Heloísa Moura As palavras de Vittorio ficaram ecoando na minha mente. "A única certeza que eu tenho com a volta da Liliane é que perdi o amor da minha vida." “O que me prendeu na Itália foi o lançamento do Passione, o espumante que desenvolvi junto a Heloísa.” Ele me olhava como se não houvesse mais ninguém na sala, como se quisesse que eu entendesse tudo o que estava por trás daquela frase. Mas eu não podia. Não depois de tudo. Engoli em seco e desvie o olhar, focando no prato à minha frente, mas a comida agora parecia sem sabor. Meu peito subia e descia com a respiração irregular, e minhas mãos tremiam levemente sobre a mesa. — É uma situação complicada hein, Vittorio?. — disse meu pai. — Mas o importante é que minha menina está bem cuidada e o bebê terá um pai presente. Pisquei algumas vezes, tentando absorver a situação. Vittorio continuava com os olhos fixos em mim, e o silêncio entre nós parecia gritar mais alto do que qualquer outra coisa. Como se ele pedisse p
Heloísa Moura Não consigo dormir direito, meu bebê está inquieto, como se sentisse a presença do pai. Sorrio com meu pensamento. O Vittorio está aqui, em minha casa, a praticamente um passo de distância. Involuntariamente levanto da minha cama e vou até o quarto no qual sei que ele está. Abro a porta devagar, sentindo um frio na barriga. A luz do corredor ilumina o quarto o suficiente para que eu veja a silhueta de Vittorio na cama. Ele está deitado de lado, respirando profundamente, como se estivesse realmente dormindo. Mas eu o conheço bem demais para acreditar nisso. Dou um passo hesitante para dentro, sentindo o coração acelerar. Meu bebê se mexe em meus braços, resmungando baixinho, e meu instinto é balançá-lo suavemente para acalmá-lo. Não quero acordar Vittorio, mas ao mesmo tempo, quero que ele acorde. Quero que me veja. Quero que perceba que estou aqui, assim como ele está. — Sei que você não está dormindo — murmuro, encostando-me no batente da porta. Por um momento
Heloísa Moura Vittorio não espera mais palavras. Ele me conhece o suficiente para saber que, apesar da minha hesitação, meu corpo já fez sua escolha. E quando seus lábios voltam a encontrar os meus, não há mais espaço para dúvidas. O beijo é diferente agora. Não há mais a pressa do momento anterior, mas sim a intensidade da saudade. Uma saudade que nos devora, que nos consome de dentro para fora. Meus dedos percorrem suas costas, sentindo a rigidez de seus músculos enquanto ele se inclina sobre mim, cobrindo meu corpo com o dele. — Deus, Heloísa… — ele murmura contra minha pele, sua boca deslizando pelo meu pescoço. Fecho os olhos, sentindo o calor que se espalha por mim, o arrepio que acompanha cada toque. Vittorio conhece cada centímetro do meu corpo, cada ponto sensível, cada suspiro que escapa antes mesmo que eu perceba. E ele usa isso contra mim, suas mãos explorando lentamente, como se quisesse reacender cada memória que tentei apagar. Meus quadris se movem em busca d
Vittorio Bianchi Acordo e sinto como se estivesse tendo um djavú, sentir o cheiro da Heloísa em meus braços é como se eu tivesse no paraíso, meu filho, se mexe me trazendo a realidade. Não foi um sonho, a Helô, está em meus braços, passamos a noite juntos, como se nada tivesse acontecido. Olho para baixo e vejo os fios dourados da Helô espalhados pelo meu peito. Sua respiração é tranquila, seus dedos entrelaçados aos meus. Meu coração aperta. Seis meses. Seis meses de distância, de mágoa, de noites em claro me perguntando se um dia voltaria a tê-la assim, tão perto. Mas a realidade me puxa de volta. Meu filho se remexe novamente como se procurasse pelo meu calor, O instinto me faz me mover, mas antes que eu possa me levantar, Helô suspira e se aninha ainda mais em mim. Meu corpo reage ao toque dela, como se nunca tivéssemos passado tanto tempo afastados. Fecho os olhos por um instante, absorvendo aquele momento que parece frágil demais, como se fosse desmoronar a qualquer seg
