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Capítulo 04 - Provocações

Sim. — Concordo com a vontade de Devon e me afasto pelo contorno do salão, por onde a chuva fina e gelada não me alcança.

Passo por Celeste, que nem me olha, apenas coloca as mãos no quadril pequeno, ficando numa pose quase sensual. Sou como um mosquito para ela, mas não quero mesmo chamar atenção. Caminho devagar, de cabeça baixa, só para escutar um pouco esse espetáculo.

Ela é sempre assim obediente?

O que Celeste está insinuando? Cretina! Não que eu tenha escolha, Devon nunca me dá escolhas e apesar de ser um pouco irritante, é como as coisas funcionam entre nós: ele diz, eu obedeço.

Às vezes. — Ele a responde.

Verdade. Tenho um pouco de juízo próprio para não acabar despertando a ira de Devon, é mercenária. Ele me trata bem por eu obedecê-lo, às vezes tenho até que agradecer por isso, como se ele me fizesse um favor e às vezes, bem às vezes, gosto de dar trabalho para as coisas não ficarem monótonas entre nós. Ele aprecia uma provocação de vez em quando.

Você está baixando de nível, querido. Ouvi rumores de que ela era sua Escrava de Sangue. — Celeste provoca com a voz aguda, mas Devon não se manifesta. — O que viu nela, afinal?

Um ótimo traseiro. — Devon venta, rindo. — Uma incontrolável personalidade… Mencionei que ela tem um belo traseiro?

Mencionou. Apenas isso?

Você não está realmente interessada, diga logo o que quer, como notou, estou de saída.

Quero conversar. Se tiver um minuto.

Um minuto.

É tudo o que escuto da conversa, tão logo alcanço a porta de entrada nos fundos do salão. Entro e atravesso pelo meio da pista de dança, tendo que empurrar um ou outro vampiro que se esmaga contra mim. Chego na saída, os seguranças abrem a porta e uma lufada de ar gelado respingando a garoa me cobre de imediato, quase sinto frio, mas é um pequeno arrepiar dos pêlos dos braços, não chego a tremer, embora os garotos encarregados pelos carros estejam até com a boca um pouco arroxeada do frio.

Lyek está esquentando a mão com o vapor da boca quando me aproximo, ele se retesa na mesma hora, incomodado com minha presença e ao mesmo tempo, tentando me ignorar. Há um chapéu peludo na sua cabeça, cinza, acho que um dia foi um guaxinim.

Precisamos conversar. — É o que sai da minha boca, embora eu devesse dizer algo como “Traga a condução da Casa Riezdra, por favor”.

Não, não precisamos. — Lyek me olha duramente, os olhos escuros, grandes e quentes, antes tão amáveis agora são como duas pedras sem vida. Mudou a forma com que ele me olha, certamente ter me tornado uma vampira colocou um cheque-mate em tudo entre nós. — Ele vira de costas para mim, encarando as chaves.

Olho para os lados. Os dois outros garotos se afastam um pouco, abaixando a cabeça, com medo de mim. Medo. É realmente medo de mim. Lyek pega a chave, sabendo porque estou aqui e joga para um dos meninos, um mais magrinho, parece novo no serviço.

Traga logo. — Lyek diz e o garoto logo o obedece, sumindo.

Precisamos sim. — Retomo a conversa e seguro no braço de Lyek, ele olha para minha mão, como se eu não tivesse permissão para tocá-lo. É tão estranho que na hora, tiro a mão, fechando o punho, como se meus dedos fossem criminosos e eu quisesse protegê-los. — Acho que te devo ao menos uma explicação.

Não deve. — A voz de Lyek não soa muito firme, ele até desvia os olhos de mim. — Fui tolo de acreditar que você esperaria o final do inverno.

Comprimo os lábios. Lyek não se lembra de que eu fui presa, de que ele foi lá me visitar, me oferecer carinho e esperança quando eu mais precisei. Que ele também foi responsável por uma revolução contra os vampiros. Ele não sabe o quanto eu sou grata a ele, só imagina que eu tenha me entregado e desistido.

