— O que você quer Vinicius? – Eu pergunto assim que o ônibus sai.
— Faz de conta que eu não estou aqui.
— Vai para a sua escola. Me deixa quieta pelo menos hoje, por favor.
— Eu vou até a porta da sua escola, vou descobrir o que está acontecendo. Você não precisa nem falar comigo.
— CHEGA. Nem eu sei o que está acontecendo ainda.
Eu acelero o passo, ele pega no meu pulso fazendo eu virar de frente para ele.
— Jenny, eu gosto de você de verdade. Eu sei que você o escolheu, e estou respeitando isso, mesmo assim estou aqui e eu não vou deixar ninguém te magoar, tá legal?
— Deixa eu ir, preciso descobrir o que aconteceu de verdade, na ida para casa te falo o que aconteceu, está bem?
— Está bem, eu vou para a minha escola, mais no final da aula eu vou estar lá na porta da sua escola, para você.
— Tchau, Vinicius
— Se cuida gatinha, até daqui a pouco.
Chego na escola e todo mundo fica me olhando, eu procuro pelas meninas ou pelos meninos, encontro o Rapha.
— Rapha, o que está acontecendo?
Ele me abraça, aí percebo que algo muito errado realmente aconteceu
— Me fala o que está acontecendo de verdade.
— Calma, relaxa, não é tão grave quanto o povo está falando.
— Está bem, então me conta o que está acontecendo.
— O Thierry pediu pra não falar nada, ele mesmo quer te contar. Ele vai me ligar para falar com você.
Nisso o celular dele toca
— Toma atende é ele.
** Ligação **
— Oi – Eu atendo.
— Minha linda, oi, que saudade de ouvir sua voz.
— Thierry, não me enrola, o que está acontecendo?
— Minha linda calma, eu não vou para aula, mais no intervalo eu vou estar aí, me encontra no nosso cantinho? Vou te explicar tudo.
— Me fala, é verdade?
— Nem tudo. Você vai me encontrar lá?
— Vou sim. Quero entender o que está acontecendo.
— Um beijo nessa sua boca gostosa está?
— Beijo
— Até daqui a pouco.
— Tchau, até agorinha.
*** Ligação encerrada ***
As menina chegam, o Peter chega, estamos todos sem assunto, perdidos em pensamentos. O sinal toca vamos para as nossas salas. Não consigo me concentrar. Além do problema com o Thierry, fico pensando no Vinicius.
“Ele disse que gosta de mim de verdade. Se ele aparecer aqui no final da aula, o Thierry vai ficar doido. Se for verdade ele não pode arrumar briga. Aí meu Deus por que essas coisas acontecem comigo”? – Fico pensando.
Estamos no final do terceiro horário já arrumo minhas coisas, só esperando o sinal tocar, para descer e ir falar com o Thierry.
Chega a hora do intervalo, chego rápido nas escadas, então eu escuto.
— Amiga, é sério, eu e o Thierry estamos namorando. Enfim consegui fisgar ele, essas férias foram perfeitas. Minha prima mora perto da casa dele e tinha uma dessas festas juninas em praça, então nos encontramos lá e ficamos depois começamos a trocar mensagens e agora estamos namorando. - Diz uma garota, ela é da mesma série que eu, porém de outra sala, ela se chama Veronica.
— Para tudo, ele não está namorando com uma menina que também é do 8° ano? – A amiga dela fala, se referindo a mim.
— Sim, ele não veio para aula hoje mais já deve estar aqui, porque ele ia vir no intervalo justamente para terminar com ela. – A tal Veronica fala para ela.
Naquele momento senti o chão se abrindo abaixo de mim, como tudo saiu fora de controle em apenas 15 dias, o que estava acontecendo? E o amor que ele dizia sentir por mim? Desço o restante das escadas com uma fúria imensa.
“O Vinicius tinha razão, ele só estava me usando”. – Penso enquanto desço as escadas.
Sinto uma vontade imensa de chorar, corro para o banheiro antes de ir para o nosso cantinho. Respiro fundo, 3 vezes, me sentindo melhor sigo para tirar satisfação com ele.
— Oi minha linda que saudade...
Ele vem me abraçar e me afasto.
— Ei o que foi?
— Me fala você, gostou muito das suas férias? E as barraquinhas na praça?
Ele fica pálido
— Espera Jenny eu posso explicar.
— Estou esperando.
— Olha tenho muita coisa para te contar, muito o que explicar, se senta aqui por favor.
— Não enrola, começa logo.
— Tudo bem, olha eu sempre te disse que lá em casa estava difícil por causa do meu pai.
— Uhum!
— Então vou te contar o que aconteceu.
— Ok.
