Então você enviou minha dor para o esquecimentoEu estava à beira de quebrarEntão você apareceuE nem um segundo tarde demais
Sentadas em fileira no gramado, as pessoas conversavam, brincavam e comiam, tudo ao mesmo tempo. Alexandre me guiou até a mesa onde estavam as panelas, contendo todos os tipos de comida possíveis, e me entregou um prato de plástico.
- É mais seguro. – ele explicou, mas não precisava, pois eu já tinha imaginado. Minha mãe fez a mesma coisa em casa quando eu tive meu primeiro ataque: escondeu todos os pratos e copos de vidro, além de objetos cortantes. Mas de uns tempos para cá, ela parece confiar mais em mim, então tudo voltou ao normal. Bem, quase tudo.
Entramos na fila e Alexandre começa a escolher o que vai comer, pegando um pouco de cada coisa. Ele me olha de esguelha para ve
Eu não estou procurando nada em específicoMas eu estou muito mais desesperado do que você pensaEu vou construir meu caminho, apesar do custoEu não procuro ser encontradoNão, nem um pouco- Leo! Achei que algo tinha acontecido contigo! – Magda exclama e me abraça assim que entro em casa. Cansado, cambaleio com seu peso. – Por que não avisou que estava vivo?- Acabou a bateria do meu celular. – murmuro, esfregando os olhos com a mão livre, enquanto a outra segura o moletom que Lea me emprestou e os desenhos recebidos. Depois de Amber, outras crianças entregaram-me seus desenhos, dizendo que era um presente pelo meu primeiro dia na casa. Durante o percurso para casa, fiquei pensando em lugares onde poderia pendurá-los, ou até mesmo guardá-los. Olhar para os rabiscos me deixa com uma sensação de alegria plena, e acho qu
Eu não procuro ser encontradoApenas quero me sentir (não) perdido- Dormiu bem? – Alexandre pergunta, buscando meus olhos.- Até que sim. – desvio o olhar, fingindo observar a paisagem correndo fora do ônibus.- Não parece. – ele argumenta, inclinando-se para frente, de forma a ver meu rosto completamente. – Está com uma expressão triste. Não é? ...Ele deixa a frase morrer, mas eu sei o que pretendia perguntar. Alexandre queria saber se eu estava tendo outra crise, mas eu sabia que não era isso. Eu sabia qual era o sentimento de ter uma crise, quais sensações eu experimentava durante o dia até chegar àquele ponto, e não era o que eu estava sentindo no momento.- Eu estou... – hesito, pensando. – pensativo. – completo.- Pensativo bom ou ruim? – ele sorri encorajador.
Você não tem permissão para ser outra pessoaControle o que você puderConfronte o que você não podeE lembre-se sempre como você é sortudo de ter a si mesmo- Cor favorita? – ele pergunta de supetão, assustando-me. Abro os olhos, encarando o céu límpido acima de nossas cabeças, mexendo-me desconfortavelmente na grama.- Hmm... Verde? – respondo, fechando os olhos mais uma vez, evitando encará-lo.- Você está respondendo ou perguntando? – ele ri, e eu faço o mesmo.- Sua vez. – eu digo, torcendo para que insista na resposta mais uma vez. - Mas você nem respondeu direito. – sinto-o se mexendo ao meu lado, mas não me movo.- Verde. – reafirmo.- Azul. – ele fala, e eu sinto
No banco de trás do táxiQuando você me disse que nós éramos apenasDuas almas abatidas perdidas no ventoE no banco de trásQuando você me perguntou: a tristeza é eterna?Puxei você pra perto, te olhei e disse: amor, eu acho que éQuando acordo no dia seguinte, a casa está silenciosa, e meu corpo ainda dói por conta do impacto contra um muro chamado Murilo, dias atrás. Estranho não encontrar nenhum dos gatos em lugar nenhum, mas de alguma forma, sinto que tudo está bem, então sigo para a casa de Lea, mesmo sabendo que ainda não era hora de ir para lá. Mas, por que diabos estou andando no meio da rua de pijamas? E porque não demoro dois minutos para avistar a casa ao longe, toda barulhenta?Quando me aproximo, ouço risos, e, ao adentrar a residência, vejo Jena e Alexandre abraçado
Você perdeu o que não vai voltar?Você não está sozinhoPorque alguém por aí, está a mandar sinais sinalizadores9 anos antes...- Joe! – uma voz aguda grita ao longe, e Joe e eu olhamos para aquela direção. – Mamãe quer que volte para casa. Papai está vindo! – a figura assustada de Marco surge, arfando e todo suado, deve ter corrido o caminho todo.- Ai não! – Joe se levanta, bagunçando as bolinhas de gude que estavam todas enfileiradas. – Leo, a gente volta a brincar amanhã, tá? – pergunta, e eu me agacho, recolhendo as bolinhas.- Tudo bem. – murmuro, triste. Ele sempre precisa ir quando o pai chega. - Não vai ficar
Nós caímos pelo amorE ficamos de pé novamenteJoe saiu há horas, após eu pedir para que fosse embora, mas ainda estou aqui, largado no chão, abraçando os joelhos. Por que isso está acontecendo de novo? Estou sendo sugado para aquilo mais uma vez, e é a última coisa que eu quero ou preciso agora. Justo quando finalmente tenho motivos para acordar todas as manhãs, quando sinto que estou começando a gostar de alguém. Por que ele tinha que voltar, e bagunçar minha vida mais uma vez?Sinto minha respiração acelerar quando memórias do dia do acidente me vêm à memória, e entro em pânico. Levanto cambaleando e tateio os degraus, subindo as escadas. Para onde Magda foi? Não me lembro se ela saiu ou simplesmente foi para o quarto. Mas a casa está silenciosa, ent&atild
Suas mãos podem curar, suas mãos podem ferirEu não tenho uma escolha, mas eu ainda escolho você- E então nós viajamos pelo país todo, atravessando os estados até chegar em Nova York, pro show mais incrível do mundo! – Clementine praticamente berra a última parte, e eu olho para David, que parece estar se divertindo tanto quanto eu.- Show de quem? – ele pergunta, enfiando mais uma garfada de omelete na boca.- McFly, baby! Era McBusted até algum tempo atrás, mas, vocês sabem, né? Músicos são bipolares. – ela fala, balançando o garfo no ar. – Eu que o diga! Lembram do meu amigo Buzz? – ela olha para Magda, que balança a cabeça afirmativamente. – Ele se casou!- Mas já? – Magda pergunta, surpresa. – Ele não tinh
Não deixe eu me afogar, não me deixe afogar nas ondas, ohEu poderia ser encontrado, eu poderia ser o que você salvou- Como você tá, Leo? – mamãe pergunta, mexendo em meus cabelos. Estou deitado em seu colo desde que acordei e segui para a cozinha. Magda não estava em casa, enviara uma mensagem avisando que dormiria no hotel onde Clementine estava hospedada, então éramos só nós dois em casa, além dos gatos, perdidos em algum lugar por aí.- Estou bem, mãe. – eu falo, fechando os olhos e me deliciando com o cafuné.- Tem certeza? Não minta pra mim, Leo. – ela puxa minha cabeça de leve, de forma que eu a olhe. – Não mente pra mim.- Eu tô bem, mãe. De verdade. – respondo, sendo sincero. – O Joe voltou.- Eu sei. Passei na cas