HannaNo meu quarto, já de banho tomado, após uma refeição rápida que Hazel e Kat me obrigaram a comer, estou deitada na minha cama e Kevin não sai da minha cabeça, e sem pedir permissão, lembranças inundam minha mente:“Estava sentada à mesa, com a luz suave da manhã passando pela pequena janela da cozinha, iluminando o espaço de uma maneira quase acolhedora. O cheiro do café recém passado se misturava ao aroma do pão fresco, mas eu mal notava. Meu olhar estava fixo no vazio, enquanto minhas mãos, quase por impulso, mexiam no pedaço de pão à minha frente. Minha mente vagava longe, perdida nas lembranças.Eu estava presa na memória de quando lutei para conquistar a bolsa de estudos no Rivermout. Enquanto Hazel e minhas amigas saíam para se divertir, eu me trancava no quarto, imersa nos livros. Estudar não era apenas uma escolha, era minha única chance de escapar da vida simples e limitada que minha família levava. Eu não era ambiciosa no sentido materialista. Eu só queria o melhor par
HannaAinda nas lembranças de Hanna.“Parei diante do imponente edifício, sentindo minhas mãos suadas e o coração acelerado. Era o primeiro passo para o que lutei por anos, para o meu futuro, para a realização de um sonho.Pela milionésima vez, ajeitei o uniforme, tentando acalmar os nervos. Respirei fundo, levantei a cabeça e, com determinação, atravessei os portões da escola.Eu estava alheia ao que acontecia à minha volta, mas Kevin Stewarth, um garoto de dezessete anos, com cabelos castanhos ligeiramente longos, que ele constantemente balançava ou passava a mão para ajeitar, tinha olhos cor de mel que se destacavam em seu rosto magro. Ele estava conversando com seus amigos quando seus olhos se fixaram em mim assim que entrei pelos portões. Ao lado dele, Davis, também me notou e comentou:— Quem será a novata? Nunca a vi antes.— Também não faço ideia, mas pretendo descobrir — respondeu Kevin, levantando-se dos degraus onde estava sentado, sem tirar os olhos de mim. Eu, “loira, com
KevinSaio do hospital e vou direto para o meu apartamento. Estou exausto, mas o sono não vem. As palavras de Hazel, sobre meu pai e Hanna, ecoam na minha mente sem cessar.Chego em casa e tomo um banho demorado, deixando a água morna escorrer pelas minhas costas. "Eu a julguei tanto, a odiei tanto... por que não fui atrás dela? Por que me deixei ser envenenado por Alicia?" — Dou alguns socos na parede, frustrado, ao lembrar do dia em que beijei Alícia. Hanna viu tudo. Merda!— Porque você é tão burro Kevin. — Resmungo para mim mesmo.Termino o banho e saio com a toalha enrolada na cintura. Quando entro no quarto, dou de cara com o meu pai. Fecho a cara imediatamente.— O que está fazendo no meu apartamento? — Pergunto, irritado. "Hoje mesmo vou trocar a fechadura" — Penso enquanto caminho até meu closet.— Onde você estava até agora? O evento acabou há dois dias. Você despistou até os seguranças. Como pode ser tão irresponsável? — Ele começa com aquele tom autoritário de sempre.
