ConnorEstava sentado na maca, observando as queimaduras em meus braços enquanto o médico falava. Meu corpo reagia às feridas, o calor ainda pulsava sob a pele danificada. O cheiro de queimado ainda impregnava minhas narinas, misturado ao odor estéril do hospital. Meu lobo estava mais furioso do que nunca, rosnando em minha mente, insatisfeito com tudo — com as feridas, com a situação, com as palavras de Astoria que ainda ecoavam dentro de mim."Você vai precisar cuidar dessas feridas com cuidado," o médico disse, sua voz profissional, sem espaço para preocupação pessoal. "São queimaduras graves. É provável que fique com algumas cicatrizes, mas elas devem se curar em dois dias. Só não force demais."Assenti, impaciente. "Eu só quero voltar para a fronteira e resolver o que for necessário. Me dê alta, estou pronto para sair."O médico hesitou, mas após me dar as instruções finais, ele me liberou. Assim que ele saiu do quarto, eu me levantei da maca, rangendo os dentes enquanto a dor la
ConnorChamei os enfermeiros assim que os cortes voltaram a escorrer. Eles entraram rapidamente no quarto, suas mãos ágeis trocando os curativos e verificando as queimaduras que cobriam meus braços. Cada toque sobre a pele ferida enviava uma onda de dor pelo meu corpo, mas eu mantive o rosto impassível, focado em apenas uma coisa: sair dali e resolver tudo o que estava pendente. Eles trabalharam em silêncio, mas minha mente estava longe, perdida na confusão de emoções que se misturavam com a dor física.Assim que me liberaram, saí do hospital sem perder tempo. O trajeto até em casa foi um borrão, a dor e a frustração ainda latejando dentro de mim. Quando finalmente cheguei, minha mente estava focada em apenas uma coisa: encontrar Astoria e tentar consertar a bagunça que havia se instalado entre nós. Ela precisava entender que, apesar de tudo, eu estava disposto a lutar por nós.Entrei em casa, chamando seu nome, mas não houve resposta. Fui de cômodo em cômodo, mas não a encontrei em l
ConnorJá se passaram mais de quatro horas, e ninguém tem ideia de onde Astoria está. Cada minuto que passa é uma tortura. O medo de que algo terrível tenha acontecido com ela me consome como um veneno lento, corroendo cada vestígio de calma que eu poderia ter. Estou irritado, preocupado, e a raiva dentro de mim cresce a cada segundo.Ben, Ravenna e Mallory estão comigo, todos com expressões tensas. Ben está furioso, e não o culpo. Ele está certo em estar bravo; Astoria sabe o que estamos enfrentando, e mesmo assim, desapareceu, colocando todos em alerta."Eu não posso colocar todos os lobos na busca por ela," Ben diz, sua voz fria. "Eles estão na fronteira, combatendo os rebeldes. Não podemos desviar recursos, Connor. Ela sabe disso."Eu cerro os punhos, tentando controlar o impulso de gritar. "Você não precisa fazer isso, Ben. Eu vou dar um jeito de achá-la e trazê-la de volta em segurança. Isso é responsabilidade minha."Ben me olha com os olhos estreitos, cheios de frustração e pr
AstoriaEu não sabia quanto tempo havia passado desde que comecei a caminhar, mas parecia uma eternidade. Meu coração estava em pedaços, e cada passo que eu dava era pesado com a dor de me sentir incompreendida e, de certa forma, perdida. Eu sempre fiquei à sombra das minhas irmãs. Mallory, a divertida, aquela que sempre iluminava qualquer ambiente. Cam, a forte, a que todos respeitavam. E eu? O que restava para mim? Sempre fui a que se escondia, a que não sabia onde se encaixar. Minha melhor amiga, Sarah, se mostrou uma verdadeira víbora, quase destruindo minha família. E agora, tudo o que eu tocava parecia ruir. Eu era a ruína de tudo.Lágrimas escorriam incessantemente pelo meu rosto enquanto eu continuava andando sem rumo, tentando me manter o mais longe possível de onde Connor pudesse me achar. Eu não queria vê-lo, não depois de tudo o que aconteceu. Sentia-me impotente, como se estivesse afundando em um mar de escuridão, sem saber como voltar à superfície.Como um golpe, um chei