As coisas mudaram.

Não, você mudou. Você é um deles agora. — Ele me passa sua opinião, mas não me surpreende. Eu sei que é assim que ele me vê agora.

Não sou um deles. — Ênfase. — Eu ainda sou Jaylee, somos amigos, certo?

Lyek ergue o olhar para mim, indecifrável e eu apenas espero que ele me perdoe por eu tê-lo usado para conseguir aquela arma.

Vi você com seus novos amigos no telhado. — Ele revela e meu coração não resiste, se quebrando. — Você estava enturmada e se divertindo, especialmente com Zane.

Essa não é a hora para você ter ciúme, Lyek. — Cruzo os braços, aborrecida. — Já te disse que Zane é um bom amigo.

Você deveria dar ênfase no bom. — Ele mesmo dá ênfase por mim e eu simplesmente arfo, demonstrando chateação.

Por que tenho a impressão de que você está terminando nossa amizade?

Porque eu estou. A Jaylee que eu conhecia antigamente morreu quando se tornou uma vampira. Bem como Byrn e aquele seu amigo, Zane. Você não é nada para mim agora. — Ele me mata com a resposta, enquanto pronuncia cada palavra rangendo os dentes. — Seu carro chegou, vá esperar seu novo namorado lá dentro.

Olho para o lado e vejo a limousine estacionada. Não sei o que é mais estranho, escutar alguém se referir a Devon como meu novo namorado ou escutar que eu virei um nada apenas porque me tornei uma vampira, quando me sinto tão igual a antes. Nada mudou, exceto que não posso sair no sol sem queimar a pele ou que tenho presas e bebo sangue. Tá, talvez eu tenha mudado bastante.

Marcho em direção ao carro e o garoto mais novo abre a porta. Entro antes que Lyek veja minhas lágrimas. A porta fecha e o carro fica parado, esperando por Devon. Cubro o rosto com as mãos e me permito chorar.

Eu sabia que era isso que ele pensava, mas ouví-lo dizer acabou comigo.

●●●

Uma coisa incrível sobre vampiros: nossos olhos não ficam inchados depois de chorar. Por este motivo, Devon nem percebeu que algo ruim havia acontecido quando entrou no carro, jogando o sabre para o outro banco, um tanto bruscamente, aborrecido com algo que Celeste falou, suponho.

Como foi sua conversa particular com sua ex-esposa? — Pergunto.

Devon toma um tempo para me analisar, seus olhos até se estreitam, tentando ver o que há dentro de mim, mas é isso aí, bonitão, estou um pouco irritada e com ciúmes, sim! Eu o enfrento com um olhar mortal e cruzo os braços me impondo.

Nada com o que deva se preocupar. — Ele me responde com um quase sorriso de canto. Oh, não, vou morrer ansiosa se não souber o que foi conversado entre eles!

Certo, nem precisa me dizer o que vem daquela mulher. — Arfo, revirando os olhos e estendendo as mãos, como quem não aguenta mais o assunto. E realmente, não aguento! Ter Celeste por algumas horas já foi sucificiente para me deixar neurótica em todos os aspectos.

Não caia nas provocações dela. — Devon passa o braço por meus ombros e olha pela janela, a paisagem toda molhada, as casas dos aldeiões com a janelas acesas, é incrível como eu enxergo normalmente, até a luz, não está negra como meus olhos ficaram a primeira vez que os abri hoje. Por acaso só acontece com luz direta? — É tudo o que ela pode fazer nesse instante: jogar-nos uns contra os outros e esperar que nós mesmos criemos o caos e destruição de que ela precisa para vencer.

Não se preocupe, não vou cair nesses truques baratos. — Eu o abraço, encostando minha cabeça em seu ombro forte, respirando próximo à ele o perfume amadeirado que tanto me encanta. — O que ela queria, afinal?

Ameaçar a convidar Zane para passear com ela, insistindo que está com saudades.

