HannaEle continua a se aproximar lentamente, seu olhar é penetrante, ouso dizer que ele está vendo minha alma, meu corpo parece congelar, dividida entre a incerteza e o medo do que virá. Mas antes que eu possa processar o que está acontecendo, Kevin inclina-se para mim, suas mãos encontrando meu rosto, e ele me beija. Um beijo doce e calmo. Fico paralisada, o choque tomando conta de mim, mas a certeza de que queria ser explorada por aqueles lábios novamente. A saudade, a mágoa, o amor que eu havia tentado sufocar... tudo isso explode com força. O toque dos seus lábios se tornam urgentes, carregado por anos de desejo contido. Então, cedo. Sem hesitar mais, eu o beijo de volta, com a mesma intensidade desesperada, como se o tempo não existisse mais. Nossas bocas se encontram com um anseio que só os que já amaram profundamente entendem. É como se estivéssemos tentando recuperar tudo o que foi roubado de nós, como se o mundo pudesse parar naquele exato segundo e nada mais importasse.M
Hanna— O que perdi? — Hazel pergunta séria.— Não perdeu nada, foi apenas… hum… não sei o que foi. — Respondo frustrada. — Estou de alta, vou me trocar.…No caminho para casa, encosto minha cabeça no vidro da janela, em silêncio. Não falei uma palavra sequer. Não sei o que Hazel pensa sobre essa reaproximação com Kevin; ela presenciou o quanto sofri no passado.Me perco nos meus pensamentos. Como posso me enganar assim? Eu o amo, e sempre vou amá-lo, por mais que tente fugir desse sentimento.Lembro da primeira vez que ele disse que me amava. Era uma noite fria, estávamos saindo do cinema... Éramos tão inocentes naquela época.“Saímos do cinema e o ar frio da noite me envolve, me abraço ignorando a presença do Kevin.— Princesa, por que está brava? — Olho para ele querendo socá-lo, — Porque estaria, o filme foi ótimo, nosso encontro nem tanto. — Ele me olha confuso.— Do que está falando? — Ele me faz parar de andar, e me abraça, bufo irritada.— Você reclamou do filme o tempo todo
HannaNo meu quarto, já de banho tomado, após uma refeição rápida que Hazel e Kat me obrigaram a comer, estou deitada na minha cama e Kevin não sai da minha cabeça, e sem pedir permissão, lembranças inundam minha mente:“Estava sentada à mesa, com a luz suave da manhã passando pela pequena janela da cozinha, iluminando o espaço de uma maneira quase acolhedora. O cheiro do café recém passado se misturava ao aroma do pão fresco, mas eu mal notava. Meu olhar estava fixo no vazio, enquanto minhas mãos, quase por impulso, mexiam no pedaço de pão à minha frente. Minha mente vagava longe, perdida nas lembranças.Eu estava presa na memória de quando lutei para conquistar a bolsa de estudos no Rivermout. Enquanto Hazel e minhas amigas saíam para se divertir, eu me trancava no quarto, imersa nos livros. Estudar não era apenas uma escolha, era minha única chance de escapar da vida simples e limitada que minha família levava. Eu não era ambiciosa no sentido materialista. Eu só queria o melhor par
HannaAinda nas lembranças de Hanna.“Parei diante do imponente edifício, sentindo minhas mãos suadas e o coração acelerado. Era o primeiro passo para o que lutei por anos, para o meu futuro, para a realização de um sonho.Pela milionésima vez, ajeitei o uniforme, tentando acalmar os nervos. Respirei fundo, levantei a cabeça e, com determinação, atravessei os portões da escola.Eu estava alheia ao que acontecia à minha volta, mas Kevin Stewarth, um garoto de dezessete anos, com cabelos castanhos ligeiramente longos, que ele constantemente balançava ou passava a mão para ajeitar, tinha olhos cor de mel que se destacavam em seu rosto magro. Ele estava conversando com seus amigos quando seus olhos se fixaram em mim assim que entrei pelos portões. Ao lado dele, Davis, também me notou e comentou:— Quem será a novata? Nunca a vi antes.— Também não faço ideia, mas pretendo descobrir — respondeu Kevin, levantando-se dos degraus onde estava sentado, sem tirar os olhos de mim. Eu, “loira, com
KevinSaio do hospital e vou direto para o meu apartamento. Estou exausto, mas o sono não vem. As palavras de Hazel, sobre meu pai e Hanna, ecoam na minha mente sem cessar.Chego em casa e tomo um banho demorado, deixando a água morna escorrer pelas minhas costas. "Eu a julguei tanto, a odiei tanto... por que não fui atrás dela? Por que me deixei ser envenenado por Alicia?" — Dou alguns socos na parede, frustrado, ao lembrar do dia em que beijei Alícia. Hanna viu tudo. Merda!— Porque você é tão burro Kevin. — Resmungo para mim mesmo.Termino o banho e saio com a toalha enrolada na cintura. Quando entro no quarto, dou de cara com o meu pai. Fecho a cara imediatamente.— O que está fazendo no meu apartamento? — Pergunto, irritado. "Hoje mesmo vou trocar a fechadura" — Penso enquanto caminho até meu closet.— Onde você estava até agora? O evento acabou há dois dias. Você despistou até os seguranças. Como pode ser tão irresponsável? — Ele começa com aquele tom autoritário de sempre.
