— Ainda não quer falar sobre o que aconteceu? Se quiser, posso te ouvir sem problemas. — Nicolle apenas balançou a cabeça em negação, suspirando pela milésima vez naquela noite. Comentar sobre aquilo no momento era totalmente inútil e inapropriado, mal havia o perdoado sobre suas babaquices do passado e iria logo despejar seus sentimentos de ódio e frustração justo no cara que tinha feito coisas piores a ela? Não, não era apropriado. Não eram mais um casal, muito menos amigos que contavam sobre os segredos alheios, não havia necessidade de falar sobre aquilo com ele. — Acho que foi um momento de sentimentalismo e raiva direcionadas a pessoa errada. Não precisamos comentar sobre isso. — A garota de cabelos roxos desbotados tentou mudar de assunto. — Huh... Já são seis e quinze da tarde, estamos quinze minutos atrasados para o lanche e sinceramente estou com fome e com medo que eu leve uma repreensão por estar fora do colégio em dia de semana sem pedir permissão. Será que devemos volta
Era um pouco mais das cinco e dez da manhã quando Nicolle e Alec se levantaram e se revezaram para tomar banho. Nicolle agradeceu aos deuses pela mãe de Alec ter um pacote de calcinhas fechado e um uniforme a mais. Aquilo era coisa de rico? Ter uniformes a mais e pacotes de calcinhas guardadas para qualquer situação? Não sabia ao certo, mas estava agradecido por tal coisa, apesar de ser extremamente estranho o fato de Alec ter um uniforme menor que servia perfeitamente no corpo de Nicolle. Às seis e meia eles desceram a escada e foram direto para a sala de jantar tomar o café da manhã que a senhora Clark havia preparado. Quando deu sete e dez, Nicolle se prontificou a ajudar a colocar as malas de Alec no porta-malas do carro. A mãe dele iria levá-los de carro para ajudar seu filho a achar o quarto e conversar com o diretor. As sete e quarenta e cinco já estavam no estacionamento do colégio e foi quando se separaram. — Ei, se precisar de mim, é só gritar meu nome, estarei sempre por
Passaram-se cerca de duas semanas desde o acontecimento com Alec, Nicolle e Ryan estavam mais colados e mais amigos, Ethan estava um pouco afastado do quarteto por causa da nova namorada que deixava os demais desconfortáveis e para que não houvesse atritos era melhor evitar certas coisas (segundo o ponto de vista de Ethan, mas os amigos não concordavam, estavam magoados com essa situação, mas não queriam comentar com o amigo para não o desanimar). Alec sumia de vez em quando dizendo que tinha ligações importantes para fazer. Ninguém o questionava, mas Ryan achava estranho. Ele não confiava nem um pouco no novato, e sabia que seu sexto sentido não estava errado. Seu único medo era que ele fizesse algum mal a Nicolle, por isso ficava por perto o tempo todo. Era sábado, a família de Victoria estava se reunindo para um almoço em família, um almoço tradicional onde todos da família iriam, então a mesma não pôde faltar, queria ter chamado Nicolle, mas sua mãe disse que não era certo no mom
Já nos caminhos de flores para a trilha que levava eles até o mar, Ryan se alongava para acordar melhor e raciocinar mais rápido para qualquer coisa. Ryan não pode esconder a empolgação quando avistou o lugar onde costumava se sentar com seu pai e por instinto agarrou a mão da menor e a puxou em direção ao lugar.Os dois não demoraram muito para ajeitar as coisas em cima da toalha que a garota de cabelos roxos havia comprado. Faltava um tempo para o tão esperado sol se pôr, então Nicolle começou a abrir o suco enquanto Ryan abria as caixinhas de frutas cortadas. Fazer aquele longo percurso tinha lhes dado um pouco de fome. E então resolveram conversar um pouco sobre a vida.— Talvez seja um pouco rude da minha parte perguntar isso, mas... o que aconteceu entre você e o Alec? — Ryan observou Nicolle se levantar tensa e ir caminhar próximo ao mar, Ryan fez o mesmo para a acompanhar.— O Alec... — Sua voz morreu enquanto o medo transbordava em seus olhos, uma lágrima solitária teimou em
