HannaChegar em casa depois de tanto tempo parecia surreal. A manhã estava fria, mas o calor que emanava de dentro da casa me aquecia antes mesmo de cruzar a porta. Abri devagar, o coração acelerado, sem razão aparente, apenas com a expectativa do conforto do lar e o desejo de abraçar a minha filha. Mas, assim que dei o primeiro passo para dentro, uma surpresa explodiu ao meu redor.— Surpresa! — gritaram vozes em coro, enchendo o ambiente com alegria e emoção.Meus olhos percorreram o espaço e vi todos aqueles rostos conhecidos, cada um trazendo um pedacinho de felicidade. Emy e Ava estavam ali, sorrindo e acenando animadamente. Hazel e Jason me olharam com aquele brilho de apoio e cumplicidade que só irmãos sabem oferecer. Luigi mantinha um sorriso largo, e minha pequena Kat estava bem à frente, os braços estendidos em minha direção.— Mamãe! — Kat correu até mim, seu sorriso tão brilhante que parecia iluminar o ambiente todo.Me abaixei para recebê-la, apertando seus bracinhos ao r
HannaA mesa estava postada com uma moda que só Luigi conseguiria criar. As toalhas brancas, as taças brilhando sob a luz da janela, as flores frescas e vibrantes decorando o centro da mesa. Havia uma harmonia que tornava o ambiente acolhedor, quase mágico. Luigi havia realmente se superado em cada detalhe. Sinto uma onda de gratidão ao ver todos ali reunidos, cada rosto sorridente, cheio de carinho, enquanto o cheiro da comida francesa preenchia o ar de uma maneira irresistível.Sentada ao meu lado, Kat estava radiante. Sua felicidade era quase palpável, e ela tentava se conter, mas seus olhos brilhavam de orgulho.— Mamãe, eu ajudei o tio Luigi a fazer a comida! — ela disse, em um tom sussurrado, como se contasse um segredo.Todos ao redor da mesa riram e, antes que eu pudesse responder, Luigi se inclinou em sua cadeira e declarou, orgulhoso:— E que ajudante incrível eu tive! — Ele piscou para Kat, que abriu um sorriso tão largo que suas bochechas rosaram. — Kat foi a responsável p
KevinEu estava na cozinha, organizando a com Jason, quando a campainha tocou. Hazel e Hanna ficaram na sala, rindo e trocando receitas com Luigi, enquanto Kat, distraída, brincava com Ava e Emy. Era uma cena tranquila, uma tarde qualquer em família, até que a porta se abrisse, e eu ouvi a voz da mãe de Hanna.Não preciso me virar para saber que algo estava errado. Aquele tom de voz seco e carregado sempre mexia comigo, pude sentir que não era uma visita desejada.— Que lugar… peculiar vocês têm aqui — disse a mãe dela, analisando o ambiente com um olhar crítico.Vi que Hanna se levantou, tensa, tentando manter a compostura enquanto cumprimentava os pais. Mantiveram uma expressão firme, mesmo que eu conseguisse ver o desconforto claro em seu olhar. E Hazel, ao lado, já começava a se encolher, como se antecipasse o desastre que se aproximava.A mãe de Hanna olhava ao redor, os olhos parando em cada detalhe da casa como se estivessem procurando algo para criticar. Quando finalmente seu
Hanna— Não quero te deixar ir — Kevin diz com os olhos cheios de carinho, me puxando para mais um abraço, no qual eu deito a cabeça em seu peito.— Amor, você sabe que está tarde, e eu tenho que ir. — Digo tentando me desvencilhar de seu abraço, mas, no fundo querendo que ele me segure e não largue nunca mais.— Mais um beijo então. — Ele diz fazendo uma carinha de cachorro sem dono.— E quem resiste essa cara de pidão? — digo, sorrindo.Eu o beijo, e claro, o beijo é quente, delicioso, com aquele gostinho de quero mais.— Não provoca, senão eu não te deixo sair deste carro — ele diz, sorrindo. Mordo sua orelha e respondo em sussurros ao seu ouvido:— Até amanhã, meu amor. — Sorrio travessa, enquanto me afasto dizendo — Preciso entrar e tomar a pílula do dia seguinte. Por mais que eu queira filhos com você, ainda não é o momento.— Se quiser, podemos treinar mais um pouquinho. — Ele diz com aquele sorriso de molhar a calcinha.— Olha, tenho duas chamadas perdidas da minha irmã, meus
