— Vincent estava dramatizando. Ele nem percebe que faz isso quando está nervoso. — esclareceu, e Alana assentiu meio ausente. — Você está bem? — perguntou ao notar como ela parecia pálida.
Alana pensou em responder, mas qualquer coisa que dissesse que não fosse uma negativa, soaria falso. Não estava bem, não se sentia bem. Saber de tudo aquilo, saber que Yara morrerá por causa de algo tão... egoísta, mesquinho como vingança lhe estava embrulhando o estomago. Saber que Ian se culpava por algo que estava além do controle dele lhe dava raiva.
Ian. Pensar nele, em toda culpa e dor que ele reprimia dentro de si fez apenas com que mais lágrimas escorressem silenciosamente por sua face.
— Por que ele não me contou? Por que manter isso em segredo de mim? — disse, mais para si mesma do que para Lisa
— Por favor mocinha, se afaste um pouco. Preciso limpar os ferimentos e checá-lo mais uma vez, antes de chegarmos ao hospital. — alguém disse ao anjo.Sim, um anjo. Ian achava que era um anjo; ainda que não pudesse ver seu rosto com clareza, a voz certamente era de um anjo. Um anjo triste e que chorava.Ian queria pedir para o anjo não chorar por ele. Para o anjo não chorar nunca mais. Não queria ser a causa das lágrimas de um anjo, especialmente daquele anjo de voz suave.O anjo se afastou como lhe foi pedido e sentiu que poderia ter gritado em protesto a aquilo se a escuridão com a qual vinha lutando não o golpeasse forte.A última coisa que sua mente registrou, meio turva pelas dores, foram às palavras carinhosas do anjo, longe de sua vista embaçada, e então um barulho alto, parecid
“O que você acha que vou fazer? Vou quebrar a cara dele, é obvio! Vou bater tanto naquele desgraçado que quando eu acabar, ele vai estar com amnésia e não vai nem lembrar do nome da minha irmã.” respondeu e Vincent ergueu o punho no ar, como que afirmando que estava de completo acordo com aquilo. David balançou a cabeça.“Bom, isso seria típico de você, não?” alguém falou e os três rapazes giraram no banco apenas para encarar uma Lisandra, com uma sobrancelha arqueada, os encarando de volta. Ian sorriu em saudação para ela, e a loira suspirou, deslizando para o banco ao lado de David e tomando a bebida dele. “Mas acho que não vai funcionar, de qualquer maneira. Yara está cega!”“Você falou com ela?” Ian perguntou, e Lisandra assentiu, batendo o copo de David no balcão
— Nem tanto. — foi Vincent a dizer, pegando as três garotas de surpresa. — O quê? É verdade. Ian não deu as caras no velório da irmã e então depois sumiu das vistas dos jornalistas e quando volta é por causa de um acidente. É bastante óbvio que eles vão fazer muitas suposições e tentar ligar os fatos. Honestamente, tentativa de suicídio é a menos criativa delas.Enquanto as três garotas emudeciam diante dos fatos, Valério reprimiu o sorriso de orgulho que queria deixar escapar a seu irmãozinho. Ao invés de sorrir e, provavelmente, assustar todos os quatro adolescentes na sala até a morte por que Valério Bennie não era alguém que sorria, o diretor da UHS simplesmente estendeu a sacola preta a seu irmão.— Lhe trouxe algumas roupas, achei que poderia precisa
“Seus olhos.” Ela disse. “Não são os olhos de alguém que está apaixonado por mim, mas sim de alguém que quer se apaixonar por alguém. Não se preocupe Vincent, você ainda vai encontrar a garota certa. ”Vincent não disse nada. Ele também não havia entendido a súbita vontade de dizer a Yara que a amava; mas no fim deu de ombros e foi para junto de David, encostado em seu carro parado ao fundo. Vincent não sabia ainda, mas aquilo era uma despedida. E aquele ‘eu te amo’ foi algo instintivo, como se no fundo de sua consciência algo o estivesse alertando que aquela noite não iria acabar bem, e que ele não podia deixar que acabasse sem dizer adeus a Yara. Seu ‘eu te amo’, foi um adeus.Ian subiu o vidro quando Vincent se afastou e respirou fundo. “Você está bem
— Eu não vou ir embora. — repetiu, o mais calmo e baixo que pode. Não estava a fim de sentir outra dor intensa na garganta, aquilo ardia feito o inferno!Frederick então perdeu a paciência e começou a falar e falar. Dizia o quão irresponsável e cabeça dura Ian estava sendo, e que não havia maneira no inferno de que ele estava indo a concordar com a permanência dele em Tóquio. Ele falava rápido, por vezes puxando o cabelo e parecia realmente irritado. Do contrário do que muita gente estaria, Ian não estava nem um pouco assustado. Chocado era a palavra mais correta. Nunca, jamais mesmo, em seus dezoito anos ele viu o senhor Norton perder a calma daquela maneira. Ele até poderia se divertir com aquilo, se a visão do homem mais velho indo e voltando de um lado para o outro não estivesse começando a enjoá-lo. Suspirando, ele d
— Ela vai viver com meu tio. — disse e viu os olhos de Ian enxerem-se de perguntas. — Ele é irmão gêmeo do meu pai; tem procurado por mim desde que foi informado da morte dele. — suspirou. Ian assentiu, compreendendo.— Você vai também? — ele perguntou e Alana sorriu. Era medo aquilo que ela detectou na voz dele?— Não. — disse e Ian sorriu de lado. Ainda não, pensou com seriedade, desviando o olhar.Ela queria ficar mais, porque, honestamente, sentia que havia muita coisa que precisavam conversar. E mesmo que não tivesse nada o que falar, ela gostaria de poder ficar mais. De poder ficar ao lado dele, apenas para ter certeza de que sim, ele estava ali. De que não o havia perdido. Mas não podia, o médico praticamente a enxotou para fora.Ian deu um breve aceno em despedida, antes
O tapa que recebeu foi tão forte e inesperado que fez seu rosto virar para o lado com o impacto. David sentiu que todo um lado de seu rosto estava queimando, como se brasa quente tivesse sido encostada nele, e sabia que a marca da mão de Lisandra provavelmente estava estampando toda sua bochecha esquerda.— Mas que merda...— Isto... — esbravejou Lisandra, histérica em raiva. — foi por você agir feito um idiota as férias inteiras, não deixando que ninguém te visitasse e para saber que ninguém, nem mesmo você dispensa Lisandra Sheroman. E isto... — antes que David pudesse sequer pensar em reagir, ela o puxou pelo colarinho da camisa e colou os lábios ao seu. — ... é pra você entender, de uma vez por todas, que eu estou aqui e que eu não vou a lugar nenhum.David estava surpreso demais com a coisa tod
Alana largou-se ao lado de Lisandra na arquibancada com um bufo irritado; Cassandra que estava do outro lado de Lisandra meramente lhe lançou um olhar curioso antes de voltar sua atenção para quadra, onde Vincent estava jogando basquete.— Dia ruim? — Lisandra perguntou com um sorriso, nunca desviando os olhos dos papéis em seu colo.Alana bufou mais uma vez, apertando o casaco grosso entorno do corpo e cruzando os braços no peito.— Eu só acabei de ter um teste surpresa de Física. Vocês podem acreditar nisso? Física! A formatura de vocês não é amanhã? Eu pensei que todas as notas já haviam sido fechadas!Lisandra soltou um risinho antes de suspirar.— E foram. Bem, quase todas.— disse a loira, ignorando a torcida realmente alta que Cassandra