“Mia Bennett” Assim que nos levantamos do banco de pedra, Ethan segura minha cintura com uma familiaridade que me causa arrepios. Seu olhar intenso se fixa no meu e, por um momento, esqueço completamente da ideia que tive. — Não sei qual foi sua ideia para me relaxar — ele sussurra contra meu ouvido, me puxando para mais perto — mas sei de uma excelente maneira de fazer isso lá em cima, no meu quarto… na minha cama. Sinto minhas bochechas queimarem e disfarço, soltando uma risada baixa. — Você é terrível! — digo, dando um leve empurrão em seu peito. — Realmente uma excelente ideia, mas não quero ser expulsa da sua família antes mesmo de entrar nela oficialmente. — Uma semana, Mia — dramatiza, deslizando os dedos pela minha cintura. — Sete dias inteiros sem absolutamente nada. — E você está sobrevivendo muito bem — provoco, arqueando a sobrancelha. — Finjo muito bem, meu amor. Porque estou à beira do colapso. — Em breve te recompenso — digo, dando-lhe um beijo rápido. — Vou co
Sorrindo, aproximo meu rosto do dele e o beijo suavemente. Quando nos afastamos, Ethan me puxa para deitar, e eu me aconchego em seu peito enquanto observo o céu sobre nós. O vento sopra suavemente pelo lago e o calor do corpo dele sob minha pele é uma das sensações mais tranquilizantes que já experimentei. Sinto seus dedos deslizando suavemente pelo meu cabelo, em um movimento quase distraído. Sua respiração está calma e percebo que ele também está perdido em pensamentos. — Você sabia que nunca fiz isso antes? Levanto um pouco a cabeça, apoiando o queixo em seu peito para encará-lo. — Isso o quê? — Pedir alguém em namoro. — Ele desliza os dedos pelo meu braço, traçando caminhos invisíveis em minha pele. — Achei que estávamos namorando. — E estamos. Mas nunca te pedi oficialmente. Ethan se vira de lado, ajustando nossos corpos para ficarmos frente a frente. — Sabe, tomei apenas duas grandes decisões na vida, decisões que mudariam tudo — diz, segurando minha mão. — A primeir
“Ethan Hayes” As palavras do meu pai ressoam em meus ouvidos enquanto solto a mão de Mia. Cinco anos de silêncio, e ele continua o mesmo. Respiro fundo, sentindo o sangue pulsar em minhas têmporas. Cansei de tentar ignorar. Desta vez, ele vai me ouvir. Quando entro na sala, encontro meus pais e Lauren sentados no sofá, alheios ao fato de que as palavras do meu pai acabaram de reacender um incêndio dentro de mim. — Interessante ouvir isso. — Minha voz sai mais alta do que eu pretendia, mas não faço esforço para suavizá-la. — Pelo menos assim, sua decepção comigo não é completa. Três pares de olhos se voltam para mim, surpresos com minha entrada abrupta. Minha mãe é a primeira a se recuperar, levantando rapidamente. — Ethan, querido… — ela começa, mas eu a interrompo. — Não, mãe. Quero ouvir dele. — Meu olhar não deixa o rosto de meu pai, que permanece impassível como sempre. — Quinze anos provando meu valor e cinco tentando esquecer que meu próprio pai não consegue ver além dos
Hesito antes de pegar o envelope das mãos dele. É surpreendentemente pesado para algo tão fino. Ou talvez seja somente o peso invisível do que representa. Deslizo o dedo sob a aba e abro cuidadosamente. Dentro, encontro documentos com o timbre da Hayes & Associados no cabeçalho. Franzo o cenho enquanto começo a ler. Não são papéis de transferência ou contratos, como imaginei a princípio. É uma proposta detalhada para uma parceria estratégica entre a Hayes & Associados e a Nexus. Levanto os olhos, encontrando o olhar atento do meu pai. — Não entendi o que o senhor quer com isso — digo finalmente, virando mais uma página. — É bem simples, na verdade. — Abraham se apoia na borda da mesa. — A empresa está crescendo, assumindo projetos internacionais, expandindo para novos mercados. Lauren trouxe uma nova dimensão com seu trabalho em design de interiores, mas… — Mas…? — Sempre fomos fracos na gestão empresarial e nas questões jurídicas. — Há um traço de ironia em sua voz. — Sou um
