KevinSaio do hospital e vou direto para o meu apartamento. Estou exausto, mas o sono não vem. As palavras de Hazel, sobre meu pai e Hanna, ecoam na minha mente sem cessar.Chego em casa e tomo um banho demorado, deixando a água morna escorrer pelas minhas costas. "Eu a julguei tanto, a odiei tanto... por que não fui atrás dela? Por que me deixei ser envenenado por Alicia?" — Dou alguns socos na parede, frustrado, ao lembrar do dia em que beijei Alícia. Hanna viu tudo. Merda!— Porque você é tão burro Kevin. — Resmungo para mim mesmo.Termino o banho e saio com a toalha enrolada na cintura. Quando entro no quarto, dou de cara com o meu pai. Fecho a cara imediatamente.— O que está fazendo no meu apartamento? — Pergunto, irritado. "Hoje mesmo vou trocar a fechadura" — Penso enquanto caminho até meu closet.— Onde você estava até agora? O evento acabou há dois dias. Você despistou até os seguranças. Como pode ser tão irresponsável? — Ele começa com aquele tom autoritário de sempre.
KevinChego ao hangar, sem realmente perceber o que acontece ao meu redor. Cumprimento ao capitão e à comissária no modo automático. Tudo parece embaçado pela dor que me consome, não me deixa respirar.Me jogo na poltrona do jato e fecho os olhos, tentando encontrar algum descanso. Sei que não conseguirei, porque, sempre que fecho os olhos, ela aparece. Hanna. A imagem dela invade minha mente com uma força incontrolável. Eu tentei esquecê-la, tentei seguir em frente, mas é inútil. Ela sempre foi dona do meu coração, do meu corpo, da minha alma.E o pior é que o tempo só a deixou mais linda. Mais madura, mais gostosa, de um jeito que me faz enlouquecer, imaginando o que eu faria com ela se estivesse aqui agora. A saudade e o desejo são um veneno que me consome vivo.Me lembro da primeira vez que a vi, atravessando os portões da escola. Um anjo. Seus cabelos loiros e longos brilhavam ao sol da manhã. Aquela visão já me derrubou. Adorava enroscar meus dedos neles, puxá-los enquanto nosso
KevinDesembarco do jato, ainda um pouco perdido em meus pensamentos, e sou conduzido até o hotel onde farei a negociação e passarei a noite. Já imagino que será uma negociação difícil, afinal, trata-se de um negócio familiar.Durante o caminho, reviso o e-mail que meu pai enviou. Como eu suspeitava, ele quer pagar uma quantia muito baixa pelo hotel, o que certamente complicará as coisas.Assim que o carro estaciona em frente ao prédio, sou surpreendido pela visão do hotel. Não é grande, nem extravagante, mas há algo nele que transmite paz. Sinto uma familiaridade instantânea, algo que inevitavelmente me faz pensar em Hanna. Ela sempre foi apaixonada por esse estilo de arquitetura.A fachada do hotel é simples, mas bem cuidada, com um toque barroco nas formas assimétricas e tortas. As paredes são pintadas em um tom suave de creme, harmonizando perfeitamente com as janelas arqueadas de madeira branca, adornadas com pequenas flores. O letreiro discreto exibe o nome "Hotel Sulivan" em le
KevinDesligo o interfone e, com a raiva queimando em minhas veias, ligo para meu pai imediatamente. Quando ele atende, mal consigo controlar o tom da minha voz.— Que diabos você estava pensando ao me mandar para esse fim de mundo, justamente quando a família Caspian decide tirar férias no hotel preferido deles? E “coincidência” ou não é o mesmo da negociação! — Disparo, sem rodeios.Há um breve silêncio do outro lado da linha antes que ele responda, e sei que é o tempo que ele precisa para inventar uma desculpa.— Não sei do que você está falando, Kevin. — A voz dele é calma, quase despreocupada, como se estivesse completamente alheio à situação.Essa indiferença só aumenta minha fúria. Como ele pode fingir que não sabia de nada? Ele sempre sabe de tudo. Nada passa despercebido por ele, especialmente quando se trata dos malditos Caspian.— Não se faça de idiota, pai. Ashley e os pais dela estão aqui, no mesmo hotel em que estou hospedado! Você sabia disso, claro que sabia! — Eu pra
