LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Hoje foi a pior noite da minha vida. Assim que Rafaella saiu, eu me sentia como um vulcão prestes a entrar em erupção. Cada fibra do meu ser tremia de raiva e frustração. Não conseguia acreditar que tinha sido tão ingênuo ao confiar nela. Como pude ser tão cego?Destruí tudo que estava ao meu alcance no quarto dela. O som do vidro quebrando, da madeira se partindo, tudo parecia uma sinfonia de caos que ecoava a tempestade dentro de mim. Cada objeto que caía, cada peça de mobília destruída, parecia aliviar momentaneamente a dor intensa da traição. Mas a dor estava lá, queimando profundamente, uma ferida que não parava de sangrar.— Como pude acreditar nela? — Eu me perguntava repetidamente.A imagem dela, com aqueles olhos inocentes e a voz suave, estava gravada na minha mente.— Tudo o que ela queria era me destruir.Eu precisava sair de casa antes que a raiva me consumisse por completo. Peguei as chaves do carro e saí, deixando a casa em um estado caó
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.A noite foi interminável, Leonardo tinha razão em estar furioso. Mas eu não era a traidora que ele pensava. Nunca trairia alguém que me ajudou como ele. A dor de ser acusada injustamente era insuportável. Passei a noite acordada, tentando entender como isso tinha acontecido, como a informação tinha vazado. Nada fazia sentido.Quando o sol começou a nascer, me levantei da cama, exausta e abatida. Olhei no espelho e mal reconheci a mulher refletida ali. Olhos vermelhos e inchados, a expressão de alguém que tinha sido quebrada de dentro para fora. Eu precisava de um plano. Primeiro, garantir que teria um lugar para ficar. Peguei o telefone e liguei para a recepção, pagando mais algumas diárias do hotel antes que Leonardo bloqueasse o cartão. Era uma questão de tempo até ele fazer isso.Com isso resolvido, me sentei à mesa do pequeno quarto de hotel, tentando organizar os meus pensamentos. Como a informação tinha vazado? Só eu e Leonardo sabíamos da rota
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.A noite no galpão foi um borrão de bebidas e pensamentos confusos. Não voltei para casa. O whisky era a única coisa que conseguia anestesiar a dor da traição. A imagem de Rafaella, seus olhos suplicantes, não saía da minha cabeça. Ela era culpada, não era? Tudo apontava para isso. Mas por que então sentia esse peso no peito, essa sensação de que algo estava fora do lugar?Os meus homens estavam ocupados tentando encontrar qualquer pista sobre o roubo, mas eu sabia que era uma busca inútil. A essa altura, a carga já devia estar bem longe, fora do nosso alcance. E o responsável, quem quer que fosse, havia planejado tudo perfeitamente.Afundei mais uma dose de whisky, sentindo o líquido queimar a garganta. Precisava encontrar o erro, a falha no plano. Algo não se encaixava. Passei a noite revirando os eventos na minha cabeça, procurando uma lógica que justificasse o que tinha acontecido. Cada vez que pensava em Rafaella, a raiva voltava com força total. C
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.— Leonardo, temos as imagens das rodovias próximas ao cais.Assenti para Ângelo, sentindo um misto de alívio e fúria percorrer o meu corpo. Eu o segui até a sala onde o monitor estava instalado, exibindo imagens das câmeras de segurança. A luz azulada das telas piscava, iluminando o ambiente escuro. Os meus olhos se fixaram na tela maior, onde as imagens das rodovias próximas ao cais passavam em uma sequência contínua.Ângelo apertou alguns botões, avançando as gravações até um ponto específico. De repente, uma imagem congelada apareceu: uma caminhonete estacionada em um ponto estratégico, o rosto de Rocco claramente visível através do para-brisa. O meu sangue ferveu ao reconhecer aquele traidor.— Filho da puta... — Murmurei, cerrando os punhos até os nós dos dedos ficarem brancos.Bati as mãos na mesa com força, fazendo Ângelo dar um pequeno salto para trás.— Foi ele! — Eu gritei, apontando para a tela.— Rocco roubou a carga!A raiva queimava dent