Assim que termina de falar, Lauren sai apressada pelo corredor. Troco um olhar rápido com meu pai, que gesticula para a porta, e seguimos os passos dela. Tudo o que passa pela minha cabeça é Mia e a possibilidade de algo ter acontecido com ela. Mas, quando chegamos à sala de estar, a cena que encontro me faz parar no meio do caminho. Lauren está literalmente empurrando Mia para o sofá. Minha namorada, com os olhos arregalados de surpresa, cai sentada, rindo, ainda tentando entender o que passa na cabeça da cunhada. — Lauren! — exclamo, me aproximando rapidamente. — Que merda você está fazendo? Minha irmã se vira para mim com um sorriso travesso, sem nenhum vestígio da urgência desesperada de momentos atrás. — Ah, vocês me surpreenderam lá dentro… — Ela solta os ombros de Mia, que se endireita, ajustando a blusa. — Tive que improvisar. — Improvisar? — repito, alternando o olhar entre Lauren e Mia, que parece tão confusa quanto eu, embora ainda esteja rindo. — Claro! Fui a
“Mia Bennett” O sol mal começou a aparecer no horizonte quando coloco a última peça de roupa na mala. Desvio o olhar para Ethan, que está parado junto à janela, observando o jardim. Desde a conversa com Abraham, algo mudou nele. Não de forma dramática ou evidente para quem não o conhece bem, mas, para mim, é como se todos os músculos que estiveram tensos por anos começassem finalmente a relaxar. — Acha que esquecemos alguma coisa, amor? — pergunto, fechando o zíper da mala. Ethan se vira para mim, sorrindo. — Além das vinte perguntas que a tia Eliza fez sobre nosso relacionamento e que prometi responder por e-mail? Rio, lembrando da senhora idosa que, ontem, passou boa parte do jantar de aniversário de Catherine me interrogando sobre casamento e possíveis “pequenos Hayes”. — Ela é persistente. — Característica de família — ele responde, aproximando-se para ajudar com a mala. A casa está silenciosa quando descemos as escadas. Ao chegarmos à sala de estar, encontramos C
O sol invade o quarto por entre as frestas da persiana, desenhando linhas douradas na cama. Ethan dorme tranquilamente ao meu lado, um braço sobre minha cintura e o outro sob minha cabeça. Me viro lentamente para admirar meu namorado. Sua respiração é calma, os cabelos claros caem sobre a testa e ele parece completamente alheio ao caos dentro de mim. Hoje voltamos oficialmente à realidade. Sete dias se passaram desde nossa volta de San Francisco. Sete dias dentro do nosso próprio mundinho, onde fingimos que os problemas lá fora não existiam. Sete dias de filmes ruins, café da manhã na cama e conversas estendidas nas varandas dos nossos apartamentos. O alarme toca e Ethan geme, enterrando o rosto nos meus cabelos. Desligo rapidamente o aparelho. — Bom dia, dorminhoco — sussurro, beijando seu rosto. — Não. — Ele resmunga, puxando o edredom para cobrir a cabeça. — Não existe bom dia às seis da manhã. É cientificamente impossível. — Hoje é o grande retorno, lembra? Rio, p
Departamento Jurídico. Décimo andar. O território de James. As portas do elevador se abrem, revelando um ambiente completamente diferente do que estou acostumada. O silêncio é quase absoluto. Homens e mulheres de terno se movem como engrenagens de uma máquina perfeitamente calibrada. Um homem de meia-idade, de óculos de aro fino, se aproxima rapidamente. — Srta. Bennett? Sou Arthur Pearson, advogado sênior. O Sr. Bennett pediu que eu a orientasse. — Ele me examina da cabeça aos pés e sua expressão deixa claro o que pensa. — Talvez queira usar roupas mais… apropriadas amanhã. Temos um código de vestimenta aqui. Sinto minhas bochechas queimarem. Estou vestindo uma blusa de seda leve e uma saia social, mas, claramente, não pertenço a este lugar. — Onde posso encontrar o Sr. Bennett? — pergunto, ignorando suas palavras. — Em sua sala. — Ele olha o relógio. — Mas sugiro que se instale em sua mesa primeiro. Posso mostrá-la? — Preciso falar com ele agora. Obrigada. Ignoro seu olhar