Kevin10 anos depois...— Senhor... Digo, Kevin, seu pai disse que quer falar com vo... você. — Minha nova secretária, Violet, avisa. A antiga entrou em licença-maternidade, e sua auxiliar assumiu o cargo. Não sou um daqueles empresários arrogantes que exigem formalidades o tempo todo. Claro, em reuniões formais, isso é indispensável, mas no dia a dia, odeio ser chamado de "senhor". — Ele ainda está na empresa, Violet? — Não, saiu há cerca de dez minutos. — Ela responde com confiança. — Então falo com ele amanhã. Se houver qualquer emergência, pode me ligar. — Certo. Até amanhã, Kevin. — Ela sorri. — Até amanhã, Violet.Pego meu blazer e me dirijo ao elevador. Assim que as portas se abrem, vejo Ashley prestes a sair. Instintivamente, me escondo atrás de uma pilastra. Violet me vê, arregalando os olhos, surpresa, e logo tenta segurar o riso. Faço um sinal de silêncio com o dedo e imploro com o olhar para que ela distraia Ashley. Violet, sempre eficiente, faz um leve aceno de cabe
KevinEstou no piloto automático. Minhas mãos firmes no volante, os olhos fixos na estrada, mas a mente distante, presa em lembranças que nunca realmente partiram. A cidade lá fora parecia viva, iluminada pelas luzes da noite, mas dentro de mim, tudo estava envolto em uma escuridão que só eu conhecia.Chego à boate e o som ensurdecedor da música me atinge como uma onda, me puxando de volta para o presente. Estaciono o carro e saio, sentindo o frio da noite contra minha pele quente. Lá dentro, Davis me espera com aquele sorriso animado de sempre, pronto para mais uma noite de excessos e sexo. Mas, por mais que eu tente, não consigo me sentir animado. Na verdade, não consigo sentir nada.A boate estava cheia, as luzes pulsavam na batida da música que tocava, o cheiro de álcool se misturava com perfume caro. Mulheres lançam olhares, algumas se aproximam, tocam meu braço, sorriem com promessas silenciosas de uma noite sem compromisso. Elas são lindas, cada uma delas. Mas são apenas rostos
HannaOi, meu nome é Hanna Roux. Às vezes me pergunto o que o destino tem reservado para mim, mas ele nunca me respondeu. De qualquer forma, sigo minha vida jogada a sorte do destino.Contarei um pouquinho sobre mim.Quando tinha dezessete anos, eu e minha família fomos obrigados a mudar de Rivermont. Nos mudamos no meio da madrugada para Velmonth, fica a oito horas de distância da nossa antiga residência.Essa mudança fez com que eu perdesse minha bolsa de estudo que tanto lutei para conquistar, no início foi difícil, pois meus pais não tinham empregos, então eu e minha irmã Hazel tivemos que ajudar.Arrumei um emprego de babá em uma mansão da cidade, minha irmã foi trabalhar em uma lanchonete local, meu pai de auxiliar em obras e minha mãe de faxineira.Nessa época eu estava devastada, mais magra que o habitual, mas isso não impediu que acontecesse o pior dia da minha vida, o que mudou tudo drasticamente, tanto no psicológico quanto no que vivo hoje. Esse evento me trouxe o maior te
Hanna— Foram tantos anos que achei que você não se lembrava de mim. — Digo ainda sem jeito.— Nunca me esqueci de você. — Ele diz sério, sem hesitar.Não sei o que dizer, começo a procurar pela senhora Sonderman, ele segura meu queixo e me obriga a encará-lo.Aqueles olhos cor de mel continuam lindos, seus cabelos agora mais curtos o deixam com cara de homem, com esse rosto quadrado que o deixa mais lindo, ele está mais lindo que antes… Seu corpo parece ser esculpido pelos deuses do Olímpio, é surreal como aquele garoto magro se tornou nesta montanha de músculo.Sinto as borboletas adormecidas do meu estômago se agitarem como se reconhecessem ele, reconhecessem seu toque.— Você se esqueceu de mim, Hanna? — Ele pergunta, olhando em meus olhos, sinto um arrepio subir pela minha espinha.— Não tem como esquecer o primeiro amor! — Digo tão baixo que sai como um sussurro.Ele estala a língua, como se não acreditasse em mim.— Por que fez isso? — Questiono um pouco irritada.Ele me olha c