— Meu pai, começou a mexer com coisa errada, a gente não sabia ao certo o que era até essa semana quando deu merd* a polícia chegou lá em casa, me levou para a delegacia algemado, falando que recebeu uma denúncia que ali em casa tinha um traficante, eu nunca fiz isso, nunca cheguei perto eu te juro só que eu não sabia que meu pai era. E para minha mãe não descobrir ele estava escondendo a droga na garagem de casa, quando a polícia chegou ele não estava em casa, então eles me levaram eu estava na garagem no exato momento limpando minha bicicleta para dar uma volta, revistaram o local encontraram drogas e deduziram que eu era o traficante. Minha mãe ficou desesperada ligou para um tio meu que é advogado ele foi para a delegacia e conseguiu me liberar.
Meu coração aperta como o pai dele teve coragem de deixar isso acontecer?
— Está tudo bem, isso justifica a prisão. Mais não justifica a traição Thierry.
Os olhos dele enchem d'água — Eu sei que eu errei. Mas, quando eu saí da cadeia fui para casa, meu pai me bateu muito porque ele perdeu a droga dele.E realmente ele estava com um olho roxo. — Eu fui preso na quinta à noite praticamente passei a noite na cadeia, por ser menor ainda e nunca ter tido uma única ocorrência meu tio conseguiu me liberar, cheguei em casa na sexta a tardezinha eram umas 16 horas. Meu pai chegou em casa as 19:00 e foi quando ele começou a me bater, fiquei todo dolorido. No sábado resolvi dar uma volta, encontrei uns amigos da minha antiga escola, a escola do bairro, eles estavam bebendo e acabei bebendo com eles, bebemos o dia inteiro, acabei ficando bêbado. Quando dei por mim, estava beijando essa garota. — Aí você aproveitou que já tinha me traído e continuou. Parabéns! — Não foi assim minha linda, quando vi o que eu fiz, me afastei dela e fui embora. — E isso não justifica a troca de mensagens Thierry. Eu até poderia perdoar um beijo, mas manter essa m
Hoje é sábado estou todo dolorido o que me dá um pouco de força é que segunda já vou ver minha linda. Resolvo ir para a rua dar uma volta, apesar de tudo meu pai está em casa, agora a polícia não pode prender ele porque tem que ser em flagrante e eles perderam esse momento quando me prenderam por engano.Dando uma volta encontro os meninos que estudavam comigo na escola do bairro, me sento com eles para explicar o que aconteceu, afinal todo bairro estava sabendo por alto. Eles estão bebendo, resolvo beber uns goles tbm.Comecei a beber com eles eram umas 11:00 da manhã, quando dei por mim já havia escurecido eles estavam me chamando para ir para as barraquinhas da praça, estava tão bêbado que resolvi ir.Já eram umas 22:00 da noite quando me deu um lapso de lucidez, eu olho e tem uma menina agarrada em mim, me chamando de amor, tentando me beijar, me afasto e ela me puxa novamente.- Amor, o que foi?- Quem é você?- Thierry para com isso...Seguro o pulso dela, me afasto mais um vez
Ter aquela conversa com o Thierry não foi nada fácil, após esbarrar no Peter sigo para o banheiro, preciso me recompor pois ainda preciso ir para minha aula, apenas mais dois horários, entro no banheiro segurando as lágrimas, não queria parecer fraca para ninguém, lavo meu rosto, respiro fundo, me olho no espelho e então fecho a cara e sigo para minha sala, vou direto para a minha mesa. As meninas lógico perceberam que algo aconteceu. — Ei, conversou com ele? - Diz Polly assim que me sento — Sim - É tudo que consigo dizer. — Ei o que aconteceu? Você parece estar engasgada. - Grace fala, sei preciso dizer algo. — A gente terminou - Solto isso, com a esperança que elas me deixem em paz, mas é em vão. — Como assim, tem certeza? Espera uns dias, depois vocês conversam de novo. - Polly tenta me confortar. — Não, eu já me decidi, não tem volta. Ele me traiu. Tem tanta mulher nessa cidade e ele me traiu com uma da escola durante as férias e aquela vagabunda já está espalhando por aí. E
Ele se afasta um pouco, mas fica com o rosto bem próximo, sinto o hálito dele, a respiração, ele olhando dentro do meu olho. — Eu não vou avançar o sinal com você, não precisa se preocupar. Você já sabe o que eu quero, vou esperar por você. Tudo que eu quero é que você me dê uma chance Jenny. — O que você ganha com isso? - Pergunto a ele. — Eu ganho você. - Ele diz com a voz suave, porém com certezas. — Tenho certeza de que na sua escola tem diversas garotas loucas atrás de você. Eu sou do 8° ano você do 1°, fora que minha vida não é nada fácil. - Digo, pensando já como seria complicado se eu aceitasse fixar com ele.Ele segura meu rosto para olhar bem dentro dos meus olhos — Desde a primeira vez que eu te vi entrando naquele ônibus fiquei hipnotizado, achei que nunca mais ia te ver. Depois, todos os dias eu te via, ficava louco para ir para a escola só para te ver. Tentei descobrir tudo que podia sobre você. Não vou mentir para você até antes daquele dia que eu cheguei em você,
