Se os dias se arrastaram até o dia do casamento, não saberia dizer o quanto as horas pareciam ter passado rápido. Agora, em frente ao espelho, usando meu vestido de noiva dos sonhos, não há nada a fazer a não ser o papel que é esperado que eu cumpra com perfeição. As palavras de Bosco, sobre não consumar o casamento por hora, não me deixam mais tranquila, e nesse exato momento, vejo Charlotte me observando como se soubesse exatamente o que penso. Ela não fala nada, mas seu olhar pesa sobre mim, como se estivesse gritando que eu havia falhado e que poderia ter conseguido um casamento melhor.De alguma forma, mesmo sabendo que estarei longe da minha família no dia seguinte, sinto um certo alívio por não ter que encarar minha mãe na manhã seguinte ao que seria minha noite de núpcias. Ela sempre teve altas expectativas à meu respeito, e sinto que tenho sido uma grande decepção e somente agora consigo enxergar isso. Respiro fundo, e logo depois ouço batidas suaves à porta.— Diana — vejo S
Meus saltos ecoavam no salão luxuoso, cada um deles a batida acelerada do meu coração. Bosco estava ao meu lado, seu braço forte oferecendo um suporte silencioso enquanto nos aproximávamos dos convidados, depois de uma breve sessão de fotos, ainda na igreja. Eu sabia que todos os olhos estavam sobre nós, observando cada movimento, cada expressão, em busca de pistas sobre o que realmente acontecia entre nós dois. Mesmo que fosse um casamento arranjado, as pessoas queriam ver algo, um pequeno sinal de que iríamos nos odiar ou se haveria a possibilidade de que um dia nos apaixonássemos.No canto do olho, vi Val apressar-se para registrar nossa entrada, mesmo que um fotógrafo profissional já estivesse fazendo esse trabalho. Na verdade, ela mesma havia o contratado. Então dividíamos a atenção entre ele e Valerie, que todos sabiam, amava fotografia. Ela nos incentivava a sorrisos e poses, de maneira que era quase impossível não fazer o que Val pedia.— Sr. Capasso, poderia segurar a mão de
Chegamos a Nova York depois de quatro horas no confortável avião particular. Ajeitei meu casaco e vi Bosco entregar minha bagagem de mão para a comissária, que seguiu para o carro que nos aguardava, levando também o vestido de noiva devidamente embalado. Bosco foi à minha frente enquanto descíamos a escada, o que me permitiu apoiar-me nele. Sentia-me sonolenta e exausta, e ele pareceu perceber, guiando-me gentilmente para o carro luxuoso que nos levaria para sua casa. Agora seria minha casa também.Não pude evitar notar que, no banco traseiro do carro, Bosco parecia tentar relaxar e até cochilar por alguns instantes. Sua beleza máscula me distraiu: o queixo firme coberto por uma barba cuidadosamente aparada, os longos cílios escuros que emolduravam seus olhos penetrantes, os músculos poderosos que se insinuavam sob o tecido do terno luxuoso. Talvez ele também estivesse exausto, ansiando por algumas horas de sono reparador, já que ele havia dito que não consumaríamos o casamento. Eu re
Acordei depois de algumas horas de sono e olhei para o relógio ao lado da cama. Já passava das onze da manhã. Levantei-me sentindo-me um pouco perdida. Sabia que deveria me trocar e depois procurar por Bosco, afinal, nem a casa eu havia conhecido ainda. Talvez ele não gostasse que eu entrasse em algum cômodo, ou tivesse alguma regra importante de convivência. Ainda tinha que conhecer as pessoas que trabalhavam aqui. Suspirei e voltei a me sentar na cama, tudo parecia tão exaustivo!Decidi então ir ao closet, pensando no que deveria vestir. Reparei melhor no local, que era um pouco maior do que o meu na casa Cavalieri. Estava tudo muito bem organizado. Escolhi um vestido na altura dos joelhos, em um tom de azul cobalto, escovei os cabelos e calcei saltos mais baixos claros. Optei por uma maquiagem leve e logo saí do quarto.Desci as escadas e percebi que a casa era ainda mais bonita do que havia notado na noite anterior. Os móveis eram elegantes e a decoração transmitia uma sensação de
