Por um momento, apenas encaro Ethan, tentando processar suas palavras. A ideia dele se afastando, mesmo que temporariamente, faz meu peito apertar. Mordo o lábio, sentindo as lágrimas voltarem. Primeiro os rumores, agora isso. É como se tudo estivesse desmoronando ao mesmo tempo. — Eu… não consigo ficar aqui sem você — as palavras escapam antes que eu possa contê-las. — Você não vai ficar sem mim, perdição — diz, acariciando meus dedos. — Ethan… isso não é exatamente o que meu pai quer? — pergunto, tentando manter a voz firme apesar do nó na garganta. Ele solta um suspiro pesado antes de se sentar ao meu lado no sofá. Com um movimento suave, me puxa para o seu colo e começa a acariciar meus cabelos. — Não estou fazendo isso por ele — murmura contra minha têmpora. — Estou fazendo porque precisamos. Precisamos dar um tempo para nós três. Não podemos continuar fingindo que está tudo bem quando claramente não está. Você não está bem. Eu não estou bem. Abaixo o olhar, assentindo dev
“Ethan Hayes”Antes que eu tenha tempo de reagir, Mia a chama, atraindo a atenção da minha irmã.Lauren abre um sorriso imediatamente, se aproximando enquanto me analisa de cima a baixo antes de balançar a cabeça.— Oh, meu Deus! — exclama, arregalando os olhos dramaticamente. — James realmente acabou com seu lindo rostinho.Reviro os olhos, já esperando esse comentário, mas antes que eu possa responder, Mia se adianta e abraça minha irmã.— Como foi a viagem? — pergunta assim que se soltam.— Cansativa e irritante. Mas os jantares e os pagamentos compensaram o estresse daquela decoração — Lauren responde, estreitando os olhos para mim. — Por falar em jantar… vocês pretendem ficar aqui, no meio do estacionamento?Solto um suspiro e Mia sorri.— Claro que não, vamos subir — ela responde, entrelaçando nossos dedos.Quando nos aproximamos dos elevadores, Mia aperta minha mão antes de parar.— Só preciso passar no meu apartamento para trocar de roupa — informa, soltando minha mão. — Encon
“Mia Bennett” Observo Ethan negar educadamente a bebida oferecida pela aeromoça pela terceira vez, desde que embarcamos. Seu maxilar está tenso, os dedos tamborilando discretamente no braço da poltrona. Fecho meu livro e apoio a cabeça em seu ombro, entrelaçando nossos dedos. — Você está tenso — murmuro, sentindo-o relaxar um pouco com o toque. — É tão óbvio assim? — Só para quem te conhece bem — respondo, sorrindo. — Especialmente após esses dois dias tão… leves. É impossível negar o quanto foi libertador passar dois dias em Nova York, longe dos olhares, dos comentários maldosos pelos corredores da Nexus e do incômodo do desprezo do meu pai… Dois dias sendo apenas nós. — Foram perfeitos — ele diz baixo, beijando minha testa. — Mas agora… — Agora você vai ver sua mãe, e ela ficará feliz… — interrompo suavemente. — O resto pode esperar. Um dia de cada vez. — Como você consegue ser tão otimista? — Você me ensinou a ser assim — respondo, encarando-o séria. — A confiar em você
“Ethan Hayes” A casa continua exatamente como me lembro. As mesmas cores, as mesmas plantas, os mesmos quadros nas paredes — cada um retratando um dos projetos mais importantes do legado Hayes. Mais de trinta anos de trabalho da minha família expostos como um museu particular de sucessos. Lauren entra primeiro, anunciando nossa chegada em voz alta. Mia aperta minha mão quando hesito na porta, e é tudo que preciso para dar o primeiro passo. — Ethan? A voz da minha mãe ecoa pela sala, tremida e incerta. Segundos depois, ela aparece no corredor. Seus cabelos estão um pouco mais curtos do que me lembro, mas seus olhos… são os mesmos que me observaram crescer. — Oi, mãe — digo baixo, sentindo um nó se formar em minha garganta. Ela não responde. Em vez disso, atravessa a distância entre nós em passos rápidos e me abraça. O perfume dela, o mesmo de sempre, me atinge como uma onda de memórias que permaneceram esquecidas por tanto tempo. — Meu menino — murmura contra meu peito, e perce
