LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.Eu estava sentado ao lado da cama de Rafaella, segurando a sua mão como se isso pudesse, de alguma forma, trazê-la de volta para mim. As máquinas ao redor dela emitiam um som rítmico e constante, um lembrete cruel de que a vida dela estava pendurada por um fio. Cada dia que passava, eu me sentia mais desesperado, mais impotente. Rafaella estava em coma há semanas, e eu não sabia quanto mais tempo eu poderia aguentar ver a pessoa que amo naquela condição.A minha mente estava uma bagunça, e eu mal conseguia dormir. As noites se tornaram uma série interminável de pensamentos sombrios e memórias dolorosas. Eu me sentia como se estivesse à deriva em um mar de culpa e arrependimento. E agora, com Lorenzo aparecendo no hospital, tudo parecia ainda mais confuso.Quando Lorenzo entrou no quarto, quase não acreditei. Ele parecia tão abatido quanto eu, talvez até mais. Não nos falávamos direito há dias. A traição de Rocco havia nos separado de uma maneira que e
ROCCO NARRANDO. LONDRES, INGLATERRA.Já faziam duas semanas que eu estava em Londres, trancado nesse maldito apartamento. Cada dia que passava, a sensação de raiva aumentava. Eu não podia correr o risco de ser visto na rua e ser capturado por Leonardo. A tensão estava me consumindo, e a falta de resposta de Celina só piorava a situação.Eu pegava o celular constantemente, verificando se havia alguma mensagem, alguma ligação perdida. Nada. Celina estava me ignorando, e isso me enfurecia de um jeito que ela nem imaginava. Ela não conhecia a minha fúria, não sabia do que eu era capaz.Decidi ligar novamente. O som monótono do toque parecia zombar de mim. Nada. Ninguém atendia. O sangue começou a ferver nas minhas veias. Sem pensar, joguei o copo que estava na minha mão contra a parede, o vidro se estilhaçando em mil pedaços. Respirei fundo, tentando controlar a raiva que pulsava no meu peito. Peguei o celular de novo e disquei o número dela, dessa vez com mais força, como se isso fosse
CELINA MARTINI NARRANDO. LONDRES, INGLATERRA.A cada toque insistente do celular, o meu coração batia mais rápido. Rocco não parava de me ligar, e cada vez que o nome dele aparecia na tela, o meu estômago se revirava. Eu sabia que não podia continuar assim, que precisava cortar essa ligação perigosa de uma vez por todas. Adam estava começando a desconfiar, os seus olhares eram cada vez mais atentos, e qualquer deslize poderia ser o meu fim. Não era só a minha segurança que estava em jogo; era a dele também.Já fazia dias que Rocco me perseguia com essas ligações incessantes. Eu ignorava, na esperança de que ele desistisse, mas ele parecia mais determinado do que nunca. Cada vez que o telefone tocava, eu sentia o controle escorregar por entre os meus dedos. Era uma dança perigosa, e eu estava prestes a cair.Naquela manhã, enquanto Adam se preparava para sair, percebi que ele estava mais atento do que de costume. Ele me observava de canto de olho, como se procurasse algum sinal de tra
ADAM MARTINI NARRANDO.LONDRES, INGLATERRA.Eu sempre soube que Celina era uma verdadeira cobra. Desde o começo, havia algo de traiçoeiro nela, algo que não se podia ignorar. Os seus olhos, sempre atentos, sempre calculando. Ela era mestre em esconder segredos, mas eu não era ingênuo. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela iria mostrar quem ela realmente pe. O que eu não esperava era que ela fosse se aliar a Rocco, trazendo esse maldito para nossas vidas.Nos últimos dias, a tensão em casa era quase insuportável. Cada vez que olhava para Celina, o meu estômago revirava de ódio. Eu sabia que ela estava tramando algo. Os sussurros ao telefone, os olhares furtivos, os sorrisos falsos – tudo isso me enojava. Eu estava tentando disfarçar a minha desconfiança, mas não conseguia. Era como tentar esconder uma ferida aberta.Naquela manhã, enquanto eu me preparava para sair para o trabalho, observei Celina se arrumar. Ela parecia tão tranquila, tão segura de si. Isso só alimentava o meu ódio.
