Astoria
Estava difícil controlar minha ansiedade. A ideia da nossa união marcada para tão breve me deixava animada e apreensiva ao mesmo tempo. Enquanto Connor dirigia em direção ao aeroporto para buscarmos Mallory, meus pensamentos corriam livres, batendo de frente com as emoções que se reviravam dentro de mim.
Connor estava sendo incrivelmente carinhoso, mais do que o habitual. Seu toque gentil em minha mão, o jeito como ele olhava para mim, como se quisesse acalmar qualquer tempestade que se formasse dentro do meu peito... Eu sabia que ele estava tentando me tranquilizar, mas ao mesmo tempo, essa atenção constante fazia algo dentro de mim se agitar.
Minha loba estava inquieta, rosnando dentro de mim, incentivando-me a me entregar a ele, a deixar de lado minhas incertezas e simplesmente me perder em seu amor. Mas minha mente insistia em erguer barreiras. O medo, a timidez...
ConnorA chamada de Ben chegou no meio da noite, um toque urgente que me arrancou do sono pesado. O brilho da tela iluminou o quarto escuro, e ao ler a mensagem, senti um frio na espinha. Ataque na fronteira. Ben precisava de mim lá, agora. O peso do dever caiu sobre meus ombros, e eu sabia que não havia escolha. Saí da cama com cuidado, tentando não acordar Astoria.Enquanto me vestia, o quarto ao nosso redor parecia frio e sombrio. O luar entrava pelas frestas das cortinas, lançando sombras no chão de madeira. O silêncio da noite foi quebrado pelo som de Astoria se mexendo na cama. Ela estava acordando."Connor?" A voz dela soou sonolenta, mas carregada de preocupação. "O que está acontecendo? Aonde você vai?"Meus ombros se tensionaram ao ouvir a ansiedade em sua voz. Virei-me para ela, tentando manter minha expressão calma. "Não precisa se preocupar, Tory. É só algo na fronteira. Ben precisa de mim lá."Ela se sentou na cama, os olhos arregalados de medo. "Mas... e se algo acontec
ConnorDirigir até a fronteira me deu tempo para esfriar a cabeça, mas meu lobo continuava agitado, rosnando baixo dentro de mim, incapaz de compreender o que havia acontecido. Astoria havia me pedido para escolher entre ela e o que eu sou, como se fosse possível simplesmente desligar essa parte de mim. Eu sempre fiz tudo por ela, tratei-a com carinho e cuidado, e ainda assim parecia não ser suficiente. Como ela podia me pedir para renunciar a algo tão essencial?Quando estacionei o carro a uma distância segura do local, desci e continuei o caminho a pé. A noite era escura, com apenas a lua lançando sombras sobre a floresta ao redor. Cada passo que eu dava ecoava na minha mente, misturado com a lembrança das palavras dela, das lágrimas que ela derramou. Eu tentava me concentrar no que estava por vir, mas a conexão com Astoria me desestabilizava, fazendo meu lobo vacilar entre a raiva e a tristeza.Ao me aproximar da fronteira, a tensão no ar era palpável. O cheiro de fumaça e destruiç
AstoriaAssim que Connor saiu pela porta, o peso das minhas palavras desabou sobre mim como uma tempestade. O som dos passos dele descendo as escadas ecoava na minha mente, cada um mais distante, cada um levando consigo a certeza de que eu havia cometido um erro terrível. A culpa me sufocava, e as lágrimas começaram a cair antes mesmo de eu poder detê-las. Eu sabia que não deveria ter pedido aquilo a ele, sabia que não era justo. Mas, sempre que ele saía para uma batalha ou para atender os pedidos de Ben, um medo avassalador tomava conta de mim. Um medo de que ele nunca voltasse.Meu choro era intenso, quase desesperado. Eu tentava abafar os soluços com as mãos, mas eles pareciam ter vida própria, saindo de dentro de mim como se quisessem rasgar meu peito. Como eu pude fazer isso? Como pude pedir a ele para abrir mão de algo que significava tanto? Eu o amo, mas o medo de perdê-lo... o medo me cega.Não sei quanto tempo fiquei ali, encolhida na cama, chorando. Mas o som de uma batida s
ConnorEstava sentado na maca, observando as queimaduras em meus braços enquanto o médico falava. Meu corpo reagia às feridas, o calor ainda pulsava sob a pele danificada. O cheiro de queimado ainda impregnava minhas narinas, misturado ao odor estéril do hospital. Meu lobo estava mais furioso do que nunca, rosnando em minha mente, insatisfeito com tudo — com as feridas, com a situação, com as palavras de Astoria que ainda ecoavam dentro de mim."Você vai precisar cuidar dessas feridas com cuidado," o médico disse, sua voz profissional, sem espaço para preocupação pessoal. "São queimaduras graves. É provável que fique com algumas cicatrizes, mas elas devem se curar em dois dias. Só não force demais."Assenti, impaciente. "Eu só quero voltar para a fronteira e resolver o que for necessário. Me dê alta, estou pronto para sair."O médico hesitou, mas após me dar as instruções finais, ele me liberou. Assim que ele saiu do quarto, eu me levantei da maca, rangendo os dentes enquanto a dor la