KevinChego ao hangar, sem realmente perceber o que acontece ao meu redor. Cumprimento ao capitão e à comissária no modo automático. Tudo parece embaçado pela dor que me consome, não me deixa respirar.Me jogo na poltrona do jato e fecho os olhos, tentando encontrar algum descanso. Sei que não conseguirei, porque, sempre que fecho os olhos, ela aparece. Hanna. A imagem dela invade minha mente com uma força incontrolável. Eu tentei esquecê-la, tentei seguir em frente, mas é inútil. Ela sempre foi dona do meu coração, do meu corpo, da minha alma.E o pior é que o tempo só a deixou mais linda. Mais madura, mais gostosa, de um jeito que me faz enlouquecer, imaginando o que eu faria com ela se estivesse aqui agora. A saudade e o desejo são um veneno que me consome vivo.Me lembro da primeira vez que a vi, atravessando os portões da escola. Um anjo. Seus cabelos loiros e longos brilhavam ao sol da manhã. Aquela visão já me derrubou. Adorava enroscar meus dedos neles, puxá-los enquanto nosso
KevinDesembarco do jato, ainda um pouco perdido em meus pensamentos, e sou conduzido até o hotel onde farei a negociação e passarei a noite. Já imagino que será uma negociação difícil, afinal, trata-se de um negócio familiar.Durante o caminho, reviso o e-mail que meu pai enviou. Como eu suspeitava, ele quer pagar uma quantia muito baixa pelo hotel, o que certamente complicará as coisas.Assim que o carro estaciona em frente ao prédio, sou surpreendido pela visão do hotel. Não é grande, nem extravagante, mas há algo nele que transmite paz. Sinto uma familiaridade instantânea, algo que inevitavelmente me faz pensar em Hanna. Ela sempre foi apaixonada por esse estilo de arquitetura.A fachada do hotel é simples, mas bem cuidada, com um toque barroco nas formas assimétricas e tortas. As paredes são pintadas em um tom suave de creme, harmonizando perfeitamente com as janelas arqueadas de madeira branca, adornadas com pequenas flores. O letreiro discreto exibe o nome "Hotel Sulivan" em le
KevinDesligo o interfone e, com a raiva queimando em minhas veias, ligo para meu pai imediatamente. Quando ele atende, mal consigo controlar o tom da minha voz.— Que diabos você estava pensando ao me mandar para esse fim de mundo, justamente quando a família Caspian decide tirar férias no hotel preferido deles? E “coincidência” ou não é o mesmo da negociação! — Disparo, sem rodeios.Há um breve silêncio do outro lado da linha antes que ele responda, e sei que é o tempo que ele precisa para inventar uma desculpa.— Não sei do que você está falando, Kevin. — A voz dele é calma, quase despreocupada, como se estivesse completamente alheio à situação.Essa indiferença só aumenta minha fúria. Como ele pode fingir que não sabia de nada? Ele sempre sabe de tudo. Nada passa despercebido por ele, especialmente quando se trata dos malditos Caspian.— Não se faça de idiota, pai. Ashley e os pais dela estão aqui, no mesmo hotel em que estou hospedado! Você sabia disso, claro que sabia! — Eu pra
KevinQuando volto ao hotel, minha cabeça está um pouco mais fria. Caminhar pelas ruas da cidade ajudou a organizar parte dos meus pensamentos, mas o peso das situações ainda pressiona meu peito. Entro pela porta principal, tentando ser o mais discreto possível, mas sou rapidamente surpreendido por uma cena que me faz parar no lugar.A família Caspian está reunida no saguão, como se estivessem esperando alguém, e esse alguém com toda certeza sou eu. Uma mesa está posta para o café da tarde, coberta com louças finas e doces que parecem ter sido preparados especialmente para a ocasião. Não esperava ter ficado tanto tempo fora, mas a luz suave da tarde, passando pelas janelas, prova que as horas voaram.“Merda! Não tem como passar despercebido”, — penso, ainda tentando ser discreto.— Kevin, quanto tempo. — O pai de Ashley foi o primeiro a me ver.Sem saída, sou obrigado a parar para fazer uma social.— Boa tarde a todos. Com licença, tenho um compromisso agora. — Falo enquanto caminho e
KevinAshley parece uma criança mimada que acaba de ser contrariada. O rosto, que estava com semblante triste, agora é uma máscara dura e fria. Ela para de andar e volta alguns passos na minha direção, como se tentasse me intimidar, mas permaneço firme, encarando-a de igual. Por dentro, sinto um misto de cansaço, chateação e tédio. Já passei tempo demais lidando com essas jogadas de poder e manipulação. Agora estou mais que decidido a não ceder.— Você acha que pode simplesmente me descartar, como um objeto que usou e não tem mais serventia? — Ela cospe as palavras com um misto de raiva e dor. — Meu pai e o seu têm tudo planejado. Se você não se casar comigo, sabe o que acontecerá com seu império Stewarth, não sabe?“Sinceramente, não faço ideia a que ela se refere, e para dizer a verdade, estou pouco me lixando” — penso enquanto a olho com frustração e tédio.Seus olhos brilham com uma mistura de raiva e desespero enquanto ela busca uma forma de me atingir. Mas essas ameaças não me a