“Mia Bennett” Observo atentamente enquanto o presidente da fundação finaliza seu discurso. Há uma fileira de cadeiras no palco e, pelo lugar vazio, imagino que será onde Ethan logo estará sentado. Sorrio discretamente ao pensar em como ele odeia esse tipo de formalidade, mas sempre cumpre seu papel com perfeição. — Mia Bennett? — uma voz feminina me chama, interrompendo meus pensamentos. Ao me virar, encontro uma mulher de cerca de trinta anos, cabelos castanhos presos em um coque impecável e um sorriso profissional nos lábios. Ela estende a mão. — Caroline Lewis, da Chicago Life. Podemos conversar um momento? Reconheço o nome da revista, uma das publicações de sociedade mais influentes da cidade. Respiro fundo, tentando lembrar das dicas que li na internet. Aparentemente, sorrir e acenar não é o suficiente para pessoas como Caroline Lewis. — Claro — respondo, apertando sua mão com firmeza, assim como vi Ethan fazendo durante toda a noite. — Você e Ethan Hayes estão causando
“Ethan Hayes” Desço do palco sentindo uma estranha leveza. A parte formal da noite está concluída, e agora posso voltar para o que realmente importa: Mia. Enquanto ando entre as pessoas, procuro por ela, mas não a vejo onde a deixei. Me aproximo do bar, acreditando que ela possa ter ido buscar uma bebida, mas nada. Olho a área onde alguns funcionários da Nexus estão agrupados, e nada também. Uma inquietação estranha começa a surgir, me obrigando a pegar o celular rapidamente. Nenhuma mensagem. “Onde você está, perdição?” Envio a mensagem, guardando o celular no bolso novamente. Logo, vejo James cercado por algumas pessoas enquanto Lauren olha ao redor, provavelmente nos procurando. Para meu incômodo, Mia não está com eles. — Discurso excelente — James diz assim que me vê. — Obrigado — respondo, ainda procurando ao redor. — Vocês viram a Mia? — Ia te perguntar o mesmo. — Ele olha para trás de mim. Lauren imediatamente franze as sobrancelhas, notando minha inquietação. — Qua
“Mia Bennett” Acordo, e a primeira coisa que sinto é dor. Latejante, incômoda, como se uma orquestra inteira estivesse ensaiando dentro da minha cabeça. A segunda coisa é o frio. Muito frio. Tento abrir os olhos, mas minhas pálpebras parecem pesar toneladas. Quando finalmente consigo, pisco algumas vezes, tentando adaptar minha visão ao ambiente. — Onde estou? — murmuro, sentindo minha garganta arranhar. Memórias fragmentadas começam a surgir. O evento beneficente. Ethan subindo ao palco. Gabriel me oferecendo champanhe. A tontura repentina… Gabriel. A compreensão me faz engolir em seco. Não foi o calor. Ele me drogou. Me sequestrou. Mas… por quê? Tento me mexer e descubro que estou sentada em uma cadeira, meus pulsos amarrados para trás, tornozelos presos às pernas do assento. Olho ao redor, encontrando uma sala pequena e mal iluminada. Paredes de concreto, piso de cimento, uma única lâmpada fraca pendurada sobre mim, projetando sombras distorcidas pelo ambiente. Um porão? U
“Ethan Hayes” Enquanto estamos no escritório central de segurança da Nexus, onde Frank conseguiu reunir uma equipe tática em tempo recorde, meu celular vibra. Olho rapidamente. Número desconhecido. Uma única mensagem e uma foto em anexo. A imagem carrega devagar, como se o universo estivesse conspirando para prolongar minha agonia. Então, finalmente, a foto aparece e o ar parece ser sugado dos meus pulmões. Mia está amarrada em uma cadeira, com o rosto pálido e uma marca vermelha em sua bochecha. Seus olhos, mesmo na foto de baixa qualidade, transmitem medo. A raiva me consome imediatamente. — É ela? — James pergunta, se aproximando. Engulo em seco e viro o celular para ele. James prende a respiração e passa a mão pelo rosto. Sua expressão se contorce em fúria. — Filho da puta… — ele murmura. Abaixo da imagem, uma mensagem curta e direta: “5 milhões. Instruções a seguir. Sem polícia, ou ela morre.” Leio a mensagem mais uma vez, sentindo a raiva percorrer meu corpo. A mar
