Ivone entrou no supermercado sentindo que era observada.Após anos se escondendo de policiais e andando com gente de reputação duvidosa, ela sabia perfeitamente quando era observada.Mas naquele caso, ela estava aliviada.Estava há dias querendo ter aquele encontro com o delegado Lúcio.Ela tinha um bom faro e sabia detectar quando uma pessoa era boa e honesta.E ele com certeza é um desse.Conheceu policiais corruptos e ela poderia apostar todas as suas fichas no homem alto e magro que conheceu no convento.Havia dado algumas pistas para ele e esperava que tivesse entendido.E sim, ele entendeu.Só não entendia porque havia demorado tanto para ter contato com ela.Ivone havia assumido as compras no lugar da irmã Michele, na esperança que um dia a seguiria e faria as perguntas que quisesse sem que o Padre Olavo interceptasse algo.Enquanto andava pelos corredores lembrou da noite angustiante que teve anteriormente, se maldizendo em ter ficado calada esses anos todos.Ela soube que qua
Helen estava esgotada.Sentia que suas forças esgotavam-se e tropeçando caiu no chão.Ela sentia dificuldades em enxergar com um olho, pois o soco recebido havia sido tão forte que feriu e sangrou e por isso abri-lo era um tormento para ela.Mas não iria chorar. Percebeu que a outra sentia um imenso prazer quando a via chorando.Helen custava a crer que a moça estava fazendo tudo àquilo movida por ódio, achando que ela era a responsável pela morte de seu irmão.Ela não o fez, mas Roberto era um ser desprezível e se ele havia morrido a terra havia se livrado de um crápula da pior espécie. O que aquele rapaz arrogante e cruel teria se transformado se estivesse vivo?Ela não queria pensar.Seus braços estavam roxos e doloridos e ela temia que num próximo tombo viesse a quebrá-lo.Respirando fundo engoliu o choro conseguiu sentar, sem que antes Anna viesse bater nela por ter caído.Ela sempre fazia assim quando caía.Estremeceu ante o olhar do grandalhão, o homem que havia tirado a vida d
Queria aproveitar o descuido deles e fugir. Mas sabia que com aquele homem gigante atrás dela jamais iria conseguir dar um passo sem que ele a derrubasse. Ela tentou ficar calma e aguardar. Tinha que ter o mesmo sangue frio deles. Eles andaram quase por duas horas quando ela ouviu barulho de água. Mauro mandou que parassem e foi à frente. Voltou fazendo sinal que poderiam aproximar-se. Foi quando ela viu a casinha no meio daquele matagal. Ela havia sido construída há muito tempo e parecia um daqueles casebres onde os caçadores ficavam após noites à procura de caça. Ela ficou aliviada, que poderia dormir num lugar coberto. Apesar de ser velha, tinha três cômodos: Uma sala com um fogão e um sofá velho, um banheiro e um quarto. Ela foi colocada no quarto e viu que possuía três camas. Uma de casal e duas de solteiro. Mauro apontou para uma cama de solteiro e saiu. Helen se jogou na cama, sentindo que todos os seus ossos doíam. Ia tirar o tênis, mas lembrou também da recomendação
Ivone entrou na casa do delegado e tirou enfim o chapéu que cobria sua cabeça.Desde que havia tido aquela conversa sem pé nem cabeça com ele e aceitado ir para lá começava a achar que estava tendo algum problema mental.Mas ela sabia que ali ficaria protegida.Havia deixado uma carta para Olavo em sua cama, informando que não conseguia conviver mais ali e que queria recomeçar a vida em outro lugar.Na verdade ela nem havia mudado de Cidade e estava razoavelmente perto do convento e igreja.Sabia que sua vida não valia nada e se eles se sentissem ameaçados por causa dela, não hesitariam em matá-la.Conhecia os dois homens como ninguém!Mas ela também sentia atraída por aquele policial, desde o primeiro dia em que o viu na sala paroquial. Viu também como ele a olhava e tentava disfarçar.Há muitos anos que ela não flertava com ninguém.Alguns motoristas e funcionários da mansão tentavam chegar até ela, mas Ivone estava tão empenhada em cuidar da pequena Helen que fugia e não sentia atr