Chego em casa meio tonta de tanta coisa que aconteceu.“E agora? o que eu faço”? – Penso comigo.Não era para a gente ter se beijado.“Aquele beijo não sai da minha cabeça. Porque ele tinha que ser assim, era tão fácil ele ser inacessível, ser apenas um sonho, um amor imaginário, amor platônico”. – Penso comigo.Eu gostava mesmo do Thierry, mais como amigo, apenas cedi ao momento do beijo porque já não queria mais ser BV. Cedi ao pedido de namoro porque ele falou que era apaixonado, mas agora analisando tudo, vejo que não amava ele, pois não consigo mais nos ver juntos, pode ser que seja a mágoa recente falando, mas o beijo do Vinicius...Sempre fui encantada pelo Vinicius, mais achava que por ele ser mais velho iria apenas me fazer sofrer, iria apenas ficar comigo e depois fazer de conta que não me conhecia, já tinha visto muitos garotos fazerem isso na escola e seria uma tortura pegar ônibus com ele todos os dias se ele fizesse isso.Eu não esperava que ele fizesse tudo aquilo, fala
Acordo tomo banho e me arrumo. Vou tomar café e minha mãe já está pronta. — Bom dia meu amor, está preparada? – Minha mãe me pergunta assim que me vê entrando na cozinha. — Para falar a verdade, não hahahaha. – Falo rindo de nervoso. — Calma que vai dar tudo certo, confia em mim. – Ela tenta me acalmar.Vamos para o ponto de ônibus pois minha mãe não sabe dirigir, o ônibus chega, entramos e ele é a primeira pessoa que vejo dentro do ônibus. Passamos a roleta, ele se levanta, eu gelo. — Bom dia princesa. – Ele diz com um sorriso no rosto. — Bom dia, Vinicius. Bom dia, meninos. – Comprimento logo todos. — Bom dia. – Diz James. — Bom dia. – Bruno diz logo em seguida. — Meninos essa é minha mãe, mãe esses são, Vinicius, James e Bruno, a gente pega ônibus junto desde o começo do ano. – Digo assim que apresento eles. — Bom dia rapazes, um prazer conhecer vocês. – Minha mãe fala. — Prazer em conhecê-la sogrinha, tudo bem com a senhora? – Vinicius diz com um sorriso no rosto. — V
Na sala de aula penso em tudo que aconteceu, nos conselhos da minha mãe, nos conselhos das minhas amigas, nas tentativas de conversa do Thierry e do Peter, no beijo do Vinicius que realmente mexeu comigo. Fecho os olhos deito a cabeça na mesa e peço a Deus para que me ajude a sair dessa encruzilhada."só consigo pensar no beijo do Vinicius, no cheiro dele, no olhar dele, na voz dele" — Jenny, já resolveu se vai falar com o Peter? - Grace me traz de volta a realidade — Oii? - Pergunto levantando a cabeça. — Ei, viajou até aonde? - Polly como sempre sendo brincalhona. — Em um garoto do ensino médio. - Respondo. — Você está apaixonada nele. - Grace diz. — Acho que sempre esteve. - Polly conclui. — Ah! meninas é tão difícil. Mas acho que é isso mesmo. Acho que fiquei com o Thierry achando que o Vini era inacessível e agora que ele me mostrou que quer estou cedendo. Fico apenas com medo de machucar o Thierry e de me machucar, mas minha mãe falou uma coisa que fica martelando aqui na
Com tudo resolvido com o Thierry agora é a hora de me acertar com o Vinicius, dar uma chance para ele, como ele quer. E eu também. — Meninas estou com medo. - Falo para Polly e Grace. — De que amiga? - Polly me pergunta — Dele me fazer sofrer. - Respondo — Não pensa negativo, pensa o seguinte, e se, ele for homem da sua vida e te fizer muito feliz? - Grace sendo Grace, a romântica incurável. — Ótimo argumento Grace. - Polly que não é tão romântica concorda com ela. — Aí estou com um frio na barriga, bem que vocês podiam ir comigo para o ponto hoje né? Aí vocês me distraem até ele chegar. - Digo a elas. — Pode contar comigo vou avisar minha mãe que vou demorar um pouco. - Grace diz já pegando o celular dela. — Já avisei para minha mãe aqui Hahaha - Polly diz. — Eu amo vocês. - Digo a elas.Bate o sinal, hora de encontrar o Vini. Quando saímos na porta da escola, alguém passa a mão na minha e levo um susto. — Oi princesa. - Vinicius diz com aquele sorriso que acaba comigo. —