“Mia Bennett” Meu rosto ainda arde dos t***s que Miranda me deu durante a ligação. O primeiro acertou minha bochecha já dolorida. O segundo, mais forte, veio com o bônus do anel de diamante que ela usa, abrindo um corte que agora sangra e pinga no meu vestido. — Sua piranha insolente! — ela vocifera, guardando o celular no bolso do casaco. — Mais uma gracinha dessas e vou garantir que recebam um dedo seu pelo correio. Engulo a resposta que ameaça escapar. Preciso ser inteligente. Provocá-la não vai me ajudar a sair daqui. Gabriel caminha inquieto de um lado para o outro, checando repetidamente seu celular. Ele parece cada vez mais desconfortável com a situação, lançando olhares discretos em minha direção que Miranda não percebe. — Agora é só esperar — ela continua, sem disfarçar a impaciência. — O dinheiro logo estará em nossas mãos, e então… liberdade. — E quanto a ela? — Gabriel pergunta, apontando para mim com um movimento de cabeça. Miranda me encara como se avaliasse um ob
Miranda para na minha frente, o sorriso em seus lábios se alargando. Há uma frieza em seus olhos que me faz estremecer mais do que qualquer grito poderia.— Sabe o que é mais patético, pequena ratinha? — ela pergunta, puxando uma arma de dentro do casaco. — Ethan realmente está disposto a sacrificar tudo por você. Todo o império que construiu, sua reputação, possivelmente até a própria vida.Mantenho meus olhos fixos nos dela, mesmo quando o cano frio da arma pressiona minha têmpora.Posso até morrer essa noite, mas nunca darei a ela o gostinho de me ver implorar.— O que aconteceu lá fora? — Gabriel pergunta, olhando pela janela novamente.— Parece que alguém quis bancar o herói e trouxe reforços — ela diz, sem tirar os olhos de mim. — Idiota! Avisei o que aconteceria se ele envolvesse a polícia.Meu olhar encontra o de Gabriel. Ele me encara de um jeito diferente. Como se estivesse tomando uma decisão.— Miranda, isso já foi longe demais — ele diz, dando um passo à frente. — Ninguém
“Ethan Hayes” O mundo ao meu redor parece girar em câmera lenta enquanto seguro Mia inconsciente em meus braços. O sangue dela encharca minha camisa, quente e viscoso contra minha pele. — Mia, abra os olhos — peço, minha mão tremendo ao dar um leve tapa em seu rosto. — Por favor, perdição. Abra os olhos, não me deixe. — Filha… acorda — James murmura ao meu lado, tocando sua mão. Os paramédicos invadem a sala, dividindo-se rapidamente entre Gabriel e Mia. Me afasto apenas o suficiente para que possam trabalhar. — Ferimento por arma de fogo, entrada posterior, possível saída pelo tórax anterior — um deles informa, cortando o tecido do vestido para acessar o ferimento. — Precisamos estabilizá-la. Passo a mão pelos cabelos, olhando enquanto ele continua. Atrás de nós, Frank supervisiona a situação com Miranda. Ela está no chão, algemada, gemendo de dor pelo ferimento no ombro, cercada por policiais. O segundo tiro que dispararam acertou sua coxa quando tentou reagir após atirar em
O médico nos encara por um momento que parece uma eternidade. Seu rosto está cansado após horas na sala de cirurgia, mas seus olhos permanecem alerta. — Ela sobreviveu à cirurgia — ele finalmente diz, e sinto meus joelhos fraquejarem com o alívio. — O projétil perfurou o pulmão esquerdo e causou danos significativos, mas conseguimos estabilizá-la. Houve uma perda substancial de sangue, o que nos preocupou bastante durante o procedimento. — Mas ela vai ficar bem? — James pergunta, claramente preocupado. O médico suspira, ajustando os óculos. — As próximas 24 horas serão críticas. Ela ficará na UTI, sedada e em ventilação mecânica para permitir que o pulmão comece a se recuperar. — Ele faz uma pausa, alternando o olhar entre mim e James. — Preciso ser honesto: a paciente ainda não está fora de perigo. Existe risco de complicações, mas ela é jovem e aparentemente saudável, e isso favorece a situação dela. — Podemos vê-la? — pergunto, mal reconhecendo minha própria voz. — Somente p