AstoriaEu estava cercada por lobos de todos os lados, seus olhares predatórios fixos em mim, como se eu fosse nada mais que uma presa indefesa. Permanecia na minha forma lupina, tremendo de medo, tentando desesperadamente esconder o pavor que corroía meu interior. Cada vez que um deles rosnava, meu corpo se encolhia instintivamente, como se esperasse o golpe a qualquer momento. Meu coração batia freneticamente, uma batida descompassada que parecia ecoar em minha cabeça, abafando qualquer pensamento racional.Eu havia sido imprudente. Minha fuga, que parecia ser a única saída para a dor e a confusão que eu sentia, agora se transformara em um pesadelo vivo. Coloquei todos que amava em perigo, e tudo por causa de meus medos e inseguranças. Eu mal conseguia pensar, o terror dominando cada parte de mim.Fui levada até um acampamento mais afastado, onde uma jaula improvisada aguardava minha chegada. Os lobos me empurraram para dentro, as grades frias e rústicas sendo trancadas atrás de mim
ConnorDois dias. Dois dias infernais desde que Astoria desapareceu, e cada segundo que passava era uma tortura insuportável. A cidade estava em alerta máximo, com todos os lobos mobilizados para encontrá-la. Cameron chegou furiosa, irada por não ter sido informada antes. Eu podia ver o fogo em seus olhos, a mesma fúria que ardia dentro de mim, mas o que eu sentia era algo além da raiva – era desespero puro. Meu lobo estava agitado, em pânico, sabendo que algo terrível havia acontecido com ela. Eu não conseguia pensar em mais nada, não conseguia focar em mais nada. Tudo o que importava era Astoria.Estava na sede, em uma sala de reunião com Sweet, que se dedicava incansavelmente a rastrear cada canto da cidade. Ela estava usando todos os recursos disponíveis para encontrar pistas – lobos desconhecidos, movimentos suspeitos, qualquer coisa que pudesse nos levar a Astoria.Enquanto Sweet trabalhava, eu tentava manter a calma, mas cada segundo que passava sem notícias me corroía por dent
ConnorSaí da sede com passos largos, meu coração batendo com uma mistura de raiva, desespero e uma determinação feroz. Eu estava prestes a fazer algo arriscado, algo que colocaria ainda mais vidas em perigo, mas não havia outra escolha. Eu faria qualquer coisa para salvar Astoria. Enquanto caminhava para fora, ouvi vozes familiares atrás de mim. Cameron e Mallory apareceram, com expressões sombrias e preocupadas."Connor, onde você está indo?" Cam perguntou, a voz carregada de tensão. "Eu..." elas me olhavam com intensidade."Tem alguma pista?" Mallory falou segurando meu braço, e então uma ideia surgiu em minha mente. Algo que poderia funcionar se eles agissem de forma certa."Eu tenho uma ideia," respondi, as encarando com intensidade. "Preciso da ajuda de vocês. Mas isso vai colocá-las em risco também."Os olhos de Mallory se arregalaram de preocupação, mas Cameron apenas cruzou os braços, o rosto sério. "O que você precisa que a gente faça?" ela perguntou, já preparada para agir
ConnorA tensão dentro de mim era como um fio esticado ao máximo, prestes a se romper. Enquanto caminhava pela sede, liguei para Sweet, meu último fio de esperança no meio desse caos. "Sweet, preciso que você rastreie as florestas com os drones. Vou te enviar as fotos que recebi de Ben. Qualquer coisa, qualquer pista... me avise imediatamente.""Entendido, Connor. Vou fazer o possível para encontrar algo," ela respondeu, a voz firme, mas carregada de urgência.Desliguei o telefone, meu coração batendo com força no peito. Eu estava determinado a achar qualquer coisa, qualquer sinal de onde Astoria poderia estar. Meus melhores homens estavam espalhados pela cidade, varrendo cada canto, cada trilha. Mas, por enquanto, tudo o que tínhamos eram as malditas fotos que me assombravam a cada vez que fechava os olhos.As horas se passavam lentamente, mas quando Ben veio me buscar para irmos ao aeroporto buscar seus pais, eu achei que elas corriam. O silêncio entre mim e Ben, enquanto aguardávam