Lúcio arregalou os olhos, espantado com aquela declaração.- Ele era garoto de programa?- Sim... E ganhou muita grana com isso... Mas enquanto ele estava lá se divertindo com aquelas mulheres eu e Olavo entrávamos no quarto e tirávamos fotos e roubávamos alguns dinheiros... Aquelas mulheres eram casadas e com famílias, muitas conhecidas e com algum prestígio.Ela abaixou a cabeça visivelmente envergonhada.- A gente usava as fotos para chantagens...- Entendi...- Bem, ficamos assim durante anos. Mas eu queria mais, não queria ficar somente com pequenos roubos, na sombra deles dois. Queria minha fonte de renda também. Foi quando eu comecei também a me prostituir e...Ela travou- E?- E conheci o pai de Helena! Avô de Helen.O delegado assoviou impressionado com aquela história.- Você teve um caso com o avô de Helen? Foi isso?- Sim...- Mas...- Sei o que você vai dizer: Ele era um velho! Sim, era bem mais velho que eu, mas me dava tudo que queria naquela época: Boa vida!O delegad
Ela fechou os olhos atormentada com a visão de pessoas que ajudou a prejudicar por causa deles, para ajudá-los.Lúcio concordou e mesmo sem querer teve pena da mulher que acabou sendo presa fácil para aquele homem acostumado a seduzir, mestre das seduções!- Quando ela me contou que estava grávida, disse que queria me apresentar ao grande amor de sua vida... Eu gelei, pois sabia que ele ficaria furioso comigo. Pois já a conhecia há mais tempo que ele, e não a apresentei...- E o que ele fez? Digo, quando viu você... Mas antes me diga: Como era a reação do pai de Helen, ao ver você com ela?- Normal... Aquele idiota adorava aquela adrenalina... Era um homem acima de qualquer suspeita! Sua esposa nunca duvidaria dele ou desconfiaria! E como era muito jovem, e amiga de sua filha jamais desconfiou...Sua voz falhou.- Como eu disse delegado, eu não tenho orgulho do meu passado, das coisas que fiz...Suas mãos estavam muito trêmulas e ela queria apenas sair dali. A vergonha misturada com a
Helen acordou sentindo uma mão tocando seus seios tentou gritar, mas foi contida por uma das mãos em sua boca.Ela sentiu o odor forte de álcool e não precisou fazer muito esforço para saber que se tratava de Mário.Ele agora, puxava seu moletom e ela entrou em pânico, pois ele encontraria a faca que Raul havia colocado mais a baixo.- Eu sempre quis saber o que Raul viu em você... Aquele metido a chefe comeu você eu também vou te comer, porque agora eu mando aqui!Ela sentiu ódio ao ouvir o nome de Raul na boca dele e repulsa ao sentir aquele cheiro que emanava dele. Não era somente sua boca, mas tudo nele era horrivelmente fedorento.Ela olhou para a porta apavorada.- Não adianta! Só estamos nós dois aqui! Mauro e Anna foram comprar um celular para ligar pro seu papai...Helen se debatia tentando impedir que ele a tocasse mais, mas as tentativas dela estavam sendo frustradas.- Até que você é gostosinha! Tem um corpinho delicioso! Vem! Você vai gostar...Helen sabia que era agora o
Renato a seguia de longe. Ele viu o exato momento em que ela havia saído do casebre no meio do mato.Viu quando Mauro e Anna saíram, mas Mário havia ficado e alguma coisa lhe dizia que ela teria problemas com ele.Então assim que os dois saíram, ele deu alguns minutos e foi até a casa. Mas quando se preparava para entrar, viu quando a porta abriu e uma pessoa saiu. A princípio ele pensou se tratar de Mário, mas qual não foi seu espanto ao constatar que a pessoa era Helen.Ela parecia amedrontada, porém decidida.Assim que ela saiu e se embrenhou na mata ele entrou para apenas constatar o que já desconfiava: Mário agonizando caído no chão.Não existia mais nada que pudesse ser feito por ele, mas para adiantar sua morte e não correr o risco dele dizer algo, Renato abaixou ao seu lado e deu um golpe fatal nele. Viu seu olhar de espanto ao reconhecê-lo. E viu também a vida saindo dos seus olhos.O infeliz não podia imaginar que a sua vida seria tirada de uma mulher frágil e totalmente sem