LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Hoje é um dia importante, o dia no qual chegaria a minha preciosa carga. Já estava tudo certo, uma parte da minha carga estava vendida, outra parte foi trocada por drogas e uma parte ficaria comigo para futuras negociações. Nenhum dos meus homens sabia o local que chegaria, eu fiquei de avisar em cima da hora, para que não pudesse ter nenhum tipo de problema. Procurei fazer todas as minhas negociações em casa, para que aqui no galpão não pudesse correr a informação. Eu estava ansioso, nada podia dar errado. Eu estava sentado no meu escritório em casa, com um copo de whiskey na mão, só esperando o horário bater e todas as informações serem passadas. E quando o horário bateu, informei ao Ângelo e todos seguiram para a costa, iria ser jogo rápido, a carga iria chegar e depois era só jogar tudo dentro dos caminhões. Rápido e fácil. A carga estava marcada para chegar às 4:00.O relógio bateu 04:10, nenhuma ligação do Ângelo e isso me deixou irritado. O meu
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Fui arrancada do sono pelo puxão brusco do cobertor, me expondo ao frio da madrugada. O meu coração disparou de susto, e antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, vi Leonardo diante de mim, com os olhos cheios de fúria.— Foi você, Rafaella! Você entregou a minha rota!— Todos tinham razão, você é uma traidora!Os meus olhos se arregalaram em choque, a mente ainda confusa pelo sono interrompido. Tentei me levantar, mas Leonardo me segurou pelo pescoço, apertando com força. O medo me paralisou.— Confessa, Rafaella!— Diga que foi você!Tentei falar, mas o aperto em minha garganta tornava impossível. Os meus olhos suplicavam por misericórdia, mas ele estava cego de fúria. Por mais que eu tentasse falar, me justificar ou me defender. Leonardo não acreditava em mim.— Você... você precisa sair daqui, Rafaella.— Saia antes que eu faça uma besteira.— Leonardo, por favor, não me mande embora. Eu não fiz nada! — Tentei me aproximar, mas ele
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Hoje foi a pior noite da minha vida. Assim que Rafaella saiu, eu me sentia como um vulcão prestes a entrar em erupção. Cada fibra do meu ser tremia de raiva e frustração. Não conseguia acreditar que tinha sido tão ingênuo ao confiar nela. Como pude ser tão cego?Destruí tudo que estava ao meu alcance no quarto dela. O som do vidro quebrando, da madeira se partindo, tudo parecia uma sinfonia de caos que ecoava a tempestade dentro de mim. Cada objeto que caía, cada peça de mobília destruída, parecia aliviar momentaneamente a dor intensa da traição. Mas a dor estava lá, queimando profundamente, uma ferida que não parava de sangrar.— Como pude acreditar nela? — Eu me perguntava repetidamente.A imagem dela, com aqueles olhos inocentes e a voz suave, estava gravada na minha mente.— Tudo o que ela queria era me destruir.Eu precisava sair de casa antes que a raiva me consumisse por completo. Peguei as chaves do carro e saí, deixando a casa em um estado caó
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.A noite foi interminável, Leonardo tinha razão em estar furioso. Mas eu não era a traidora que ele pensava. Nunca trairia alguém que me ajudou como ele. A dor de ser acusada injustamente era insuportável. Passei a noite acordada, tentando entender como isso tinha acontecido, como a informação tinha vazado. Nada fazia sentido.Quando o sol começou a nascer, me levantei da cama, exausta e abatida. Olhei no espelho e mal reconheci a mulher refletida ali. Olhos vermelhos e inchados, a expressão de alguém que tinha sido quebrada de dentro para fora. Eu precisava de um plano. Primeiro, garantir que teria um lugar para ficar. Peguei o telefone e liguei para a recepção, pagando mais algumas diárias do hotel antes que Leonardo bloqueasse o cartão. Era uma questão de tempo até ele fazer isso.Com isso resolvido, me sentei à mesa do pequeno quarto de hotel, tentando organizar os meus pensamentos. Como a informação tinha vazado? Só eu e Leonardo sabíamos da rota