Que tonta, ele não aceitaria! — Estranho.

Bem, esse é um dos problemas de Zane. Ele gosta de atenção e Celeste sabe como atraí-lo. De qualquer forma, ele não recusaria o primeiro convite.

Está dizendo que ele tem assuntos pendentes com ela?

Claro que tem. Ela o criou, certo? Como uma mãe.

Mas ela o abandonou morrendo nas florestas! — Protesto inconformada, até desencosto dele, para olhá-lo. — Que tipo de mãe faz isso?

Você está certa, mas não pode culpá-lo por buscar respostas. — Devon suspira, é quase triste, seus olhos nos meus. — Além do mais, como te disse, eu era imaturo e egoísta, não me surpreenderia em nada que, no fundo, Zane me culpasse por tudo.

Acha que ela tentaria se reaproximar dele para jogá-lo contra você?

Não é óbvio que esse seria seu primeiro passo? — Ele me pergunta com a voz amargurada. Faço que sim com a cabeça. — Desconfiei quando ela apareceu com aqueles zumbis de presente de noivado.

Resfolego. Ele tem razão. Eu também tinha minhas desconfianças sobre aquele ataque, não foi forte o suficiente para uma vampira tão poderosa e com domínio sobre vida e morte como Celeste, além disso, Zane se divertiu bastante com os zumbis.

Zane está especialmente instável com a morte de Elisabeth. — Concordo.

Ressentimento é um dos sentimentos mais venenosos para os vampiros. — Devon acrescenta.

Calo-me, pensando a respeito. Seria realmente terrível se perdêssemos Zane para Celeste em um momento desses, torturaria ainda mais Devon que antes de matá-lo, Celeste roubasse sua fidelidade.

●●●

Acordo devagar sentindo o peitoral de Devon contra minhas costas conforme ele respira adormecido. O braço travado ao redor da minha cintura e o travesseiro macio debaixo da minha cabeça.

A cama está com o dossel todo fechado, criando um campo escurecido no qual eu enxergo perfeitamente, como se fosse dia, não que essa luz falsa incomode, ao contrário, os olhos doem quando fica tudo escuro e as luzes estão acesas.

A sensação de despertar ao lado de Devon é tão deliciosa que nem quero me mexer, mas não consigo conter a vontade de girar, roçando o rosto em seu pescoço cheiroso e quentinho, sua respiração de encontro ao meu corpo agora, ventando perto do meu ouvido.

Ele solta uns gemidinhos, despertando. Sua mão escorrega para o meu quadril, uma pegada firme que me ajeita ao seu lado, como quem manda eu ficar quieta. Ele abre pouco os olhos, incomodado, com sono, como um gato preguiçoso, apoiando a cabeça no braço dobrado, o cotovelo levanta um pouco meu travesseiro conforme ele se move para mais perto de mim, me cobrindo com seu calor.

Por que você já está acordada? — Sua voz tem uma rouquidão única e sexy.

Você pode dormir. — Não consigo conter o sorriso de vê-lo desse jeito, os cabelos bagunçados, a barba clara e rala que sempre carimba a minha pele com uma sensação quase dolorida, mas extremamente prazerosa. Passo os dedos em sua franja, prendendo os fios compridos atrás da orelha e Devon fecha os olhos novamente. — Vou ficar vendo você dormir.

Isso foi horripilante. — Ele venta contra meus cabelos, rindo. Gosto da curva que sua boca faz quando ele sorri assim, me faz desejar beijá-lo. — Ou ridículo.

Foi romântico. — Contorno seu lábio inferior com a ponta do dedo.

Romântico é ridículo. — Devon abre um pouco os olhos novamente, para ver minha reação ou para forçar-se a acordar.

Talvez seja. Por que você não pode ser romântico um pouco? — Faço o contorno completo da sua boca com o dedo.

Eu sou romântico. — Devon chupa o meu dedo, devagar, sensualmente. Minha respiração fica presa na garganta, esquentando todo o meu corpo e subitamente eu o quero. Muito.

