ROCCO NARRANDO.ITÁLIA.Acordei com o corpo dolorido e a mente turva. A luz da manhã entrava pelas cortinas pesadas. Esfreguei os olhos, tentando afastar a sensação de irrealidade que me envolvia. Havia muito em jogo agora, e cada movimento meu precisava ser calculado com precisão.O eco dos acontecimentos da noite anterior ainda ressoava em minha cabeça. O alarme, a explosão, o caos controlado que criamos. Cada detalhe do plano fora executado com precisão, e agora a carga estava segura, escondida em um lugar que ninguém além de mim conhecia.Me levantei lentamente, sentindo cada músculo doer. A adrenalina da operação havia passado, e o cansaço começava a se instalar. Caminhei até a janela e olhei para fora. O mundo continuava o seu curso, alheio aos dramas e traições que se desenrolavam nas sombras. Mas para mim, tudo havia mudado.— Um café forte, é disso que eu preciso — .Com a xícara nas mãos, me sentei e comecei a traçar os próximos passos. Não podia me permitir distrações agora
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.— Leonardo, tem um problema. Rafaella saiu do hotel com um homem.— Como assim saiu com um homem?— Foi o que rapaz da recepção disse.— Me manda o endereço desse hotel, estou indo agora, me espere.~ fim de ligação. ~A raiva fervilhava dentro de mim enquanto dirigia pelas ruas estreitas da cidade. Rafaella sair do hotel com um homem? Isso só podia ser uma piada de mau gosto. Acelerei o carro, ignorando os sinais de trânsito e os olhares curiosos dos pedestres. Não podia perder tempo. Cada minuto contava.Estacionei o carro de qualquer jeito em frente ao hotel, saindo quase antes de desligar o motor. Entrei no saguão com passos firmes, indo direto para a recepção. O recepcionista, um rapaz jovem e magricelo, ergueu os olhos do seu jornal, surpreso com a minha chegada brusca.— Rafaella, onde ela está? — Eu perguntei, tentando manter a voz calma, mas o nervosismo transparecia em cada palavra.Ele piscou, confuso.— Ela saiu esta manhã com um homem — El
ROCCO NARRANDO.ITÁLIA.O meu celular começou a tocar desesperadamente, era o Marco outra vez, sem hesitar eu atendi mesmo prestando atenção na estrada.~ início de ligação. ~— Estou um pouco ocupado agora.— Rocco, o Leonardo já sabe que foi você.— Oi? Você tem certeza disso?— Sim, ele conseguiu as cameras de segurança. Ele está atrás de você Rocco.— Merda. — Eu gritei e desliguei o celular.~ fim de ligação. ~Eu afundei o pé no acelerador e virei o carro bruscamente para a outra pista, eu não tinha tempo para perder. Rafaella estava no banco de trás, chorando desesperada. Os seus olhos estavam vermelhos e inchados, o rosto marcado pelas lágrimas.— Houve mudanças de planos. — Eu disse olhando pelo retrovisor. — Por favor Rocco, me solta. — Rafaella implorou.— Nem pensar. — Eu respondi com um sorriso frio.O carro avançava pelas ruas com a velocidade perigosa. Eu sabia que Leonardo estava atrás de mim, e isso aumentava ainda mais a minha adrenalina. Ele sempre foi esperto, mai
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.O meu carro derrapou quando estacionei no porto. Saí com pressa, Angelo estava logo atrás de mim, a minha respiração estava pesada. Os meus olhos correram pelo porto, em busca de um barco disponível, Rocco estava se afastando aos poucos pelo mar. Nao havia tempo para explicações ou negociações.— Aquele. — Eu gritei apontando para um barco de pesca.Corri até o barco, e o pescador se assustou.— Precisamos do seu barco, agora. — Eu disse apontando a arma para ele.— É uma emergência.Ele arregalou os olhos e entregou as chaves. Angelo e eu pulamos no barco, o som do motor rugiu e o barco começou a cortar a água o vento frio batendo no meu rosto. Cada segundo contava, a minha mente estava em Rafaella, eu sabia que atirar em direção ao barco poderia acertar Rafaella.— Merda. — Eu gritei batendo a mão no barco.— Não podemos desistir Leonardo. — Angelo tentou me acalmar.O motor do barco começou a engasgar, e o barco foi perdendo a velocidade.— O que es
RAFAELLA MARTINI NARRANDO ITÁLIA.Eu senti... eu senti a dor do impacto daquele tiro, eu senti a água gelada do mar envolver o meu corpo, eu senti Leonardo me tirando da água. Mas eu também senti frio, senti medo e o meu coração ardeu quando Leonardo disse que me amava. Então isso é o amor? Amor é o medo de perder alguém?Em um certo momento, parei de sentir dor. Os meus olhos não conseguiam se manter abertos; eu tentava, mas era mais forte do que eu...A escuridão me envolveu, e logo, uma luz suave apareceu ao longe. Fui atraída por ela, sem resistência. A luz crescia, iluminando um túnel que parecia não ter fim. No final, uma figura familiar, vestida de branco, aguardava. A minha mãe, Amélia, estava lá, parada com um sorriso acolhedor. Corri até ela, desesperada para abraçá-la.— Mamãe! — Eu gritei, sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto.Ela me envolveu em um abraço quente e seguro, exatamente como fazia quando eu era criança. Senti uma paz que há muito tempo não conhecia.