KevinQuando volto ao hotel, minha cabeça está um pouco mais fria. Caminhar pelas ruas da cidade ajudou a organizar parte dos meus pensamentos, mas o peso das situações ainda pressiona meu peito. Entro pela porta principal, tentando ser o mais discreto possível, mas sou rapidamente surpreendido por uma cena que me faz parar no lugar.A família Caspian está reunida no saguão, como se estivessem esperando alguém, e esse alguém com toda certeza sou eu. Uma mesa está posta para o café da tarde, coberta com louças finas e doces que parecem ter sido preparados especialmente para a ocasião. Não esperava ter ficado tanto tempo fora, mas a luz suave da tarde, passando pelas janelas, prova que as horas voaram.“Merda! Não tem como passar despercebido”, — penso, ainda tentando ser discreto.— Kevin, quanto tempo. — O pai de Ashley foi o primeiro a me ver.Sem saída, sou obrigado a parar para fazer uma social.— Boa tarde a todos. Com licença, tenho um compromisso agora. — Falo enquanto caminho e
KevinAshley parece uma criança mimada que acaba de ser contrariada. O rosto, que estava com semblante triste, agora é uma máscara dura e fria. Ela para de andar e volta alguns passos na minha direção, como se tentasse me intimidar, mas permaneço firme, encarando-a de igual. Por dentro, sinto um misto de cansaço, chateação e tédio. Já passei tempo demais lidando com essas jogadas de poder e manipulação. Agora estou mais que decidido a não ceder.— Você acha que pode simplesmente me descartar, como um objeto que usou e não tem mais serventia? — Ela cospe as palavras com um misto de raiva e dor. — Meu pai e o seu têm tudo planejado. Se você não se casar comigo, sabe o que acontecerá com seu império Stewarth, não sabe?“Sinceramente, não faço ideia a que ela se refere, e para dizer a verdade, estou pouco me lixando” — penso enquanto a olho com frustração e tédio.Seus olhos brilham com uma mistura de raiva e desespero enquanto ela busca uma forma de me atingir. Mas essas ameaças não me a
KevinNão fiz a reunião, não vi mais a família Caspian, nem me encontrei com meu pai. Algumas horas depois da discussão com Ashley, decidi ir embora pelas portas dos fundos. Chamei um carro por aplicativo e comprei uma passagem de volta para minha cidade. Estava tão exausto que dormi a viagem inteira.Quando cheguei, fui direto para um hotel fora da nossa rede. Não queria correr o risco de meu pai me rastrear. Sabia que ele tentaria, mas, felizmente, eu tinha contratado uma empresa de segurança que impede qualquer tentativa de localização, a menos que eu autorize ou em casos extremos de desaparecimento, ou algo do tipo. A empresa é do Davis, mas sei que ele é ético e não ousaria olhar em seu sistema, minha localização.Os dias passaram num borrão. Trabalhei nos meus projetos, fiz algumas ligações para Violet, que me auxiliou de longe. Dois dias se passaram e eu sequer percebi. Não saí do hotel uma única vez. Então, recebo uma ligação do Davis.— Cara, em que buraco você se enfiou? Seu
HannaÀs oito em ponto, Luigi estaciona em frente à minha casa.— Puta que pariu, dois anos sem te ver e você está ainda mais linda do que eu lembrava — ele diz, assim que me vê no portão.— Para de ser besta, Lu! Você também está um gato, andou malhando? — Respondo, meio sem jeito. Ele sempre me enche de elogios.— Andei, sim. Mudei meus hábitos alimentares, e deu nisso.— Gostoso pra caralho — brinco, rindo.— E onde está a minha segunda garota preferida? — ele pergunta enquanto me abraça. — Quer me matar com esse cheiro maravilhoso! — Dou risada do exagero dele.— Kat e Hazel foram ao shopping, então terá que se contentar só comigo.Eu e Luigi ficamos de vez em quando, mas nunca rotulamos nada. Sempre foi mais amizade do que romance.— Mas me conta... o que te deixou tão para baixo?Conto tudo o que aconteceu, e vejo Luigi apertar o volante com força, visivelmente irritado.— Ah, como eu queria encontrar esse babaca e arrebentar a cara dele.— Esquece isso, Lu. Nem vale a pena. Hoj