Vittorio Bianchi Retorno ao quarto e encontro a Heloísa um pouco ansiosa. — O que o papai queria? — pergunta. — Saber se sei o porque discutiu com o Augustus ontem. — Eu não discuti com ele, apenas ele achou que estava sobrando e foi curtir. — Como assim ele estava sobrando? — Ele também sabe que esse bebê é nosso, passa das mãos na barriga. Sento-me na beira da cama, observando Heloísa enquanto ela alisa a própria barriga. A suavidade do gesto me faz sorrir, mas sei que há muito mais acontecendo dentro dela do que apenas carinho pelo bebê. — Então… Augustus sabe de nós dois — comento, tentando não parecer tão satisfeito com essa informação, embora no fundo eu esteja. Ela assente, mordendo o lábio. — Ele percebeu sozinho. — E seu pai? Heloísa suspira e desvia o olhar. — Ainda não. Meu peito aperta. Não que eu esperasse que ela já tivesse falado, mas a incerteza me incomoda. — Você está preparada para isso? Para contar a ele? Ela solta um riso nervoso e
Hugo Moura Desde que o Vittorio chegou sinto algo estranho, primeiro a Heloísa estava arredia, acho que até magoada com ele e de repente os dois não se desgrudaram fico observando os dois até que Ava me chama. — Querida, você não acha estranho que o Vittorio e a Helô estão grudados demais não acha? Ava está ao meu lado, segurando uma taça de espumante, e sua expressão diz exatamente o que estou pensando. Meus olhos voltam para Heloísa e Vittorio, que parecem viver em um mundo próprio. Ela sorri para ele de um jeito que não vi antes, e ele a toca com tanta familiaridade que faz algo dentro de mim despertar. Cruzo os braços, franzindo a testa. — Também percebi — murmuro sem tirar os olhos dos dois. Ava arqueia a sobrancelha e inclina a cabeça levemente, analisando minha expressão. — E o que acha disso? Solto um suspiro e dou de ombros. — Acho… estranho. — Estranho como? Tomo um gole do meu próprio drink, tentando organizar meus pensamentos. Desde que Vittorio che
Heloísa Moura O olhar do meu pai pesa sobre mim como um julgamento silencioso. Ele não precisa dizer nada para que eu saiba exatamente o que está pensando. E, por Deus, eu não estou pronta para essa conversa.— Podemos conversar? — A voz dele é baixa, mas firme, carregada de algo que me faz engolir em seco.Lanço um olhar para Vittorio, que me observa em silêncio. Ele não diz nada, mas há algo nos olhos dele que me dá coragem.— Claro — murmuro, tentando esconder o nervosismo.Caminho com meu pai para um canto mais afastado. Sinto os olhares sobre nós, especialmente o de minha mãe, que provavelmente previu que isso aconteceria. Meu coração bate forte, mas mantenho a postura.Assim que paramos, meu pai se vira para mim.— O que está acontecendo, Heloísa?Seu tom não é acusador, mas há preocupação genuína em sua voz.Cruzo os braços, tentando manter minha expressão neutra.— Do que você está falando, pai?Ele solta um suspiro pesado, passando a mão pelo rosto.— Não me trate como um id
Vittorio Bianchi Caminho com a Heloísa pelas ruas de Nova Iorque e quando passamos pelo antigo prédio onde morei ela para bruscamente. — O que foi pequena?? — pergunto preocupado, imaginando que ela esteja sentindo alguma coisa. — O bebê está bem? Lembro que o Augustus me falou que ela não pode ter emoções fortes. — Sim, meu amor, é só que… Lembra quando você me balançava naquele balanço? Só então me dou conta que estamos em frente ao prédio onde por muitos anos foi meu lar. O lugar onde a Helô fugia, todas às vezes que seus pais a proibiam de algo. E essas lembranças me doem, pois lembro que sempre a vi como a filha do Hugo e agora ela é minha mulher.Por um instante, fico apenas observando Heloísa, perdida nas lembranças da infância. O brilho nostálgico em seus olhos faz meu peito apertar. Aquele balanço, aquele prédio, aquele passado... tudo era diferente agora. Ela não era mais a garota que fugia para minha casa em busca de refúgio. Ela era minha mulher. Minha.Seguro sua m