ROCCO NARRANDO ITÁLIARafaella baleada ao mar... isso foi muito mais do que perfeito. Eu estava conseguindo atingir o Leonardo em um dos seus pontos fracos. Agora, tudo o que eu preciso fazer é sair do país. Leonardo não pode me encontrar, não agora. O barco foi cortando a água do mar até o cais próximo às montanhas. Assim que o barco encostou, eu desci.— Liguem para o piloto e mandem preparar o jatinho, vou sair do país. — Eu disse, e eles afirmaram com a cabeça.Corri até a casa onde estava a carga roubada, peguei algumas trocas de roupas e em seguida entrei no carro. Enquanto o meu segurança dirigia feito um louco, desviando de outros veículos, passando por sinais vermelhos, peguei o meu celular e liguei para Celina. No terceiro toque, ela atendeu.~ Início de ligação. ~~— Rocco? Está ficando louco, você não pode me ligar assim.— Estou saindo do país.— O que aconteceu agora?— Eu atirei na Rafaella e ela caiu no mar.— Então ela está morta?— Não sei, Leonardo estava logo atr
ADAM MARTINI NARRANDO.LONDRES, INGLATERRA.— Rocco, não é assim que as coisas funcionam.A voz de Celina tinha um certo tom de preocupação, mas, como assim Rocco? Ela estava falando com Rocco? Eu continuei ali parado atrás da porta, ouvindo atentamente. Celina desligou a ligação e começou a murmurar coisas que eu não conseguia entender. Nós estávamos jantando e, quando o celular dela tocou, ela saiu rapidamente da mesa, o que me deixou desconfiado. Segui-a até o escritório e, bingo, descobri que ela estava aprontando algo. Quando ela abriu a porta do escritório e me viu, ficou pálida.— Com quem você estava falando? — perguntei, sentindo a raiva subir.— Ninguém, era o meu médico — ela respondeu, visivelmente desconfortável.— Médico? Por que ele está te ligando a essa hora? — Eu disse, olhando para o relógio no meu pulso.— Adam, ele só queria confirmar o horário da minha consulta amanhã.Eu estava furioso. Sem pensar, avancei e apertei o pescoço de Celina, minhas mãos tremendo de ra
LORENZO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.Eu estava explodindo por dentro. Cada fibra do meu ser queimava de raiva, uma raiva fervente que se alimentava da traição. Rocco, o homem em quem eu confiei, tinha manipulado cada movimento meu, torcido cada palavra até que eu não soubesse mais distinguir a verdade da mentira. Como pude ser tão cego?Leonardo estava um caco. Meu irmão, forte e destemido, estava desmoronando por causa de Rafaella. Ela estava em coma, e cada dia que passava ele parecia murchar um pouco mais. A culpa era minha, mesmo que eu não tivesse percebido na hora. Meu orgulho, meu desejo de vingança, me cegaram para o que realmente importava.Eu precisava vê-la. Precisava olhar nos olhos fechados de Rafaella e pedir perdão, mesmo que ela não pudesse ouvir, mesmo que as minhas palavras não fizessem diferença. Talvez, apenas talvez, a minha sinceridade alcançasse O seu coração de alguma forma.Entrei no hospital com o coração pesado. Cada passo ecoava pelos corredores silenciosos, o