“Ethan Hayes”Odeio esse tipo de evento. Odeio as conversas superficiais, os sorrisos falsos, a necessidade de socializar. Mas hoje, especialmente, odeio não poder ficar perto da minha mulher.Forço um sorriso enquanto Richard fala sobre sua mais nova aquisição, mas meus olhos continuam percorrendo o salão. Já faz tempo demais que não vejo Mia, e isso me preocupa.— Vou pegar outro whisky — interrompo-o, me afastando sem me importar em parecer rude.Mas antes que eu possa procurar por Mia, sinto um braço entrelaçando o meu. O perfume doce demais me faz tensionar imediatamente. Claro que Miranda não desistiria facilmente, mesmo tendo-a dispensado assim que cheguei aqui.— Ethan — a voz de Miranda me faz virar o rosto para encará-la. — O coquetel está realmente…— Agora não — interrompo-a, puxando meu braço. — Não estou com paciência para seus joguinhos hoje.— Novidade… — ela diz, revirando os olhos. — Você nunca tem paciência para mim, mas para sua assistente…— Não começa, porra — di
Reviro os olhos antes de me virar. Encontro minha irmã segurando uma taça de champanhe, me encarando com um sorriso provocador nos lábios. Nem aqui consigo me livrar de suas provocações. — O que você está fazendo aqui? — pergunto, tentando disfarçar minha irritação. — Já que o meu irmão não se deu ao trabalho, James me convidou durante a semana — ela dá de ombros. — Por falar nisso, ele está te procurando. Foi bom que decidi vir atrás de você, e não ele. — Lauren… — É sério, Ethan — ela me interrompe, num tom mais firme. — Vocês precisam tomar mais cuidado. Principalmente em eventos como esse. — Não estávamos fazendo nada de mais — respondo, ajeitando a gravata. — Aos olhos de qualquer pessoa, era apenas um chefe e sua assistente conversando. — Claro… porque você sempre olhou para todas as suas assistentes como se fossem… únicas, não é? — provoca, arqueando uma sobrancelha e rindo. Tento me manter sério, mas Lauren tem um talento único para me irritar e, ao mesmo tempo, me fazer
Sinto Mia congelar ao meu lado. Pelo sorriso de Miranda, está claro que ela nos seguiu até aqui, esperando o momento certo para nos confrontar. — Miranda… — Mia começa, mas sua voz falha. — Não se preocupe, querida. — Miranda sorri, desencostando-se da parede. — Eu já sabia. Os olhares de vocês essa noite… — Ela balança a cabeça. — Tão óbvios. — O que você quer? — pergunto. — Como se você não soubesse, Ethan… — Ela dá um passo em nossa direção. — Porque eu te avisei, não foi, Mia? Deixei claro que, se esse casinho continuasse, as fotos iriam parar nas mãos de James. Meu maxilar se contrai involuntariamente, e dou um passo à frente, mas Mia segura meu braço, me impedindo de continuar. — Que bonitinho. A ratinha tentando te controlar. — Ela provoca. — Bem, já que vocês decidiram continuar com essa palhaçada, não vejo mais motivos para guardar o segredinho sujo de vocês. — Se você contar para o meu pai… — Mia começa, tentando manter a voz firme. — Você vai fazer o quê? — Miranda
“Mia Bennett”Meu coração bate tão forte que Ethan deve conseguir facilmente ouvir, porque seus dedos apertam um pouco mais os meus.Tento respirar fundo, mas o ar parece preso na garganta e o espaço fechado do elevador só piora as coisas.Finalmente, a mentira chegará ao fim. Finalmente, vamos assumir nosso relacionamento, acabar com o medo constante do flagrante… Então, por que esse medo continua aqui?Quando as portas se abrem, soltamos nossas mãos ao mesmo tempo, como um reflexo automático. Nos misturamos entre os convidados enquanto procuramos meu pai.Então, o vejo.James está do outro lado do salão, conversando animadamente com um grupo de homens, provavelmente contando uma de suas piadas sem graça.Mas o sorriso em seu rosto é tão verdadeiro, tão relaxado, que me faz travar. E se essa for a última vez que o vejo assim antes de tudo mudar?Seguro o braço de Ethan, fazendo-o parar ao meu lado. Ele me olha imediatamente, franzindo as sobrancelhas.— Algo errado, meu amor? — ele p