Ryan acompanhou Nicolle em silêncio até a entrada do dormitório feminino assim que chegaram na escola. Eram oito e meia da noite, ainda estava consideravelmente cedo, então Nick o convidou para ficar ali pelo seu quarto mesmo até dar o toque de recolher. Tiveram que dar uma volta muito maior do que o normal para despistar os monitores, a única sorte era que o quarto de Nicolle era um dos últimos do corredor feminino. Muito fácil de um garoto entrar lá sem um monitor ver, por ser um corredor aberto direto para um pequeno bosque. Ryan riu ao pensar quantas meninas levavam companheiros ali sem os monitores verem. Ryan entrou no quarto com certo receio e trancou a porta, o que quer que fossem fazer ali dentro, não queria ter surpresas, não que fossem transar no quarto do colégio. Não, espera. O que Ryan estava pensando? Eles só tinham se beijado, por que iriam transar? Aquilo estava longe de ser uma opção no momento, mas ainda assim não queria ter surpresas. Céus, Ryan estava pensando
— Huh? — Ryan a olhou e voltou a se levantar. — Estou morrendo de preguiça de ir para o quarto, deixa eu ficar mais um pouquinho só anjo. Nicolle riu com o biquinho fofo que se formou nos lábios do "namorado" e então sorriu, cedendo aos encantos do mesmo. — Bom, Victoria não vai simplesmente deduzir que dormimos juntos, certo? — Ryan sorriu e abraçou Nick a puxando para a cama. — Vamos deitar mais um pouquinho antes de sairmos para comer. E então pegaram no sono, quando acordaram já era hora do almoço, o colégio continuava meio vazio na ala feminina. Ryan saiu do quarto da roxinha para que pudesse tomar um banho e então encontrar a sua quase namorada para almoçar com os outros amigos. O que não sabiam era que um par de olhos o observava de longe, ninguém havia reparado naquele serzinho que tirava foto de tudo desde o momento em que tinham chegado no colégio na noite anterior. Na hora do almoço, Ryan, Ethan e Victoria estavam sentados e esperando por Nicolle. Logo que Nick se sento
Dois anos atrás, Nicolle lavava os legumes para preparar a sopa junto a sua mãe enquanto a mesma preparava o arroz. Os cabelos da senhora Evans estavam perfeitamente amarrados em um coque, a cor escura era um contraste com a sua pele muito bem cuidada e clara, a senhora Evans era uma mulher muito bonita e bem jovem, com seus vinte e nove anos. Qualquer pessoa suspiraria hipnotizado com sua beleza. Ela poderia ser facilmente confundida com uma modelo, na verdade, já tinham a chamado para debutar como modelo ou atriz, mas toda vez que ela dizia que tinha uma filha faziam cara de desgosto e diziam que entrariam em contato, mas é lógico que nunca entravam. Charlotte Evans havia parido Nicolle em sua adolescência, aos seus quinze anos. Não tinha sido fácil para uma mulher adolescente e solteira ter uma filha, mas sua boa vontade e carisma evitavam que ela desistisse, além disso, ela teve Charles ao seu lado, um bom amigo que ajudou em tudo o que pode, mesmo tendo um filho que estava pres
— Mamãe. — Nicolle sussurrou ao ver a lápide da sua mãe com uma pequena foto dela sorrindo. — Feliz aniversário. — Nicolle sorriu em meio a lágrimas enquanto abria a caixinha do bolo e acendia a vela. — Eu sinto tanto a sua falta, mamãe, não consigo ser forte como te prometi. Eu... eu acho que não serei capaz de ser tão forte. Há momentos que eu sinto que vou simplesmente desmoronar e perder minha sanidade por completo. Seus olhos ardiam por conta do choro, ela mal conseguia respirar, o nariz já vermelho e entupido, os olhos um pouco inchados e as mãos trêmulas. Sua atenção foi puxada para um pequeno buque de rosas negras, fazendo com que Nicolle só chorasse mais forte e mais dolorosamente. Onde quer que ele estivesse, ele sabia que a amiga havia morrido. Charles sabia! E nem sequer havia ficado para ver Nicolle, não havia a procurado, ele havia simplesmente escolhido se manter afastado e no escuro. Aquilo foi como um soco no estômago da adolescente que ansiava desesperadamente por