ROCCO NARRANDO.ITÁLIA.Acordei com o corpo dolorido e a mente turva. A luz da manhã entrava pelas cortinas pesadas. Esfreguei os olhos, tentando afastar a sensação de irrealidade que me envolvia. Havia muito em jogo agora, e cada movimento meu precisava ser calculado com precisão.O eco dos acontecimentos da noite anterior ainda ressoava em minha cabeça. O alarme, a explosão, o caos controlado que criamos. Cada detalhe do plano fora executado com precisão, e agora a carga estava segura, escondida em um lugar que ninguém além de mim conhecia.Me levantei lentamente, sentindo cada músculo doer. A adrenalina da operação havia passado, e o cansaço começava a se instalar. Caminhei até a janela e olhei para fora. O mundo continuava o seu curso, alheio aos dramas e traições que se desenrolavam nas sombras. Mas para mim, tudo havia mudado.— Um café forte, é disso que eu preciso — .Com a xícara nas mãos, me sentei e comecei a traçar os próximos passos. Não podia me permitir distrações agora
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.— Leonardo, tem um problema. Rafaella saiu do hotel com um homem.— Como assim saiu com um homem?— Foi o que rapaz da recepção disse.— Me manda o endereço desse hotel, estou indo agora, me espere.~ fim de ligação. ~A raiva fervilhava dentro de mim enquanto dirigia pelas ruas estreitas da cidade. Rafaella sair do hotel com um homem? Isso só podia ser uma piada de mau gosto. Acelerei o carro, ignorando os sinais de trânsito e os olhares curiosos dos pedestres. Não podia perder tempo. Cada minuto contava.Estacionei o carro de qualquer jeito em frente ao hotel, saindo quase antes de desligar o motor. Entrei no saguão com passos firmes, indo direto para a recepção. O recepcionista, um rapaz jovem e magricelo, ergueu os olhos do seu jornal, surpreso com a minha chegada brusca.— Rafaella, onde ela está? — Eu perguntei, tentando manter a voz calma, mas o nervosismo transparecia em cada palavra.Ele piscou, confuso.— Ela saiu esta manhã com um homem — El
ROCCO NARRANDO.ITÁLIA.O meu celular começou a tocar desesperadamente, era o Marco outra vez, sem hesitar eu atendi mesmo prestando atenção na estrada.~ início de ligação. ~— Estou um pouco ocupado agora.— Rocco, o Leonardo já sabe que foi você.— Oi? Você tem certeza disso?— Sim, ele conseguiu as cameras de segurança. Ele está atrás de você Rocco.— Merda. — Eu gritei e desliguei o celular.~ fim de ligação. ~Eu afundei o pé no acelerador e virei o carro bruscamente para a outra pista, eu não tinha tempo para perder. Rafaella estava no banco de trás, chorando desesperada. Os seus olhos estavam vermelhos e inchados, o rosto marcado pelas lágrimas.— Houve mudanças de planos. — Eu disse olhando pelo retrovisor. — Por favor Rocco, me solta. — Rafaella implorou.— Nem pensar. — Eu respondi com um sorriso frio.O carro avançava pelas ruas com a velocidade perigosa. Eu sabia que Leonardo estava atrás de mim, e isso aumentava ainda mais a minha adrenalina. Ele sempre foi esperto, mai
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.O meu carro derrapou quando estacionei no porto. Saí com pressa, Angelo estava logo atrás de mim, a minha respiração estava pesada. Os meus olhos correram pelo porto, em busca de um barco disponível, Rocco estava se afastando aos poucos pelo mar. Nao havia tempo para explicações ou negociações.— Aquele. — Eu gritei apontando para um barco de pesca.Corri até o barco, e o pescador se assustou.— Precisamos do seu barco, agora. — Eu disse apontando a arma para ele.— É uma emergência.Ele arregalou os olhos e entregou as chaves. Angelo e eu pulamos no barco, o som do motor rugiu e o barco começou a cortar a água o vento frio batendo no meu rosto. Cada segundo contava, a minha mente estava em Rafaella, eu sabia que atirar em direção ao barco poderia acertar Rafaella.— Merda. — Eu gritei batendo a mão no barco.— Não podemos desistir Leonardo. — Angelo tentou me acalmar.O motor do barco começou a engasgar, e o barco foi perdendo a velocidade.— O que es