Capítulo 03

MELINA

Totalmente o oposto do monstro sem coração que achei que me jogaria dentro de uma jaula e me manteria presa como um bichinho de estimação, Amarok me deu uma camisa quente sua para me trocar no banheiro, já que me tremia inteira de frio por causa da roupa molhada e suja de lama, e me ordenou deitar entre as lãs quentes de pele de ovelhas que ele espalhou em frente à lareira para me aquecer.

Estava tão sem forças para lutar com meu captor pela minha liberdade e fugir, que apenas fechei meus olhos cansados e me permiti dormir entre as peles macias e quentinhas dos animais indefesos que ele matou. 

Acordei na manhã seguinte, sentindo todo o meu corpo dolorido e com uma forte dor de cabeça. Olhei em volta, demorando para processar mentalmente onde eu estava. Me levantei em um pulo ao perceber que não tinha sido um pesadelo e que eu realmente fui prometida e sequestrada pelo Alfa.

A madeira rangeu sob meus pés descalços enquanto caminhava lentamente e meio desorientada, apenas querendo achar a saída. Meus pés estavam machucados e tinha vários cortes espalhados pelo meu corpo todo, que foram feitos pelos galhos enquanto fugia. A cabana aconchegante parecia vazia e provavelmente Amarok tinha saído para caçar como os lobos machos faziam ou para patrulhar suas terras com Alfa da matilha.

Assim que me aproximei da porta de saída com a intenção de aproveitar essa oportunidade para fugir, vi o aviso escrito no papel e preso na madeira por uma faca de caçador:

Não tente fugir, futura esposa, pois a floresta não será nenhum pouco gentil com você sem mim.

Eu sabia que a floresta era perigosa, principalmente para mim que era apenas uma humana frágil, mas não podia simplesmente aceitar essa prisão e ser esposa dele de bom grado. Não importava quantas lareiras acesas ou cobertores macios o Alfa me desse, ou quantos servos mataria para me alimentar, pois nada mudaria o fato de eu estava aqui contra a minha vontade.

A luz dourada do raiar do sol entrava pelas janelas de vidro, projetando sombras no chão de madeira e trazendo a claridade sempre bem-vinda do dia. Sabendo que esse era o momento perfeito para fugir, peguei uma manta que tinha em cima da cadeira e enrolei sobre meus ombros, pois o tecido me aqueceria se eu sentisse frio. 

Abri a porta com cautela, sentindo o meu coração martelando no peito e, com os meus olhos atentos, busquei qualquer sinal de movimento. Ao não ver nenhuma movimentação, corri para longe da cabana sem pensar duas vezes, sendo recebida pela floresta silenciosa.

Densa e perigosa. 

Mesmo sabendo dos perigos que poderia encontrar pela frente, eu não parei. Continuei correndo, sentindo galho após galho bater contra o meu corpo e abrindo as feridas que já estavam em processo de cicatrização. Meus pés descalços afundavam na lama gelada da chuva passageira de ontem, mas também não parei, já que cada passo era como um grito de liberdade.

Só que, de repente, a floresta parecia ter ganhado vida própria, já que, inesperadamente, o vento começou a soprar as árvores como em forma de aviso e então eu ouvi seu uivo. Mas não era qualquer uivo, era um longo e feroz, que me alertava que ele já sabia que estava fugindo. 

Por ser um lobo, sua audição era muito boa e, mesmo eu tentando pisar nos lugares certos para não fazer mais barulho que o necessário, o Alfa conseguiu ouvir os estalos dos galhos se quebrando pelo caminho da minha fuga de longe.

Agoniada, apressei ainda mais os meus passos, o medo acelerando meu corpo mais do que as minhas pernas doloridas aguentavam. Escorreguei na lama e caí, porém levantei com as minhas mãos sujas de terra e continuei correndo. Eu procurava uma trilha ou qualquer coisa que pudesse me levar para longe desse inferno. 

Só que antes que pudesse chegar ao fim da clareira, um vulto escuro saltou do alto das árvores, me assustando e me fazendo cair para trás de bunda no chão.

Era Amarok e ele estava em sua forma humana, mas seus olhos brilhando no tom vermelho me alertava da sua metade lobo. Diferente de ontem, agora ele usava uma camisa branca que se encontrava suja de terra e folhas, denunciando que o Alfa havia corrido desembestado pela floresta atrás de mim.

— Você me desobedeceu e ousou fugir de mim, humana — rosnou, entre as presas cerradas e expostas.

Mesmo com medo de ser rasgada em pedaços e com meu corpo tremendo da cabeça aos pés, me mantive firme.

— Eu não sou sua… Não vou ser sua esposa — falei com a minha voz trêmula, criando uma coragem que até eu mesma desconhecia para enfrentar o Alfa. — Nunca vou me submeter a você.

Ele caminhou em passos duros e decididos até mim, como um predador encurralando a sua presa antes de devorá-la. Só que dessa vez havia algo diferente em seus olhos que oscilavam entre azul e vermelho, indicando que não era apenas raiva que sentia. 

— Você não entende o que um Alfa como eu sente, humana tola — vociferou, parando diante de mim, que continuava caída no chão. — Tem algo incontrolável dentro de mim, algo mais forte do que eu, que simplesmente ficou louco quando percebeu que você estava tentando fugir de mim pela primeira vez. Então não adianta tentar fugir, pois nunca vou deixar você ir.

Após proferir essas palavras doentes e obsessivas, senti o chão sumir sob meus pés quando Amarok me puxou e me jogou mais uma vez em seus ombros largos, pouco se importando se eu estava suja de lama. Só que, diferente da primeira vez, onde lutei com unhas e dentes, dessa eu simplesmente não ofereci resistência.

Já que sabia que seria em vão.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP