A igreja era grande e diariamente ficavam fiéis em seus bancos em oração.O Padre cumprimentou algumas pessoas que estavam ali e depois se dirigiu para a porta que ficava atrás do altar.Assim que atravessou a porta retirou a batina e a pendurou.Estava nervoso e irritado, pois suas ações eram limitadas.Aquele disfarce de padre era perfeito: Tinha o respeito e carinho de muitos, mas não podia se envolver diretamente nas ações, tinha que manter-se secretamente.Mas ele conhecia muitas pessoas e bastava dar algumas ligações que teria nomes e contatos de quem precisasse.E foi numa dessas ligações que deram o nome do homem que ficaria mais perto de Helen: O segurança Raul.Ele era perfeito!Um homem bonito e com fama de um dos melhores mercenários no país.A ficha dele era digna de um filme.Nunca havia sido pego.Sempre havia entrado e saído da cena do crime sem deixar vestígios.Pouco se sabia dele.Apenas que tinha uma empresa de segurança.Sem família, mulher e filhos.Ele era a pes
Renato sentou com Helen numa praça com várias crianças brincando.Ela agora tomava a água que ele havia comprado.A noite havia sido muito cansativa e ele tinha pena dela por passar por aquilo.- Não entendo porque não podemos ir a polícia ou voltar para casa...- Não lhe parece obvio?Ele não queria ser ríspido, mas estava frustrado.Não recebeu mais notícias do amigo Mauro.Temia por sua vida.E seu contato também não havia falado mais nada.Ele agora tinha que ir a o último lugar de ponto de encontro.Era sua esperança que o amigo tivesse escapado vivo e que a ajuda que esperava aparecesse.Não podiam confiar em quase ninguém da polícia.Eles estavam praticamente sozinhos desde o início.Teria que manter-se calmo e atento.- O óbvio também precisa ser dito Raul...- Você acha que a polícia não está no meio disso tudo?- Mas você é policial!- Helen...- Eu estou cansada, só isso...- Confie sempre no seu instinto certo? Não importe quem seja, confie sempre nele. Você é inteligente
Sentando no chão novamente ela ouviu:- Eu estava tão preocupado contigo menina! Que coloquei algumas pessoas para ficarem de olho por aqui! E eles me disseram que...Ele não terminou a frase.Helen abriu a porta emocionada e se jogou em seus braços:- Padre! Eu não acredito! Que milagre foi esse? Eu... Eu...Ela não conseguia parar de chorar agarrada a ele.- Eu pedi tanto a Deus que alguém viesse me buscar!- Eu também pedi tanto a Deus minha filha! Venha... Precisamos ir embora!Helen enxugou o rosto, emocionada.Estava feliz em ver o Padre Olavo ali.E como ele milagrosamente junto com seus amigos a havia encontrado.Ele entrou no apartamento rapidamente olhando em volta e a segurando nas mãos.- Não, Padre! Eu não posso ir! Preciso esperar o Raul...- Helen, Helen... Você é tão bondosa! Então ele conseguiu te enganar?Ela arregalou os olhos.Estava espantada e sentia o coração pular descontroladamente.- Como assim? Do que o senhor está falando?Ele olhou a televisão na sala e re
O prédio era comum, mas altamente montado e vigiado por policiais treinados para desmantelar sequestros.Ele já sabia que estava sendo aguardado e sua entrada permitida.Ele subiu até o andar e assim que abriu a porta foi recebido por Lúcio.O delegado Lúcio o olhou cheio de expectativa, sabendo que alguma coisa estava errada.- Aconteceu alguma coisa com a Helen?- Ela não estava mais no apartamento... Eu encontrei isso aqui na escada! Sabe de quem é certo?O outro examinou o lenço e rapidamente falou:- Venha comigo! Você precisa conhecer uma pessoa.Helen soube que corria perigo assim que entraram na rodovia o Padre Olavo retirou a gravata sacerdotal e abriu a camisa até a altura do peito.Ela viu o brilho do olhar do sacerdote e soube que ele estava envolvido em tudo aquilo.Tentando não demonstrar seu desespero Helen tentava se acalmar.Pedia a Deus que Raul encontrasse o lenço que havia deixado cair propositalmente.- Para aonde estamos indo Padre? Porque não vamos a policia?El
Helen acordou sentindo a boca seca.Onde estava?No apartamento com Raul?Raul...Sua cabeça doía e ela tentou sentar, mas tudo rodava.Ouviu vozes ao seu redor, mas não conseguia discernir as vozes.Os rostos eram borrões.Aos poucos sua mente ia recobrando-se e ela lembrou da presença de Padre Olavo.Sim...O Padre apareceu no apartamento.Ela tentava encontrar as lembranças, mas sentia-se fraca.Respirando com dificuldade fechou os olhos para evitar a tontura.E então recordou os acontecimentos recentes.Lembrava de tudo.Da bebida oferecida pelo padre Olavo e logo depois ela havia desmaiado.Com dificuldades ela reabriu os olhos e agora conseguia enxergar com mais nitidez.Um homem estava em pé perto da janela e a olhava fixamente.Seria o Padre?Ela queria gritar, mas estava muito fraca.O homem se aproximou dela e imediatamente ela o reconheceu:Seu pai!Ele estava vestido com moletons pretos e tênis.Estava com um boné na cabeça e seus olhos eram frios.- Papai... O que está fa
Vários homens armados apareceram.Uma confusão generalizada aconteceu e ela chorava tendo o corpo ensangüentado de Raul sobre si.Homens armados tiraram Raul desmaiado de cima dela.Um a pegou no colo e a colocou sentada numa ambulância.Ela gritava em choque o nome de Raul, mas era advertida a se acalmar pela médica.- Helen querida!Ela olhou e viu Ivone chorando segurando sua mão.- Que bom que está viva! Meu Deus!Helen olhava confusa para a babá sem entender como ela havia aparecido ali.De novo ela sentia-se sonolenta.Olhou para o lado e viu que uma enfermeira havia lhe aplicado uma injeção.- Fique calma senhora... Em breve se sentirá melhor...- Não...Ela queria gritar que não queria ser medicada e precisava saber de Raul.Onde ele estava?Sem mais poder controlar fechou os olhos.Helen terminou o desenho e ficou olhando para ele emocionada.Depois de muito tempo ela havia conseguido terminar a pintura.Um dor no peito a invadiu.Era sempre assim!Aquela era a pintura que ha
Naquela noite eles se amaram em desespero.Entregaram-se emocionados sabendo que aquela noite poderia ser definitivamente a última que estariam juntos.E ela não podia acreditar que o perderia de novo.De manhã quando acordou Helen estava sozinha.Na sua cama apenas o cheiro de Renato.Na sua memória ela levaria para sempre a imagem dele, seu corpo e cheiro.Fechou os olhos e chorou.O mês de abril passou rápido. Helen e Ivone estavam sentadas tomando café na grande varanda.Ambas faziam planos para viajarem juntas pela primeira vez.Elas haviam descoberto tantas coisas em comum Helen já conseguia chama-la de mãe.- Eu sempre quis fazer essa viagem de navio! Será fantástica!- E Lúcio? Tem certeza que não quer levá-lo?Ao ouvir o nome do delegado sua mãe ficou ruborizada e Helen sorriu. Sabia o que ela sentia.Sempre que lembrava de Renato sentia seu corpo pegar fogo!Não conseguia superar sua ausência!- Não! Ele é maravilhoso! Morar com ele está sendo um paraíso! Nunca pensei que fo
Helen saiu da igreja e passou por seu segurança, viu que ele estava como sempre atento a tudo ao redor. Ela odiava ter um, mas viu-se obrigada a aceitar essa exigência de seu pai. Desde criança via sua liberdade violada. Não podia ir para nenhum lugar sem que tivesse a tiracolo um capanga de seu pai.Sua mãe havia morrido assassinada quando ela tinha treze anos.Como isso aconteceu até agora era um mistério. Simplesmente uma noite, homens entraram em sua casa e a sequestraram. Dias depois exigiram o resgate. E mesmo a quantia sendo paga o corpo dela foi colocado sem vida em frente à mansão.Estava sem roupas e a garganta cortada.O laudo dissera que ela havia morrido há pelo menos vinte horas atrás, ou seja: Já estava morta quando o resgate foi pago.Aquilo havia mexido com ela.Helen tinha pesadelos terríveis e há dez anos era obri