Capítulo 02

MELINA 

O som cada vez mais próximo dos galhos estalando sob suas passadas pesadas era como uma ameaça velada, enquanto Amarok rosnava e se aproximava do buraco pequeno entre as pedras onde eu entrei para me esconder.

Tentei recuar instintivamente para trás, mas como o buraco onde me enfiei só tinha entrada e nenhuma saída, apenas arregalei meus olhos, com o meu coração pulsando como um tambor frenético dentro do meu peito. Ele parou a alguns passos de mim e me olhou de cima, com aqueles olhos vermelhos que denunciavam a fera interna que era. 

Amarok não estava totalmente transformado em lobo, pois seu corpo, que estava apenas coberto por uma calça jeans surrada, era uma mistura de lobisomem, com uma barriga definida da sua forma humana e garras expostas nas mãos do seu lobo.

Um rosnado baixo, mas intimidador, saiu da sua garganta, fazendo-me encolher ainda mais como um bichinho assustado. Antes que pudesse gritar ou correr, ele me puxou para fora com suas garras afiadas e me jogou sobre seu ombro como se eu fosse um saco de batatas.

O cheiro de pinho e terra molhada invadiu meus sentidos no momento em que começou a chover de repente, seguido pela sua voz grave que fez minha espinha gelar:

— Você foi prometida a mim para ser minha esposa e para eu fazer o que quiser.

— Não… não vou me casar com você, seu monstro — gritei, enquanto me debatia e acertava meus punhos fechados em suas costas nua. — Me solte, maldito.

Amarok não disse nada e meus socos pareciam não surtir nenhum efeito nele, porém surtiam em mim, que sentia meus dedos doendo a cada vez que acertava a sua pele dura feito pedra. Ignorando meus gritos de desespero, ele começou a caminhar comigo cativa em seu ombro com facilidade, como se eu fosse feita de plumas. Eu chutava o vento, implorava para que me colocasse no chão e tentava inutilmente me agarrar nos troncos das árvores pelo caminho, porém nada fazia o Alfa parar.

Nada me salvaria desse monstro.

A floresta escura e a chuva que se tornou mais intensa nos envolveram na penumbra da noite enquanto meus gritos foram se transformando em choramingos baixos de exaustão. O que sobrou do meu vestido agora estava todo encharcado e sujo de lama, juntamente com meu cabelo desgrenhado, e o frio brutal que castigava meu corpo frágil. Não sei por quantas horas Amarok andou e por quanto tempo eu dormi pendurada em seu ombro, mas de repente a floresta densa ficou para trás e as montanhas surgiram imponentes sob o céu que de nublado passou a ser estrelado.

A casa apareceu no meu campo de visão distorcido como uma sombra entre as rochas enormes, construída com madeiras escuras e pedras que até pareciam fazer parte da própria montanha.

Selvagem e isolada como seu dono. 

Ele empurrou a porta com o ombro e entrou comigo. Automaticamente, o calor da lareira me envolveu, aliviando um pouco o frio que congelava minha pele. Amarok finalmente me colocou no chão, mas, antes que eu pensasse em fugir, ele já foi bloqueando a porta de saída com o seu corpo grande, que agora estava apenas em sua forma humana. 

O Alfa era alto e forte, com uma barba meio cheia que desenhava seu maxilar. Seus olhos, que antes pareciam piscinas de sangue, agora eram de um azul calmo e profundo. Sentindo meu corpo trêmulo e fraco, encarei Amarok, sentindo meus olhos cheios de lágrimas.

— Isso… que você fez é um sequestro — falei, sentindo minha voz trêmula devido às lágrimas. — Eu só quero ir embora e prometo que nunca mais piso os pés na sua matilha.

Ele andou devagar na minha direção, fazendo-me recuar para trás até sentir que minhas costas bateram na madeira fria. 

— Não importa o que você quer, Melina, pois a partir de amanhã você será minha esposa. Eu vou mandar e você vai apenas obedecer.

— Tenho certeza que o senhor não vai querer se casar com uma humana sem uma loba como eu — rebati, querendo fazer ele desistir desse casamento sem sentido a qualquer custo. — Meus pais devem ter mentido dizendo que eu era híbrida, mas não sou e não posso procriar também. 

— Eu já sei de tudo isso — Amarok disse, enquanto observava meu corpo da cabeça aos pés, visivelmente conferindo o produto que meus pais lhe deram de bandeja. — Também sei que nunca acasalou antes.

— E mesmo sabendo que eu sou apenas humana e que não posso te dar filhotes, você aceitou casar comigo? — Questionei, incrédula.

— Sim — respondeu vagamente.

Se antes tinha um resquício de esperança de que ele me libertaria, agora eu tinha certeza que o Alfa nunca mais me deixaria ir.

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