Acordo sentindo beijos suaves em meu pescoço. Sorrio, ainda de olhos fechados, enquanto os braços de Ethan me apertam um pouco mais contra seu peito. — Bom dia — murmuro, me virando para encará-lo. — Bom dia, perdição — ele sorri antes de me beijar. Correspondo ao beijo preguiçosamente, aproveitando a sensação de acordar assim. É engraçado como, em tão pouco tempo, isso se tornou tão natural, tão… nosso. — Que horas são? — pergunto, me dando conta de que já está claro demais, e que Ethan parece já ter acordado há mais tempo. — São dez horas. — Nossa, dormi demais — afirmo, passando a mão no rosto. Então, a lembrança me faz sentar rapidamente. — Meu pai vem para o almoço, preciso ir para casa. — Ou… — ele me puxa de volta, beijando meu pescoço. — Podemos tomar um banho primeiro. — Hum… — mordo o lábio, fingindo pensar. — Acho que é uma ótima ideia, mas não podemos demorar. — Prometo que não vou te atrasar… muito. — Você não é muito bom com promessas. — Não é minha culpa — el
O grito do meu pai ecoa pela sala, fazendo meu corpo inteiro tremer. Seus olhos percorrem a cena mais uma vez: eu enrolada na toalha, Ethan na mesma situação que a minha… mesmo que quiséssemos, é impossível negar.— Pai… — começo, mas ele levanta a mão, me impedindo de continuar.— Não — ele me corta, sem desviar os olhos de Ethan. — Não é você que precisa explicar alguma coisa aqui.— James, não é o que você… — Ethan tenta falar, mas não termina.Meu pai se move antes que qualquer um de nós possa reagir. Dois passos e um soco atinge Ethan com força suficiente para fazê-lo cambalear para trás, batendo na parede. Sem dar tempo para ele se recuperar, meu pai parte para cima dele novamente.Meu grito surpreso fica preso na garganta enquanto assisto à cena diante de mim. Ele não para. Outro golpe. E mais um. O sangue escorre do supercílio de Ethan, pingando no chão de mármore. Ainda assim, ele não se defende, apenas permite que meu pai descarregue sua raiva.— SEU FILHO DA PUTA! — meu pa
Sinto meu sangue gelar. A ameaça, dita de forma tão fria e calculada, parece congelar o ar ao nosso redor. — Pai — minha voz sai trêmula —, não foi assim… — Não? — ele se vira para mim. A dor em seus olhos é devastadora. — Se ele não sabia quem você era, é impossível que tenha decidido agir sem… — Mil dólares — Ethan o interrompe, finalmente admitindo a verdade. — Foi o valor que deixei. O som que escapa da garganta do meu pai é quase animal. Suas mãos se fecham em punhos novamente, e instintivamente dou um passo em sua direção, temendo que ele parta para cima de Ethan outra vez. Mas, por um momento, ele não se move. O que é pior. Porque consigo ver em seus olhos algo se quebrando. A confiança, o respeito, anos de amizade… tudo reduzido a cinzas. Então, num movimento tão rápido que mal consigo acompanhar, meu pai avança e empurra Ethan contra a parede com tanta força que o quadro atrás dele treme. Ele levanta seu punho novamente, e sei que dessa vez ele não vai parar. Não até
Minhas pernas tremem tanto que preciso me apoiar na parede. Só agora percebo que estou chorando de novo.— Mia… — Ethan se aproxima, tocando meu braço.— Não. — Me afasto, limpando o rosto com raiva. — Ele tem razão.— Não tem, meu amor.— Tem, sim — insisto. — Destruímos tudo. A confiança dele, nossa relação com ele… Como vamos consertar isso?— Vamos dar tempo a ele — Ethan responde, tentando se aproximar novamente.Dessa vez, não me afasto. Deixo que seus braços me envolvam enquanto as lágrimas continuam caindo.— Tempo? — repito, sentindo o peso da situação. — Você viu o olhar dele. A decepção…— Vi — ele suspira, beijando o topo da minha cabeça. — E vou ter que conviver com isso. Com a certeza de que traí a confiança do meu melhor amigo.Fecho os olhos com força, me lembrando das palavras do meu pai. Perfeitos um para o outro. Destruindo quem confia em nós.— E se ele nunca nos perdoar? — pergunto, minha voz quase um sussurro.— Então teremos que aprender a viver com isso — Ethan