ConnorChamei os enfermeiros assim que os cortes voltaram a escorrer. Eles entraram rapidamente no quarto, suas mãos ágeis trocando os curativos e verificando as queimaduras que cobriam meus braços. Cada toque sobre a pele ferida enviava uma onda de dor pelo meu corpo, mas eu mantive o rosto impassível, focado em apenas uma coisa: sair dali e resolver tudo o que estava pendente. Eles trabalharam em silêncio, mas minha mente estava longe, perdida na confusão de emoções que se misturavam com a dor física.Assim que me liberaram, saí do hospital sem perder tempo. O trajeto até em casa foi um borrão, a dor e a frustração ainda latejando dentro de mim. Quando finalmente cheguei, minha mente estava focada em apenas uma coisa: encontrar Astoria e tentar consertar a bagunça que havia se instalado entre nós. Ela precisava entender que, apesar de tudo, eu estava disposto a lutar por nós.Entrei em casa, chamando seu nome, mas não houve resposta. Fui de cômodo em cômodo, mas não a encontrei em l
ConnorJá se passaram mais de quatro horas, e ninguém tem ideia de onde Astoria está. Cada minuto que passa é uma tortura. O medo de que algo terrível tenha acontecido com ela me consome como um veneno lento, corroendo cada vestígio de calma que eu poderia ter. Estou irritado, preocupado, e a raiva dentro de mim cresce a cada segundo.Ben, Ravenna e Mallory estão comigo, todos com expressões tensas. Ben está furioso, e não o culpo. Ele está certo em estar bravo; Astoria sabe o que estamos enfrentando, e mesmo assim, desapareceu, colocando todos em alerta."Eu não posso colocar todos os lobos na busca por ela," Ben diz, sua voz fria. "Eles estão na fronteira, combatendo os rebeldes. Não podemos desviar recursos, Connor. Ela sabe disso."Eu cerro os punhos, tentando controlar o impulso de gritar. "Você não precisa fazer isso, Ben. Eu vou dar um jeito de achá-la e trazê-la de volta em segurança. Isso é responsabilidade minha."Ben me olha com os olhos estreitos, cheios de frustração e pr
AstoriaEu não sabia quanto tempo havia passado desde que comecei a caminhar, mas parecia uma eternidade. Meu coração estava em pedaços, e cada passo que eu dava era pesado com a dor de me sentir incompreendida e, de certa forma, perdida. Eu sempre fiquei à sombra das minhas irmãs. Mallory, a divertida, aquela que sempre iluminava qualquer ambiente. Cam, a forte, a que todos respeitavam. E eu? O que restava para mim? Sempre fui a que se escondia, a que não sabia onde se encaixar. Minha melhor amiga, Sarah, se mostrou uma verdadeira víbora, quase destruindo minha família. E agora, tudo o que eu tocava parecia ruir. Eu era a ruína de tudo.Lágrimas escorriam incessantemente pelo meu rosto enquanto eu continuava andando sem rumo, tentando me manter o mais longe possível de onde Connor pudesse me achar. Eu não queria vê-lo, não depois de tudo o que aconteceu. Sentia-me impotente, como se estivesse afundando em um mar de escuridão, sem saber como voltar à superfície.Como um golpe, um chei
AstoriaEu estava cercada por lobos de todos os lados, seus olhares predatórios fixos em mim, como se eu fosse nada mais que uma presa indefesa. Permanecia na minha forma lupina, tremendo de medo, tentando desesperadamente esconder o pavor que corroía meu interior. Cada vez que um deles rosnava, meu corpo se encolhia instintivamente, como se esperasse o golpe a qualquer momento. Meu coração batia freneticamente, uma batida descompassada que parecia ecoar em minha cabeça, abafando qualquer pensamento racional.Eu havia sido imprudente. Minha fuga, que parecia ser a única saída para a dor e a confusão que eu sentia, agora se transformara em um pesadelo vivo. Coloquei todos que amava em perigo, e tudo por causa de meus medos e inseguranças. Eu mal conseguia pensar, o terror dominando cada parte de mim.Fui levada até um acampamento mais afastado, onde uma jaula improvisada aguardava minha chegada. Os lobos me empurraram para dentro, as grades frias e rústicas sendo trancadas atrás de mim