Queria aproveitar o descuido deles e fugir. Mas sabia que com aquele homem gigante atrás dela jamais iria conseguir dar um passo sem que ele a derrubasse. Ela tentou ficar calma e aguardar. Tinha que ter o mesmo sangue frio deles. Eles andaram quase por duas horas quando ela ouviu barulho de água. Mauro mandou que parassem e foi à frente. Voltou fazendo sinal que poderiam aproximar-se. Foi quando ela viu a casinha no meio daquele matagal. Ela havia sido construída há muito tempo e parecia um daqueles casebres onde os caçadores ficavam após noites à procura de caça. Ela ficou aliviada, que poderia dormir num lugar coberto. Apesar de ser velha, tinha três cômodos: Uma sala com um fogão e um sofá velho, um banheiro e um quarto. Ela foi colocada no quarto e viu que possuía três camas. Uma de casal e duas de solteiro. Mauro apontou para uma cama de solteiro e saiu. Helen se jogou na cama, sentindo que todos os seus ossos doíam. Ia tirar o tênis, mas lembrou também da recomendação
Ivone entrou na casa do delegado e tirou enfim o chapéu que cobria sua cabeça.Desde que havia tido aquela conversa sem pé nem cabeça com ele e aceitado ir para lá começava a achar que estava tendo algum problema mental.Mas ela sabia que ali ficaria protegida.Havia deixado uma carta para Olavo em sua cama, informando que não conseguia conviver mais ali e que queria recomeçar a vida em outro lugar.Na verdade ela nem havia mudado de Cidade e estava razoavelmente perto do convento e igreja.Sabia que sua vida não valia nada e se eles se sentissem ameaçados por causa dela, não hesitariam em matá-la.Conhecia os dois homens como ninguém!Mas ela também sentia atraída por aquele policial, desde o primeiro dia em que o viu na sala paroquial. Viu também como ele a olhava e tentava disfarçar.Há muitos anos que ela não flertava com ninguém.Alguns motoristas e funcionários da mansão tentavam chegar até ela, mas Ivone estava tão empenhada em cuidar da pequena Helen que fugia e não sentia atr
Lúcio arregalou os olhos, espantado com aquela declaração.- Ele era garoto de programa?- Sim... E ganhou muita grana com isso... Mas enquanto ele estava lá se divertindo com aquelas mulheres eu e Olavo entrávamos no quarto e tirávamos fotos e roubávamos alguns dinheiros... Aquelas mulheres eram casadas e com famílias, muitas conhecidas e com algum prestígio.Ela abaixou a cabeça visivelmente envergonhada.- A gente usava as fotos para chantagens...- Entendi...- Bem, ficamos assim durante anos. Mas eu queria mais, não queria ficar somente com pequenos roubos, na sombra deles dois. Queria minha fonte de renda também. Foi quando eu comecei também a me prostituir e...Ela travou- E?- E conheci o pai de Helena! Avô de Helen.O delegado assoviou impressionado com aquela história.- Você teve um caso com o avô de Helen? Foi isso?- Sim...- Mas...- Sei o que você vai dizer: Ele era um velho! Sim, era bem mais velho que eu, mas me dava tudo que queria naquela época: Boa vida!O delegad
Ela fechou os olhos atormentada com a visão de pessoas que ajudou a prejudicar por causa deles, para ajudá-los.Lúcio concordou e mesmo sem querer teve pena da mulher que acabou sendo presa fácil para aquele homem acostumado a seduzir, mestre das seduções!- Quando ela me contou que estava grávida, disse que queria me apresentar ao grande amor de sua vida... Eu gelei, pois sabia que ele ficaria furioso comigo. Pois já a conhecia há mais tempo que ele, e não a apresentei...- E o que ele fez? Digo, quando viu você... Mas antes me diga: Como era a reação do pai de Helen, ao ver você com ela?- Normal... Aquele idiota adorava aquela adrenalina... Era um homem acima de qualquer suspeita! Sua esposa nunca duvidaria dele ou desconfiaria! E como era muito jovem, e amiga de sua filha jamais desconfiou...Sua voz falhou.- Como eu disse delegado, eu não tenho orgulho do meu passado, das coisas que fiz...Suas mãos estavam muito trêmulas e ela queria apenas sair dali. A vergonha misturada com a