Não é. — Solto um murmúrio, sua mão ao redor da minha cintura fica mais possessiva, me puxando e me trazendo para baixo dele, seu corpo nu sobre o meu, o lençol macio por baixo de mim e uma coberta peluda por cima de nossos corpos.

Nossos olhares se encontram e sinto seu volume entre minhas pernas. Sua boca procura meu rosto, ele beija meus lábios delicadamente, minha sobrancelha e minha têmpora, enquanto sua mão explora minha lombar. Deslizo minhas mãos por seu corpo, o abdômem definido e grande, pelas laterais, até suas costas largas e musculosas. Ai, eu o quero tanto. Não consigo me controlar e enlaço sua cintura com as pernas, trazendo-o mais perto ainda, o peso de seu corpo contra o meu.

Ele me beija fazendo um ruído quase faminto, o gosto dele contra minha língua me deixa quase sem controle e eu mordo seu lábio, puxando, até que meus dentes se encravem em sua carne macia e sangra, ele responde com um gemido novamente, de dor e de prazer ao mesmo tempo. Excitada pelo gosto de seu sangue, com as pernas entrelaçadas com a dele, movo meu quadril, sugestivamente, afundando meus dedos em seu cabelo.

Não há como resistir assim. — Ele fala baixinho, entre beijos, sua mão explorando meu corpo, tocando meu seio.

Você não precisa. — Eu o beijo mais, de forma quente e desejosa, do jeito que me sinto nesse instante. Ele me penetra. — Oh, Deus. — Respiro incapaz de resistir ao prazer.

Devon. — Ele investe mais uma vez.

De...von. — Nesse instante, não consigo fazer a menor distinção entre os dois.

Ondas de prazer invadem o meu corpo, enquanto ele se move sobre mim. Chupo sua boca, engolindo seu sangue, uma conexão além do tátil. Ele solta um grunhido e chegamos ao orgasmo juntos. Respiro ofegante e Devon deita do meu lado, me abraçando, beijando a minha face, respirando cansado.

Poderia ficar aqui para sempre. — Ele diz baixinho, quase um sussurro, afundando o nariz no meu pescoço.

Se ficarmos, provavelmente morreremos de fome. — Faço biquinho deitada, puxando o cobertor para cima, cobrindo meu corpo e me enrolando com Devon. — Podemos comer alguma coisa?

Eu quase nunca como. — Ele lança um beijinho nos meus lábios, nossas mãos unidas e os dedos entrelaçados. Essa intimidade que tenho com Devon é única, acho que nunca me senti tão íntima de alguém antes.

Sugere que eu passe fome?

Sugiro beber o sangue de outro vampiro.

E funciona?

Precisa ser consensual ou será crime. Além de te deixar mais forte, terá a sensação de que está saciada, entretanto, eu não recomendo que faça isso com vampiros com os quais você tenha relações sentimentais. É mais difícil parar. — Devon explica, enquanto com a ponta do dedo, contorno a linha de suas mãos, as marcas que são únicas de pessoa para pessoa. — E você precisa ter certeza que o vampiro se alimentou de sangue recentemente, ou não vai adiantar.

Isso explica o roubo de sangue do Imperador. — Dou uma risada.

Teria de haver como tirar uma vantagem em tudo aquilo. — Devon estica as duas sobrancelhas, desviando o olhar e provavelmente lembrando-se com certo degosto que Zane se tornou um vampiro por Bawarrod. — É minha culpa o que houve, aliás.

Há uma tristeza em sua voz que me incomoda, em sua expressão facial, não aparece o quanto esse assunto o entristece, mas eu sei. Essa reação é resultado da provocação de Celeste e ela deve ser ótima em sua arte da guerra, até o momento, foram poucas as vezes em que vi Devon vacilar.

Está com medo de perdê-lo. Zane. — Deslizo uma das mãos por seu braço, até o pescoço e o beijo de leve.

Sim, estou.