Os primeiros dias como Sra. Capasso não foram tão ruins quanto eu imaginava quando soube que me casaria com Bosco. Ele mal parava em casa, e quando estava, era sempre educado, perguntava se precisava de algo e como havia sido meu dia. Aproveitei o tempo para organizar alguns pertences pessoais, como perfumes, maquiagens e acessórios, o que tomou muito do meu tempo, já que tinha muitos de tudo. Conheci melhor Lenore e Isotta, que sempre diziam que poderiam fazer o trabalho e que eu não precisava me preocupar, mas eu queria me manter ocupada.— A senhora quer que coloque essas no banheiro? — Lenora apontou a caixa com sais de banho, hidratantes, e todo tipo de produto para o corpo, tudo recentemente comprado.— Eu não sei... não vi se há espaço, e se Bosco vai hum... gostar de ver tudo isso lá...— Temos muito espaço nos gabinetes, tenho certeza que o patrão quer que a senhora se sinta à vontade. — Isotta disse. — Lenora, organize tudo do lado esquerdo, já que o Sr. Capasso usa frequent
A pizza, como prometido, era realmente a melhor que já havia comido! Enquanto saboreávamos a comida e o vinho, a tensão se dissipava. Eu sabia que qualquer coisa que tivesse acontecido não demoraria a chegar ao meu conhecimento. O vinho me deixava sonolenta, e, considerando que Bosco provavelmente queria fumar seu charuto e seguir com seus próprios afazeres pela noite, decidi ir para a cama. Lembrei que ainda não havia respondido às mensagens de Alessa e queria fazer isso antes de dormir. Nos levantamos ao mesmo tempo. Enquanto o celular dele tocava e o via se dirigir ao corredor que levava ao escritório, percebi que era minha chance. Mesmo que os pensamentos sobre o quarto que agora ocupava insistissem em retornar, tratei de afastá-los enquanto enviava uma mensagem para minha irmã.Conversamos por um tempo, contei a ela o que havia acontecido e minhas suspeitas sobre o que teria levado Bosco a agir daquela maneira."Seu marido deixou um aviso claro, isso deve acabar com qualquer boat
A dor aguda na lateral do meu corpo se intensifica enquanto Bosco me ajuda a sentar no sofá. Ele parece genuinamente preocupado, mas também desconfortável com a situação.— Diana, eu... eu posso explicar. — Ele parece procurar as palavras certas, mas sua expressão é de desconcerto.— O que estava fazendo no chão do seu escritório, Bosco? Dormindo? Por que não foi para o quarto? — Minha voz sai mais firme do que eu esperava, mas estou determinada a obter respostas.— Eu raramente durmo no quarto, e não acho que seja o momento para falar sobre isso. — Ele diz. Não quero contrariá-lo, e a dor está incômoda, mas imaginar que ele faz isso todas as noites me deixa aflita.— Não pode continuar com isso. — Respiro fundo. Nada poderia justificar o que eu havia presenciado. A casa é enorme, ele tem alguns quartos para escolher. Então, só me ocorre que possivelmente eu é quem deveria ocupar outro quarto. — Vamos subir, e você vai dormir no seu quarto!Me levanto, e nesse instante a dor fica mais
O dia amanheceu com uma luz suave que atravessava as cortinas do quarto, indicando que o sol já estava alto. Ao me espreguiçar, percebo que a dor aguda que sentia horas atrás já não está tão intensa, provavelmente amenizada pelo efeito do analgésico que tomei. Bosco não está ao meu lado, desconfio que não esteja mais em casa e, olhando para o relógio, vejo que já é mais tarde do que o habitual.Levanto-me e vou me trocar, optando por um jeans confortável, uma blusa soltinha e tênis. Descendo as escadas, sou recebida por Isotta, que prontamente serve meu café da manhã. Agradeço e sirvo uma xícara para ela, indicando a cadeira à minha frente. Ela me olha curiosa por um momento, mas senta-se em seguida.— Isotta, preciso falar com você. — Minha voz soa um pouco mais séria do que o normal, refletindo a importância do assunto que desejo abordar.— Há algum problema, signora? Algo a desagradou? — ela me parece genuinamente preocupada.Ela me olha com curiosidade e preocupação. Respiro fundo