Capítulo 01

Pisei o pé mais forte no acelerador da caminhonete barulhenta, sentindo a adrenalina reverberar pelo meu corpo e vendo os faróis de luzes amarelas clarearem o caminho terroso e escuro, sabendo que, a essa altura do campeonato e devido ao barulho do motor velho quando dei partida na garagem, meus pais a essa hora já sabiam da minha fuga.

O céu estava nublado, anunciando que choveria em breve, e ao longe era possível ver alguns raios cortando o céu e fazendo um enorme clarão. Um novo trovão seguido de um raio caiu bem próximo e olhei assustada pela janela do motorista quando vi um vulto preto correndo pela floresta adentro.

Com as minhas mãos começando a suar e agora com medo, continuei acelerando o carro com o meu pé trêmulo, me agarrando na esperança de fugir desse lugar que só me trouxe tristeza e recomeçar uma nova vida em algum lugar bem distante.

Eu só pisquei meus olhos em uma fração de segundos e tomei um susto quando, de repente, um homem enorme apareceu no meio da estrada e no meu campo de visão. Tentei frear rapidamente, mas já estava em cima de mais e apenas tive o reflexo de fechar meus olhos e gritar, sentindo o impacto forte da caminhonete contra o corpo duro do desconhecido.

O impacto do metal foi muito forte, porém não foi o suficiente para me machucar, pois me agarrei no volante com desespero, impedindo que meu corpo chacoalhasse mais. A caminhonete tinha parado e, ainda atordoada, olhei para frente e tomei um susto ao ver olhos vermelhos me encarando através do vidro quebrado do carro.

Eu nunca tinha visto esses olhos pessoalmente, mas já tinha ouvido falar dos olhos vermelhos e sombrios do Alfa.

Para quem recentemente descobri que fui prometida.

Quando dei por mim, já estava correndo pela floresta escura, largando minha bolsa para trás no carro que estava com o capô todo amassado e sentindo o frio cortante atingindo minha pele sensível como se fossem facas afiadas. 

As folhas e os galhos secos estalavam sob os meus pés agora descalços, pois assim que percebi que era o Alfa cruel, eu saí correndo da camionete sem pensar duas vezes e acabei perdendo as minhas sapatilhas no meio da fuga.

Enquanto corria pela floresta densa e sabendo que a minha vida dependia disso, os galhos chicoteavam meu corpo e se agarravam ao meu vestido branco como se a própria floresta quisesse impedir minha fuga. 

A lua cheia mal atravessava a copa das árvores e sequer tinha coragem de olhar para trás para saber se ele estava me seguindo, mas mesmo assim usava essa pouca e única luz para correr.

Senti meu coração quase sair pela minha boca quando escutei o barulho audível de um galho quebrando atrás de mim. Eu não precisava olhar para trás para saber que era Amarok, pois só o fato de achar que ele estava me perseguindo me deixava mais em pânico. 

Meu corpo estava ficando cansado e eu sabia que se parasse por um segundo sequer para recuperar o fôlego, eu seria alcançada. Meu coração batia tão forte no meu peito que parecia que iria parar a qualquer momento. Meu vestido de algodão agora encontrava-se todo rasgado nas pernas e a dor na sola dos meus pés descalços indicava que estavam machucados, mas nada disso me impedia de parar de fugir.

Nada disso me fazia olhar para trás.

Acidentalmente, tropecei em uma raiz no caminho estreito e caí de joelhos no chão duro, engolindo meu grito de dor na esperança de que ele não me achasse ou me alcançasse. A ardência latejou nos meus joelhos que se ralaram na queda juntamente com as palmas das minhas mãos. Me obrigando a levantar e ser forte, voltei a correr com as minhas pernas bambas e sentindo os músculos das minhas coxas tremendo e a minha respiração falhando. 

Um uivo alto e aterrorizante cortou o ar, longo e dilacerante, me fazendo quase chorar por saber que ele estava transformado em sua besta e perto de mim. 

Muito perto.

Corri mais, sentindo o ar queimando meus pulmões e com a sensação aterrorizante de que o Alfa me alcançaria a qualquer momento. Estava quase desistindo e caindo no chão de exaustão, quando meus olhos avistaram uma fenda entre duas pedras enormes mais adiante.

Usei minhas últimas forças para chegar até a caverna, que era muito pequena, porém era o suficiente para me esconder. 

Entrei cambaleando e ofegante, pressionando meu corpo minúsculo contra a parede de pedra e me sentindo um bichinho acuado. O cheiro de terra e musgo preencheu meu nariz, ao passo que eu puxava o oxigênio com desespero.

De repente, tudo estava em silêncio, com apenas as batidas aceleradas do meu coração e da minha respiração descompassada sendo o único som que chegava aos meus ouvidos. Só que o silêncio não durou por muito tempo, pois logo um farfalhar de folhas secas e o barulho de galhos quebrando preencheram o ambiente sombrio da floresta. 

E então eu vi Amarok com mais clareza na penumbra da noite.

A figura alta, meio homem, meio fera, parado a uma certa distância da entrada da caverna onde eu estava encolhida.  Tremia de medo, enquanto seus olhos assustadores brilhavam em um vermelho intenso e sobrenatural. 

— Humana… — a sua voz saiu em um rosnado, distorcido e tenebroso. — Você foi prometida a mim e não vou permitir que fuja do nosso casamento.

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