Nossos olhos se encontram, afasto a franja castanho-claro de seus olhos.

Zane não ficará do lado de Celeste, eu sei o quanto o coração dele é fiel a você. — Digo convicta.

E quanto a você? — Devon roça a barba no meu rosto, é gostoso e me faz rir. — Ficará do meu lado para sempre, não importa o que aconteça?

Sou sua para sempre, Devon. — Eu o conforto, beijando-o na boca, enquanto Devon deslizas as mãos pelo meu corpo.

Ele me têm para si mais uma vez, antes de finalmente deixarmos a cama, para o chuveiro.

●●●

Despeço-me de Devon com um selinho apressado e corro em direção ao Centro de Treinamento do exército. Na última visão que tenho dele, Devon demora um pouco para seguir seu caminho em direção à sede enquanto rebolo, sabendo que a farda é apertada no corpo e marca meu quadril. Dou risada e continuo andando.

Chego no prédio que é o meu destino, um galpão grande de paredes brancas e porta fechada de metal. Henri está encostado na porta, fumando um cigarro. O rosto quase encoberto pela fumaça cinzenta, de chapéu na cabeça e um casaco preto fechado. Primeira coisa que reparo: ele devia estar de farda, mas está usando jeans.

Olá, boa noite, Henri. — Cumprimento-o de forma gentil e simpática, um leve curvar de cabeça e dobrar de joelhos, como uma lady.

Jaylee. — É tudo o que ele faz, soltando fumaça e desviando o olhar.

Fico um pouco surpresa pela falta de interesse, mas tento não demonstrar.

Pode me dar licença, por favor?

Henri se toca de que está na frente da porta e cede passagem. Flexiono a maçaneta, abrindo-a e arranha no chão, fazendo um barulho ensurdecedor. Por instantes, meu ouvido apita e todos os que estão dentro do galpão, olham para mim.

Há uma mesa branca no centro, grande e com muitos aparelhos que desconheço.

Zane está sentado em uma cadeira de madeira coberta por uma pele de animal, felpuda e marrom, com postura de poucos amigos, braços cruzados e as pernas também, com as costas na cadeira giratória negra, de farda, mas sem armadura, e os olhos glaciais sem venda.

Na frente dele está Amabile Taseldgard, segurando uma espécie de computador portátil, uma tela plana nas mãos, onde digita rapidamente com o dedo alguma coisa. Os guardas da escolta de Bawarrod estão em pé, perto, segurando armas como se Zane corresse perigo dentro do quartel.

Há também dois vampiros da Casa Lunysum próximos a uma estante cheia de armas místicas, com uma prancheta à mão e alguns da Casa Taseldgard para ajudar na apresentação, atrás de Amabile, um magro bigodudo e um de cabelos grisalhos e rosto enrugado.

Está atrasada. — Amabile passa a bronca.

Ela não é muito magra, aprecia uma boa comida e seus olhos são brilhantes. Os cabelos dourados e lisos presos em um coque e a farda grudada ao corpo marca todas as suas dobrinhas. Antes dos alienígenas atacarem, as pessoas davam mais valor à magreza, mas em tempos de fome, quem exibe gordura exibe prosperidade e bonança.

Apesar de estar fardada, Amabile está com brincos e maquiagem, vaidosa. Sei que Amabile prefere o teatro que o exército, mas acho que ela emcara nossa apresentação como um torneio de ginástica artística.

Zane me mostra um sorriso fofinho, mas sem muita vontade, só esticando a boca para indicar que ficou feliz em me ver. Ele está cada dia mais pálido pela falta de sol, mas isso não faz mal à sua beleza, aliás os cabelos bem escuros e os olhos brancos conferem um ar quase etéreo ao seu rosto angelical.

Desculpe. — Eu me curvo.

Espere um instante, Jaylee da Casa Riezdra, enquanto terminamos. — Amabile aponta com sua mão delicada e roliça para uma das cadeiras felpudas no canto, perto dos guardas.

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