Alana tentou não se deixar abater pelo fato de que ele olhou diretamente para si quando disse aquilo, especialmente quando ele começou a se afastar.
— Aonde você vai? — perguntou, antes que qualquer outro pudesse. Ian, que havia dado apenas alguns passos para longe, virou-se e sorriu. Mas foi olhando para Vincent que ele respondeu:
— Aonde você acha que vou?
Alana não entendeu o que ele quis dizer, tampouco gostou do tom em como ele disse, mas Vincent e Lisandra sim. Lisandra praticamente jogou-se em Ian, segurando-o pelo braço com desespero, enquanto Vincent parecia enfim abandonar a fachada de falsa calma e passava as mãos pelo cabelo nervoso.
— Você não pode ir atrás dele, Ian. — Lisandra suplicou, Ian arqueou uma sobrancelha, zombeteiro.
— Não? — i
— Você pode não acreditar, mas não faz tanto tempo assim que Ian, ou qualquer um de nós, começou a fazer drifiting. — começou com a voz normal, e sabia que mesmo estando com os olhos na pista, Alana prestava total atenção ao que falava. — Claro, Ian sempre teve essa coisa com carros e corridas que vêm desde muito novo, mas correr mesmo... praticar o drift, ele só começou aos dezesseis. E, obviamente, sendo quem é ele não seria nada que não excelente atrás de um volante. — suspirou longamente, balançando a cabeça. — Isto, é claro, assim como fascinou, irritou bastante gente.— Deixe-me adivinhar... Cam? — Alana disse, hesitante, e Lisandra assentiu.— Sim. Ele é dois anos mais velho, sabe... Quando a Trindade e eu chegamos ao mundo das corridas, ele já e
— Vincent estava dramatizando. Ele nem percebe que faz isso quando está nervoso. — esclareceu, e Alana assentiu meio ausente. — Você está bem? — perguntou ao notar como ela parecia pálida.Alana pensou em responder, mas qualquer coisa que dissesse que não fosse uma negativa, soaria falso. Não estava bem, não se sentia bem. Saber de tudo aquilo, saber que Yara morrerá por causa de algo tão... egoísta, mesquinho como vingança lhe estava embrulhando o estomago. Saber que Ian se culpava por algo que estava além do controle dele lhe dava raiva.Ian. Pensar nele, em toda culpa e dor que ele reprimia dentro de si fez apenas com que mais lágrimas escorressem silenciosamente por sua face.— Por que ele não me contou? Por que manter isso em segredo de mim? — disse, mais para si mesma do que para Lisa
— Por favor mocinha, se afaste um pouco. Preciso limpar os ferimentos e checá-lo mais uma vez, antes de chegarmos ao hospital. — alguém disse ao anjo.Sim, um anjo. Ian achava que era um anjo; ainda que não pudesse ver seu rosto com clareza, a voz certamente era de um anjo. Um anjo triste e que chorava.Ian queria pedir para o anjo não chorar por ele. Para o anjo não chorar nunca mais. Não queria ser a causa das lágrimas de um anjo, especialmente daquele anjo de voz suave.O anjo se afastou como lhe foi pedido e sentiu que poderia ter gritado em protesto a aquilo se a escuridão com a qual vinha lutando não o golpeasse forte.A última coisa que sua mente registrou, meio turva pelas dores, foram às palavras carinhosas do anjo, longe de sua vista embaçada, e então um barulho alto, parecid
“O que você acha que vou fazer? Vou quebrar a cara dele, é obvio! Vou bater tanto naquele desgraçado que quando eu acabar, ele vai estar com amnésia e não vai nem lembrar do nome da minha irmã.” respondeu e Vincent ergueu o punho no ar, como que afirmando que estava de completo acordo com aquilo. David balançou a cabeça.“Bom, isso seria típico de você, não?” alguém falou e os três rapazes giraram no banco apenas para encarar uma Lisandra, com uma sobrancelha arqueada, os encarando de volta. Ian sorriu em saudação para ela, e a loira suspirou, deslizando para o banco ao lado de David e tomando a bebida dele. “Mas acho que não vai funcionar, de qualquer maneira. Yara está cega!”“Você falou com ela?” Ian perguntou, e Lisandra assentiu, batendo o copo de David no balcão
— Nem tanto. — foi Vincent a dizer, pegando as três garotas de surpresa. — O quê? É verdade. Ian não deu as caras no velório da irmã e então depois sumiu das vistas dos jornalistas e quando volta é por causa de um acidente. É bastante óbvio que eles vão fazer muitas suposições e tentar ligar os fatos. Honestamente, tentativa de suicídio é a menos criativa delas.Enquanto as três garotas emudeciam diante dos fatos, Valério reprimiu o sorriso de orgulho que queria deixar escapar a seu irmãozinho. Ao invés de sorrir e, provavelmente, assustar todos os quatro adolescentes na sala até a morte por que Valério Bennie não era alguém que sorria, o diretor da UHS simplesmente estendeu a sacola preta a seu irmão.— Lhe trouxe algumas roupas, achei que poderia precisa
“Seus olhos.” Ela disse. “Não são os olhos de alguém que está apaixonado por mim, mas sim de alguém que quer se apaixonar por alguém. Não se preocupe Vincent, você ainda vai encontrar a garota certa. ”Vincent não disse nada. Ele também não havia entendido a súbita vontade de dizer a Yara que a amava; mas no fim deu de ombros e foi para junto de David, encostado em seu carro parado ao fundo. Vincent não sabia ainda, mas aquilo era uma despedida. E aquele ‘eu te amo’ foi algo instintivo, como se no fundo de sua consciência algo o estivesse alertando que aquela noite não iria acabar bem, e que ele não podia deixar que acabasse sem dizer adeus a Yara. Seu ‘eu te amo’, foi um adeus.Ian subiu o vidro quando Vincent se afastou e respirou fundo. “Você está bem
— Eu não vou ir embora. — repetiu, o mais calmo e baixo que pode. Não estava a fim de sentir outra dor intensa na garganta, aquilo ardia feito o inferno!Frederick então perdeu a paciência e começou a falar e falar. Dizia o quão irresponsável e cabeça dura Ian estava sendo, e que não havia maneira no inferno de que ele estava indo a concordar com a permanência dele em Tóquio. Ele falava rápido, por vezes puxando o cabelo e parecia realmente irritado. Do contrário do que muita gente estaria, Ian não estava nem um pouco assustado. Chocado era a palavra mais correta. Nunca, jamais mesmo, em seus dezoito anos ele viu o senhor Norton perder a calma daquela maneira. Ele até poderia se divertir com aquilo, se a visão do homem mais velho indo e voltando de um lado para o outro não estivesse começando a enjoá-lo. Suspirando, ele d
— Ela vai viver com meu tio. — disse e viu os olhos de Ian enxerem-se de perguntas. — Ele é irmão gêmeo do meu pai; tem procurado por mim desde que foi informado da morte dele. — suspirou. Ian assentiu, compreendendo.— Você vai também? — ele perguntou e Alana sorriu. Era medo aquilo que ela detectou na voz dele?— Não. — disse e Ian sorriu de lado. Ainda não, pensou com seriedade, desviando o olhar.Ela queria ficar mais, porque, honestamente, sentia que havia muita coisa que precisavam conversar. E mesmo que não tivesse nada o que falar, ela gostaria de poder ficar mais. De poder ficar ao lado dele, apenas para ter certeza de que sim, ele estava ali. De que não o havia perdido. Mas não podia, o médico praticamente a enxotou para fora.Ian deu um breve aceno em despedida, antes