Você não pode cair mais longeMais longe do chãoEntão, junte-se agora, amorAssim como você era antes
Antes...
Já faziam semanas, e ainda não parecia real. Éramos fantasmas nos arrastando pela casa, Magda e mamãe se matando no trabalho para não pensar no que acontecera, eu faltando à escola. Nada mais importava, de qualquer maneira. O carro havia sido atingido na traseira, ao lado esquerdo, e caíra do viaduto. Dois homens mortos. Meu pai e meu irmão. Mortos. Não havia sido acidente, mas como Rogério era um pai de família adorado por todos, um cidadão de bem e jurara não ter visto o carro no escuro, o que não fazia sentido com os faróis de ambos os carros acesos, foi pego por homicídio culposo. Sem intenção de matar. Uma grande me
O tempo não vai voar, é como se eu estivesse paralisada por eleEu gostaria de ser eu mesma novamente, mas ainda estou tentando me achar- Lea quer que organizemos um sarau para comemorar – Alexandre abre aspas com os dedos – “a recuperação contínua de todas as belas almas que conhecemos graças ao projeto”, e claro, quer que você participe com alguma atração.- Eu? Mas eu não sei fazer nada. – guincho, já ficando preocupado.- Você não escreve? – Alexandre pergunta, descendo do ônibus primeiro. Sigo-o e começamos nossa caminhada até a casa de Lea. Alguns voluntários novos buscaram as crianças mais cedo hoje, então a caminhada é silenciosa e um pouco entediante, quem diria que eu sentiria falta dos gritos, empurrões e canções?
Largue tudo agoraEncontre-me em uma chuva torrencialBeije-me na calçadaLeve embora dorPorque eu vejoFaíscas voam toda vez que você sorriEstá tudo um caos quando eu chego com Magda e mamãe. Aproveitei para estender o convite ao Dr. Soares, que já havia sido convidado de qualquer maneira, e aos meus colegas das reuniões semanais, além das enfermeiras e da terapeuta, mas ainda é cedo, então não vejo nenhum deles por aqui. David disse que chegaria mais tarde, então eu deixo Magda e mamãe conversando com Lea e vou à procura de Alexandre, para ajudá-lo com os últimos preparativos.- Quer ajuda? – grito ao me aproximar, e sua cabeça azul vira no mesmo momento.- Você chegou, graças aos cé
Garoto, eu estou me segurando em algoNão vou deixar você por nadaEstou correndo, correndo apenas para manter minhas mãos em vocêTinha um tempo em que eu estava tristeO que eu tenho que fazer para te mostrarCorrendo, correndo apenas para manter minhas mãos em vocêAinda demoraria alguns meses para a apresentação final, mas eu podia dizer com toda a certeza do mundo que o projeto de David já estava pronto. Mal nos vimos nas semanas que sucederam ao sarau, isso porque ele estava ocupado com a faculdade e os novos retratos (que eu não tive permissão para ver) e eu com o voluntariado com as crianças e o início das aulas. Felizmente, meu horário no projeto era oposto ao de David, do contrário, não sei se conseguiria me concentrar no que fosse. Depois daquele beijo... Ah, aquele beijo! Minhas pernas
Músicas que introduzem os capítulos:Capítulos de 1 a 11: Sad song – We, the KingsCapítulo 12: Paint it black – Andy BlackCapítulo 13: Say you won’t let go – James ArthurCapítulo 14: Safe Inside – James ArthurCapítulo 15: Fight for you – Ollie GreenCapítulo 16: Sad song – We, the KingsCapítulo 17: Sad song – We, the KingsCapítulo 18: Lonely – The MaineCapítulo 19: Slip the noose – The MaineCapítulo 20: (Un)lost – The MaineCapítulo 21: (Un)lost – The MaineCapítulo 22: (Un)lost – The MaineCapítulo 23: Taxi – The MaineCapítulo 24: Flares - The ScriptCapítulo 25: This is love – The ScriptCapítulo 26: Posion & Wine – The Civil WarsCa
Você e eu, nós somos como fogos de artificio explodindo no céu. ♥ Saindo do consultório a passos largos, e penso em rasgar a receita médica e jogá-la no latão de lixo mais próximo. Pensei isso da última vez também. E da penúltima. Sorrio forçadamente para a recepcionista, que me dá um tchauzinho com a mão enquanto fala ao telefone, e sigo até a saída, respirando o ar puro quando finalmente piso na calçada. Aqui fora ninguém me conhece, talvez ninguém nunca tenha me visto antes. Sou apenas mais um garot
Com você, eu me sinto vivo, como se todas as peças perdidas do meu coração finalmente se unissem.O dia seguinte amanhece chuvoso, feio, cinza. E é assim que eu me sinto. Não consegui dormir muito, tomei minha dose ontem à noite e tive insônia. Joguei a nova receita fora, mas decidi manter a velha. Não quis ligar para o consultório e dizer que havia perdido, eles certamente duvidariam. Pelo menos, desta vez, não foram os tremores. Acordo cedo, e como não consigo mesmo dormir, decido me levantar logo. Assim que abro a porta do quarto, Joaquim tenta entrar, espremendo-se na fresta entre a porta e a parede. Empurro-o com o pé e tranco o quarto com um baque. O gato me olha feio e sai rebolando, descendo as escadas e saindo da casa. Metido.Respiro fundo e sigo até o banheiro, onde escovo os dentes, faço o que preciso fazer e
Então, pare o tempo aqui mesmo, à luz da luaPorque eu não quero nunca fechar meus olhosÀ noite, sinto-me melhor. Felizmente, não há efeitos colaterais da medicação, então estou disposto. Falar durante a reunião ajudou, mas é claro que eu não falei sobre a minha quase-crise suicida de ontem. Só disse olá e o meu nome. É o suficiente, por ora. Se tivesse mencionado o que acontecera (ou quase acontecera), provavelmente estaria dopado agora. Ou internado. Nem mesmo sei qual deles é pior. Apesar de ter mandado parte da angústia embora, a frustração continua presente, pois não consegui despejar tudo o que precisava. No fundo me sinto até culpado: todas aquelas pessoas estavam lá por algum motivo, todas têm os seus problemas, então quem sou eu pa
Sem você, eu me sinto quebrado, como se eu fosse a metade de um todoAntes...-Vamos rapaz, acorde. - a primeira voz murmura, próxima ao meu ouvido, mas eu não consigo me mover, por mais que tente.-Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus! – uma outra voz, mais fina, fala alto do outro lado, soluçando.-Pelo amor de Deus, menino, acorde! Alguém chame uma ambulância! – uma terceira pessoa fala, gritando a última frase. Acredito que a voz pertença à pessoa que mantém minha cabeça fixa no chão, para que eu não tombe para os lados.- Ai meu Deus, ai meu Deus... – a voz irritante continua a gritar.- Cale a boca! – a primeira voz repreende, e após isso, escuto uma sirene ao longe. O som fica cada