora tirada literalmente dos meus braços, e eu simplesmente não fiz nada. Apenas deixei que a arrancassem de mim. Corri na direção do meu telefone, sabendo que precisava alertar a alguém. Por mais que chamar a po
JILLIAN Um mantra começava a se repetir na minha cabeça: “Eu não posso desistir!” “Eu não posso desistir!” “Eu não posso desistir!” Aquele homem nojento mantinha as mãos em mim, e eu estava assustada. Ainda assim, não podia desistir. O fato de ele ter o dobro do meu tamanho também não poderia ser um fator para que eu desanimasse. Eu estava armada. 
JILLIAN Demorou pouco mais de um ano para que nosso rei falecesse. Ele teve uma morte tranquila, cercado pelas pessoas que amava. Os dois filhos ao seu lado, guardando-o e transmitindo amor e tranquilidade. Sua hora final foi honrada como toda a sua vida. Pouco tempo depois de sua morte e depois de passado o luto, o casamento de Richard e Kelly foi realizado. Eu não fazia ideia se eles estavam preparados, ou se era uma manobra desesperada, mas a verdade era que os dois se amavam. Os sorrisos em seus rostos falavam muito mais do que quaisquer votos que eles pudessem trocar diante de um altar. Com o tempo também, as pessoas foram aceitando meu namoro com Andrew. Demo
JILLIAN A música alta perturbava meus ouvidos, mas eu simplesmente não conseguia parar de dançar. Era sempre assim quando estava levemente alta, depois de beber alguns drinques. Eu juro que minha intenção nunca era terminar bêbada ‒ o que pouco acontecia, já que eu ficava apenas um pouco embriagada ‒, só que as bebidas servidas eram sempre tão docinhas, tão gostosas, que eu acabava perdendo um pouquinho o controle. Só um pouquinho. Para qualquer garota da minha idade, isso seria super comum. Ainda mais levando em consideração que eu nunca tinha causado nenhum escândalo, nunca fora pega no flagra em uma situação embaraçosa por um pappar
JILLIAN Nem preciso dizer o tamanho da ressaca no dia seguinte, não é? Eu não fazia ideia de que horas eram, mas quando abri os olhos pela primeira vez, jurei que estava no inferno. A dor de cabeça era insuportável, o gosto ruim na boca fazia com que eu acreditasse que tinha mastigado algo estragado e meu estômago se revirava, como se eu estivesse pronta para jogar tudo o que tinha comido na semana fora. Meu corpo simplesmente não me obedecia. Meus olhos pesados mal conseguiam se abrir, por mais que eu quisesse ter alguma noção de onde estava. Minhas memórias estavam embaralhadas, mas eu começava a me lembrar mais ou menos do que tinha acontecido, principalmente com o idiota do Stuart O’N
JILLIAN Já fazia dois dias desde minha conversa com Richard, mas minha mente não parecia nem um pouco mais esclarecida. Passei aquelas quarenta e oito horas pensando, refletindo, ponderando, analisando, mas por mais que eu já imaginasse qual acabaria sendo a minha resposta, ainda não queria aceitá-la. Porque era assustador demais. Porque era precipitado. E porque… Ah, droga, porque eu não queria. Não era só o fato de me prender a alguém para o resto da minha vida, porque eu não me importaria em estar sempre perto de Richard, já que nos dávamos tão bem. O problema era que ser rainha implicava em certos comportamentos que muito me incomodavam. Eu teria que abandonar vários dos meus sonhos. Eu poderia terminar a faculdade,