Mia e eu descemos as escadas devagar, os dedos entrelaçados, apreciando a calmaria apesar de tudo. Quando chegamos ao último degrau, as vozes animadas se misturam ao cheiro de comida caseira que se espalha pela casa. Por um instante, sou transportado para anos atrás, quando esses encontros eram comuns para mim. Ao chegarmos à sala de estar, minha mãe está sentada no sofá, rindo com Magnólia, minha tia materna, e George, seu marido. Seu olhar se ilumina assim que nos vê. — Ah, finalmente! — Minha mãe exclama, abrindo os braços. — Estávamos começando a achar que vocês tinham decidido ir dormir. George se aproxima e me dá um aperto de mão firme antes de me puxar para um abraço. — Bom te ver, garoto. Magnólia se levanta rapidamente e solta um suspiro dramático antes de se aproximar de nós. — Meu Deus, Ethan! Cinco anos sem aparecer e você acha que um jantar basta? — Ela segura meu rosto entre as mãos antes de me puxar para um abraço forte. — Você me deixou esperando por tempo dem
“Mia Bennett” As conversas e risadas ainda ecoam pela mesa, quando Catherine se levanta com um sorriso caloroso. — Alguém aceita um café na sala de estar? Tenho uma torta de maçã para acompanhar. Sinto o olhar de Ethan sobre mim imediatamente. Seus olhos verdes me questionam silenciosamente: queremos continuar ou encerrar a noite por aqui? Retribuo seu olhar, implorando sem palavras. Estou exausta. Dois dias intensos em Nova York seguidos por essa viagem a San Francisco consumiram minhas energias. E, honestamente, não estou disposta a enfrentar mais uma rodada de perguntas invasivas ou comentários sutilmente hostis — especialmente de Lily, que não parou de me analisar durante todo o jantar. Ethan estreita levemente os olhos, entendendo meu pedido silencioso. — Vamos passar essa, mãe — ele diz num tom firme, que não deixa espaço para contestações. — Acho que já socializamos o suficiente por hoje. Catherine franze o cenho, levemente desapontada, mas assente. — Bem, ent
“Ethan Hayes” O som de passos lentos, calculados, ecoa pela casa, quebrando o último vestígio de leveza da manhã. Não preciso virar o rosto para saber que é ele. É como se meu corpo entrasse em alerta, sempre se preparando para o próximo embate. O silêncio que se instala diz tudo. Minha mãe para de mexer a xícara. Meus tios interrompem a conversa. Mia, ao meu lado, fica tensa. E então, ele aparece. Cinco anos. Cinco anos e ele continua o mesmo. O mesmo olhar frio. O mesmo terno impecável. A mesma energia de alguém que mede tudo ao redor para garantir que nada esteja fora do lugar. E a primeira coisa que ele faz não é me encarar. Seu olhar percorre a mesa primeiro, como se avaliasse quem está presente. Como se essa fosse a prioridade. Até que, finalmente, seus olhos recaem sobre mim. Um segundo. Dois. Três. — Então, decidiu aparecer — diz, sem qualquer traço de emoção. Como se tivéssemos nos visto ontem e não há cinco anos. Não reajo imediatamente, e isso parece chamar a a
“Mia Bennett” Assim que nos levantamos do banco de pedra, Ethan segura minha cintura com uma familiaridade que me causa arrepios. Seu olhar intenso se fixa no meu e, por um momento, esqueço completamente da ideia que tive. — Não sei qual foi sua ideia para me relaxar — ele sussurra contra meu ouvido, me puxando para mais perto — mas sei de uma excelente maneira de fazer isso lá em cima, no meu quarto… na minha cama. Sinto minhas bochechas queimarem e disfarço, soltando uma risada baixa. — Você é terrível! — digo, dando um leve empurrão em seu peito. — Realmente uma excelente ideia, mas não quero ser expulsa da sua família antes mesmo de entrar nela oficialmente. — Uma semana, Mia — dramatiza, deslizando os dedos pela minha cintura. — Sete dias inteiros sem absolutamente nada. — E você está sobrevivendo muito bem — provoco, arqueando a sobrancelha. — Finjo muito bem, meu amor. Porque estou à beira do colapso. — Em breve te recompenso — digo, dando-lhe um beijo rápido. — Vou co