Helen acordou sentindo uma mão tocando seus seios tentou gritar, mas foi contida por uma das mãos em sua boca.Ela sentiu o odor forte de álcool e não precisou fazer muito esforço para saber que se tratava de Mário.Ele agora, puxava seu moletom e ela entrou em pânico, pois ele encontraria a faca que Raul havia colocado mais a baixo.- Eu sempre quis saber o que Raul viu em você... Aquele metido a chefe comeu você eu também vou te comer, porque agora eu mando aqui!Ela sentiu ódio ao ouvir o nome de Raul na boca dele e repulsa ao sentir aquele cheiro que emanava dele. Não era somente sua boca, mas tudo nele era horrivelmente fedorento.Ela olhou para a porta apavorada.- Não adianta! Só estamos nós dois aqui! Mauro e Anna foram comprar um celular para ligar pro seu papai...Helen se debatia tentando impedir que ele a tocasse mais, mas as tentativas dela estavam sendo frustradas.- Até que você é gostosinha! Tem um corpinho delicioso! Vem! Você vai gostar...Helen sabia que era agora o
Renato a seguia de longe. Ele viu o exato momento em que ela havia saído do casebre no meio do mato.Viu quando Mauro e Anna saíram, mas Mário havia ficado e alguma coisa lhe dizia que ela teria problemas com ele.Então assim que os dois saíram, ele deu alguns minutos e foi até a casa. Mas quando se preparava para entrar, viu quando a porta abriu e uma pessoa saiu. A princípio ele pensou se tratar de Mário, mas qual não foi seu espanto ao constatar que a pessoa era Helen.Ela parecia amedrontada, porém decidida.Assim que ela saiu e se embrenhou na mata ele entrou para apenas constatar o que já desconfiava: Mário agonizando caído no chão.Não existia mais nada que pudesse ser feito por ele, mas para adiantar sua morte e não correr o risco dele dizer algo, Renato abaixou ao seu lado e deu um golpe fatal nele. Viu seu olhar de espanto ao reconhecê-lo. E viu também a vida saindo dos seus olhos.O infeliz não podia imaginar que a sua vida seria tirada de uma mulher frágil e totalmente sem
Abaixada se aproximou dele, que agora jogava água sobre o ferimento.- Sinto muito! Mas achei que se tratava de algum dos sequestradores.Ele é um dos sequestradores sua tola, pensou nervosa e confusa.- Eles virão ao seu encontro sim. E eu preciso tirar você daqui Helen, o mais rápido possível. Esses homens que virão não vão dar bobeira... Eles atiram primeiro. Está entendendo?Ela balançou a cabeça e lembrou que dentro de sua mochila tinha ataduras e remédio contra dor.- Tome. Achei isso na minha mochila.- Vem cá! Amarre isso para mim. Depois tomo o remédio.Suas mãos tremiam enquanto ela fazia um curativo improvisado. Viu o quão fundo estava o corte.- Você fez um bom trabalho Helen, se fosse um dos homens com certeza estaria bem ferido...- Mas que droga Raul, você poderia ter morrido e eu ficaria... –Ela queria dizer que ficaria com remoço, mas nada disse. Emocionada demais para expressar qualquer coisa.Ele percebeu a sua confusão mental e segurou sua mão entre as dele, seu ro
Ivone soube que o delegado Lúcio era inteligente e astuto, assim que colocou os olhos nele.Mas nunca poderia imaginar que ele descobriria essa verdade.Ela estava disposta a contar-lhe a verdade, mas sabia que iria ocultar essa parte, pois havia prometido a sua amiga que jamais revelaria essa verdade para alguém. E havia conseguido até aquela data.Lembrou de Helen e seu bebê, um lindo menino que havia nascido morto.Ivone sentou na cadeira ao lado do delegado que aguardava pacientemente.Ele já sabia a resposta só queria ouvir a sua história.- Eu e Helena tínhamos uma semana de diferença da nossa gestação. Mas eu entrei em trabalho de parto primeiro que ela.- Eu estava sozinha, o Gregório não iria largar a esposa para ficar comigo, isso já era certo e eu não queria ser a amante mais, mas tinha um problema...- Você não tinha dinheiro para cuidar da criança?- Também... E o bebezinho de Helen nasceu morto. Eu estava em casa pensando como cuidaria da Helen, quando meu celular tocou.