KevinChego ao hangar, sem realmente perceber o que acontece ao meu redor. Cumprimento ao capitão e à comissária no modo automático. Tudo parece embaçado pela dor que me consome, não me deixa respirar.Me jogo na poltrona do jato e fecho os olhos, tentando encontrar algum descanso. Sei que não conseguirei, porque, sempre que fecho os olhos, ela aparece. Hanna. A imagem dela invade minha mente com uma força incontrolável. Eu tentei esquecê-la, tentei seguir em frente, mas é inútil. Ela sempre foi dona do meu coração, do meu corpo, da minha alma.E o pior é que o tempo só a deixou mais linda. Mais madura, mais gostosa, de um jeito que me faz enlouquecer, imaginando o que eu faria com ela se estivesse aqui agora. A saudade e o desejo são um veneno que me consome vivo.Me lembro da primeira vez que a vi, atravessando os portões da escola. Um anjo. Seus cabelos loiros e longos brilhavam ao sol da manhã. Aquela visão já me derrubou. Adorava enroscar meus dedos neles, puxá-los enquanto nosso
KevinDesembarco do jato, ainda um pouco perdido em meus pensamentos, e sou conduzido até o hotel onde farei a negociação e passarei a noite. Já imagino que será uma negociação difícil, afinal, trata-se de um negócio familiar.Durante o caminho, reviso o e-mail que meu pai enviou. Como eu suspeitava, ele quer pagar uma quantia muito baixa pelo hotel, o que certamente complicará as coisas.Assim que o carro estaciona em frente ao prédio, sou surpreendido pela visão do hotel. Não é grande, nem extravagante, mas há algo nele que transmite paz. Sinto uma familiaridade instantânea, algo que inevitavelmente me faz pensar em Hanna. Ela sempre foi apaixonada por esse estilo de arquitetura.A fachada do hotel é simples, mas bem cuidada, com um toque barroco nas formas assimétricas e tortas. As paredes são pintadas em um tom suave de creme, harmonizando perfeitamente com as janelas arqueadas de madeira branca, adornadas com pequenas flores. O letreiro discreto exibe o nome "Hotel Sulivan" em le
KevinDesligo o interfone e, com a raiva queimando em minhas veias, ligo para meu pai imediatamente. Quando ele atende, mal consigo controlar o tom da minha voz.— Que diabos você estava pensando ao me mandar para esse fim de mundo, justamente quando a família Caspian decide tirar férias no hotel preferido deles? E “coincidência” ou não é o mesmo da negociação! — Disparo, sem rodeios.Há um breve silêncio do outro lado da linha antes que ele responda, e sei que é o tempo que ele precisa para inventar uma desculpa.— Não sei do que você está falando, Kevin. — A voz dele é calma, quase despreocupada, como se estivesse completamente alheio à situação.Essa indiferença só aumenta minha fúria. Como ele pode fingir que não sabia de nada? Ele sempre sabe de tudo. Nada passa despercebido por ele, especialmente quando se trata dos malditos Caspian.— Não se faça de idiota, pai. Ashley e os pais dela estão aqui, no mesmo hotel em que estou hospedado! Você sabia disso, claro que sabia! — Eu pra