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.A noite no galpão foi um borrão de bebidas e pensamentos confusos. Não voltei para casa. O whisky era a única coisa que conseguia anestesiar a dor da traição. A imagem de Rafaella, seus olhos suplicantes, não saía da minha cabeça. Ela era culpada, não era? Tudo apontava para isso. Mas por que então sentia esse peso no peito, essa sensação de que algo estava fora do lugar?Os meus homens estavam ocupados tentando encontrar qualquer pista sobre o roubo, mas eu sabia que era uma busca inútil. A essa altura, a carga já devia estar bem longe, fora do nosso alcance. E o responsável, quem quer que fosse, havia planejado tudo perfeitamente.Afundei mais uma dose de whisky, sentindo o líquido queimar a garganta. Precisava encontrar o erro, a falha no plano. Algo não se encaixava. Passei a noite revirando os eventos na minha cabeça, procurando uma lógica que justificasse o que tinha acontecido. Cada vez que pensava em Rafaella, a raiva voltava com força total. C
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.— Leonardo, temos as imagens das rodovias próximas ao cais.Assenti para Ângelo, sentindo um misto de alívio e fúria percorrer o meu corpo. Eu o segui até a sala onde o monitor estava instalado, exibindo imagens das câmeras de segurança. A luz azulada das telas piscava, iluminando o ambiente escuro. Os meus olhos se fixaram na tela maior, onde as imagens das rodovias próximas ao cais passavam em uma sequência contínua.Ângelo apertou alguns botões, avançando as gravações até um ponto específico. De repente, uma imagem congelada apareceu: uma caminhonete estacionada em um ponto estratégico, o rosto de Rocco claramente visível através do para-brisa. O meu sangue ferveu ao reconhecer aquele traidor.— Filho da puta... — Murmurei, cerrando os punhos até os nós dos dedos ficarem brancos.Bati as mãos na mesa com força, fazendo Ângelo dar um pequeno salto para trás.— Foi ele! — Eu gritei, apontando para a tela.— Rocco roubou a carga!A raiva queimava dent
ROCCO NARRANDO.ITÁLIA.Acordei com o corpo dolorido e a mente turva. A luz da manhã entrava pelas cortinas pesadas. Esfreguei os olhos, tentando afastar a sensação de irrealidade que me envolvia. Havia muito em jogo agora, e cada movimento meu precisava ser calculado com precisão.O eco dos acontecimentos da noite anterior ainda ressoava em minha cabeça. O alarme, a explosão, o caos controlado que criamos. Cada detalhe do plano fora executado com precisão, e agora a carga estava segura, escondida em um lugar que ninguém além de mim conhecia.Me levantei lentamente, sentindo cada músculo doer. A adrenalina da operação havia passado, e o cansaço começava a se instalar. Caminhei até a janela e olhei para fora. O mundo continuava o seu curso, alheio aos dramas e traições que se desenrolavam nas sombras. Mas para mim, tudo havia mudado.— Um café forte, é disso que eu preciso — .Com a xícara nas mãos, me sentei e comecei a traçar os próximos passos. Não podia me permitir distrações agora
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.— Leonardo, tem um problema. Rafaella saiu do hotel com um homem.— Como assim saiu com um homem?— Foi o que rapaz da recepção disse.— Me manda o endereço desse hotel, estou indo agora, me espere.~ fim de ligação. ~A raiva fervilhava dentro de mim enquanto dirigia pelas ruas estreitas da cidade. Rafaella sair do hotel com um homem? Isso só podia ser uma piada de mau gosto. Acelerei o carro, ignorando os sinais de trânsito e os olhares curiosos dos pedestres. Não podia perder tempo. Cada minuto contava.Estacionei o carro de qualquer jeito em frente ao hotel, saindo quase antes de desligar o motor. Entrei no saguão com passos firmes, indo direto para a recepção. O recepcionista, um rapaz jovem e magricelo, ergueu os olhos do seu jornal, surpreso com a minha chegada brusca.— Rafaella, onde ela está? — Eu perguntei, tentando manter a voz calma, mas o nervosismo transparecia em cada palavra.Ele piscou, confuso.— Ela saiu esta manhã com um homem — El