ADAM MARTINI NARRANDO.LONDRES, INGLATERRA.Eu passei a minha vida inteira lutando por essa Máfia, fui o melhor sub chefe que Dom Liam poderia ter. Durante todos esses anos Dom Liam viveu e eu abdiquei tudo pela Máfia. O segredo que Celina sabia sobre mim colocava em risco muitas coisas, só que agora eu não tenho para onde correr mais, eu posso ficar aqui esperando que Rocco me mate junto com a Celina, ou então eu posso tentar derrubar os dois, correr o risco de Celina abrir a boca e eu perder o meu lugar como subchefe. Eu não consegui pregar os olhos a noite inteira, eu estava dormindo ao lado da minha inimiga. Na manhã seguinte, assim que o sol nasceu, eu me levantei da cama e fui direto para o closet pegar uma mala, sem pensar duas vezes comecei a colocar roupas dentro. Escutei a Celina levantar da cama, os passos rápidos dela até o closet eram precisos.— Adam, onde você vai? — A voz de Celina ecoou pelo quarto, cheia de incerteza e desconfiança.Eu continuei a enfiar roupas na ma
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Estar em coma é como flutuar em uma escuridão sem fim, um lugar onde o tempo e o espaço se misturam e perdem todo o sentido. Eu ouço vozes, palavras que chegam distantes e enevoadas, mas algumas delas são claras e marcantes. Elas pertencem a Leonardo, e as suas declarações de amor, sussurradas ao meu ouvido, são meu único elo com a realidade.— Rafaella, você precisa voltar pra mim. — Ele diz frequentemente com a sua voz embargada de emoção.— Eu te amo mais do que tudo. Não consigo viver sem você.. — Às vezes, eu sinto lágrimas caírem em minha pele. Ele está chorando por mim, por nós. Cada palavra dele me dá forças, mesmo que eu esteja presa nesse limbo entre a vida e a morte.Nas profundezas desse estado de inconsciência, tenho sonhos vívidos com a minha mãe, Amélia. Ela surge como um farol de luz em meio à escuridão, o seu sorriso sereno me acalmando.— Minha querida. — Ela diz com a sua voz suave e reconfortante.— Você tem um coração tão bom. Nã
ADAM MARTINI NARRANDO. ITÁLIA.Eu estava sentado no sofá do quarto do hotel, a cabeça mergulhada em pensamentos sombrios sobre os erros do passado e as oportunidades perdidas, quando o meu telefone tocou. Olhei para a tela e vi o nome de Leonardo. Uma onda de tensão percorreu o meu corpo. Atendi a ligação com uma mistura de esperança e receio.~ início de ligação. ~— Leonardo. — Eu disse, tentando manter a voz firme.— Adam. — Ele respondeu com a voz fria e calculada.— Você pode vir ao hospital. Rafaella... ela precisa de você.O choque daquelas palavras me deixou sem fôlego.— Estou a caminho. — Respondi rapidamente, desligando o telefone.~ fim de ligação. ~O caminho para o hospital foi um borrão de pensamentos e memórias. A minha mente voltava constantemente aos erros que cometi, às escolhas que fiz que afastaram Rafaella de mim. Eu sabia que tinha pouco tempo para corrigir esses erros, e a oportunidade de fazer isso agora parecia quase surreal.Quando cheguei ao hospital, o me
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.Rafaella andai se sentia muito cansada, a volta de um coma não era nada fácil, ela abria e fechava os olhos lentamente. Rafaella tinha aberto os olhos brevemente, suficiente para me fazer sentir um raio de esperança, mas logo fechou novamente, exausta. Eu estava lá, esperando, segurando a sua mão.O som da porta se abrindo me fez olhar para cima. Adam estava saindo, com o rosto marcado por uma mistura de arrependimento e dor. Ele parou na porta, olhando para Rafaella uma última vez antes de sair. Não houve palavras entre nós dois, apenas um aceno silencioso. Quando ele se foi, senti um peso sair dos meus ombros, mas sabia que ainda havia muito a ser resolvido.Voltei a minha atenção para Rafaella. A luz suave da manhã começava a entrar pelas janelas, iluminando o seu rosto pálido. Apertei suavemente a sua mão, me inclinando mais perto.— Rafaella, estou aqui. — Sussurrei, como se as minhas palavras pudessem alcançá-la em algum lugar profundo de sua me